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sábado, 11 de março de 2023

O perigo do plano "Política Nacional de Longo Prazo" de Bolsonaro

Por Fernando Castilho

Imagem: Revista Piauí

A certeza de vitória de seu Jair e de seus comparsas nas eleições de 2022 era tão grande que até um plano de governo de 36 anos, elaboraram, vejam só.


No segundo semestre de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro e seus aliados militares estavam preparando um documento intitulado “Política Nacional de Longo Prazo”. Em suas 65 páginas, às quais a revista Piauí teve acesso, o plano não citava o combate a fome, nem políticas para mulheres, negros ou indígenas, enfim, nada voltado à melhoria de vida das pessoas.

A intenção de parte dos militares não era somente vencer as eleições presidenciais, mas se perpetuarem no poder através do governo de seu fantoche, Jair.

Seriam 36 anos, nove mandatos consecutivos, pelo menos.

Mas, caro leitor, não pense que para isso Bolsonaro teria que vencer nove eleições consecutivas. A ideia era, já no segundo mandato, apresentar projeto de lei em uma Câmara majoritariamente bolsonarista, de continuidade no poder, baseado na tal ameaça comunista que só o capitão teria força para enfrentar, na ameaça da ideologia de gênero que transforma nossos jovens em trans e na vontade de Deus. O projeto poderia ser aprovado.

A certeza de vitória de seu Jair e de seus comparsas nas eleições de 2022 era tão grande que até um plano de governo de longo prazo elaboraram, vejam só.

Para isso, não mediram esforços. Bilhões de reais de dinheiro público foram gastos com motociatas, cartões corporativos, orçamento secreto em redutos eleitorais, etc. Não hesitaram em mobilizar a Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores de Lula a votar. Um vale-tudo que pode custar a inelegibilidade do capitão por oito anos.

Apesar de todo esse escândalo, Bolsonaro não venceu.

Lula venceu e, logo que começou a governar, revelou ao Brasil e ao mundo o genocídio que vinha sendo cometido contra os Yanomami. Se Jair vencesse, certamente, já neste ano os Yanomami poderiam estar em franco processo de extinção. Ao longo de nove mandatos, não só eles, mas todas as etnias indígenas poderiam não mais existir, com o garimpo ilegal tomando todas as reservas. Era um programa de governo.

O governo Lula descobriu também que não foi deixado dinheiro para combate a tragédias. Foi preciso grande mobilização de recursos para tentar minimizar a dor e o sofrimento do povo pobre do litoral norte. Se reeleito, Bolsonaro estaria passeando de jet-ski enquanto as enchentes aconteciam.

Agora descobriu-se que o capitão tentou por nove vezes recuperar joias no valor de 16,5 milhões de reais que ficaram retidas na alfândega quando do retorno do então ministro Bento Albuquerque da Arábia Saudita.

Essas joias teriam sido um presente do país e deveriam passar a integrar o acervo da presidência da República, mas Bolsonaro entendeu que deveriam pertencer a ele.

Dois dias antes de fugir para os Estados Unidos, Jair empreendeu sua última tentativa de roubo de patrimônio público, mas não conseguiu êxito.

Outro estojo, porém, conseguiu passar pela alfândega e se encontra no poder do capitão, possivelmente em Orlando.

Trata-se, portanto, de pilhagem feita por um presidente da República. E isso é crime gravíssimo.

Como todo o staff de governo tinha a mais absoluta certeza de reeleição, esse escândalo pode ser apenas a unha de um elefante. Agora que o capitão perdeu o poder, é bem possível que muitos outros casos semelhantes venham à tona.

O método de seu Jair faturar nunca foi o tradicional dos que ocupam o poder executivo, as fraudes nas licitações e o atendimento à grandes empresas. A gatunagem e a pressão são alguns dos métodos típicos das milícias e, por que não dizer, das máfias.

O Brasil se salvou de sua quase extinção, pois, caso a tal Política Nacional de Longo Prazo fosse implementada após a reeleição de Bolsonaro, certamente teríamos uma gatunagem oficializada como nunca se viu.

É imperioso agora que haja punição severa contra essa corrupção oficializada para que nunca mais volte a acontecer.


domingo, 15 de janeiro de 2023

O golpe deu chabu

Por Fernando Castilho




A manada, sem um bom cão pastor, se descontrolou e saiu em estouro, quebrando e depredando tudo, o que colocou a opinião pública, a imprensa nacional e internacional, além de chefes de estado de países importantes contra os terroristas.


Passados alguns dias da estupefação pela ousadia dos que queriam dar um golpe e implantar uma ditadura no país, podemos tirar algumas possíveis conclusões.

O plano era implementar uma ação a nível nacional após a tomada dos edifícios dos 3 poderes que sensibilizaria as Forças Armadas a se engajarem e darem o xeque-mate em nossa democracia.

O documento para tentar institucionalizar, isto é, dar uma aparência de legalidade – já que citava alguns artigos da Constituição e invocava o estado de defesa - estava pronto para consolidar a ruptura.

Imaginavam que o gado, a massa de manobra-bucha-de-canhão de Bolsonaro, fosse tomar na boa os edifícios dos 3 poderes instigando as Forças Armadas a decretarem a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Porém, a manada, sem um bom cão pastor, se descontrolou e saiu em estouro, quebrando e depredando tudo, o que colocou a opinião pública, a imprensa nacional e internacional, além de chefes de estado de países importantes contra os terroristas. O Datafolha apurou que 93% da população brasileira condenou os atentados terroristas.

