quarta-feira, 31 de maio de 2023

Singela cartinha a nossos jornalistas da grande mídia brasileira

Por Fernando Castilho



As alterações climáticas, que já testemunhamos assustados, poderão se intensificar no Brasil causando secas em certas regiões e enchentes em outras, como nunca se viu.


Vocês publicam que o governo Lula sofreu uma derrota com a aprovação do Marco Temporal pela Câmara.

O Marco Temporal compromete a sobrevivência de nossos povos originários na medida em que as terras onde sempre viveram poderão, caso o projeto passe pelo Senado e não seja barrado pelo STF por ser inconstitucional, ser invadidas pelos insaciáveis grileiros tradicionais, alguns deles deputados federais e seus apadrinhados.

A consequência disso será, além do extermínio gradativo dos indígenas, da flora e da fauna nesses locais, um nível de desmatamento e garimpo ilegais nunca visto no país. Restará terra arrasada.

Como consequência, ainda, as alterações climáticas, que já testemunhamos assustados, poderão se intensificar no Brasil causando secas em certas regiões e enchentes em outras, como nunca se viu.

Investimentos estrangeiros por países que confiaram na recuperação da política ambiental prometida por Lula, poderão deixar de aportar no país.

Portanto, os derrotados não foram somente os povos originários e nossa floresta, mas o Brasil que é o povo brasileiro e seus descendentes.

Lembrem-se que vocês também são esse povo brasileiro.

Por isso, caros jornalistas, não foi só o governo o derrotado, mas todos nós, inclusive vocês, seus filhos e netos.

Escrevam sobre isso.


terça-feira, 30 de maio de 2023

Lula e o velho embate meio-ambiente X desenvolvimento

Por Fernando Castilho



É muito cômodo, porém, também leviano, sem aprofundar a questão do ponto de vista técnico, mas também político, optar por um lado ou por outro.


Nossa grande imprensa, talvez tentando reviver os tempos em que desdenhava da descoberta de petróleo em águas profundas no ano de 2006, chamado de pré-sal, assim que foi revelado que a Petrobras tem planos de explorar a extração do produto na foz do Amazonas, tentou, além de novamente desqualificar o projeto, informar erroneamente o leitor induzindo-o a pensar que os poços seriam perfurados na nascente do rio. Além disso, omitiu inicialmente que eles se localizariam a 530 km da foz do Amazonas, distância maior que a de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Era evidente a intenção de criar uma cizânia dentro do governo Lula, já que o Ibama, subordinado ao Ministério do Meio-Ambiente, comandado por Marina Silva, inicialmente se opôs ao projeto solicitando mais informações por parte da Petrobras. Para a imprensa, a ministra reeditaria seu inconformismo que a levou a deixar o governo Lula em seu segundo mandato e repetiria o ato.

Segundo a Agência Pública, o projeto da Petrobras para a Margem Equatorial, na Foz do Amazonas, compreende uma extensão de 2.200 km ao longo da costa brasileira. Ele vai do extremo norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, ao litoral do Rio Grande do Norte, e prevê a perfuração de 16 poços exploratórios de petróleo.

O ex-deputado estadual por São Paulo e ex-presidente da Comissão da verdade, Adriano Diogo, concedeu entrevista em que, como geólogo, expôs seu parecer acerca da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas e esclareceu vários pontos que a mídia não se preocupou em explicar.

1 – Em tempos em que os continentes americano e africano eram ligados, o rio Amazonas corria em sentido contrário. Com a gradativa separação dos continentes e a elevação da Cordilheira dos Andes, por força da gravidade, o rio passou a fluir com seu sentido invertido, como é nos dias de hoje. O espaço de floresta que foi sendo inundado com a separação dos continentes formou, devido à pressão das águas, o petróleo depositado no fundo do mar;

2 – Esse depósito de petróleo, diferentemente do pré-sal que o retira a profundidades de quilômetros, não se localiza em águas profundas, o que torna sua exploração bem mais fácil e com muito menos risco de vazamentos ou outros acidentes;

3 – A Petrobras é hoje a companhia que explora extração de petróleo com maior tecnologia e segurança no mundo.

