Mostrando postagens com marcador garimpo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador garimpo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Se for preciso, que se intervenha no estado de Roraima

Por Fernando Castilho


Foto: Ricardo Stuckert


O que transparece, pela fala do governador de Roraima, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.


Todo presidente tem o poder de mudar a situação do povo que governa, para o bem ou para o mal.

Jair Bolsonaro debochou o tempo todo da pandemia que matou 700 mil pessoas, chegando a sabotar as medidas sanitárias e até a receitar remédios de ineficácia comprovada.

Sua agenda presidencial revelava que trabalhava muito pouco nos dias de semana e saía de “férias” de maneira irregular, enquanto as chuvas tratavam de matar e desabrigar milhares de pessoas pobres.

Reunia-se com garimpeiros, na verdade, donos de mineradoras, aliando-se a eles para pôr em prática seu antigo projeto de extinção dos povos indígenas.

Jair se empenhou em mudar a situação do brasileiro para pior. E conseguiu.

Lula, apenas 20 dias após a posse, arregaçou as mangas e foi conhecer de perto, in loco, a situação dos indígenas Yanomamis, acompanhado de 3 ministros.

"Se alguém me contasse que, aqui em Roraima, tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana que eu vi o povo Yanomami sendo tratado, eu não acreditaria. Não podemos entender um país que tem as condições que têm o Brasil deixar os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui", afirmou o presidente.

A visita causou um alvoroço nas redes sociais e repercutiu significativamente na imprensa internacional. A nacional não deu muita bola no início, talvez preocupada em não dar pontos para Lula, mas, devido ao volume na Internet, teve que se render e fazer reportagens.

O presidente, nem bem começa a governar e já muda a situação de todo um povo para melhor.

Hoje, em reunião com ministros, Lula exigiu que os tráfegos aéreo e pluvial dos garimpeiros em Roraima sejam cortados o mais rápido possível.

Se a nova administração federal já consegue reverter em parte um dos maiores crimes do capitão, classificado como genocídio, é preciso também que se olhe com atenção para o estado de Roraima.

O governador, Antônio Denarium, manifestou-se sobre os Yanomamis, não deixando dúvidas de que ele e grande número de prefeitos da região, não só são a favor do garimpo ilegal em terras da federação cedidas aos indígenas, como também incentivam e apoiam.

Enquanto o capitão nega seus crimes, Denarium, bolsonarista convicto, prefere seguir o caminho da hipocrisia ao dizer que não é novidade os Yanomamis passarem fome e que deveriam eles próprios explorar suas terras.

O que transparece, pela fala do governador, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.

As matérias sobre as terras Yanomamis e o garimpo ilegal não deixam dúvidas de que há um plano de enriquecimento de grupos compostos de mineradoras, militares e políticos em execução, cujo obstáculo são alguns milhares de indígenas. Se, principalmente as crianças forem envenenadas pelo mercúrio ou mortas por doenças e fome, a população originária será reduzida a ponto de se tornar inviável sua multiplicação, o que, na prática, significa sua extinção.

O governo Lula tem que fincar pé na região, implementar ações de salvamento dos indígenas e de corte do tráfego das mineradoras, como foi decidido na reunião ministerial, mas também aumentar e concentrar na região contingentes de fiscalização e segurança para, não só prender, mas também confiscar aviões e helicópteros e destruir barcaças e outros equipamentos, afetando assim significativamente o poder econômico desses grupos. Não será uma tarefa fácil e, muito menos, rápida, mas é preciso que se comece a sufocar os donos dessas atividades mineradoras, aumentando-lhes os prejuízos.

Além disso, é preciso que a tragédia Yanomami não saia tão cedo dos noticiários, já que vem sensibilizando a opinião pública, a ponto de criar uma massa crítica contrária ao bolsonarismo, ao governador e aos prefeitos da região.

O governador, metido até o pescoço com a extração ilegal de ouro, verá aumentada a pressão das mineradoras contra ele e poderá reagir às medidas adotadas por Lula e seus ministros.

Antecipando-se a isso, é bom que o governo federal já tenha um plano elaborado para pôr em prática uma intervenção no estado, caso seja necessário.

Lula termina seu primeiro mês de governo já cumprindo com êxito uma amostra-grátis do que prometeu em campanha: acabar com a fome do povo.

Neste caso, a fome do povo Yanomami.

