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quarta-feira, 3 de maio de 2023

A agora, Valdemar?

Por Fernando Castilho



Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.


Valdemar Costa Neto é um caso a ser estudado.

Foi preso durante o processo do mensalão, sumindo por uns tempos após pagar a pena. Voltou com toda força durante a campanha para reeleição de Jair Bolsonaro, talvez animado pelas promessas do capitão de que este seria reconduzido ao cargo, seja através da vitória na eleição, garantida pelo uso frenético da máquina estatal, das operações da Polícia Rodoviária Federal que impediria eleitores de Lula de comparecer aos locais de votação, do ralo de dinheiro público em que se transformou o Auxílio Emergencial e as emendas do orçamento secreto concedidas a correligionários, ou seja através de um golpe com apoio dos militares, caso não reunisse os votos necessários. Não havia como não dar certo.

Valdemar confiou em Bolsonaro, mesmo se humilhando perante o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, quando este aplicou uma multa milionária a seu partido por ter usado de má-fé ao questionar as urnas eletrônicas.

Mesmo após a derrota nas eleições, Costa Neto não titubeou ao oferecer uma luxuosa casa para o capitão e sua esposa Michelle em bairro nobre de Brasília, além de um polpudo salário para o casal, fruto do Fundo Partidário, dinheiro que nós, brasileiros, pagamos através de nossos impostos.

Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.

O PL havia elegido a maior bancada da Câmara e precisaria da liderança de um homem acima de qualquer suspeita, honesto, patriota.

Assim foi o sonho de Valdemar.

Mas as denúncias começaram a surgir de vários lugares. A mentoria da tentativa de golpe de 8 de janeiro, o caso das joias desviadas e, agora, a falsificação do cartão de vacina.

Valdemar ainda tenta afirmar à imprensa que tudo vai ser esclarecido porque seu mito é um homem correto, mas nem ele crê mais nisso.

A verdade é que a Polícia Federal começa a comer a pizza pelas bordas. O caso da falsificação do cartão de vacina não tem nem de longe a mesma gravidade da sabotagem à vacinação dos brasileiros que resultou em centenas de milhares de mortes daqueles que seguiram o que seu presidente falava na televisão e nas redes sociais, mas, como os casos estão interligados, com certeza, haverá, mais cedo ou mais tarde, responsabilização do ex-mandatário, o que ainda não aconteceu devido à omissão criminosa do Procurador Geral da República, Augusto Aras.

A operação deflagrada hoje, 3 de maio, pode ter sido uma espécie de estratégia para que a PF pudesse ter acesso ao celular de Bolsonaro, afinal, é nos aplicativos de mensagens que se escondem as conversas que possam ter resultado na trama dos atos golpistas de 8 de janeiro. É por ele que saberemos de quem foi a autoria da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres. É por ele, também, que saberemos do real envolvimento dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, além de outras conversas nada republicanas.

A prisão de Jair Bolsonaro pode estar mais próxima do que pensamos e é por isso que Valdemar Costa Neto está agora apavorado.

Não seria adequado ao PL manter alguém indiciado em vários crimes se o partido pretende continuar a ser o maior do país. Ainda mais um político com direitos cassados por 8 anos. De que serviria?

À esta altura, Valdemar, que pode ser um pouco burro, mas também muito esperto, já deve estar pensando em rever sua escolha para a liderança de oposição contra o governo.

Como escrevi logo após a vitória de Lula, o líder da extrema-direita para 2026 não será Bolsonaro.

Isso já está se desenhando, não é, Valdemar?


sexta-feira, 28 de abril de 2023

O agro é pop, o agro é podre

Por Fernando Castilho



Jair já deveria estar sendo indiciado, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.


Após a exitosa e proveitosa viagem de Lula a Portugal em que não faltou desonestidade por parte da grande imprensa ao “noticiar” que o presidente foi vaiado no parlamento português (apenas 12 deputados do partido Chega!), o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu ir para Lisboa se encontrar com os líderes do partido fascista, aliando-se desta forma a um grupelho sem grande expressão que pretende ressuscitar o que havia de pior no salazarismo.