Se uma parte significativa dos militares estava envolvida na intentona, outra parte preferiu se incluir fora disso, pois daria muito trabalho consolidar o golpe, ter que lidar com os opositores que seriam a maioria, ter que voltar a prender, torturar, matar, etc.

O ministro da Justiça, Flávio Dino e o presidente Lula agiram muito rapidamente nomeando um interventor no DF, enquanto o ministro do STF, Alexandre de Moraes, afastava o governador Ibaneis Rocha por 90 dias.

O ex-ministro da segurança de Bolsonaro e então secretário de segurança de Ibaneis, Anderson Torres, havia demitido boa parte do pessoal incumbido de proteger a Praça dos Três Poderes de invasão e, numa atitude de moleque, se mandou para Orlando para acompanhar os desdobramentos junto ao seu capitão. Teve sua prisão decretada por Moraes com direito à busca e apreensão em sua casa. Voltou e já se encontra preso no Brasil.

Um dos resultados da busca foi uma minuta de decreto de estado de defesa, leia-se, golpe, encontrada na casa de Torres que não havia sido destruída porque deveria ser usada no momento oportuno, caso o plano tivesse dado certo. Não deu certo, mas Torres não teve como programar, como nos filmes da franquia Missão Impossível, sua autodestruição. Simplesmente a deixou num armário.

Há uma grande lista de crimes cometidos por Torres e Bolsonaro e, se as instituições não forem complacentes, como parece que alguns ministros do STF desejam, em tempo muito mais curto do que imaginávamos, Bolsonaro será preso.

O plano de golpe deu chabu. Mas foi por pouco.

A situação do capitão se agrava porque chega a hora da quadrilha tentar se livrar de prisões e, provavelmente, não faltarão delações premiadas.

Observem que todos seus asseclas, que vão desde ex-ministros que perderam foro privilegiado, como Fábio Faria, Marcelo Queiroga, Paulo Guedes e Oniz Lorenzoni, até outros que se elegeram a algum cargo político, como o astronauta Marcos Pontes e Damares Alves, estão se fingindo de mortos. A exceção é o general Mourão. Braga Netto e Augusto Heleno, artífices do golpe, antes eloquentes ao pedir a apoiadores que aguentassem mais um pouco porque algo estaria por acontecer, agora, apavorados, silenciam.

O fato é que agora Bolsonaro não é mais nada e está isolado. Até o PGR, Augusto Aras, começa a se colocar como independente ao pedir ao STF a inclusão de seu antigo chefe nas investigações sobre os atos terroristas.

Se esperávamos que o capitão começasse a sofrer os rigores da lei em médio prazo, começamos a nos surpreender com a agilidade das instituições.

Os ministros do STF, TSE e TCU, após quatro anos sofrendo todo tipo de ameaças e ofensas, estão com a faca nos dentes e devem pra cima do capitão.

Esperamos que seja pra valer.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

É o Brasil voltando à normalidade

Por Jarbas Capusso Filho




Segundo a coluna de Leandro Mazzini, na IstoÉ, Jaiiiir (com narração de Malafaia) não tem a menor pretensão de pisar em terras Brasilis novamente. Passarinho que come pedra sabe o toba que tem, né? Como já disse, Friedrich Nietzsche. O jornalista apurou que Michelle, que de certinha do Lalau não tem nada, já pediu à Embaixada da Itália, em Brasília, a emissão da cidadania italiana para todo o clã Bolsonaro, especialmente para o Jaiiiiir!

Sim, o clã está em fuga. Poderia virar um desses filmes de quinta da sessão da tarde, né? Uma família da roubada. Estrelando, Jaiiiir, um covarde à deriva. Aliás, em Brasília, o seu apelido, entre ex aliados, já é, um capitão fujão. A coisa já tá tão feia, que o Valdemar da Costa Neto diz que o Jaiiiir, não paga nem placê. Deve ir em cana e ficar inelegível. Aí não quer acender vela para mal defunto. Né, Valdemar?

Enquanto isso, por aqui, já acabou o coito da mídia com o Lula. Foi ejaculação precoce. Josias de Souza meteu um Abraham Weintraub de frente e chama ministério do Lula de "Balbúrdia". O Globo diz para Lula "descer do palanque e governar". Mais?! Até o Jaiiiir teve, no começo, uma cucharra da mídia. Fosse o tiozinho da Rua Maranhão, que só toma Cabernet Sauvignon em Champs-Élysées, a mídia fazia de um tudo, um pouco e sem ky.

Mas é o Lula. O sertanejo que não estudou na Sorbonne e sempre foi chão de fábrica, não! A classe média a-bo-mi-na, golfando tartar de salmão do Paris 6. Mas, entubou gostosinho o miliciano, até virou os olhinhos e pediu desculpas por estar de costas.

E os alucinados de plantão juram de pé junto que o golpe ainda vem. Ontem, viram sinais, subliminares, de golpe, num vídeo do Jaiiiir num supermercado. O exército? Acolhe os canalhas.

O Comandante da marinha, Almir Garnier Santos, fez beicinho e não foi na troca de cargo com Marcos Sampaio Olsen. Não queria bater continência para o Lula, porque ele gosta mesmo é de miliciano, corrupto e genocida. A gente não pode trocar às nossas FA pela Carreta Furacão? Pelo menos o Fofão não cria esquema de corrupção no ministério da saúde em plena pandemia e não causas morte de 400 mil pessoas.

É isso, o Brasil voltando a normalidade.

 


quinta-feira, 19 de maio de 2022

Os carcarás no final do banquete

 

Por Fernando Castilho




Os militares carcarás de alta patente garantiram seus salários polpudos e suas toneladas de picanha e salmão regadas a muito vinho, uísque e cerveja


Poderia chamá-los de abutres porque é da natureza dessa ave aguardar até que outros animais se fartem de devorar a presa e só mais tarde, quando sobrarem restos já putrefatos, se servirem dela.

