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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Afinal, o que significa o bordão "Deus, Pátria, Família e Liberdade"?

Por Fernando Castilho


 



Nunca, em momento algum, prestariam homenagem a um torturador, até porque Cristo foi barbaramente torturado antes de morrer na cruz. 


O atual ocupante da cadeira presidencial que nunca se senta nela tem por hábito finalizar seus discursos com a frase título deste texto.

Mas, para ele, qual seria o significado dessas palavras?

Vamos tentar compreender.

 

1 – DEUS

Pessoas que verdadeiramente adoram a Deus e Cristo jamais pregariam o armamento da população porque isso contraria o ensinamento cristão de oferecer a outra face.

Jamais fariam troça com a dor alheia, imitando pessoas sendo sufocadas e mortas por falta de oxigênio, como aconteceu em Manaus.

Jamais diriam que uma mulher não merece ser estuprada porque é feia.

Nunca, em momento algum, prestariam homenagem a um torturador, até porque Cristo foi barbaramente torturado antes de morrer na cruz.

Impensável também afirmar que comeria carne humana sem problema algum.

Não dá pra imaginar um cristão mentir descaradamente o tempo todo como ele faz.

Deus também está presente em seitas secretas como a maçonaria com seus símbolos pagãos?

 

2 – PÁTRIA

Primeiramente, amor à Pátria significa amor ao povo e à cultura de um país. Inconcebível, pois, um patriota chamar o povo nordestino de analfabeto.

Um verdadeiro patriota jamais bateria continência à bandeira norte-americana como ele já fez em duas oportunidades.

Um patriota de verdade, assim que fosse declarada uma pandemia, não trocaria um ministro médico da saúde por um general que nada sabe de medicina e trataria de adquirir em tempo recorde as vacinas já disponíveis, jamais permitindo que subordinados seus tentassem cobrar propina das empresas produtoras.

O verdadeiro patriota não contribuiria para o desmatamento da Amazônia e o assassinato de indígenas, pois esses são o povo originário do país.

 

3 – FAMÍLIA

Como explicar que alguém que defende a família tradicional brasileira tenha se casado por três vezes?

Como explicar que engravidou a terceira esposa enquanto ainda estava casado com a segunda?

Seria aceitável alguém que se diz contra o aborto tentar convencer a esposa de que seria melhor interromper a gravidez, naquele momento, indesejada?

Foi mesmo de bom tom, durante as comemorações do 7 de setembro, discursar dizendo que é imbrochável, na frente de crianças?

Defender a família significa defender todas as famílias do Brasil, ou somente a sua, enredada por denúncias de corrupção por rachadinhas e emprego de funcionários fantasmas?

É admissível um defensor da família tradicional admitir que já fez sexo com animais? Isso é perdoável?

 

4 – LIBERDADE

Será que existe coerência entre ameaçar dar um golpe que extingue as liberdades democráticas enquanto defende a liberdade?

É possível combinar liberdade com sigilos de 100 anos sobre possíveis denúncias de corrupção?

A liberdade, afinal, vale pra todos, ou somente para aqueles que o apoiam?

Esses devem mesmo ter liberdade para ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal de morte?

A imprensa deve ter liberdade para noticiar casos de corrupção de qualquer político, mas não para denunciar a compra de 107 imóveis, 51 dos quais com dinheiro vivo, por parte dele e de seus filhos?

 

Por tudo isso, e muito mais (o texto ficaria muito longo), se deduz obviamente, que tudo aquilo que ele fala é somente para ganhar votos de gente ingênua que se deixa enganar por frases pomposas que nada mais são do que reprodução dos lemas fascistas, nazistas e integralistas, responsáveis por gigantescos crimes contra a humanidade que tentamos esquecer.

Afinal, o que significa para um mentiroso contumaz a frase “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”?


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Adeus, Rayan

Por Fernando Castilho



Rayan tinha apenas cinco anos e, por isso, eu gostaria que o leitor fizesse um esforço de empatia para tentar sentir o que o menino sentia ali, num lugar escuro, apertado, a 32 metros da superfície, longe dos pais e com muito frio


O acidente sofrido por Rayan Awran gerou comoção e solidariedade nas redes sociais em todo o mundo. "Resista pequeno Rayan, por favor, resista", implorou um internauta no Twitter.

"Nossos corações estão com a família e oramos a Deus para que ele se reúna com seus parentes o mais rápido possível", disse o porta-voz do governo Mustapha Baitas.

Rayan caiu num poço de 32 metros de profundidade na terça-feira passada. A família custou um pouco a encontrar o local, mas logo em seguida as tentativas de resgatá-lo começaram.

Por mais que água e alimento tenham sido baixados para o fundo do poço, não se sabe se a criança chegou a usufruir disso.

Rayan tinha apenas cinco anos e, por isso, eu gostaria que o leitor fizesse um esforço de empatia para tentar sentir o que o menino sentia ali, muito machucado pela queda, no escuro da noite, num lugar apertado, a 32 metros da superfície, longe dos pais e com muito frio.

Se você conseguiu sentir a dor e o desespero, parabéns. Eu não consegui. Porque devem ter sido indescritíveis.

Ontem fiquei prostrado após saber da notícia. O choro foi inevitável.

Comparo Rayan com minha netinha quando tinha essa idade. Tão frágil, tão dependente dos pais, tão cheia de vida.

Mas ela leva uma vida boa, tendo acesso a comida boa e farta, brinquedos e celular, além de escola.

Mas, e Rayan? O pequeno Rayan nascido em uma família muito pobre. Rayan, o menino cujo brinquedo era o quintal de sua casa, que se alegrava com o pouco que tinha para brincar e que não teria na vida as mesmas oportunidades de quem nasceu em berços mais privilegiados.

Rayan sofreu uma das piores torturas que uma criança já pode ter sofrido.

Mustapha Baitas orou a Deus, mas não foi atendido. O mesmo a família deve ter feito, mas também não foi atendida.

Sofrerei críticas por minha indignação, é certo, mas não há como aceitar que um Criador, também chamado de Pai, que tudo pode e tudo vê, não tenha tido a sensibilidade de salvar esse menino. Seria um milagre? Ora, não dizem que milagres em condições menos desfavoráveis e até menos importantes, acontecem todos os dias?

Que mal fez essa criança de apenas cinco anos para não ser salvo?

A mãe disse que essa foi a vontade de Deus.