Por Fernando Castilho
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Flávio Bolsonaro, aquele deputado conhecido pela sua preocupação com as mortes pela Covid-19, agora convoca bolsonaristas para doação de sangue no dia 6/09.
A
grande dúvida nas últimas semanas tem sido se a Polícia Federal está aguardando
o 7 de setembro para prender Jair Bolsonaro preventivamente, já que há
elementos suficientes para isso. Pode funcionar como um termômetro. Se houver
manifestações significativas a favor do suspeito em mandar roubar e vender
joias pertencentes ao Estado, aguarda-se mais um pouco para que provas mais
robustas justifiquem a prisão. Se não houver manifestações, pode-se aguardar o
encarceramento já para a segunda-feira seguinte, 11/09.
Porém,
nas redes sociais bolsonaristas inicia-se um movimento de boicote às
comemorações como protesto contra o que eles chamam de exército melancia,
aquele que é verde por fora e vermelho por dentro. A cambada de golpistas
esperava que as Forças Armadas como um todo dessem seu apoio ao golpe de 8 de
janeiro, o que não aconteceu.
Há
uma convocação feita pelo deputado Flávio Bolsonaro para doação de sangue no
dia 6/09, aquele mesmo deputado que não se importou com mais de 700 mil mortes
pela Covid-19. Teria ele mudado a ponto de sentir a necessidade de ser
solidário com quem precisa de transfusão?
Se
vivêssemos um momento de plena democracia, certamente elogiaríamos essa
iniciativa, mas gato escaldado tem medo de água fria.
Aí
tem. Ou pode ter.
Doar
sangue, partindo do 01, tem mais jeito de apito de cachorro para convocação de
malucos para que deem seu sangue em nome de um golpe impossível à esta altura,
mas que continua latente, como vemos nas sessões da CPMI.
Seria
paranoia imaginar atentados graves no dia 6/09?
Seria,
caso não tivesse havido o precedente da tentativa de explodir um caminhão de
combustível nas imediações do aeroporto de Brasília no final do ano passado,
algo totalmente impensável naquele momento. Por pouco não houve centenas de mortos
e feridos.
Certamente
o deputado sairia com a desculpa de que convidou bolsonaristas a serem
solidários com as pessoas que necessitam de doação de sangue nos hospitais, mas
que foi mal compreendido. Uma vítima, portanto.
Sabemos,
contudo, que o ministro Flávio Dino, que não nasceu ontem, felizmente já está,
junto com a inteligência do GSI, da Abin e da PF, monitorando grupos insanos de
extrema-direita.
Esperamos
que tudo corra pacificamente, que estas desconfianças não se concretizem e que
realmente os bolsonaristas, embora de sangue ruim, façam literalmente suas
doações.