Bolsonaro insiste em se firmar como pária internacional.

O bolsonarismo, após a tentativa de golpe de 8 de janeiro e a revelação de que seu líder, antes de sair do Brasil em 30 de dezembro do ano passado, só pensava em se apropriar das joias que deveriam ser patrimônio do estado, enquanto seus seguidores permaneciam em frente aos quartéis tomando chuva e defecando em banheiros químicos, recrudesceu. Não se vê mais ninguém nas ruas vestindo camisetas amarelas.

Mas essa situação pode mudar, uma vez iniciada a CPMI que tentará culpar Lula por uma tentativa de golpe nele mesmo. A ver.

Mas enquanto se torna cada vez menor, eis que a feira agrícola de Ribeirão Preto o convida para participar de seu agroshow" durante o feriado de 1º de Maio.

É interessante saber que seus organizadores preferiram receber o ex-presidente e desconvidar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Ora, está nas mãos do ministro propor políticas que poderão beneficiar ou prejudicar o agronegócio, portanto, é notavelmente desproporcional preferir a presença de um político que está sob investigação que poderá torná-lo réu por peculato pela apropriação indébita de joias supervaliosas. Além disso, Bolsonaro certamente se tornará inelegível por 8 anos, tornando-se figura irrelevante nos destinos dos produtores agrícolas.

A ideologia falou mais alto que a possibilidade de aumento de lucros.

Jair já deveria estar sendo indiciado, como lembrou o jornalista Josias de Souza do Uol, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.

O que é preciso lembrar, e este escriba comentou isso em artigo de janeiro, é que o extremismo de direita veio para ficar e seguirá seu caminho mesmo sem Bolsonaro. Este, que não tem apreço pelo trabalho e que durante toda sua vida no parlamento e na presidência procurou todas as formas mais vulgares de ganhar dinheiro, como rachadinhas, funcionários fantasmas, apropriação de presentes que podem significar propinas por entrega da refinaria Landulpho Alves à Arábia Saudita, certamente não será o grande líder dessa extrema-direita e acabará sendo preso, primeiro por peculato, depois por tentativa de golpe de estado.

Enquanto isso, o circo montado pela extrema-direita terá seu primeiro espetáculo na próxima semana.

 


quarta-feira, 22 de março de 2023

Os Bolsonaros em todo lugar ao mesmo tempo

Por Fernando Castilho



Com o cerco se fechando em torno do pai, Jair Messias, o senador percebeu que seria o momento adequado para apresentar uma versão bem universo paralelo sobre as joias trazidas para o Brasil ilegalmente.


Os diretores de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, Dan Kwan e Daniel Scheinert teriam se inspirado no bolsonarismo para fazer o filme que transita por multiversos? Poderiam ter utilizado o ex-presidente Jair Bolsonaro como ator principal, em vez de Michelle Yeoh? Ganhariam o Oscar de melhor história e roteiro com a temática bolsonarista? O senador Flávio Bolsonaro e seus irmãos venceriam como melhores coadjuvantes? E se vencessem, trariam a estatueta para o acervo privado de Jair?

Vejam como o bolsonarismo se encontra num outro universo e numa outra dimensão.

Flávio, o 01, concedeu rara entrevista à Folha de São Paulo nesta segunda (20).

Com o cerco se fechando em torno do pai, Jair Messias, o senador percebeu que seria o momento adequado para apresentar uma versão bem universo paralelo sobre as joias trazidas para o Brasil ilegalmente.

A Folha inicia a entrevista perguntando por que os presentes não foram declarados, ao que Flávio candidamente responde que não tem muito o que falar porque os mimos vieram lacrados e que não houve má-fé em entrar com eles no país sem declará-los. Se houvesse, não iriam passar pelo raio-x da Receita.

Ora, senador, ficou claríssimo pelas imagens das câmeras de segurança que havia dois pacotes, cada um em uma mala. Um passou sem ser incomodado e o outro, o de 16,5 milhões, foi pego na malha fina. Aliás, é justamente porque o ex-ministro Bento Albuquerque não era nenhum mané nessa prática, que dividiu os presentes nas duas malas. Se um é pego, o outro passa.

