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sexta-feira, 21 de julho de 2023

O que a Inteligência Artificial está fazendo com os Beatles e Elis Regina?

Por Fernando Castilho

Trabalho gráfico de Alper Yesiltas utilizando Inteligência Artificial e outros programas

Uma IA altamente desenvolvida poderá, num futuro bem próximo, produzir vídeos e áudios em que até peritos tenham dificuldade em atestar sua veracidade.


Em 1994 os remanescentes dos Beatles, Paul, George e Ringo, se reuniram para gravar algumas músicas que John Lennon havia deixado como demo em um gravador doméstico. Após esse trabalho, decidiram lançar somente duas músicas, Free as a Bird e Real Love, que seriam as últimas do quarteto. Como o som de Lennon estava ruim, tiveram que fazer um esforço para subtrair ruídos, além de fazer arranjos típicos dos Beatles.

Uma das músicas de Lennon, Now and Then, não foi incluída porque foi considerada ruim, principalmente por George. A última fase de John, antes de sua morte, não pode ser considerada das mais criativas.

Naquela época nem se cogitava que a ainda inexistente Inteligência Artificial pudesse promover milagres. Mas Paul McCartney percebeu a possibilidade de gravar essa última música utilizando justamente a IA que, no caso, só serviria para “limpar” a voz de Lennon sem mudar absolutamente nada.

E foi assim que surgiu a “nova” música dos Beatles. A guitarra do falecido George, gravada ainda em 1994, foi incluída, assim como a bateria de Ringo.

O resultado, com os típicos arranjos à la Beatles, é bom, embora, insisto, a música não é lá essas coisas.

Após isso, tem aparecido no YouTube alguns outros “milagres” utilizando a IA.

Ouvi duas músicas de McCartney, Band on the Run e Uncle Albert, na voz de Lennon, com resultados muito ruins. A IA talvez ainda não tenha aprendido como John Lennon se comportaria ao cantar músicas de Paul McCartney.

Há também uma gravação com a voz de Elis Regina cantando Nos Bailes da Vida, de Milton Nascimento. Ela nunca gravou essa música e, caso pudesse ouvi-la, acho que ficaria vermelha de raiva qual uma pimentinha. Pela primeira vez ouvi Elis desafinar e sair do tom.

Pode parecer divertido ouvir essas gravações, mas elas representam alguns perigos.

Primeiro, para quem conhece Beatles e Elis Regina, pode ser realmente interessante, mas para quem não conhece e está apenas começando a tomar conhecimento dos artistas, soa como fraude, já que serão enganados.

Pensando por outro lado, uma IA altamente desenvolvida poderá, num futuro bem próximo, produzir vídeos e áudios em que até peritos tenham dificuldade em atestar sua veracidade.

Provas de crimes poderão ser adulteradas enganando o sistema judiciário.

Tomemos como exemplo as três pessoas que agrediram com palavras o ministro do STF, Alexandre de Moraes e que desferiram um tapa em seu filho.

Um dos agressores, Alex Zanatta, apresentou à PF um vídeo gravado por ele, mostrando a reação do ministro, mas cortou a parte em que ele foi agredido.

Caso Zanatta tivesse feito uso de uma IA, o vídeo não poderia ser considerado autêntico por um perito e, por isso, jamais poderia ser considerado como prova. De qualquer forma, nesse caso, a prova definitiva virá das câmeras do aeroporto.

Outro exemplo são as gravações da Vaza Jato tornadas a público pelo hacker Walter Delgatti. Se ele tivesse a oportunidade de na época ter usado a IA, essas gravações jamais poderiam ter sido usadas para que o STF considerasse o ex-juiz Sergio Moro suspeito e cancelasse todos os processos contra Lula. Uso esses exemplos para demonstrar o risco que nosso sistema jurídico poderá correr daqui para frente.