4 – Os possíveis poços se localizarão a 530 km da foz do Amazonas e 160 km da costa do Amapá. Atualmente a vizinha Guiana já explora petróleo na região através da ExxonMobil que anuncia mais três novas descobertas naquele país. A petroleira norte-americana já ampliou a produção para quase 11 bilhões de barris de óleo. Cumpre notar que a companhia, notoriamente, não possui a mesma rigidez em segurança que a Petrobras;

5 – Na hipótese de um vazamento de óleo, devido às correntes marítimas, o produto seria carregado para nordeste da localização dos poços, não chegando à costa do Amapá;

6 – O pedido de licenciamento ambiental, por enquanto, se refere à autorização de execução de testes no local para aferição da viabilidade comercial do empreendimento;

7 – O Ibama não fechou as portas definitivamente à exploração do petróleo, mas solicitou estudos mais específicos e complementares;

É neste ponto que começa o debate. E começa com uma singela pergunta: o Brasil precisa mesmo desse óleo?

É certo que hoje em dia acontece uma busca pela transição da matriz energética dos combustíveis fósseis para a das fontes de energia renováveis e limpas. À primeira vista somos tentados a achar que em breve o petróleo não mais será necessário, perdendo sua importância para a energia solar, eólica, elétrica e outras. Mas não é bem assim. O petróleo não é utilizado somente para mover veículos. A indústria química utiliza petróleo, a de cosméticos utiliza petróleo, os plásticos de todo tipo são obtidos através do petróleo. Enfim, precisaremos explorar petróleo ainda durante muito tempo. Portanto, é necessário que a Petrobras continue a prospectar o produto.

É certíssimo também que as mudanças climáticas estão ocorrendo em velocidade cada vez maior e, por isso, preservar o meio-ambiente é crucial para o futuro próximo da humanidade. Estudos demonstram que já podemos ter ultrapassado a linha em que não mais é possível voltar para corrigir os efeitos dos gases que transformam a Terra numa gigantesca estufa, aquecendo-a em pelo menos 1,5º C de temperatura média já nesta década, o que já está causando, além do calor, desastres climáticos em várias partes do planeta.

Fora tudo isso, o governo brasileiro tenta desesperadamente reverter seu conceito mundial de destruidor do meio-ambiente criado em 4 anos de governo Bolsonaro. É essa retomada da preocupação ambiental que gerará investimentos externos não só para a preservação da floresta amazônica, como também para a própria economia do país. A abertura de novos poços de petróleo na foz do Amazonas, pelo menos neste momento, não seria vista com bons olhos pela comunidade mundial, pois seria uma contradição a tudo aquilo que Lula falou lá fora há apenas alguns meses.

Esse é o debate que tem que ser feito, minha gente.

É muito fácil e também leviano, sem estudar e debater técnica, mas também politicamente a questão, tomar partido por uma ação ou sua reação. Convém deixar a definição desse assunto para um momento mais favorável.

Não nos deixemos contaminar pelo desejo de cizânia dentro do governo Lula que a mídia está o tempo todo alimentando.

Estes 4 anos serão de transição em que se deve buscar reverter todas as medidas destruidoras do governo passado, trabalhar para implementar outros projetos que recuperem o bem-estar da população e reduzir substancialmente o ódio tão cultivado por Bolsonaro.


terça-feira, 23 de maio de 2023

Porque os brancos também são negros

Por Fernando Castilho



Sim, nós, homens e mulheres brancos ou quase brancos, somos na verdade, negros e o estudo do DNA demonstra que as diferenças entre as raças são tão ínfimas que sequer podem ser consideradas.

Antes dos primeiros Homo Erectus que viveram no Pleistoceno entre 2 e 4 milhões de anos atrás, evoluírem para Homo sapiens, a cor da pele, por viverem entre as copas das árvores, protegidos pelas sombras das folhagens, era escura, mas num longo processo evolutivo, foi se tornando negra, já que ficavam expostos ao sol do continente africano, notadamente na região onde hoje se localiza a Etiópia.