À maioria das perguntas dos repórteres Júlia Chaib e Thiago Rezende, Flávio respondia com um “não sei” ou “pergunta pra ele”. Parece mesmo que vive numa realidade paralela que desconhece os fatos noticiados pelos jornais.

Sobre as joias masculinas que ficaram em poder de seu pai e que deverão ser devolvidas por determinação do TCU, o senador afirmou que Jair foi ao Comitê de Ética da Presidência que o teria autorizado a manter o presente consigo. Só se aconteceu num universo paralelo, pois o TCU já tinha uma decisão desde 2016 que afirma que os presentes recebidos por presidentes passariam a integrar o acervo da União e não o particular de Jair.

Flávio, trazendo talvez de uma outra dimensão uma experiência de vida e de como as coisas acontecem num arcabouço legal diferente do nosso, afirmou que ninguém sabia o que estava dentro dos pacotes. Poderia ser simplesmente... água!

Lá no outro universo, talvez. Aliás, lá poderia ser água, Baygon, urânio enriquecido, míssil ou balas 7 Belo. Aqui na Terra, no Brasil, logicamente o presenteador diria o que estaria dentro dos pacotes e certamente eles seriam abertos antes do desembarque para que nosso ilustre ministro, segundo posto mais alto do executivo, tivesse a responsabilidade de declarar o conteúdo à Alfandega.

Não posso esquecer de criticar os repórteres por não terem apertado Flávio Bolsonaro em nenhum momento. É próprio da profissão contestar respostas do entrevistado que não correspondem à realidade dos fatos, apresentando a realidade daquilo que já se sabe. Teria sido por medo?

Perceberam a oportunidade que Dan Kwan e Daniel Scheinert perderam de superar o filme vencedor do Oscar?

E se muita gente não gostou de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, aqui no Brasil, pelo menos, o filme Os Bolsonaros em Todo Lugar ao Mesmo Tempo teria um público fiel garantido de 44% da população, a mesma percentagem de pessoas que acreditam haver no país uma ameaça comunista.


sábado, 11 de março de 2023

O perigo do plano "Política Nacional de Longo Prazo" de Bolsonaro

Por Fernando Castilho

Imagem: Revista Piauí

A certeza de vitória de seu Jair e de seus comparsas nas eleições de 2022 era tão grande que até um plano de governo de 36 anos, elaboraram, vejam só.


No segundo semestre de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro e seus aliados militares estavam preparando um documento intitulado “Política Nacional de Longo Prazo”. Em suas 65 páginas, às quais a revista Piauí teve acesso, o plano não citava o combate a fome, nem políticas para mulheres, negros ou indígenas, enfim, nada voltado à melhoria de vida das pessoas.

A intenção de parte dos militares não era somente vencer as eleições presidenciais, mas se perpetuarem no poder através do governo de seu fantoche, Jair.

Seriam 36 anos, nove mandatos consecutivos, pelo menos.

Mas, caro leitor, não pense que para isso Bolsonaro teria que vencer nove eleições consecutivas. A ideia era, já no segundo mandato, apresentar projeto de lei em uma Câmara majoritariamente bolsonarista, de continuidade no poder, baseado na tal ameaça comunista que só o capitão teria força para enfrentar, na ameaça da ideologia de gênero que transforma nossos jovens em trans e na vontade de Deus. O projeto poderia ser aprovado.

A certeza de vitória de seu Jair e de seus comparsas nas eleições de 2022 era tão grande que até um plano de governo de longo prazo elaboraram, vejam só.

Para isso, não mediram esforços. Bilhões de reais de dinheiro público foram gastos com motociatas, cartões corporativos, orçamento secreto em redutos eleitorais, etc. Não hesitaram em mobilizar a Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores de Lula a votar. Um vale-tudo que pode custar a inelegibilidade do capitão por oito anos.

Apesar de todo esse escândalo, Bolsonaro não venceu.