A IA é um avanço da tecnologia e não pode ser renegada por quem não é conservador, mas, como em qualquer novidade, é preciso que seja usada para o bem, além de ser necessário que se criem mecanismos para conter abusos.

Como disse Lula, o que é crime na vida real, é crime na vida digital.

Ah, ainda prefiro ouvir Beatles e Elis no original.


Link para Band on the Run com John Lennon: 

https://www.youtube.com/watch?v=Qo6e_DrhxZU

Link para Uncle Albertt com John Lennon:

https://www.youtube.com/watch?v=7QNBDcY85ds

Link para Nos Bailes da Vida com Elis Regina:

https://www.youtube.com/watch?v=8xZJc2AzupQ






terça-feira, 18 de julho de 2023

Bolsonaro parece morto, mas o bolsonarismo sobrevive

Por Fernando Castilho



O capitão morte já deu inúmeras mostras de que não é nenhum mito, mas apenas um praticante de delitos como rachadinhas, roubo de joias, insuflador de golpes e por aí vai. Como ainda seguem um reles bandido?


O ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi alvo de agressões verbais no aeroporto de Roma na sexta-feira, 14. Justo quem?

Os xingamentos partiram inicialmente de uma mulher que o chamou de bandido, comprado e comunista. O filho de Moraes teria levado um tapa de um dos agressores.

Embora, em depoimento à Polícia Federal, os três neguem, é quase certo que o crime foi realmente cometido. As câmeras do aeroporto dirão.

Persiste a necessidade de uma análise sociológica e psicológica profunda dessa extrema-direita que ficou órfã de Jair Bolsonaro. É incompreensível que ousem admoestar justamente o ministro que tem prendido tantos golpistas. Essa insanidade se compara ao ato de implorar a ajuda de Ets e à oração a um pneu.

O capitão morte já deu inúmeras mostras de que não é nenhum mito, mas apenas um praticante de delitos como rachadinhas, roubo de joias, insuflador de golpes e por aí vai. Como ainda seguir um reles bandido?

Bolsonaro é como a Covid que tanto desprezou. Já foi embora, mas as sequelas ainda permanecem e talvez demorarão a passar.

O ato de molestar verbal ou fisicamente autoridades é prática comum entre os fascistas que não toleram o pensamento diferente. Vejam que a mulher chamou Moraes de comunista, talvez porque tenha cumprido a legislação eleitoral que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos e por cumprir a Constituição prendendo malfeitores que insistem em cometer crimes.

Esse comportamento sempre existiu no Brasil, porém, começou a ser mais frequente quando o ex-ministro Guido Mantega foi agredido verbalmente no hospital em que sua esposa, paciente com câncer, se encontrava internada.

Dilma Rousseff também sofreu agressões verbais nos EUA por parte de um homem que chegou a ameaçá-la de morte.

Mas a esquerda também cometeu seus erros.

O ex-juiz Sergio Moro também foi xingado por petistas no que se passou a chamar de “esculacho”. O esculacho seria um eufemismo para práticas fascistas?

É claro que quando autoridades que cometem crimes e permanecem impunes não passam despercebidas pelas pessoas que se sentem aviltadas pelos altos impostos que pagam e que lhes são surrupiados. Mas há uma diferença gritante entre Alexandre de Moraes, um magistrado que vem cumprindo as leis e Sergio Moro, um juiz parcial que, movido por vários interesses financeiros e de poder, condenou e prendeu o candidato que teria vencido Bolsonaro com facilidade em 2018.

Vem agora a lembrança da fala do ministro lavajatista do STF, Luís Roberto Barroso no congresso da UNE, em que afirmou que “derrotamos o bolsonarismo”.

Ora, ministro, o bolsonarismo só existe por causa de Lava Jato e de seus protagonistas maiores, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, justamente aqueles que vossa senhoria tanto admirava.

Barroso ajudou a criar o monstro bolsonarismo e agora vem dizer que ajudou a derrotá-lo.