Por Fernando Castilho
Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana?
O
mandato de Augusto Aras, o procurador-geral da República e títere de Jair
Bolsonaro, termina em setembro e, claro, é hora de várias especulações por
parte da grande imprensa e também da alternativa em torno do nome que Lula
escolherá para substituí-lo.
Segundo
a grande mídia, o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa, ambos baianos
como Aras, lideram uma corrente que propõe que Lula dê mais 2 anos ao PGR.
O
presidente vem afirmando que não é obrigado a escolher um nome dentro de uma
lista tríplice de procuradores que o próprio ministério público apresenta, mas
isso não garante que ele não o faça.
O
fato notório é que Augusto Aras, ao longo de 4 anos à frente da PGR, traindo o
que respondeu à sabatina do Senado e traindo o presidente e o relator da CPI da
Covid-19, quando prometeu levar adiante o relatório, serviu como escudo a
praticamente todos os processos que lhe chegaram às mãos que poderiam
incriminar Jair Bolsonaro junto ao STF. Portanto, não há como imaginar que Lula
o reconduza.
É
difícil pensar nos motivos que moveriam a grande mídia para iniciar uma espécie
de lobby para que Lula se defina por Aras, mas parece evidente que há um
movimento para isso.
Só
está faltando decifrarem a mente de Lula, coisa que os colunistas de plantão
parece que ainda não conseguiram.
Mas
é simples.
Caso
Lula se definisse pela continuidade de Aras, estaria indignando seus leitores
em nome de quê? Para quê?
Alguém
imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura
republicana? Claro que não.
Alguém
imagina, indo mais a fundo, Aras blindando Lula, assim como fez com Bolsonaro?
Será que Lula quer um PGR que se preste a esse papel? Afinal, Lula será um
presidente com inúmeros crimes nas costas que precisará de um procurador-geral
que arquive todos os processos contra ele?
Ademais,
Lula não sabe que, uma vez reconduzido, Aras continuará trabalhando para
Bolsonaro? Que passará toda e qualquer informação sigilosa ao capitão? Que, na
primeira oportunidade, apunhalará Lula em caso de uma proposta de impeachment
dos bolsonaristas? O presidente é macaco velho em política e não cairia nessa
armadilha.
O
que se passa na cabeça de Augusto Aras? Por que ele quer tanto continuar a ser
PGR?
Porque
ele ainda alimenta o sonho de ser ministro do STF, sua grande ambição, ora!
Mas
durante o governo Lula? Obviamente, não. Primeiro, porque Lula indicará a
partir de setembro um (a) substituto (a) para Rosa Weber que se aposentará.
Segundo, porque não haveria motivos para essa indicação, pois ela premiaria um
bolsonarista.
Aras
trabalha com a hipótese remotíssima da volta de Jair Bolsonaro ao poder, talvez
em 2026, caso consiga reverter a inelegibilidade, projeto praticamente
impossível, embora não se possa descartar essa hipótese, uma vez que Nunes
Marques substituirá Alexandre de Moraes na presidência do TSE. E aí só Deus
sabe.
Caso
Bolsonaro volte ao poder em 2026, Aras espera que seu chefe retribua os favores
indicando-o para a vaga de Luiz Fux que se aposentará em 2028 ou de Cármem Lúcia
que deixará a corte em 2029. Ainda haverá a chance de ocupar o lugar de Gilmar
Mendes que se aposenta em 2030. É sua derradeira chance e é nela que ele se
apega desesperadamente, mesmo que por pouco tempo, já que está com 64 anos.
Não
nos deixemos enganar. Lula é extremamente experiente e perspicaz.
A grande
imprensa pode falar o que quiser e o quanto quiser, mas Lula não reconduzirá
Augusto Aras à PGR.
Podem esquecer!