Mas a carne ainda não está putrefata e permanece, apesar dos bocados insaciáveis, incrivelmente generosa. Portanto, estamos falando de outra ave, o carcará, aquela que pega, mata e come, como canta Maria Bethânia.

O Brasil se tornou vítima da promessa de Jair Bolsonaro feita a Donald Trump e Steve Bannon, que não se tornaria presidente para construir, mas sim, para destruir. Promessa cumprida. Aliás, a única.

Para qualquer área para a qual nos voltarmos, veremos o processo de destruição em andamento e, em certos casos, quase concluído.

A Saúde só não foi totalmente sucateada e privatizada porque o SUS foi o sustentáculo da resistência durante a pandemia, apesar dos esforços do presidente e seus ministros, colocados no cargo exatamente para cumprirem o papel de verdugos da pasta.

A Educação, infelizmente não resistiu como a saúde, já que não possui um sistema único, mas os esforços para destruí-la foram recompensados com drástica redução de adesão ao Enem, demissão em massa de profissionais qualificados para a elaboração dos exames, ausência de um plano para enfrentamento das dificuldades dos alunos em prosseguirem acompanhando as aulas remotamente – o que causou enorme evasão escolar e atraso de anos no aprendizado, com consequências sérias para suprir o país de profissionais qualificados num futuro próximo – e corrupção, muita corrupção.

No Meio-Ambiente vimos a inauguração de uma nova modalidade de gestão, aquela que vai no sentido contrário da finalidade do ministério. O Ibama foi seriamente enfraquecido, o que permitiu que muita gente lucrasse com o desmatamento, as queimadas, o garimpo ilegal em terras indígenas e a tentativa de venda ilegal de madeira, feita pelo próprio ministro, aos Estados Unidos.

O ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foi tão descaracterizado que hoje até seu nome foi desfigurado para ministério da Damares. Tudo que foi possível ser feito contra os indígenas e contra o direito das mulheres a administrarem seu próprio corpo, foi cumprido com louvor pela ex-ministra. Ninguém deve esquecer que a pasta enviou capangas para pressionar psicologicamente e até com ameaças físicas uma menina de apenas dez anos a dar à luz em condições de risco extremo uma criança, fruto de estupro. A corrupção no MEC vazou, mas a do ministério da Damares, talvez mais encorpada, se mantém oculta a nossos olhos.

Mas, e o carcará, o que faz neste momento?

Está próximo o tempo em que os carcarás terão que deixar o governo, se o rito das eleições prevalecer. Alguns já devoraram seu bocado e bateram asas para escapar a uma prisão, se protegendo nos cargos que disputarão no parlamento ou em governos estaduais. Outros, ainda não saciados, arrancam freneticamente nacos do país, como os deputados e senadores que compõem o centrão, os ministros generais que permaneceram no governo e o próprio capitão.

Arthur Lira, Ciro Nogueira e seus comandados não se importam nem um pouco se Bolsonaro tentará um golpe ou não. Criaram a figura do estranhíssimo orçamento secreto, algo que todo mundo sabe que existe, mas que ninguém tem conhecimento da destinação. Um naco de carne de primeira muito generoso que não vão querer largar, mesmo que seja dado um golpe.

Os militares carcarás de alta patente garantiram seus salários polpudos e suas toneladas de picanha e salmão regadas a muito vinho, uísque e cerveja.

Tem carcará falando em privatizar a Petrobras, mesmo em fim de governo. Que importa se com a medida o preço da gasolina não baixe um centavo sequer? Será que ele tem esperança de que consiga seu intento nos 7 meses que faltam para ser espantado para outras plagas? Ou aposta no golpe para se refastelar do banquete?

Só há um predador capaz de dar cabo dos carcarás e ele está vindo.

Paradoxalmente esse predador é da paz.

Uma grande pomba que vem com força e não vem sozinho, pois confia na união de todos porque a tarefa é penosa, difícil e perigosa.

Ele há de vencer.


Também publicado em Construir Resistência:

Os carcarás no final do banquete | Construir Resistência (construirresistencia.com.br)

 

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quinta-feira, 17 de março de 2022

A culpa é da vítima?

Por Arialdo Pacello




Gosto muito de Filosofia, assim como, nas obras que tratam de Economia, aprecio as teorias que determinam a política econômica dos governos, com suas específicas regulamentações e ações supostamente planejadas e executadas com o propósito de viabilizar as atividades laborais e as transações mercantis, industriais e financeiras em seus países, na condição de nações politicamente organizadas, soberanas. Entretanto, analisando os fatos ocorridos conforme a nossa realidade, vejo que os que são considerados “pais” do capitalismo, Adam Smith, p.ex., e do neoliberalismo, tais como Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, da Escola Austríaca, e Milton Friedman, da Escola de Chicago, não passam de teóricos do imaginário.

Acredito que Adam Smith foi um sonhador honesto e bem-intencionado, mas errático. Quanto aos outros três, tudo indica que seus principais objetivos eram combater as teorias de Karl Marx e Engels; combater a formação de estados cujos sistemas econômicos estejam voltados à prática de justiça social, além de patrocinar empresários gananciosos e exploradores. No Brasil, atualmente, eles são representados pelo banqueiro Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro, e pelos demais banqueiros que dominam as principais instituições públicas brasileiras.

