Por Fernando Castilho
Imagem: Gladson Targa |
Hitler, Mussolini, Stalin, Salazar, Franco, Pinochet, Idi Amin Dada, César, Gengis Khan, os presidentes-ditadores do regime militar do Brasil... a lista é gigantesca.
Em 1940 foi lançado no gibi do Capitão Marvel, um gênio do crime, o cientista louco, Dr. Silvana, aquele que queria destruir o mundo para depois dominá-lo como um grande ditador.
Invariavelmente,
nas páginas do gibi, o Herói, Capitão Marvel, o derrotava, mas, como tiririca
(a erva daninha e não o deputado), o vilão sempre ressurgia.
No
mesmo ano, outro supervilão surgiu, desta vez nas páginas do gibi do Super-Homem.
Lex Luthor, um engenheiro perito em biologia e genética, se empenhava em
descobrir formas de aniquilar o Super-Homem, o alienígena vulnerável apenas à
Kriptonita, mineral somente existente em seu planeta natal. Luthor, como Dr.
Silvana, era um gênio da tecnologia e do crime e também queria dominar o
planeta.
Bem
mais tarde, surgiria o satânico Dr. No, também um gênio da Física e do crime,
que buscava, adivinhe, se tornar um ditador do mundo. Um agente secreto britânico
chamado Bond, James Bond, cuja alcunha era 007, foi escalado para combatê-lo.
A ficção
é recorrente e fértil para o surgimento de inúmeros supervilões.
Na
vida real existiram vários nomes reais que sonharam em dominar o planeta ou,
pelo menos, seus países. Curiosamente, nenhum deles era gênio e nenhum deles
prezava a Ciência. A realidade se distancia totalmente da ficção.
Hitler,
Mussolini, Stalin, Salazar, Franco, Pinochet, Idi Amin Dada, César, Gengis
Khan, os presidentes-ditadores do regime militar do Brasil... a lista é gigantesca.
Mas,
se nenhum deles era gênio da Ciência, como puderam chegar ao poder?
A
ousadia, a estratégia, o senso de oportunismo, o egocentrismo sem limites, o
autoritarismo, a truculência, o desrespeito total às minorias, a total falta de
empatia, o pragmatismo, a inclemência e a crueldade os conduziram ao poder
diante de populações tolerantes, passivas, enganadas, indignadas e impotentes
diante da tirania. Entre essas “qualidades”, a estratégia e o senso de
oportunismo, de longe, são as mais importantes.
Em
comum, o que todos eles têm é o destino a que foram relegados. Suicídios,
golpes violentos, prisões, assassinatos, vinganças e, por fim, a lata de lixo
da História.
No
Brasil de 2022, o ambiente é fertilmente propício a uma ditadura novamente,
porém, o contexto e a própria figura do candidato a ditador são diametralmente
diferentes dos ditadores convencionais.
Bolsonaro,
com certeza, não é nenhum gênio da estratégia e do oportunismo, embora possua
as outras características comuns aos ditadores da vida real. É zero empático e
muito cruel, como demonstrou durante a pandemia, e alimenta sonhos ditatoriais.
Pela
maneira como vem conduzindo o governo, cuja linha de tempo se assemelha mais à
trajetória de um bêbado de madrugada pela calçada, pelas inúmeras bobagens que
fala e pelas ações ilógicas que empreende, o Capitão Morte (não Marvel) poderia
ser classificado como um estulto do crime (já que seus crimes se acumulam) e,
agravado pela sua total negação, um obtuso da Ciência.
Mas,
o que faz com que uma súcia de quase 30% da população brasileira siga um
estulto criminoso?
Precisam
de alguém que os represente. Só isso. Não diferem dele.
Os
autores das histórias do Capitão Marvel, do Super-Homem e do James Bond jamais pensaram
em colocar em seus argumentos o elemento povo seguidor, talvez porque os vilões
não eram políticos.
Talvez
os heróis da ficção não conseguissem derrotar vilões com representação na
população, como o Capitão Morte.
Para
esse tipo de vilão precisamos de um herói com muito mais votos que ele, com
propostas que ampliem a democracia e que garantam uma vida melhor ao povo. Enfim,
sua antítese.
Precisamos
de um gênio do bem, de alguém que, embora não tenha tido acesso ao que a
Ciência afirma, não a trata com desdém, mas a respeita.
Lula!