Lula venceu e, logo que começou a governar, revelou ao Brasil e ao mundo o genocídio que vinha sendo cometido contra os Yanomami. Se Jair vencesse, certamente, já neste ano os Yanomami poderiam estar em franco processo de extinção. Ao longo de nove mandatos, não só eles, mas todas as etnias indígenas poderiam não mais existir, com o garimpo ilegal tomando todas as reservas. Era um programa de governo.

O governo Lula descobriu também que não foi deixado dinheiro para combate a tragédias. Foi preciso grande mobilização de recursos para tentar minimizar a dor e o sofrimento do povo pobre do litoral norte. Se reeleito, Bolsonaro estaria passeando de jet-ski enquanto as enchentes aconteciam.

Agora descobriu-se que o capitão tentou por nove vezes recuperar joias no valor de 16,5 milhões de reais que ficaram retidas na alfândega quando do retorno do então ministro Bento Albuquerque da Arábia Saudita.

Essas joias teriam sido um presente do país e deveriam passar a integrar o acervo da presidência da República, mas Bolsonaro entendeu que deveriam pertencer a ele.

Dois dias antes de fugir para os Estados Unidos, Jair empreendeu sua última tentativa de roubo de patrimônio público, mas não conseguiu êxito.

Outro estojo, porém, conseguiu passar pela alfândega e se encontra no poder do capitão, possivelmente em Orlando.

Trata-se, portanto, de pilhagem feita por um presidente da República. E isso é crime gravíssimo.

Como todo o staff de governo tinha a mais absoluta certeza de reeleição, esse escândalo pode ser apenas a unha de um elefante. Agora que o capitão perdeu o poder, é bem possível que muitos outros casos semelhantes venham à tona.

O método de seu Jair faturar nunca foi o tradicional dos que ocupam o poder executivo, as fraudes nas licitações e o atendimento à grandes empresas. A gatunagem e a pressão são alguns dos métodos típicos das milícias e, por que não dizer, das máfias.

O Brasil se salvou de sua quase extinção, pois, caso a tal Política Nacional de Longo Prazo fosse implementada após a reeleição de Bolsonaro, certamente teríamos uma gatunagem oficializada como nunca se viu.

É imperioso agora que haja punição severa contra essa corrupção oficializada para que nunca mais volte a acontecer.


terça-feira, 7 de março de 2023

Sim, a boiada passou, realmente. Resta saber seu tamanho.

Por Fernando Castilho




Os casos de vantagens indevidas seriam só esses, ou seja, a boiada se limitou a essas poucas cabeças ou estamos diante de um enorme rebanho que só agora começamos a descobrir o tamanho?


Em 22 de abril de 2020 aconteceu aquela horrível reunião ministerial cujo vídeo foi divulgado pela imprensa após decisão do então ministro do STF, Celso de Mello.

Em meio a xingamentos, palavrões, ofensas e ameaças de intervenção na Polícia Federal por parte do então presidente Jair Bolsonaro, chamou particularmente a atenção a frase do então ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles, que dizia que era preciso aproveitar que as atenções da imprensa estavam todas voltadas para a Covid-19 para passar a boiada. Vamos ver se ela passou, realmente?

Salles foi pego com a mão na botija ao tentar vender madeira ilegal para os Estados Unidos. Pergunta-se: foi sua primeira tentativa? Quanto de madeira ilegal ele teria conseguido vender antes de ser flagrado? Como conseguiu se eleger deputado federal após esse incidente?

Salles fez também reuniões com garimpeiros e até os recebeu em seu gabinete. Pergunta-se: quanto de ouro e pedras preciosas ele teria recebido de “presente” para facilitar o garimpo em terras indígenas?

Obviamente, não há provas, por isso, coloco tudo no terreno das suposições.

Ainda supondo, quanto o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, após ter liberado um trilhão de reais aos bancos no início da pandemia, teria despachado para terras estrangeiras como “presente”?

Quanto o ex-ministro, Pazuello e seu chefe teriam recebido de “presente” da indústria farmacêutica para imporem à população medicamentos comprovadamente ineficazes para o combate ao Coronavírus?