Não tenho a menor dúvida sobre o fato de que o Brasil vem sendo governado pelas elites bilionárias. São latifundiários e grileiros tais como Ronaldo Caiado e Tereza Cristina. Existem também os mais abonados empresários membros da FIESP/CNI, de Paulo Skaf. Os que exercem maior influência nas decisões governamentais sobre a Economia são, provavelmente, os banqueiros da FEBRABAN, que cobram os juros e taxas mais criminosos do planeta e arruínam a vida de milhões de pequenos empresários e dezenas de milhões de famílias. O lado "espiritual" do governo brasileiro fica sob a responsabilidade de falsos bispos neopentecostais, elementos como Edir Macedo, Silas Malafaia, Valdemiro Santiago, entre outros que se enriqueceram à custa de enganar fiéis, gente ingênua, muitos até bem-intencionados; outros nem tanto, estes são, em muitos casos, pessoas exploradas tentando aprender como se tornar explorador do seu semelhante.

Parte dos militares agaloados, muito especialmente aqueles que estão faturando um extra nos gabinetes do governo, mancomunados com Jair Bolsonaro, demonstra satisfação pela atual situação político-econômica vigente no Brasil, em que o povo trabalhador, no momento uma massa de desempregados, sente-se aviltado, desonrado. Essa gente poderosa que está mamando nas tetas estatais é muito ignorante ou tão mal-intencionada quanto parte dos congressistas. Não quero generalizar, pois não sei o que pensam os militares que estão fora do governo, mas o “bloco” governamental está mais "preocupado" em acabar com uma suposta "ameaça comunista” (o que certamente não ocorre no Brasil) do que combater sonegadores, corruptos e grileiros.

Quando perdem nas urnas promovem golpes, como aconteceu em 1964 (contra Jango) e em 2016 (contra Dilma e contra Lula). Em 2016, o Congresso era liderado por Eduardo Cunha (falso evangélico), possivelmente o mais corrupto parlamentar da história brasileira. E tudo foi forjado para eleger o pior presidente do Brasil em todos os tempos – Jair Bolsonaro – o mais ignorante, o mais despótico, o mais desastrado!

O Parlamento Brasileiro conta com significativa participação de representantes de latifundiários, de grileiros, de banqueiros criminosos, gente detentora de fortunas que, em muitos casos, resultam de falcatruas engendradas em conluio com gente do governo, portanto, em geral, são obtidas de forma ilícita e depositadas em paraísos fiscais, a fim de sonegar impostos, como os próprios falsos patriotas às vezes são obrigados a confessar. Bem representados também estão os pseudo-evangélicos.

Muitas “autoridades” brasileiras (não se sabe ao certo quantas), algumas na condição de membros do gabinete do atual governo central, mantêm fortunas depositadas em paraísos fiscais. O atual ministro da Economia, Paulo Guedes (banqueiro privado) e o atual Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles (banqueiro privado, ex-diretor do Bank of Boston) – são (maus) exemplos de como o Brasil está envolvido com a sonegação de impostos.

Não é mera coincidência o Brasil ter um Parlamento com a força de uma Bancada Ruralista (na verdade, deveria chamar-se Bancada dos Latifundiários e Grileiros); não é mera coincidência o Brasil ter uma bem fortalecida Bancada Evangélica (na verdade, deveria chamar-se Bancada dos Falsos Pastores Milionários e Sonegadores).

O mundo inteiro sabe que o Brasil está entre os cinco países mais injustos, desiguais e perversos do Planeta. As causas são óbvias: injustiça tributária, sonegação de impostos, cujas alíquotas são altas para quem ganha pouco e baixas para quem ganha muito. Aqui se pratica isenções de imposto injustificáveis e tantos outros privilégios aos ricos, que gozam da mais escancarada impunidade.

O art. 153 da Constituição do Brasil de 1988 prevê, entre outros tributos da competência da União, o Imposto sobre Grandes Fortunas. Ora, 34 anos são passados, e até agora tal imposto não foi regulamentado. Sequer entra na pauta dos projetos a serem discutidos.

Vários países já colocaram em prática tal imposto: Alemanha, Dinamarca, Áustria, Noruega, Islândia, Suécia, Suíça, Holanda, Argentina, Uruguai e Colômbia. Na França, o governo Emmanuel Macron revogou esse imposto em 2017 (aqui no Brasil não poderá ser revogado, simplesmente porque o que ocorre aqui é taxa mais alta para assalariados e mais baixas para os detentores de grande fortunas). Mas a França cobra altas alíquotas sobre heranças, ganhos de capital e renda. O que não acontece no Brasil e nunca acontecerá com o país sob a gestão de governos vira-latas. Sobre as fortunas dessa gente privilegiada deveria incidir uma alíquota que signifique reforço aos cofres públicos para investir em educação, saúde e segurança públicas.

A alegação dos países que não cobram tal imposto é o receio da “fuga de capitais” para outros países, em especial para os paraísos fiscais. Esse é um dos graves problemas do capitalismo neoliberal, que não só tolera como apoia os mecanismos institucionalizados de sonegação. Ou seja, o mundo atual, do neoliberalismo, está baseado na ganância, no lucro, na sonegação. Adam Smith, se voltasse hoje, iria envergonhar-se de suas teses que tentam fundamentar o capitalismo como o conhecemos. A maior parte delas são verdadeiros fracassos. O capitalismo está baseado no egoísmo e na ganância, que leva à injustiça e à desigualdade.

