Por Fernando Castilho
Foto: Tony Garcia e Sergio Moro - Twitter/Lula Marques |
Talvez Bolsonaro ainda estivesse na Câmara praticando suas rachadinhas, tivéssemos uma
extrema-direita ainda contida, um povo sem fome e um país perfilado entre as
maiores economias do mundo.
O empresário e ex-deputado estadual, Tony Garcia, deu uma
entrevista à TV 247 em que desnudou por completo a operação Lava Jato, o
ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Força-Tarefa de Curitiba.
Se considerarmos que falou a verdade – e ele afirma que tem
provas sobre isso – chegamos ao fundo poço de nosso sistema judiciário
subterrâneo onde não faltam orgias envolvendo desembargadores em hotéis de luxo
em que a cumplicidade é que decide os rumos das grandes questões legais no
país.
Tony Garcia disse que uma festa da cueca, como ele mesmo
chama a orgia entre magistrados, teria sido filmada e utilizada durante muitos
anos como instrumento de chantagem por Sergio Moro.
Quando estamos vivendo o presente, temos pela frente
inúmeros caminhos que nos conduzirão a um dos possíveis futuros que teremos
pela frente. Um caminho errado comprometerá nossa vida nos anos vindouros. Um
caminho correto poderá nos proporcionar a tão desejada felicidade.
É interessante refletir sobre como isso, entre incontáveis
cenários possíveis à época das manipulações de Moro, pode ter conduzido o
Brasil ao estado em que se encontrava até o final de 2022.
Tony Garcia, na entrevista, chegou a pedir desculpas à Dilma
Rousseff por ter sido ele um dos responsáveis pelo golpe que a derrubou, o que determinou
uma nova linha do tempo que desembocou na eleição de Bolsonaro, na ascensão da
extrema-direita, na quase destruição do país e no golpe desferido em 8 de
janeiro, contido habilmente por Lula.
Na verdade, a coisa começou bem mais atrás, há cerca de 20
anos! Com um juiz que já tinha delineado em sua mente um projeto de poder a
longo prazo.
Mais tarde, a ele se agregou o Ministério Público na figura
dos procuradores da Lava-Jato, entre eles, Deltan Dallagnol.
A dupla Moro-Deltan foi aos poucos construindo com grande
atrevimento o caminho que os conduziria ao poder. Moro tinha duas possíveis
ambições: se eleger presidente do Brasil ou, como plano B, ser indicado a
ministro do Supremo Tribunal Federal. Dallagnol queria dinheiro, muito
dinheiro.
Para isso, foi preciso montar todo um esquema de prisões
preventivas irregulares, delações premiadas, extorsões e chantagens para chegar
ao momento-chave, a condenação e prisão de Lula, então favorito na eleição de
2018.
A condenação foi decretada, mesmo que sem provas e
ratificada em tempo recorde pelos ministros do TRF-4. A se confirmarem as
alegações de Tony Garcia, esses magistrados teriam sido chantageados por Moro
para que seu objetivo fosse alcançado.
O resto já sabemos: Lula foi preso e afastado da corrida
presidencial, Bolsonaro foi eleito e, pasmem, Sergio Moro foi alçado a ministro
da Justiça e Segurança Pública, o que lhe abriria as portas para a possível
sucessão de Bolsonaro ou uma indicação ao STF.
Como sabemos, o ex-presidente tinha o hábito de afastar
qualquer um que pudesse ser uma ameaça a seu projeto de continuar no poder. Foi
assim com João Doria, Henrique Mandetta e outros.
Moro percebeu que jamais seria indicado como sucessor do
capitão, mesmo que esperasse 8 anos para isso. Melhor encurtar o caminho,
deixando o governo e começando a trabalhar pela sua candidatura. Além disso,
Bolsonaro já havia dado provas de que não o indicaria ao STF.
O ex-juiz, assim como Deltan Dallagnol, é mitômano. Os dois
acreditam ser muito mais do que são. Agora mesmo, Deltan, imaginando que tem
grande apoio da população, não conseguiu reunir mais que 100 pessoas num ato em
São Paulo contra sua cassação como deputado federal.
Moro confiava firmemente que, lançando-se candidato a
presidência, diante da incompetência de Bolsonaro à frente do executivo, se
elegeria facilmente. Não deu.
O prêmio de consolação seria um cargo no Senado por São
Paulo. Também não deu. Teve que se contentar com o Paraná mesmo.
Agora, diante das acusações de Tony Garcia, poderá ser
preso. Fim de carreira e de suas ambições políticas.
Hoje, voltando atrás no tempo, imaginamos como seria nosso presente
caso Moro e Tony não existissem e caso Dilma não tivesse sofrido um golpe.
Bolsonaro
ainda estaria na Câmara faturando com suas rachadinhas, teríamos uma
extrema-direita ainda contida, um povo sem fome e um país perfilado entre as
maiores economias do mundo. Era essa nossa vocação! Talvez Lula nem precisasse
disputar a presidência se elegendo pela terceira vez, preferindo curtir sua
aposentadoria.
Talvez fossemos mais felizes hoje.
Ou não. Quem sabe?