Era uma época em que o recente ser humano se organizava em tribos nômades que se deslocavam à procura de regiões com fartura de caça e de alimentos coletáveis.

Aos poucos, algumas tribos lograram atingir as regiões onde hoje se localizam os países da Europa. O ambiente e o clima mais frio foram gradativamente tornando suas peles mais claras, já que não havia mais tanta necessidade da proteção garantida pela pele negra.

Na Europa já havia outros hominídeos que também evoluíram de um ancestral em comum, chamados de Neandertais. Estes já possuíam, devido ao ambiente, a pele clara.

Hoje a Ciência já sabe que, muito embora os Sapiens, por sua capacidade de cooperação, eliminaram muitos indivíduos neandertais, mas também acasalaram com eles, produzindo mestiços de pele mais clara.

Os indivíduos com a pele negra que viviam na África possuíam grande resistência a intensa radiação solar e conseguiam extrair dela adequada quantidade de vitamina D, responsável pelo cálcio que fortalece ossos e dentes. Por isso, somente aqueles que possuíam pele mais escura conseguiram sobreviver e passar adiante essa característica.

Mas, uma vez num ambiente com menos radiação solar como a Europa e a Eurásia, a pele negra se tornou inadequada para a obtenção da vitamina D. Era preciso que a pele se tornasse mais receptiva e, portanto, mais sensível a escassez dessa vitamina.

Desta vez, somente aqueles indivíduos que possuíam a pele menos negra conseguiram passar adiante essa característica e, aos poucos (estamos falando de muitos milhares de anos) foram se tornando brancos.

Esta história é muitíssimo mais complexa do que este texto, mas, de maneira muito simples, é ilustrativa de como alguns seres humanos se tornaram ignorantes de sua própria origem e de como reagem de maneira criminosa à vista de um semelhante que carrega consigo na pele as característica originais da espécie.

Sim, nós, homens e mulheres brancos ou quase brancos, somos na verdade, negros e o estudo do DNA demonstra que as diferenças entre as raças são tão ínfimas que sequer podem ser consideradas.

Se há um milhão de anos atrás, seres alienígenas chegassem a Terra, classificariam os negros como os legítimos representantes da espécie humana neste planeta.

Portanto, agressões como as feitas contra o jogador de futebol Vini Jr, além de inaceitáveis, demonstram o quão os seres humanos são ignorantes de sua origem.

 

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Só Lula quer o fim da guerra?

Por Fernando Castilho



Washington não vai assistir passivamente um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.


Quando Lula propôs a criação de um clube de nações que se empenhariam em discutir e encontrar soluções para o conflito entre Rússia e Ucrânia, Joe Biden torceu o nariz e Reino Unido e União Europeia ouviram atentamente, mas, como sempre, acabaram indo a reboque do pensamento dos EUA, fazer o quê? Afinal, os americanos mandam no mundo há décadas e ninguém tem a coragem de desafiá-los, até porque eles detêm o maio arsenal de armas do planeta. Por isso, invadem países, provocam guerras híbridas que derrubam governos e desrespeitam sem cerimônia resoluções da ONU desfavoráveis a embargos econômicos como o imposto a Cuba.

Biden nunca vai apoiar qualquer iniciativa de encerramento desse conflito por 2 razões muito simples. A primeira é conhecida de todos: são os americanos que mais lucram com a guerra produzindo e vendendo armamentos pesados.

A segunda razão está na geopolítica americana.

A China, ainda chamada de economia emergente, está empenhada em refazer a rota da seda, desta vez não com esse produto, mas com tecnologia e indústria, principalmente.

O G7, em reunião em Hiroshima, condenou o país de Xi Jinping por estender seus tentáculos pelo mundo como se os EUA nunca tivessem feito isso pela violência. A China o faz com comércio.