Não me preocupo tanto com a taxação das grandes fortunas, apesar de ser totalmente favorável a que ela seja instituída em nosso País. Porém, minha maior preocupação nesse sentido é com a imensa diferença entre o Brasil e as demais nações desenvolvidas, em se tratando de imposto sobre herança, imposto sobre ganhos de capital (dividendos) e o imposto sobre a renda de pessoas físicas, com as cobranças relativamente pequenas (ínfimas) para os que dispõem de grande fortunas e muito alta para os níveis salariais de trabalhadores brasileiros.

É certo que o Brasil é um dos países que mais cobram impostos. Só que o Brasil cobra dos pobres e da classe média, através de altíssimos impostos indiretos sobre o consumo. Os ricos, os milionários, os banqueiros, os latifundiários, os falsos pastores neopentecostais, ou não, pagam impostos sob alíquotas ridículas, eles são praticamente isentos; por isso mesmo, conseguem acumular e aumentar suas fortunas pessoais constantemente – e não são molestados.

Vejamos, em primeiro lugar, o insignificante imposto brasileiro sobre herança, que nos envergonha como Nação e deveria envergonhar o nosso Parlamento, em que se aboletam meros representantes das elites dominantes.

Imposto Sobre Herança: No Reino Unido, a alíquota é de 40,00%, na França 32,50%, nos Estados Unidos, 29,00%, na Alemanha, 28,50%, na Suíça 25,00%, no Japão, 24,00%, já no Brasil o tributo é de apenas 3,86%.

A respeito do imposto sobre herança, há um fato interessante ocorrido na Inglaterra, que ironicamente é o berço do capitalismo: “Em 31 de agosto de 1997, há mais de 20 anos, Diana, a Princesa de Gales, faleceu em trágico acidente de trânsito. Além de inúmeros admiradores, deixou também seus dois filhos ainda adolescentes, os príncipes William e Harry, que se tornaram os herdeiros diretos de sua grande fortuna. Na época, a revista Time colocava a princesa na lista de mulheres mais ricas do Reino Unido. De acordo com a publicação, ela teria obtido grande parte desse dinheiro por consequência do acordo de divórcio com Charles e uma possível herança de seu pai. O valor era de quase 13 milhões de libras. No entanto, ele foi reduzido após a cobrança de impostos e chegou aos 8,5 milhões de libras, que valem, hoje, quase 56 milhões de reais.” Ou seja, a Inglaterra cobrou 4,5 milhões de libras em imposto, cerca de R$ 30 milhões. Acontece que a alíquota máxima do imposto sobre herança é de 40% na Inglaterra, enquanto no Brasil cobra-se, em média, apenas 4%. Não sou favorável que se cobre imposto sobre heranças de patrimônios, digamos até R$ 1 milhão. A alíquota, nesses casos, poderia ser dos atuais 3% ou 4%. Mas, a partir disso, deveria haver um imposto progressivo, até atingir 40%, como na Inglaterra!

Sobre a fortuna da princesa Diana (13 milhões de libras = R$ 87 milhões), tal valor nominal seria pequeno, se comparado ao que poderia acontecer com as fortunas dos mega milionários brasileiros. Só para citar um exemplo: a avaliação mais baixa da fortuna do bispo Macedo é de R$ 2 bilhões, 300 milhões de libras esterlinas! Ou seja, mais de 20 vezes a fortuna da princesa Diana! A revista Forbes, por sua vez, diz que o bispo tem patrimônio de R$ 5 bilhões!

Qual será a fortuna, por exemplo, do presidente do Banco Itaú? A CVM – Comissão de Valores Mobiliários informa que ele ganha R$ 50 milhões por ano (R$ 4,16 milhões por mês). Isso, oficialmente. Sabe-se lá qual é a sua renda real! Procurem saber quanto esse cidadão paga de impostos. Com absoluta certeza, muito menos, proporcionalmente, do que um professor universitário, cujo salário varia de R$ 4.000,00 a R$ 7.000,00 por mês. Dizem que a média é de R$ 4.900,00. (800 vezes menos que a renda do presidente do Itaú!). Isso significa que um professor universitário precisaria trabalhar 70 anos para conseguir o que o presidente do Banco Itaú ganha num só mês! Um verdadeiro absurdo! Um opróbrio. Uma ignomínia. Esse é neoliberalismo!)

Já nem vou falar da fortuna dos outros bilionários brasileiros relacionados pela Forbes!

Comparativo de alíquotas de imposto sobre dividendos (pessoa física) e imposto sobre a renda (pessoa física) do Brasil com outros países:

Imposto sobre ganhos de capital (dividendos), pessoas físicas: no Brasil esse imposto é 0,0%. Isto mesmo: zero por cento. Na Dinamarca é de 42,00%, na França de 38,50%, no Canadá é de 31,70%, na Alemanha é de 26,40%, na Bélgica é de 25,0%, nos Estados Unidos, é de 21,20%. No Brasil esse imposto tem alíquota “0”, isso mesmo, ZERO! Era de 15% até 1995, mas foi zerada no governo de Fernando Henrique Cardoso, o FHC, a partir daquele ano. O Brasil é o ÚNICO país, em todo o mundo, que não cobra esse imposto.

Imposto sobre a renda, alíquotas máximas (pessoas físicas): Áustria, 50%; Bélgica, 53,70%; Chile, 40%; EUA, 40%; Dinamarca, 55,60%; Finlândia, 51,50%; Holanda, 52%; Itália, 47,90; Reino Unido, 45%; Israel, 50% Suécia, 56,90; Brasil, 27%.

