Desde
sempre sabemos que Israel, incluindo os territórios palestinos, seria a terra
prometida por Deus ao povo judeu, seu escolhido.
Essa
seria a explicação mais fácil para a ocupação ao longo de décadas daqueles
territórios, acabando por restringir toda uma população de mais de 2 milhões de
pessoas numa área muito pequena (apenas 365 km²), a Faixa de Gaza. Afinal, Deus
está acima de todos, não é mesmo?
Os
evangélicos brasileiros aguardam pacientemente a volta de Jesus Cristo
preferindo esquecer que os judeus não acreditam no filho de Deus. De maneira
oportunista, tentam pegar carona com eles para encurtar o caminho até o
Paraíso, já que seriam eles os primeiros a lá chegar.
Vale,
para isso, apoiar incondicionalmente o estado de extrema-direita de Benjamim
Netanyahu? Vale apoiar o genocídio contra o povo palestino que pode varrê-los
do mapa, como quer o primeiro-ministro? Vale ignorar o massacre de 5 mil
crianças palestinas contabilizadas até o dia de hoje? Vale essa hipocrisia para
garantir seu lugarzinho no Céu?
As
consciências, como ficam? Deus não está vendo?
O
fato, porém, é que na realidade, os motivos para se dizimar ou expulsar o povo
palestino são vários e nenhum é religioso. Essa gente evangélica está sendo
enganada.
Nem
Netanyahu acredita nessa balela de terra prometida. A questão é geopolítica e,
portanto, econômica, apenas, tolinhos.
Não
faz muito tempo, como fartamente documentado pela imprensa, Israel detectou
jazidas de petróleo e gás no mar de Gaza e precisa extraí-lo para ter
autossuficiência, mas se o território pertence a Palestina, esse é um entrave
que precisa ser eliminado, pois se o petróleo está em Gaza, pertenceria a
Autoridade Palestina. A intenção é roubar, pura e simplesmente.
Israel,
em 2021, elaborou um plano de construção do Canal Bem-Gurion, alternativa ao
Canal de Suez, cujo traçado inicial faz uma curva para desviar da Faixa de Gaza
passando pelo norte do território. Seria muito mais lógico e muito mais barato,
em vez de desviar, seguir reto atravessando Gaza para chegar ao mar. Trata-se
de uma obra bilionária que facilitará o transporte marítimo e impulsionará
enormemente a economia do país.
Esses
dois motivos para acabar com Gaza, por si só já são suficientes para explicar a
guerra e nenhum deles é religioso.
O
primeiro-ministro, Netanyahu, está envolvido até o pescoço em denúncias de
corrupção e já era, inclusive para estar preso. As pesquisas de opinião indicam
que o povo israelense quer vê-lo pelas costas. Um grande triunfo sobre os
palestinos poderia amenizar as críticas ao governo. Pelo menos é o que ele
imagina. Além disso, é preciso tentar compreender o apoio incondicional do
governo Joe Biden a Netanyahu. E esse apoio também não tem cunho religioso.
Os
Estados Unidos dia a dia veem sua hegemonia econômica ser enfraquecida, não só
pelo fenômeno China, mas, mais do que isso, pelo fortalecimento do Brics, o
bloco econômico que inicialmente era composto por Brasil, Rússia, Índia, China
e África do Sul, mas que hoje já está engrossado por outros países. Inclusive,
a moeda de troca para transações comerciais entre os países do bloco deixará de
ser o dólar, passando a ser moedas locais ou o Yuan chinês.
Além
disso, o Irã, um dos países que os EUA escolheram para fazer parte do chamado
eixo do mal, potência nuclear, ingressou no Brics.
A
venda de armas por parte dos EUA é uma grande fonte para aumento de recursos
daquele país, mas a tentativa agressiva de se reposicionar como a maior
potência do planeta, fazendo frente à China e à Rússia que são contrárias a
política de genocídio dos palestinos é que move hoje Joe Biden, desesperado
para tentar melhorar sua posição nas pesquisas para as eleições de 2024
lideradas por Donald Trump.
Não
há justificativa baseada na palavra de Deus para o genocídio de um povo.
Os
motivos são sempre econômicos.