Por Fernando Castilho
Arthur Lira, Jullyene Lins e parte do dinheiro apreendido pela PF com os aliados do presidente da Câmara.Créditos: Agência Câmara / PF / Instagram |
Damares, teria sugerido que Jullyene mudasse de nome e se transferisse para alguma cidade do extremo norte do país para escapar às ameaças.
Jullyene
Lins, a ex-esposa do presidente da Câmara, Arthur Lira, deu entrevista ao ICL Notícias
relatando que há 16 anos sofria com agressões físicas e psicológicas por
denunciar malas de dinheiro que chegavam à sua casa e depois da divisão, envelopes
eram entregues a correligionários por todo o estado de Alagoas, mas a polícia e
a justiça nunca a levaram à sério. O Brasil 247 e Forum também trataram do caso.
Como
há 16 anos sofre, segundo ela, constantes ameaças de Lira, Jullyene precisa
trocar constantemente de endereço.
Decidiu,
ainda no governo Bolsonaro, procurar a ex-ministra Damares Alves à guisa de
auxílio para resolver seu problema.
Damares,
através de um intermediário, teria sugerido que ela mudasse de nome com nova
identidade e se transferisse para alguma cidade do extremo norte do país para
escapar às ameaças.
Jullyene
não seguiu o conselho, pois sabia que Lira a encontraria onde quer que ela
estivesse. E é claro, com identidade trocada, ficaria mais difícil relacionar o
ex-marido com um possível assassinato dela.
Os
jornalistas do ICL se esqueceram de comentar a atitude de Damares.
Naquela
época Arthur Lira, já presidente da Câmara em seu primeiro mandato, se sentava
sobre mais de 140 pedidos de impeachment de Bolsonaro e usou esse fato como
pressão para que o capitão terceirizasse a administração do orçamento da União
para ele. Foi aí que surgiu a figura do orçamento secreto.
Damares
Alves, que se diz cristã, em vez de tomar providências para que Lira fosse
investigado com seriedade devido às graves denúncias de Jullyene, preferiu criminalizar
a vítima, impondo-lhe uma vida secreta, praticamente afastada da sociedade e de
seus familiares, como uma punição a ela, pelo simples medo de desagradar o Bolsonaro,
então empenhado e dar tudo ao centrão para evitar algum processo de
impeachment.
O
caso Jullyene joga mais luz ainda sobre como a República funcionava sob a dupla
Bolsonaro-Lira.
Esperamos
que, agora que o relato de Jullyene foi ouvido na mídia independente, que possa
furar a bolha e também ser divulgado pela grande mídia e, enfim, ser
investigado pelo Ministério Público, embora ainda seja muito grande o poder de
Arthur Lira em nosso judiciário, como ficou provado na decisão da 1ª turma do
STF que o inocentou de crime de corrupção, apesar das provas apresentadas.
Jullyene, que pensa em sair do país, precisa ter sua segurança garantida com sua identidade verdadeira e seu domicílio.