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sexta-feira, 25 de março de 2022

Por que a Folha alertou Bolsonaro sobre possível crime eleitoral?

Por Fernando Castilho


Fotomontagem: Blog Sala de TV


O que se depreende da matéria da Folha é que o próprio jornal deve ter alertado a campanha sobre o crime eleitoral que estava prestes a acontecer no dia 27, mas esconde isso do leitor


Na manhã de quarta-feira, 23, a Folha de São Paulo publicou matéria em que relatou que os advogados do presidente Bolsonaro reformularam um evento grandioso de pré-candidatura, marcado para o próximo domingo, 27. Tudo estava sendo preparado e divulgado através de mensagens, sites e redes sociais.

Como a legislação eleitoral não permite eventos de lançamento de pré-candidaturas abertos ao público antes de 16 de agosto, o encontro foi alterado para uma grande campanha de filiação ao PL, partido do presidente.

A Folha não diz o porquê dos advogados da campanha de Bolsonaro irem, apressados, até ela para prestar contas dessa mudança.

O que se depreende é que o próprio jornal deve ter alertado a campanha sobre o crime eleitoral que estava prestes a acontecer no dia 27, mas esconde isso do leitor.

Quando a Folha procura a campanha do capitão e diz, olha, vocês estão prestes a incorrer em crime eleitoral, está, na verdade, favorecendo um criminoso em potencial e não colocando todas as outras campanhas em condições de igualdade.

Em sua defesa a Folha poderia alegar que é seu dever alertar todo e qualquer candidato sobre possíveis extrapolações dos limites da legislação eleitoral, mas duvido que faria o mesmo com a campanha de Lula.

O evento, ao que tudo indica pela matéria, foi ideia do filho 01, senador Flávio Bolsonaro que, pelo cargo que ocupa, deveria estar a par das leis. Além disso, os advogados da campanha deveriam ter conhecimento do desrespeito à essas mesmas leis.

O fato é que temos notado de uns 2 meses para cá, por parte da grande imprensa em geral, uma mudança de postura em relação à candidatura de Jair Bolsonaro. Antes, estava atenta a qualquer movimentação inadequada dele, mas agora, quase tudo que se configura em possível irregularidade ou manifestação fora da ética, passa desapercebido. Estão passando pano.

Isso ficou bem claro com a repercussão do áudio vazado do ministro da educação, Milton Ribeiro, publicado pela própria Folha. O fato de que o ministro tenha citado o presidente como a autoridade que pediu para que as verbas fossem direcionadas aos pastores, apesar de gravíssimo, não incomodou muito a imprensa. Tanto é que provavelmente o ministro poderá até cair, mas Bolsonaro será totalmente poupado.

Percebam que o destemor sobre uma possível punição é tanto que o capitão em sua live de quinta-feira última até chegou a afirmar que põe a cara no fogo pelo ministro Milton Ribeiro.

Sobre a legislação eleitoral que não permite campanha antecipada, constatamos que o capitão, quase todos os dias, tem viajado para inaugurar obras em vários estados que muitas vezes sequer saíram do papel ainda. Ele vai, inaugura a pedra fundamental de uma escola, e aproveita para aglomerar pessoas em seu entorno, fazendo campanha eleitoral com dinheiro público e dando um drible no TSE.

A máquina pública tem sido muito usada para tentar reverter sua situação desfavorável em relação a Lula que está em primeiro lugar nas pesquisas. E já há resultados.

Tanto se fala em possibilidade de fraudes nas eleições e o que vemos é nossa grande imprensa começando a fraudar meses antes do pleito.

Isso está acontecendo porque a candidatura de Sergio Moro, o preferido pela grande mídia que sonhava com uma terceira via, não decola.

A mídia, que está concentrada nas mãos de algumas poucas famílias que encaram seus veículos apenas como negócios empresariais, vem faturando alto com Bolsonaro, até porque ele é fonte diária de notícias polêmicas.