A supremacia mundial, econômica e militar dos americanos vem sendo ameaçada pelo País do Centro e as projeções já apontam que nas próximas décadas ela deixará de existir. Teremos um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.

Washington não pode assistir passivamente à sua derrocada, por isso, elaborou um plano de ataque.

A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, ampliou significativamente sua presença nos países que estão próximos à Rússia e se empenha ativamente para construir uma base na Ucrânia, sonho que povoa obsessivamente a mente de seu presidente, Volodymyr Zelenski.

Se essa base for construída, mísseis poderão atingir Moscou em apenas 8 minutos, o que inviabiliza qualquer tentativa de defesa.

Claro que a OTAN não fará isso e nem talvez tenha essa intenção. O objetivo é o de manter uma ameaça muito próxima.

Foi por isso, tão somente que Vladimir Putin iniciou a guerra. Não poderia assistir à essa ameaça passivamente, sob pena de ver seu país, na sequência, ser obrigado a ceder a qualquer exigência dos americanos, já que possuiria uma arma apontada para sua cabeça o tempo todo.

Putin, e, principalmente, Xi Jinping, sabem que uma vez curvada a Rússia, o próximo objetivo seria a China.

Diante de um gigantesco poderio, restaria à China ser subjugada, retornando o comando mundial aos EUA, ou resistir através de uma guerra de proporções inimagináveis.

Diante de uma possibilidade de consequências catastróficas que podem incluir a aniquilação total do planeta devido ao uso de armas nucleares, caberia a uma das duas forças ceder para evitar o desfecho final da humanidade.

O mundo ocidental não hesitaria em escolher seu inimigo preferencial, o Oriente e o lado escolhido na batalha seria o dos americanos, pois estes jogam sempre pesado.

Não restaria à China outra alternativa que a rendição e submissão aos interesses ocidentais.

A íntegra do discurso de Lula no G7 de Hiroshima pode ser lida nas entrelinhas como a certeza de que é esse o plano dos americanos e é por isso que ele criticou tão duramente o próprio grupo e a ONU, tão habituada a ceder aos interesses de Washington.

O convite a Lula para ir ao G7 foi uma tentativa de armadilha para que ele, de alguma forma, se posicionasse a favor da Ucrânia, o que comprometeria sua posição pela busca da paz e fortaleceria os interesses de Biden e da OTAN. Mas o ex-líder metalúrgico, habituado a inúmeras tentativas de colocá-lo contra a parede, inverteu o jogo e criticou duramente o próprio G7 e a ONU.

Desta forma, quem saiu fortalecido de Hiroshima foi Lula e o governo brasileiro.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Vamos aproveitar a pandemia para passar a boiada

Por Fernando Castilho


É preciso levarmos à sério o perigo que Salles representa para o país.


A frase, dita naquela tenebrosa reunião ministerial conduzida pelo então presidente Jair Bolsonaro em 20 de abril de 2020 não pode jamais ser esquecida. Seu autor, como sabemos, foi o então ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles.

Mais tarde, Salles não conseguiu se sustentar no cargo devido à pressão exercida contra ele devido à tentativa de venda de madeira ilegal para os EUA abortada por aquele país.

Mas ele não morreu politicamente. Ao contrário, um homem que se entregou de corpo e alma para facilitar o garimpo ilegal na Amazônia, facilitar desmatamento e destruir todos os marcos regulatórios ambientais, conseguiu se eleger deputado federal com incríveis 640 mil votos obtidos dos paulistas!

Salles volta à carga agora como relator da CPMI do MST que visa não somente criminalizar o movimento, mas também atacar o MTST e, por conseguinte, tentar abalar Guilherme Boulos, tido como favorito à eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. Quem sabe, prendê-lo. O ex-ministro vem com sangue nos olhos para a disputa pelo governo da capital. E é aí que mora o perigo.

Se Ricardo Salles conseguir seu intento, a prefeitura será seu trampolim para a disputa presidencial de 2026, aproveitando o possível vácuo deixado por Jair Bolsonaro que provavelmente será declarado inelegível por 8 anos e possivelmente, preso.