Ainda na onda do ouro, o ex-ministro da educação, Mílton Ribeiro, permitia, segundo ele, sob orientação de Bolsonaro, que pastores negociassem obras nas cidades do interior, recebendo ouro em troca. Quanto receberam de “presente” o ministro e seu chefe pela facilitação da corrupção?

Os mimos recebidos por esse governo devem ter sido inúmeros e, somente agora começam a ser revelados.

O novo fato que nos chegou através da reportagem do Estadão foi o das joias no valor de 16,5 milhões de reais que ficaram retidas na alfândega.

É certo que Bolsonaro tentou o quanto pôde por suas mãos nelas, afinal, foram 8 tentativas, inclusive com um ofício dele.

Não, caro leitor. As joias não eram um presente para a então primeira-dama, Michelle, como o capitão sugeriu. Se fossem, já seria crime porque qualquer presente ofertado de país estrangeiro se destina obrigatoriamente, segundo decisão de 2016 do TCU, ao estado brasileiro. A ex-primeira-dama, inclusive, logo após a matéria do Estadão, se manifestou surpresa e até a ironizou.

Não ficou esclarecido o motivo de a Polícia Federal que também está presente nos aeroportos, não ter prendido em flagrante o auxiliar do então ministro, Bento Albuquerque.

As peças que fazem parte do estojo apreendido pela Receita Federal, em seu conjunto, constituem uma mercadoria de pequeno tamanho, mas muito valiosa. Porém, muito difícil de se vender para fazer dinheiro. Mas, percebam que, desmembradas em pequenas peças, podem ser vendidas mais facilmente, afinal, quanto vale um daqueles pequenos diamantes?

Não podemos esquecer que falta no estojo um bracelete ou um anel, já que o suporte está vazio. Quem pegou?

Há um outro “mimo” do governo da Arábia Saudita que conseguiu passar pela alfândega. São caneta, relógio, abotoaduras, etc. que não se sabe com quem estão. Será que o capitão conseguiu passar a mão nesse?

Por que coloco “presente” e “mimo” entre aspas?

O estojo com as joias apreendidas foram ofertados a Bolsonaro em seguida à venda da refinaria Landulpho Alves à Arábia Saudita por praticamente metade de seu valor. Vejam que 16,5 milhões de reais equivalem praticamente a 1% do valor de venda da refinaria, que foi de 1,6 bilhão. Cheira, digo, fede a propina.

Nossa grande imprensa decidiu denominar o crime por “entrada ilegal” de mercadoria, quando o certo seria designar pelo seu nome verdadeiro, contrabando. E contrabando é crime. Por isso, a PF deveria ter prendido o rapaz da mochila. Parece que ainda há certos cuidados em poupar Bolsonaro.

Há agora, à luz da frase de Salles, inúmeras perguntas.

Os casos de vantagens indevidas seriam só esses, ou seja, a boiada se limitou a essas poucas cabeças ou estamos diante de um enorme rebanho que só agora começamos a descobrir o tamanho?

Foram somente esses os agentes públicos envolvidos nesses crimes ou figuras como Augusto Heleno, Braga Netto e Eduardo Ramos fizeram também seus pés de meia enquanto recebiam polpudos soldos?

E a enorme quantidade de picanha, uísque, Viagra e outros produtos adquiridos pelo exército?

O fato é que o governo que findou parece que inovou em sua forma de tomar para si bens públicos. Enquanto a forma mais clássica de se apropriar de uma fatia do estado é a comissão sobre grandes obras tocadas por grandes empreiteiras que conseguem driblar a lei de licitações, devemos lembrar que desta vez o estilo foi à la baixo clero, aquele mesmo das rachadinhas.

Agora aguardaremos os resultados da investigação a cargo da Polícia Federal que deverá revelar mais detalhes da tentativa de roubo, porém, já está mais do que clara a autoria do crime. O que não pode é haver impunidade.

É possível que na esteira desse delito grave, apareçam outros na medida em que servidores, encorajados pelos novos ares da administração pública federal, tomem coragem para denunciá-los.

A boiada foi grande e passou realmente, mas temos a possibilidade de reuni-la e prendê-la de novo no estábulo.