Por Fernando Castilho
A Geração Z é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles e vota em qualquer desqualificado que lacre nas redes sociais.
Ok, vamos falar um pouco sobre Pablo Marçal. Mas por outro
prisma.
Marçal surge do desencanto e do desalento da chamada Geração
Z, aquela que nasceu, com algumas variáveis, entre 1997 e 2012.
Quem nasceu em 1997, hoje está com 27 anos e quem nasceu em
2012, hoje está com 12 anos. Na média, portanto, 19 anos.
Ora, quem hoje está com 19 anos, com que idade estava ao fim
do exitoso segundo governo Lula? Exatamente! 5 anos!
Com que idade estava ao fim do exitoso primeiro mandato de
Dilma? Parabéns! 9 anos, apenas.
Mais tarde veio o segundo governo Dilma e as chamadas
jornadas de junho de 2013, quando o pesadelo do golpe começou. Com que idade?
Acertou novamente! 12 anos.
O golpe aconteceu em 2016 quando a média da geração Z estava
com 15 anos apenas! Depois veio Temer e Bolsonaro, dois exemplos de desgoverno.
Portanto, essa é uma geração que praticamente só viu
desgovernos. Por isso não acredita neles.
Mas, o que é a Geração Z?
É aquela que não acredita que estudando e se preparando para
o mercado de trabalho, alcançará objetivos. São jovens desencantados e
desalentados. Seus exemplos não são seus pais que se formaram e trabalham
ganhando alguns milhares de reais por mês, mas sim, os famosos que fizeram
muito dinheiro fácil sendo MCs ou influencers das redes sociais, por exemplo.
Captou? Por que Pablo Marçal subiu tanto nas pesquisas,
quando nós, de outras gerações, achávamos que ele cairia após suas performances
bizarras nos debates? Ora, porque os tais jovens desalentados que não
conheceram governos sérios, preocupados em dar solução aos problemas da
população em geral, não acham que um prefeito sério vai mudar alguma coisa em
suas vidas. Vejam que Marçal não quis responder às perguntas de Tábata Amaral
no último debate. Não precisava: seu público não está interessado em propostas
de governo. Esses jovens se identificam com Marçal.
Mas calma. Eles são numerosos, mas não são a maioria. É
possível que o coach da montanha tenha chegado a seu limite.
E se chegou ao seu limite, cometeu um erro gravíssimo,
típico de paraquedistas na política: se queimou com Bolsonaro a quem poderia
pedir apoio num possível segundo turno com Boulos. Mas isso somente na hipótese
de que esteja realmente querendo se eleger.
A hipótese que formulo é a de que ele não quer se eleger
prefeito. Não quer e não pode porque teria que trabalhar, enfrentar aquela
chatice de receber e resolver demandas, algo muito diferente do que ser coach e
lacrar nas redes sociais.
Talvez esteja disputando a prefeitura para aumentar o número
de seus seguidores, pois, afinal, tudo se resume a ganhar dinheiro. Mas não só
isso. Se sua votação for espantosa, mesmo não vencendo, pode roubar o capital
político de Bolsonaro para 2026. Aí tudo se resumirá a ganhar dinheiro e poder,
pois esse é o objetivo de todo megalomaníaco à la Elon Musk.
Lembrem-se: Pablo Marçal não está inelegível como o capitão.
E é tão ou mais perigo quanto.