É preciso levarmos à sério o perigo que isso representa para o país.

Hoje, tem-se como quase certo que o nome para a sucessão de Bolsonaro como líder com potenciais chances de representar a extrema-direita no Planalto é o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, afinal, ele comanda o maior orçamento da União e certamente ambiciona chegar lá.

É natural que o governo do presidente Lula veja com especial atenção qualquer possibilidade de ascensão de Tarcísio que até agora tem se comportado quase que um sucessor da maneira tucana de governar com uns toques aqui e ali de bolsonarismo. Digamos que seja um Bolsonaro um tanto mais light, um pouco mais preparado e menos afoito a fazer e falar asneiras.

Outro nome que até chegou a sonhar com o Planalto é o de Sergio Moro que está vendo seu futuro político sendo destruído. Nas próximas semanas ou meses, o TSE poderá cassar seu cargo de senador e a denúncia de Tacla Duran pode mandá-lo para a prisão.

Pode-se falar em Romeu Zema também, mas ainda não se vê uma sinalização clara de que disputará o Planalto com grandes chances de se eleger.

Claro que não se pode desprezar políticos que à princípio podem parecer seres apenas ridículos e inofensivos como Nicolas Ferreira, afinal o que era Bolsonaro antes de vencer as eleições de 2018 se não um falastrão desprezado até por seus pares na Câmara?

É a atenção a esse possíveis postulantes que nos distrai do azarão, Salles.

Salles é um Bolsonaro muito mais perigoso que seu ex-chefe. Embora não seja mérito algum ser mais inteligente que o capitão, Salles é também esperto e costuma vir pra cima com a faca nos dentes em sua fúria destruidora. Esse sim, se não for contido, tem o potencial de surpreender e chegar lá.

Embora não haja à princípio como criminalizar legalmente tanto o MST como o MTST, já que os movimentos se notabilizam por se ater ao cumprimento das leis, o apoio da grande mídia, já praticamente declarado ou implícito à CPMI, servirá para que esta cause não só estrago ao governo federal, mas também alavanque a candidatura de Ricardo Salles.

Por isso, ainda que os movimentos sejam independentes e não atrelados, é fundamental que o governo mobilize todas as suas forças, através dos deputados e senadores da base, para que vença esta batalha, sob pena de vermos mais uma serpente saindo do ovo do fascismo.

 


domingo, 14 de maio de 2023

E o mito, quando será preso?

Por Fernando Castilho



Parece clara a estratégia por parte de Alexandre de Moraes de começar a comer a pizza pelas bordas até chegar ao meio.

A cada novo dia novas notícias surgem sobre o andamento das investigações levadas a efeito pela Polícia Federal.

Uma hora é a soltura de Anderson Torres, outra diz respeito ao ex-faz-tudo de Bolsonaro, coronel Mauro Cid ou da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Para quem compartilha essas notícias o cardápio é rico e bastante variado. Já, para quem prefere analisar os fatos e fazer reflexões, a vida tem sido dura justamente porque o tempo todo surgem novos vazamentos das investigações e reviravoltas que conduzem a mudanças nessas análises.

Vamos tentar analisar brevemente o que se depreende das últimas informações.

O ex-ministro Anderson Torres foi solto e deve estar em casa cumprindo prisão domiciliar. Ao contrário do que seus advogados afirmavam, Torres aparentemente não perdeu 15 quilos e nem pareceu abatido na foto que o mostrou sendo conduzido para casa.

O motivo do relaxamento da prisão deve ser o número de informações já extraídas dele e de outras pessoas que estão sendo investigadas. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, provavelmente já conseguiu montar o quebra-cabeças que conduzirá Torres para seu indiciamento e julgamento. A informação de que havia um plano para sequestrar Moraes e, possivelmente, assassiná-lo não deve ter sido desconsiderada pelo ministro.

