Por Fernando Castilho
Já cogitei neste blog a possibilidade de Bolsonaro optar por uma candidatura ao Senado, mas na época era pura especulação.
Curiosamente, agora, meses depois, essa hipótese volta a circular como um rumor que vaza de dentro do Palácio do Planalto.
Ciro Nogueira, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, e outras vozes fortes do Centrão, parece que têm tentado aconselhar o Capitão Morte sobre essa saída para que não seja preso pouco tempo depois do final de seu mandato.
À vista das últimas pesquisas de opinião e de uma em particular, encomendada pelo PL, o partido do presidente, a distância de Lula para Bolsonaro é muito grande e muito difícil de ser reduzida. Ainda por cima, o capitão não ajuda, fazendo motociatas pequenas pelo país, falando para poucas dezenas de pessoas que o bajulam no cercadinho e, no mais, contrariando o senso comum das pessoas que querem se vacinar e aos seus filhos, o mais rápido possível.
A verdade é que o capitão fala só para o seu curral de cerca de 20 a 25% de seguidores, enquanto Lula se dirige a cerca de 45% da população.
Parte das raposas do Centrão e também de outros partidos de direita é candidata à reeleição ou disputará o governo de seu estado.
Quando se tem dois planetas com massas muito diferentes, o maior, por ter mais atração gravitacional, puxa para si todos os corpos menores que passam perto dos dois.
Assim é Lula.
O PSD de Kassab já se dispõe a apoiar o ex-presidente no primeiro turno para liquidar logo a fatura. E assim vai acontecer com outros partidos também.
Nenhum parlamentar do Centrão, vai querer, principalmente no Nordeste, ter sua imagem associada a Bolsonaro, aquele que negou a pandemia e depois a vacina, contribuindo para a morte de centenas de milhares de entes queridos, Brasil afora. Eles vão desembarcar da canoa furada do capitão muito em breve.
Outro fator que contribui para que isso aconteça são as verbas advindas do orçamento secreto e das emendas que já foram entregues aos deputados. Centrão, sabe como é, recebeu a grana, tchau.
O Auxílio Brasil, o vale-gás e o reajuste de professores não bastarão para alavancar a popularidade de Bolsonaro.
Sendo assim, assistiremos logo mais o esvaziamento de sua candidatura.
A estratégia para salvar o capitão já está delineada por Ciro Nogueira e seus próximos: o presidente aguardaria até 2 de abril, quando se esgota o prazo para sua desincompatibilização do cargo, renunciaria ao mandato e, numa operação casada, o novo presidente, Hamilton Mourão o nomearia embaixador em algum país, mantendo seu foro privilegiado. Tem que ser embaixador e não ministro.
Dessa forma, Bolsonaro disputaria o Senado por algum estado (dizem que seria por Santa Catarina onde possui muitos eleitores), venceria e ficaria oito anos no cargo com direito à reeleição por mais oito anos. No total, 16 anos para exercer seu esporte predileto que praticou durante 28 anos na Câmara dos Deputados, vagabundear e xingar mulheres, gays e esquerdistas, além de homenagear torturadores e milicianos.
Quer mamata maior que essa?
Mas o ex-milico possui aquele perfil autoritário que não lhe permite seguir conselhos que não sejam de seus filhos. Bolsonaro resiste, talvez por medo de desagradar o cercadinho.
Claro que não estou aqui tentando achar uma saída para o Capitão Morte.
O que mais espero é que num futuro próximo ele pague por seus crimes contra o povo brasileiro e pelas centenas de mortes pelas quais é responsável direto.
Até as proximidades de abril veremos se os rumores se confirmarão.