Além disso, os patrocinadores dos telejornais fazem pressão para que reduzam as notícias negativas contra o capitão.

Mais pra frente, partirão para o ataque contra Lula.

Quem viver verá.

 

 

 

 


terça-feira, 22 de março de 2022

A rachadinha do ministério da educação

Por Fernando Castilho


Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo


Será que a Folha teve uma tremenda sorte em conseguir a gravação do único caso de corrupção do governo ocorrido nos últimos meses que não foi possível ocultar?


O impoluto ministro da educação, Mílton Ribeiro, tinha caprichado no bigode esta manhã. Pegou a tesourinha e aparou alguns milímetros dos poucos fios que insistiam em sair do molde preciso.

Estava orgulhoso porque vinha se tornando nos últimos tempos, dentre todos os ministros de Bolsonaro, aquele que mais propagandeava os feitos do governo na área da educação. “O capitão há de se orgulhar de mim”, pensou, dando uma piscadela diante do espelho.

À porta o motorista do carro oficial já o aguardava com uma expressão fechada. Ele estranhou.

Bom dia!

- Bom dia, doutor.

- Quais são as novas?

- Bem, doutor, deixa que eu ligo o rádio do carro.

O apresentador do jornal narrava a bomba que a Folha havia divulgado sobre o escândalo do conteúdo do áudio vazado.

O ministro esmurrou o banco da frente.

Querem me foder?

 

O áudio é de uma gravidade gravíssima.

Fosse num país em que o processo civilizatório avança para a frente, Mílton Ribeiro mandaria o motorista desviar do caminho para se dirigir ao Alvorada para imediatamente pedir sua exoneração.

Mas ele, que vive num país chamado Brasil, confia em que não vai dar em nada. Aliás, foi devido à essa confiança na impunidade, que mandou qualquer escrúpulo às favas para cumprir a ordem de Bolsonaro: “foi um pedido especial do presidente”, havia dito ele na gravação. 

Há vários crimes demonstrados no áudio: improbidade administrativa, corrupção ativa, quebra do princípio da moralidade, etc. E há uma incógnita quando aparece a palavra apoio numa frase em que há uma palavra inaudível. Soa como se Ribeiro (e o capitão) recebessem uma rachadinha do valor desviado.

A bancada evangélica se apressou em condenar o ministro pedindo sua demissão, afinal, por que diabos (cruz credo) a bufunfa vai só pra dois pastores sem grande relevância enquanto eles não recebiam nada? Ou será que recebem, mas a hora é de tirar o corpo fora? Temos eleições pela frente e nenhum deles quer perder a boquinha da Câmara.

Os partidos de oposição entraram com notícia-crime contra Bolsonaro e Ribeiro.

O PGR, Augusto Aras estava aparando cuidadosamente a barba pela manhã quando foi indagado sobre quais providências tomar. Disse que ainda não foi acionado.

O fato, minha gente, é que o máximo que pode acontecer é Ribeiro pedir demissão ou Bolsonaro demiti-lo com aquele discurso de que seu governo é incorruptível.

A gravação, por si só, pode ser contestada no STF, sob a alegação de ser uma prova ilícita.

A Bolsonaro nada acontecerá por que poderá alegar que a simples citação de seu nome não é suficiente para incriminá-lo. Não há provas. Pessoalmente aposto que Ribeiro vai livrar a cara do presidente, afinal, não se pode dar mole pra milícias.

Aras vai abrir investigação?

Claro que não. Já teve fato mais grave ignorado solenemente pelo PGR.

Pedido de impeachment?

Arthur Lira deve estar rindo neste momento.

Será que a Folha teve uma tremenda sorte em conseguir a gravação do único caso de corrupção do governo ocorrido nos últimos meses que não foi possível ocultar?

Ou a corrupção grassa em todos os ministérios e secretarias,  não aparecem?

O que se afigura, na verdade, é que estão enchendo as burras para dividir o butim antes que sejam defenestrados do governo no próximo ano.

Afinal, essa turma não vai querer sair de mãos abanando.