Resta saber se Anderson Torres respeitará as regras impostas para sua prisão domiciliar lembrando que ele e principalmente seus aliados na tentativa de golpe de estado precisam desesperadamente trocar informações e combinar seus relatos para que não haja divergências ou contradições. Pode ser que Moraes esteja justamente contando com o desrespeito às regras para justificar a volta de Torres para a prisão preventiva.

Sobre o coronel Mauro Cid já pesa um sem-número de provas de sua atuação, não só na tentativa de golpe, mas também de peculato e lavagem de dinheiro.

Michelle Bolsonaro agora inaugura uma nova fase. Até então, a ex-primeira-dama vinha sendo tratada mais com uma laranja do que criminosa, mas agora já se sabe que ela está envolvida nas falcatruas do uso do cartão corporativo, o que também se traduz como crime de peculato. Não se descarta sua prisão preventiva nesta semana que se inicia.

Agora perguntamos: mas, e o chefe?

Parece clara a estratégia por parte de Alexandre de Moraes de começar a comer a pizza pelas bordas até chegar ao meio.

Moraes está reunindo todas as informações e provas possíveis para que, ao chegar a Jair Bolsonaro não haja contestações e sua prisão seja aceita por aliados e apoiadores como desdobramento natural e necessário de todas as ações até agora empreendidas.

Se Moraes tivesse já no início prendido Bolsonaro poderia haver protestos e até alguma convulsão por parte daqueles que ainda o têm como mito.

Aos poucos, com as revelações que vazam propositalmente da Polícia Federal, já se tem até como natural que em breve Jair seja detido preventivamente, o que pode até ocorrer esta semana.

O que ainda não vazou é uma prova inconteste da materialidade dos crimes cometidos pelo ex-presidente, o que não significa que não exista e que já não esteja nas mãos de Alexandre de Moraes.

Antes disso, porém, é possível que o ministro primeiro queira ouvir Braga Netto e Augusto Heleno, envolvidos até o pescoço na tentativa de golpe e que estão quietinhos fingindo-se de mortos. Esses dois detém muitas informações e seus depoimentos são imprescidíveis.

De qualquer forma, esta semana promete.


terça-feira, 9 de maio de 2023

Charles III, uma coroa feita de sangue

Por Fernando Castilho



Os grandes impérios foram, com o tempo, reduzindo em tamanho devido às revoluções pela libertação levadas à cabo pelos países colonizados, mas um certo ar de deboche persiste quando Charles exibe uma coroa com essas pedras.

Charles, o primogênito de Elizabeth II, enfim, conseguiu se tornar Charles III.

A cerimônia de coroação reuniu milhares de pessoas admiradoras ou não da família real, como costuma acontecer em eventos como esse.

A coroa, o símbolo maior da realeza de Charles, possui, entre outras joias, um enorme diamante chamado de “Pedra da África”.

Essa pedra não só simboliza a realeza, mas também o imperialismo britânico que dominou e explorou boa parte do continente africano. Países como África do Sul, Egito, Sudão, Gana, Nigéria, Somália, Serra Leoa, Tanzânia, Uganda, Quênia, Malawi, Zâmbia, Gâmbia, Lesoto, Maurícia, Suazilândia, Seicheles e Zimbábue foram colonizados pelos antepassados de Charles que não se preocuparam somente em impor sua cultura, mas, principalmente, saquear suas riquezas e colocar esses povos de joelhos. A Pedra da África é uma dessas riquezas saqueadas.

Os grandes impérios foram, com o tempo, reduzindo em tamanho devido às revoluções pela libertação levadas à cabo pelos países colonizados, mas um certo ar de deboche persiste quando Charles exibe uma coroa com essas pedras.

O fato me fez lembrar de outro império que soçobrou, o japonês.

O Japão, durante a 2ª Grande Guerra, espalhou seus tentáculos por Hong Kong (na época um protetorado britânico) e as outras regiões nas Filipinas. Kuala Lumpur, Singapura, Birmânia e Indonésia.

Quando chegou à China, o bicho pegou porque Estados Unidos e a própria União Soviética trataram de barrar o avanço imperialista.

