Por Fernando Castilho
Sem perceber, já amávamos as calças Lee, Chuck Berry, milk shake, carros enormes, etc.
No
final da década de 50 e início da de 60, eu era apenas um menino tomando
conhecimento do mundo ao meu redor.
O
mundo tinha saído da 2ª Grande Guerra, a Europa estava em reconstrução e os
Estados Unidos haviam emergido como a grande potência que disputava com a União
Soviética a hegemonia mundial.
A
televisão e o cinema já começavam a nos mostrar que a única cultura que deveria
influenciar nossos jovens era a americana com seu American Way of Life.
Para
mim, à época, os Estados Unidos haviam vencido a guerra. Só soube bem mais
tarde que na verdade, a União Soviética havia sufocado os nazistas em seu
próprio território quando estes tentaram invadi-la no inverno.
Sem
perceber, já amávamos as coisas americanas, as calças Lee, Chuck Berry, milk
shake, carros enormes, etc.
Veio
a guerra do Vietnã e, de repente, já adolescente, como muitos outros, passei a
odiar os Estados Unidos. Por pouco tempo.
Chega
ao Brasil o McDonalds ganhando o coração, não só dos jovens, mas também, ou
principalmente, das crianças.
Os
Estados Unidos vencem a guerra fria e se tornam a maior potência mundial.
Uma
enxurrada de filmes de ação elege o inimigo da vez, os muçulmanos.
Era
preciso destruí-los. Saddam Hussein produzia armas químicas sem parar e era
preciso matá-lo.
Os
americanos, contra resolução da ONU, invadem o Iraque, caçam e assassinam
Hussein. Até hoje não apareceu sequer uma arma química. E o mundo aceitou sem
problemas. Depois seria a vez de Osama Bin Laden, que foi assassinado sem que
pudesse ser interrogado ou se defender.
Outras
invasões em outros países se sucederam, sempre com o pretexto de destruir algum
inimigo e restaurar a democracia. Consequência disso é que todos esses países
se encontram destruídos, seus povos passam fome, mas a democracia, mesmo que
capenga, agora existe. Viva!
Hoje,
nos filmes, os terroristas são russos. Amanhã serão chineses. Sempre querem
dominar o mundo, mas os Estados Unidos, guardiões da democracia no planeta, os
impedem.
Uma
nova modalidade de guerra foi criada pelos americanos: a guerra híbrida.
Surgiu
a Primavera Árabe destinada a destruir governos e colocar títeres
pró-americanos no poder. Seu equivalente no Brasil, as jornadas de junho de
2013, derrubaram a presidenta Dilma através de um golpe com povo nas ruas e
incessante bombardeio da nossa grande imprensa. Tudo para botarem a mão em
nosso pré-sal.
Lula
foi eleito presidente pela 3ª vez e conquista impressionante feito em sua
visita à China, trazendo 50 bi na mala e inúmeros acordos comerciais que
alavancarão nossa economia nesta década, mas nossa mídia se apavora com a cara
de muxoxo que Joe Biden deve ter feito.
Ainda
consumimos a cultura norte-americana, através de filmes, seriados, música,
moda, comportamento, gastronomia, etc. mas estamos, aos poucos, nos servindo de
outras culturas vindas da Ásia, principalmente da Coreia. O k-pop, o k-dorama,
os restaurantes coreanos e japoneses, o manga, o anime, e por aí vai.
Precisamos
de uma identidade própria, mas somos uma mistura de muitas nações que ajudaram
a ser o Brasil que hoje somos.
A
China, assim com o Japão e a Coreia, segue uma estética asiática que a maioria
dos brasileiros desconhece, exceto aqueles jovens antenados que acampam
aguardando por dias um show do grupo coreano, BTS. Eles se identificam por seu
vestuário, cabelos e comportamento tipicamente asiáticos.
Conheço
muito dessa estética comportamental pelos anos em que vivi no Japão. Ela se
repete por quase todos os países do continente.
No
meio desse processo de construção de nossa própria identidade, não fará mal
nenhum deixar que um pouco da cultura chinesa também desembarque por aqui,
afinal, uma cultura milenar que experimenta uma grande transformação poderá ser
bem-vinda.
Para
quem viveu daqueles anos 50 até hoje, parece estar se esboçando forte e
rapidamente, a queda do império americano. Seu poder de influência, apesar do
desagrado de nossa grande mídia, diminui cada vez mais a olhos vistos.
Lula
dá uma empurradinha também.