 

 


quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Hitler, o Führer e Bolsonaro, o mito. Semelhanças

Por Fernando Castilho




"A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país"

Deputado Federal Jair Bolsonaro em discurso em 15 de abril de 1998


Nos anos que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial, Adolph Hitler se empenhou em “mostrar” ao povo alemão sua superioridade em relação aos demais povos não arianos.

Mesmo sem redes sociais, o Führer instigou na população o ódio, não só aos judeus, mas também aos ciganos, comunistas, pessoas com deficiência física ou mental, pessoas de pele mais escura e todos aqueles que não reuniam fisicamente as características, na visão dele, de um povo superior.

No Brasil, muito antes das eleições de 2018, Jair Bolsonaro já demonstrava em discursos como deputado e, mesmo durante a campanha, seu enorme desprezo pelas minorias, que, conforme pregava, deveriam se curvar à maioria ou serem extintas.

Embora a população negra não seja exatamente minoria no país, esta também entrou na alça de mira do capitão quando ele, num discurso, disse que os quilombolas não serviam para nada, nem para procriar. Mesmo assim, não faltam bolsonaristas negros.

A população LGBT também sempre foi duramente atacada pelo ex-presidente, mas isso também não impediu que haja bolsonaristas gays.

Bolsonaro nunca se furtou a atacar a esquerda ao dizer numa entrevista que a ditadura deveria ter matado 50 mil pessoas, claro, de esquerda. Quanto ao PT, em comício no Acre, convocou seus apoiadores a metralhar os petralhas.

Mas agora, com a tragédia revelada do morticínio pela fome e por doenças do povo Yanomami, lembramos do que o capitão dizia também em comício: “NO MEU GOVERNO, NEM UM CENTÍMETRO DE TERRA SERÁ DEMARCADA PARA OS ÍNDIOS!”

Em 15 de abril de 1998, o então deputado Jair Bolsonaro, em discurso na Câmara Federal, disparou: ""A CAVALARIA BRASILEIRA FOI MUITO INCOMPETENTE. COMPETENTE, SIM, FOI A CAVALARIA NORTE-AMERICANA, QUE DIZIMOU SEUS ÍNDIOS NO PASSADO E HOJE EM DIA NÃO TEM ESSE PROBLEMA EM SEU PAÍS!"

Os primeiros contatos com os Yanomamis se deu entre 1910 e 1940, de forma ainda bastante rarefeita. Foi só a partir da década de 1970 que os contatos se tornaram mais intensos, o que contribuiu significativamente para que adquirissem as doenças que os homens brancos lhes levaram.

Nossa grande imprensa demorou dois dias para escrever sobre a tragédia dessa etnia indígena, após a corajosa visita do presidente Lula à principal aldeia ameaçada constantemente por ferozes garimpeiros instigados por Jair Bolsonaro a explorar aquela área.

A política do capitão com relação aos povos originários é a de genocídio por asfixia. Os garimpeiros vão aos poucos ampliando sua área de atuação, destruindo terras agricultáveis e impossibilitando as atividades de caça, pesca (devido ao mercúrio descartado principalmente no Rio Parima) e de coleta. As doenças, como pneumonia, Covid-19 e SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) são agravadas com a extrema desnutrição, causando enormes morticínios, principalmente de crianças e de idosos.

Não há como não fazer um paralelo com a política de extermínio de pessoas não arianas implementada por Hitler. A diferença é que os Yanomamis estão presos em um campo de concentração a céu aberto e dele não podem fugir.

Assim como grande parte do povo alemão acreditou em Hitler e suas mentiras, bolsonaristas-raiz divulgam em suas redes sociais que são contrários ao envio de alimentos e rempedios para os indígenas. As semelhanças são muitas.

Enquanto Hitler se acercou de asseclas que rapidamente encamparam seu discurso de ódio colocando em prática sua necropolítica, por aqui não é muito diferente, já que tivemos uma Damares Alves que brada contra o aborto de uma única criança, vítima de estupro, mas não se importa com a morte de centenas por doenças e desnutrição pelo simples fato de serem indígenas. Outro assecla do nosso Hitler tupiniquim é Ricardo Sales que incentivou o garimpo ilegal em áreas de reserva indígena e o desmatamento na Amazônia.

Esses dois foram eleitos parlamentares e, por isso, a justiça terá dificuldades em atingi-los, mas seu chefe, o “Fuhrer” brasileiro, chamado por aqui de mito, pagará por seus crimes.

O difícil será encontrar uma pena que possa fazer justiça a todo mal que ele cometeu.