CONCLUSÃO: O Brasil precisa fazer uma urgente e verdadeira reforma tributária. Chega de mentiras e de engodo. Entretanto, isso só será possível com um Parlamento honesto, digno, forte, soberano, que realmente represente o povo, e não apenas as classes dominantes. Portanto, precisamos ter muito cuidado nas eleições, pois creio que as forças de Belzebu tentarão novamente enganar os eleitores menos esclarecidos, com suas estratégias diabólicas e muito dinheiro público para comprar consciências na política e na mídia encarregada de maquiar as más intenções deste governo, fazendo a população acreditar que a culpa das desgraças que assolam o nosso País é dela própria, ou, pior: isentando o ápice da pirâmide social, e botando a culpa nas classes mais chegadas à base da pirâmide, ou seja, a culpa é da vítima.


Arialdo Pacello é advogado e servidor público aposentado do Banco do Brasil.

 


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Por que os militares se submetem a tanta humilhação?

Por Fernando Castilho


Foto: Alan Santos / Agência O Globo


Como se sentem esses militares de alta patente sendo relegados a um segundo plano por Bolsonaro e seu filho? Tendo que ficar em pé porque Carlos se sentou ao lado do pai?


Na época da ditadura as Forças Armadas do Brasil se impunham pela força, aparência agressiva e ações violentas contra os direitos humanos, prendendo, torturando e matando quem lutava contra o regime.

No imaginário popular ficou a imagem, que perdura até hoje em muitas mentes, de um exército firme em suas convicções e incorruptível. Sabemos, pela História que não é bem assim. Há inúmeras evidências de corrupção não investigada nem punida, já que a imprensa era impedida de investigar e noticiar e os órgãos de controle estavam submetidos ao regime.

Mas uma coisa é certa: para a grande maioria da população as Forças Armadas se destacam pela rígida disciplina e hierarquia, além dos valores de defesa da Pátria e da soberania.

Mas então, por que se humilham quase que diariamente perante um capitão pateta que está presidente, mas que pode ser defenestrado pelas urnas nos próximos meses?

Dois casos. Vamos ao primeiro.

Quando Bolsonaro empreendeu a patética visita à Rússia, levou com ele não só os ministros-generais Ramos, Heleno e Braga Netto, mas também seu filho Carlos, uma espécie de vereador federal, caso único no mundo.

Sentados à mesa numa das reuniões com escalões inferiores do governo russo, estavam Bolsonaro e Carlos lado a lado e, mais afastado, Braga Netto. Em pé, o general Ramos e ao fundo, o general Heleno.

Como se sentem esses militares de alta patente sendo relegados a um segundo plano por Bolsonaro e seu filho? Tendo que ficar em pé porque Carlos se sentou ao lado do pai?

Agora vamos ao segundo.

O capitão viajou para São José do Rio Preto para inaugurar uma obra e fazer campanha eleitoral antecipada promovendo uma motociata, algo que lhe enche de prazer e, segundo ele, atesta sua popularidade. Se comporta como um estudante que cabula aula escapando da agenda presidencial, algo muito entediante para ele.

Em seu lugar ficou o vice-presidente, general Mourão.

Perguntado por jornalistas sobre a situação na Ucrânia, o militar condenou a invasão daquele país por parte da Rússia e comparou Vladimir Putin a Adolph Hitler. Não vou entrar no mérito da comparação descabida feita por quem revela não ter o mínimo conhecimento de geopolítica.

Mas, como sempre acontece quando Mourão dá uma declaração à imprensa, Bolsonaro ficou incomodado e, em sua live tradicional das quintas-feiras não se conteve e espinafrou seu vice novamente.

"O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre este assunto é o presidente. E o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Então, com todo respeito a esta pessoa que falou isso, e eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve, que não é de competência dela”, disse ele.

O que mais chama a atenção é a covardia do capitão ao não citar o nome de Mourão, dando uma indireta pra lá de direta. Mas além disso, se afirma como um ser terrivelmente autoritário que não permite que seu vice emita sua opinião.

Mas o mais grave nem é isso.

Onde estão as rígidas disciplina e hierarquia? Onde foi parar a altivez de um general perante um capitão, mesmo ele sendo presidente?

Para que serve aquele grande número de medalhas obtidas nas batalhas das quais nunca participou e em que em ocasiões solenes Mourão costuma ostentar no peito?

Para que serve um vice-presidente sempre humilhado pelo titular?

Mourão deveria pegar seu boné e renunciar. Mas, e o salário?

Os militares que participam do governo acumulam vencimentos das Forças Armadas com o que recebem em seus cargos e o salário do general Mourão é de cerca de 65 mil reais na vice-presidência! Pra não fazer quase nada.

Isso significa que, se Bolsonaro ordenar que qualquer um de seus generais passe a lhe servir o cafezinho, eles o farão.

Quando esse governo terminar os maiores prejudicados, além do capitão, que terá que responder a inúmeros processos, serão os militares, os que dele participam e os que não.

Qual será a imagem que ficará dessa aventura a que nossas Forças Armadas decidiram participar?

De gente incompetente, ávida por dinheiro, picanha, atum, uísque e vinho.

E disposta a se humilhar diante de seu dono para garantir sua mamata.

  

 

 

 

 


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Como fica a reputação da caserna após Bolsonaro?

Por Fernando Castilho



O pudor acabou. Tudo é feito a céu aberto. Ou quase, já que os 39 quilos de cocaína foram bem escondidos aqui, mas não passaram desapercebidos na Espanha que os apreendeu num avião da FAB


Durante a campanha presidencial de 2018, ficou definido que um dos pilares do governo Bolsonaro seria o amplo apoio dos militares.

Passados 33 anos da debacle da ditadura militar, desta vez nossos valorosos generais sonhavam com um governo sufragado pelas urnas, o que lhes concederia um verniz democrático.

