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domingo, 23 de julho de 2023

Se o Universo está repleto de vida, onde está todo mundo?

Por Fernando Castilho


Caso você viva perto de uma floresta escura, se decidir se aventurar por ela numa noite sem Lua, temendo que animais selvagens o ataquem, o mais prudente é ficar quieto e não fazer barulho para não chamar a atenção. Vários animais, temendo seus predadores, também fazem isso.


Em meu livro, Um Humano Num Pálido Ponto Azul, editora Mindrongo, abordo várias questões de ordem filosófica, antropológica, sociológica, mas também científica.

Um dos capítulos se chama HOMO EXTINCTUS e aborda a origem da vida na Terra e o risco de extinção que atualmente estamos correndo. Há também outras questões.

Uma das questões a serem respondidas pela Ciência é se já fomos visitados por alguma outra forma de vida alienígena. Se temos em um dos universos possíveis, um número infinito de planetas que suportam a vida em sua gigantesca variedade, podemos pelo menos não aceitar como verdade absoluta que nunca tenhamos sido ou venhamos a ser visitados.

O paradoxo de Fermi cria uma grande dúvida em nossas mentes: se existem tantas galáxias no Universo e se em cada uma delas existem tantas estrelas e se orbitando cada uma delas pode haver certo número de planetas e se em algum desses planetas existe vida e se em certa porcentagem desses planetas com vida pode haver vida inteligente, por que ainda não recebemos informações desses seres? Fermi teria perguntado certa vez: “onde está todo mundo?”

A resposta pode ter a ver com o tempo e o espaço. As distâncias são tão grandes que somente uma tecnologia muito avançada poderia vencê-las. Nossa civilização tem somente cerca de 6 mil anos, atingiu um certo grau de Ciência e tecnologia apenas nos últimos séculos, que nos permite até enviarmos uma sonda ao distante planeta anão, Plutão, mas por sermos a única conhecida, não temos referências quanto ao tempo que outras possíveis civilizações costumam durar até se extinguirem.

Pode ser que antes de conseguirem realizar o sonho de vencer grandes distâncias, as civilizações se extingam como se tivessem um prazo de validade. Hoje percebemos que inúmeras ameaças já nos rondam aqui na Terra e o risco de extinção só aumenta. Portanto, antes que consigamos um motor de dobra espacial para saltarmos a Alpha Centauri, a estrela mais próxima de nós além do Sol, distante 4 mil anos-luz, deixemos de existir.

Outra possibilidade é que simplesmente outras formas de vida não tenham ainda conseguido evoluir para sociedades organizadas e tecnológicas, como nossos seres microscópicos ou como nossos animais. Pode-se também especular que outras civilizações, diferentemente de nós, simplesmente não tenham interesse em explorar outros mundos.

Além disso, a Hipótese da Floresta Negra também deve ser considerada. Caso você viva perto de uma floresta escura, se decidir se aventurar por ela numa noite sem Lua, temendo que animais selvagens o ataquem, o mais prudente é ficar quieto e não fazer barulho para não chamar a atenção. Vários animais, temendo seus predadores, também fazem isso.

Caso uma civilização já tenha dominado a tecnologia de enviar mensagens ao espaço, pode ser mais prudente não o fazer, pois se o sinal for captado por outras civilizações a possibilidade de predação existe, afinal, a cobiça por minerais e fontes de energia pode ser muito grande por quem já exauriu seu planeta. Portanto, como afirmou Stephen Hawking, é melhor ficar quieto.

Um dos fatos que ainda intriga os cientistas é o sinal Wow!

O  Wow! foi um forte sinal de rádio recebido em 1977, pelo radiotelescópio Big Ear nos Estados Unidos. O astrônomo Jerry R. Ehman descobriu a anomalia alguns dias depois, quando estava revisando os dados registrados. Ele ficou tão impressionado que circulou a leitura na impressão do computador, "6EQUJ5", e escreveu o comentário "Wow!" no lado.

Toda a sequência de sinais durou a janela completa de 72 segundos durante a qual o Big Ear foi capaz de observá-la, mas nunca mais foi detectado. Muitas hipóteses foram criadas para explicar a origem do sinal, incluindo formas naturais e feitas por humanos, mas nenhuma delas explicou adequadamente o sinal.

Seria o sinal Wow! Originário de uma civilização extraterrestre tentando se comunicar com alguma outra?

Ehman não respondeu ao sinal, mas é possível que seu emissor seja capaz de detectar o recebimento da mensagem aqui na Terra.

Mas qual o risco?

O planeta mais próximo da Terra, além daqueles que compõem nosso Sistema Solar circunda uma estrela chamada Próxima Centauri, distante 4 mil anos-luz de nós. Caso o recebimento do sinal tenha sido detectado, revelando nossa existência e localização, teria que percorrer 4 mil anos para chegar ao planeta. Atenção: é o planeta mais próximo de nós. Qualquer outro dista muitos mais anos-luz.

Passados 4 mil anos do sinal Wow!, isto é, em 5977, os possíveis habitantes de Próxima Centauri, caso ainda existissem, teriam que se deslocar por milhares de anos com suas naves para chegar à Terra e nos sobrepujar.

O receio de Stephen Hawking só se justificaria caso civilizações altamente tecnológicas fossem capazes de viajar por buracos de minhoca para aqui chegar.

Portanto, o que podemos concluir é que certamente não estamos sozinhos no Universo, mas talvez impossibilitados de conversar com nossos vizinhos.