Por Fernando Castilho
Há uma distância colossal entre ir à Índia para os fins descritos acima e passear de jet-ski da marinha com dinheiro público, enquanto pessoas morrem ou ficam desabrigadas, como fez Jair Bolsonaro.
Leonardo
Sakamoto, colunista do Uol, é um dos jornalistas que mais sofreram ameaças de
morte dos bolsonaristas. Foi também uma das poucas vozes do jornalismo
tradicional a defender a candidatura de Lula.
Porém,
parece que faz parte de uma esquerda namastê, aquela que vive num mundo de
fantasia onde todo mundo tem que incondicionalmente ser uma vestal.
Sentir-se
mal com a substituição da Ana Moser no Ministério dos Esportes por um elemento
do centrão é direito, não só dele, mas de todo o espectro progressista, mas, se
for incapaz de compreender as razões que levaram Lula a tomar essa decisão,
revela o mundo de fantasia em que vive. O governo precisa de sustentação para
aprovar projetos de interesse da população e isso só será possível se tiver
maioria no Parlamento. Esse é o jogo político. Ponto.
Mas
o que mais chamou a atenção foi a crítica feita a Lula por ter ido à reunião do
G20 na Índia, enquanto os desastres climáticos aconteciam no Rio Grande do Sul.
O
cara já passou para a oposição ou não entendeu que Lula precisava ir ao G20
porque iria assumir a presidência do grupo dos 20 países mais ricos. Isso é
fundamental para que o Brasil se torne novamente uma potência econômica
reconhecida mundialmente e investimentos sejam para cá atraídos. Lula nem
queria ir devido ao seu problema no fêmur que lhe custará uma cirurgia, mas o
evento já estava marcado há tempos.
O povo
sofrido do RGS não ficou desamparado. O presidente em exercício (vejam bem,
presidente, não um qualquer!) Geraldo Alckmin e um grupo de ministros está
acompanhando no feriadão as vítimas, prestando socorros e liberando 800 reais aos
desabrigados. Não houve, portanto, descaso do governo.
Há uma
distância colossal entre ir à Índia para os fins descritos acima e passear de jet-ski
da marinha com dinheiro público, enquanto pessoas morrem ou ficam desabrigadas,
como fez Jair Bolsonaro (E daí? Não sou coveiro!) enquanto era presidente.
Uma
desonestidade intelectual de Sakamoto.
Uma
pena.