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domingo, 19 de outubro de 2025

Procurando o procurador Gonet. Cadê você?

Por Fernando Castilho



O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, foi impecável ao oferecer denúncia contra Jair Bolsonaro no caso da tentativa de golpe de Estado. Palmas. Aplausos. Medalha de mérito jurídico. Mas agora, parece que resolveu dar uma pausa estratégica, e está deixando Alexandre de Moraes com um abacaxi institucional para descascar.

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 18 de julho, no inquérito que investiga seu filho Eduardo e o sempre performático e traidor da pátria Paulo Figueiredo, por obstrução da ação penal relacionada ao golpe. Entre os motivos da prisão preventiva está o risco de fuga e, convenhamos, não seria exatamente surpreendente se o ex-presidente fugisse.

Só que os advogados de Bolsonaro, percebendo que Gonet sumiu da cena, pediram a revogação das medidas cautelares. Moraes, claro, negou. Mas, ironicamente, os advogados têm um ponto: sem denúncia formal, a prisão preventiva começa a parecer uma peça de teatro jurídico sem roteiro. E isso coloca Moraes numa sinuca de bico: se revogar, Bolsonaro pode fugir e o caos estará armado. Se mantiver, será acusado de manter uma prisão ilegal. E lá vem o discurso de perseguição política.

A situação de Bolsonaro hoje é bem diferente daquela de três meses atrás, quando muita gente estourou champanhe acreditando que ele iria direto para a Papuda. Hoje, essa certeza evaporou. Além dos problemas de saúde alegados (com boletins médicos dignos de novela), há uma tendência crescente e preocupante de normalizar a ideia de que ele cumpra pena em prisão domiciliar. Afinal, já está lá.

Essa normalização vem sendo empurrada por setores da grande imprensa e por políticos de vários naipes. É claro que Bolsonaro não vai cumprir pena pelo genocídio durante a pandemia, nem pelo desfile de joias desviadas. Mas, para quem acompanhou a trajetória do traste por quatro longos anos, a condenação de 27 anos soa como uma espécie de acerto simbólico, uma tentativa de justiça acumulada.

Agora, se essa pena virar prisão domiciliar num condomínio de luxo em Brasília, com aluguel bancado pelo Fundo Partidário do PL, ou seja, com o nosso dinheiro, então não é punição, é prêmio. E ainda há o projeto que reduz a dosimetria da pena, podendo colocar Bolsonaro de volta à sociedade em cerca de três anos. Três curtos anos. Depois voltará a sua habitual sandice provocando nossa sanidade mental.

Não. Paulo Gonet precisa oferecer a denúncia ao STF, para que Bolsonaro se torne réu também por obstrução de justiça. Isso aliviaria a pressão que os advogados estão jogando sobre Moraes e, quem sabe, evitaria mais uma reviravolta digna de série política.

Vamos lá, Gonet. É pra ontem. Antes que a Papuda vire só mais uma miragem institucional.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Acredite: nossas instituições trabalham para manter o bolsonarismo vivo

Por Fernando Castilho


Imagem: A Queda dos Condenados - Peter Paul Rubens

Bolsonaro está inelegível por 8 anos, por isso, nossas instituições buscam alternativas capazes de substituí-lo para tentar vencer Lula em 2026

Quando Pablo Marçal começou a participar dos debates sem que seu partido, o PRTB tivesse pelo menos um membro eleito, estranhamos, pois o PCO também não tem e não pode participar.

Marçal, em todos esses encontros, agiu, não só como menino da 5ª série, como querem aqueles que procuram minimizar o fascismo, mas também como verdadeiro bandido chantagista. Nem por isso deixou de ser convidado e quase foi para o segundo turno. A grande mídia que estava testando Pablo como uma de suas possíveis escolhas para enfrentar a esquerda, acabou percebendo que a dose seria forte demais quando o coach apresentou um documento falsificado para atingir Boulos. Porém, o senador Ciro Nogueira, em entrevista, disse que o mais importante para ele é o Brasil, e que, por isso, vê com bons olhos Marçal candidato em 2026.

Há que se lembrar também das inúmeras oportunidades em que a Justiça Eleitoral teve para cassar Marçal e não o fez, preferindo torcer para que ele não se elegesse. Assim, transfere o problema para 2026.

O PGR Paulo Gonet decidiu aguardar o final das eleições para anunciar o indiciamento de Jair Bolsonaro para que a justiça não fosse acusada de interferência no pleito. Mas essa decisão possibilitou que o capitão colocasse seu peso para eleger Abílio Brunini em Cuiabá, o 5ª série da Câmara e reeleger Sebastião Melo, o maior responsável pela tragédia que abateu o Rio Grande do Sul. Com certeza, o povo dessas duas capitais viveria muito melhor sem eles. Então, daqui a quatro anos, ponham o insucesso dessas duas prefeituras na conta de Paulo Gonet. Nossa grande imprensa jamais criticou Gonet por essa decisão.

Em Fortaleza, André Fernandes, candidato de Bolsonaro cujos únicos feitos que guardamos na memória foram o de gravar um vídeo ensinando a depilar o ânus e sua participação efetiva na tentativa de golpe em 2022, foi para o 2º turno sem apresentar sequer uma proposta para a cidade. Sua pregação é essencialmente ideológica, mas o mantém como favorito. Caso Bolsonaro tivesse sido indiciado, a situação poderia ser outra.

Em São Paulo Ricardo Nunes poderia não ir para o 2º turno, já que havia uma espécie de empate técnico triplo entre ele, Marçal e Guilherme Boulos, com ligeira vantagem deste último. Mas Bolsonaro, na última hora resolveu fazer uma live jogando seu apoio em Nunes que agora está no 2º turno com Boulos.

Em menos de uma hora a chuva que caiu na sexta-feira (11) sobre São Paulo causou o caos, principalmente na rede de energia elétrica. Até ontem, ainda havia mais de 400 mil famílias sem energia. A concessionária Enel é a responsável pela manutenção da rede elétrica, mas a prefeitura responde pela poda e monitoramento das árvores que caíram sobre os fios. Porém, nossa grande imprensa decidiu poupar o prefeito Nunes criticando somente a Enel.

Ontem houve o primeiro debate do 2º turno na Band. Boulos partiu para cima de Nunes cobrando sua responsabilidade no caos de São Paulo. Hoje pela manhã colunistas dos principais jornais consideraram que Boulos foi agressivo demais e que isso aumentará sua rejeição.

Portanto, vejam, minhas amigas e meus amigos: nestas eleições municipais o desempenho da esquerda não foi dos melhores, não apenas por incompetência própria, mas muito mais porque as instituições e a grande mídia trabalharam para que a extrema direita conseguisse vitórias importantes pelo Brasil afora.

Isso fica muito evidente, não só pelos exemplos citados acima, mas por muitos outros que tornariam este texto longo demais.

Bolsonaro está inelegível por 8 anos, por isso, nossas instituições buscam alternativas capazes de substituí-lo para tentar vencer Lula em 2026. Mesmo que isso jogue o Brasil no mesmo triste futuro do qual escapou no final de 2022.