Logo, figuras como os generais Heleno, Ramos, Mourão, Braga Netto e tantos outros cujos peitos não têm mais espaço para medalhas, começaram a ditar suas ordens no Palácio do Planalto, seu novo quartel.

Como se não bastasse, coronéis, majores e tenentes também se entrincheiraram pelos vários ministérios e autarquias. São 70 órgãos com mais de 6 mil milicos batendo continências alegremente a seu chefe, o capitão Jair Bolsonaro.

Porém, não contavam com a enorme influência que os filhos do presidente exercem sobre ele.

Muito rapidamente, ainda no início de 2019, o guru, Olavo de Carvalho, ídolo dos 4 filhos, começou o processo de esvaziamento do quartel. A primeira vítima de Carlos Bolsonaro foi o general Santos Cruz.

Veio a pandemia e o capitão optou pelo negacionismo. Não queria isolamento social, uso de máscaras ou vacinas. Mais, exigia que as pessoas infectadas se tratassem com cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra o coronavírus.

Como o ministro da Saúde Henrique Mandetta e depois, Nelson Teich, discordassem dele, deram lugar a outro general, o especialista em logística, Eduardo Pazuello.

Pazuello causou muito mal-estar na corporação, primeiro por ridicularizar a logística do exército, já que não conseguia ser eficiente na compra e na distribuição das vacinas e, segundo, ao se humilhar perante o capitão quando, desautorizado por Bolsonaro no episódio da compra das vacinas Coronavac, afirmou que “um manda, outro obedece”.

As Forças Armadas valorizam muito a hierarquia e, por isso, nada mais natural que se subalternem ao presidente, seu comandante supremo, mas um general se humilhar diante de um oficial pouco graduado como o Capitão Morte, não foi bem-visto.

Bolsonaro passou a tomar decisões cada vez mais ao largo dos generais, culminando com a entrega do governo ao centrão que hoje é quem manda mais.

Inevitavelmente, houve uma divisão entre aqueles que ainda estão com o chefe e outros que já se afastaram, como o comandante do exército e, mais recentemente, o da FAB.

Quem continua e por quê?

Ora, são os que continuam ministros e os que preenchem os mais de 6 mil cargos, já que acumulam os proventos da caserna com os do governo. Uma boa boquinha, vamos combinar.

Além disso, nossos generais, que nunca participaram de nenhuma guerra, recentemente foram promovidos a marechais (posto originariamente concedido a heróis em combate) com o consequente upgrade dos salários.

Já durante a reforma da previdência nossos militares haviam sido agraciados com benefícios bem superiores aos demais mortais, mas queriam mais.

Nunca antes do governo Bolsonaro, os quarteis consumiram tanta picanha (700 toneladas!), leite condensado, uísque 12 anos, refrigerantes, atum, bacalhau e vinho. É uma verdadeira festa para aqueles que deveriam estar defendendo a soberania do país, mas que todos os dias entregam uma fatia dele para o capital estrangeiro.

O pudor acabou. Tudo é feito a céu aberto. Ou quase, já que os 39 quilos de cocaína foram bem escondidos aqui, mas não passaram desapercebidos na Espanha que os apreendeu num avião da FAB.

Embora exista o Portal da Transparência, é grande a desconfiança de que muito dinheiro público esteja vazando para os bolsos dos 6 mil que mamam nas tetas do governo.

É só verificar as agendas dos ministros generais para constatar que praticamente não trabalham.

A obrigação de qualquer um que vença as eleições de 2022 é proceder a uma auditoria geral em todos os órgãos do governo e, caso constatadas irregularidades, que instaure processos contra nossos honrados e combativos militares.

 


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

O xadrez de Bolsonaro

Por Fernando Castilho


Quando Jair Bolsonaro montou seu governo no final de 2018, se apoiou em vários pilares:

1 – Eleitores. 55% dos eleitores votaram no capitão, o que teoricamente significaria que cerca de 117 milhões de pessoas o apoiariam em seu governo. Num tabuleiro de xadrez, eles seriam os peões;

2 – Militares. Bolsonaro nunca escondeu de ninguém seu apreço e saudosismo pela ditadura militar. Por várias vezes o vimos enaltecer torturadores. A ideia é ter uma retaguarda que amedronte pela força qualquer um que se opusesse a sua forma de governar. Seriam os cavalos no xadrez.

3 – Lideranças evangélicas. Os pastores que têm amplo espaço nas TVs e também no congresso tratariam de estabelecer entre os fiéis um link dele com o divino. No ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o capitão colocou Damares Alves, evangélica fundamentalista. Seriam os bispos no xadrez;

4 – Mídia. Nas televisões a Rede Record do bispo Macedo da Universal e o SBT de Sílvio Santos se encarregariam entrevistá-lo sem questioná-lo sobre temas polêmicos sempre que ele quisesse e destacariam os feitos de seu governo. Alguns jornais menores e rádios populares Brasil afora também se prestariam ao mesmo serviço. Uma das torres;

5 – Olavo de Carvalho. A ala olavista do governo do Capitão Morte assumiria o papel de dar suporte teórico a sua ideologia. O chanceler Ernesto Araújo trataria de mostrar ao mundo a nova cara da diplomacia brasileira, isolacionista e antiglobalização, de acordo com Donald Trump. O ministro da Educação que sucedeu a Ricardo Veléz Rodriguez, Abraham Weintraub, se encarregaria de incutir na mente do brasileiro comum a mentira de que os estudantes brasileiros nada produzem e só consomem maconha plantada em suas faculdades. Trataria também de destruir o Enem e qualquer iniciativa que visasse a melhoria do ensino no país. Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, promoveria o desmonte da fiscalização do Ibama, incentivo ao desmatamento e ao garimpo na Amazônia legal e os incêndios criminosos Brasil afora. Descobriu-se depois que ele tentava vender madeira ilegal para os Estados Unidos. Outros menos importantes, mas nem por isso destruidores em suas ações como o secretário de cultura, Mário Frias, o quinto da pasta até agora. Mais uma torre;

6 – Elite financeira. O instrumento para ganhar a confiança dessa elite é o ministro da economia, Paulo Guedes. Este estaria encarregado de proceder às reformas que garantiriam o aumento dos lucros do mercado financeiro e dos donos do poder econômico do país. Essa era a rainha.

Pronto, estava montado o xadrez do governo.

Passados três anos, como está esse tabuleiro?

1 – Eleitores. Bolsonaro perdeu metade dos peões. Possui agora cerca de 25% a 30% do apoio popular que tinha antes. Agora tem 4 peões;

2 – Militares. Alguns saíram do governo, como o general Santos Cruz. Outros estão desembarcando agora e até flertando com Lula. Os que têm boquinha com altos salários, ainda se mantém fiéis. Agora o capitão tem apenas um cavalo;

3 – Lideranças evangélicas. Pesquisa recente mostrou que quase metade dos evangélicos já apoia Lula. Restam os Malafaias da vida. Um bispo agora, somente;

4 – Mídia. Os veículos que apoiavam o Capitão Morte há três anos atrás ainda o apoiam, porém outros maiores como a Globo e a Folha de São Paulo fazem oposição a ele, embora não contundente. Essa torre continua;

5 – Olavo de Carvalho morreu, mas antes disso declarou que não mais apoiava esse governo. Weintraub já concorre ao governo de São Paulo, rompido com o governo. Ernesto Araújo tem feito críticas fortes a Bolsonaro e seus filhos. Uma torre a menos;

6 – Elite financeira. A decepção com Paulo Guedes enfim chegou. O ministro não conseguiu fazer as reformas pretendidas e agora tem fama de falastrão e homem preocupado em enriquecer mais ainda. Essa elite começa a flertar com Lula e Alckmin, afinal, se lembra de que nos governos do ex-presidente, lucraram muito. Meio pilar agora. A rainha agora está debilitada;

Mas Bolsonaro substituiu a rainha por outra: o centrão liderado por Arthur Lira e Ciro Nogueira. Mas esta está começando a mudar de cor, passando pro outro lado. As campanhas dos deputados e senadores começam agora e estes vão continuar a levar a grana das emendas do orçamento, mas se desvincularão do capitão em seus redutos eleitorais. Muitos se ligarão a campanha de Lula.

Resumidamente, o capitão agora tem 4 peões, 1 bispo, 1 cavalo, 1 torre e 1 rainha.

Isso basta para se reeleger?



 

 

 

 


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Caserna volver!

Por Fernando Castilho


A aventura das Forças Armadas que deu o golpe militar em 1964 com o pretexto de combater o comunismo que nunca havia ameaçado a nação, durou 21 anos.

Embora durante aquele período o bolo tenha crescido, nunca foi dividido como fora prometido. Mas a parte deles eles souberam como levar.

Após a crise do petróleo de 1973 os militares se viram diante de um problema insolúvel. A situação econômica iria se agravar, a insatisfação popular crescia cada vez mais e previa-se mais à frente um confronto de proporções muito perigosas.

Foi por isso que Geisel propôs a abertura lenta e gradual para tentar distender essas tensões.

Como a situação econômica piorava cada vez mais e a inflação saiu do controle o poder foi entregue a um civil, Tancredo Neves, que morreu um mês depois, vindo a assumir a presidência um deputado alinhado de primeira hora do regime militar, José Sarney.

Passados 33 anos os militares ao perceberem que o país estava em boa situação econômica, que havia grandes reservas e que o fantasma da dívida para com o FMI ficou para trás, decidiram que estava na hora de um novo butim.

E a oportunidade que se descortinava era das melhores, afinal, um capitão do exército assumiria a presidência e poderia ser facilmente tutelado pelos generais que o viam com desprezo.

A segurança que os militares tinham para comer o bolo antes de crescer mais ainda vinha de Paulo Guedes, o posto Ipiranga que conduziria as reformas para extrair do povo brasileiro o dinheiro que fazia cócegas em suas mãos. Guedes falava em economizar um trilhão de reais em 10 anos, algo muito tentador.

Mas veio o coronavírus e assoprou para longe esse sonho.

O dinheiro com o qual Guedes sonhava está sendo utilizado para o socorro às pessoas e às empresas.

O general Braga Neto, percebendo no que a coisa iria dar resolveu anunciar uma espécie de PAC na contramão do neoliberalismo. A tendência é mais estatizante.

Nos próximos dias Paulo Guedes, o posto Ipiranga com seus tanques esvaziados, pedirá demissão em mais uma crise do governo Bolsonaro. Está insustentável para ele.

Se havia dois pilares a sustentar esse governo, Moro e Guedes, Bolsonaro fica sem apoio. 

Nas análises de conjuntura feitas pelos comandos militares, principalmente da Aeronáutica, após a saída tumultuada de Moro e do fracasso da política econômica de Guedes, é hora de pegar o capacete e sair de mansinho. A nova crise do petróleo é o coronavírus, algo não imaginável quando os milicos se assanharam a sair da caserna.

O problema é que há cerca de 2500 militares ocupando cargos no governo e estes ainda se apegam com todas as forças à mamata.

Mas não se descarta de maneira nenhuma o chamado à razão e a ordem de Caserna volver!