O Japão planejou avançar sobre território manchu e pleno e rigoroso inverno. O cálculo do estado-maior nipônico previa que, por ser o japonês um ser superior, cada soldado deveria destruir um tanque inimigo com coquetéis molotov.

É aí que entra o depoimento de meu ex-sogro, um imigrante japonês que lutou nessa guerra. Na TV passava uma notícia dando conta da morte do imperador Hirohito. Sempre achei que todo súdito japonês tinha o mandatário como uma divindade na Terra, mas meu ex-sogro avançou em direção à TV xingando Hirohito e quase quebrando o aparelho, tamanha a sua fúria.

A cena me assustou. Esperei o homem se acalmar e perguntei o porquê daquilo.

Daí me contou que ele e seus companheiros saíram para o território manchu com uma mochila de alimentos, a farda e alguns cobertores finos. A neve chegava quase ao joelho.

Os soldados conseguiram avançar até certo ponto quando os víveres acabaram e o que sobrou para comer eram gravetos, pequenos insetos e até cobra.

O frio os congelava e vários deles não aguentaram e sucumbiram.

O Japão foi derrotado, o imperador perdeu sua divindade e meu ex-sogro voltou para casa totalmente arruinado e depressivo. Por isso, o ódio.

Conto essa história individual, mas não podemos esquecer também as atrocidades cometidas pelo exército japonês que, ao chegar numa aldeia ou cidade, o primeiro crime que cometia era o estupro seguido de assassinatos de homens e crianças.

Esse é o imperialismo que também a Grã-Bretanha praticou não só na África, mas também na Ásia e que nunca deveria ser valorizado.

Mas o povo inglês que sabe que foi beneficiado pela exploração feita no passado, ainda comparece em massa para assistir a coroação de um homem que nunca deu duro na vida e que herda o produto da crueldade cometida pelos seus antepassados.


sexta-feira, 5 de maio de 2023

O gato brinca com o rato antes de matá-lo. Por que seu Jair ainda não foi preso?

Por Fernando Castilho



O gato (PF) está brincando com o rato (seu Jair) antes de comê-lo.


Sinceramente, ontem à noite pensei em escrever um post dizendo que tinha certeza de que hoje cedo a PF meteria o pé na porta de seu Jair para prendê-lo, já que há inúmeros indícios de crimes que justificariam sua prisão preventiva.

Outra prisão que está para acontecer e que poderia até ser hoje, é do Carluxo pelo esquema de peculato na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Nenhuma dessas operações ocorreu. E agora acho que entendo porquê.

A PF está comendo pelas bordas para que chegue a seu Jair com provas irrefutáveis, necessárias para calar os seguidores raiz e os deputados da extrema-direita.

Há um áudio do major Aílton captado de seu celular, em conversa com o coronel Cid, pregando um golpe e citando Bolsonaro, mas não o responsabilizando. Esse áudio vazou, talvez como parte da estratégia da PF, mas a resposta do coronel Cid não foi divulgada. Permanece em sigilo.

A tática da PF parece ser a do gato que brinca com o rato antes de comê-lo.

Os presos, que não podem se comunicar entre si, já devem estar temendo uma longa estada no xadrez, inclusive o Cid.

Seu Jair, por sua vez, não deve nem estar dormindo. Imagine a tensão de ser surpreendido a qualquer momento pelos policiais em missão para prendê-lo. Ele deve estar sendo cozido.

Cada dia que passa a tensão aumenta e é possível que nas próximas horas ou nos próximos dias um dos detidos abra o bico.

Acho certo que a PF já tenha muito mais informações do que sabemos. O problema é obter uma prova definitiva do envolvimento de se Jair com a tentativa de golpe.

Aposto que seu Jair não será preso tão cedo. A PF vai tentar primeiro chegar a Braga Netto e Augusto Heleno, artífices da tentativa de golpe.

Depois disso, a casa cai, definitivamente.

 


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Anderson Torres tem que delatar seu chefe agora!

Por Fernando Castilho



Anderson Torres tem uma pequena janela de tempo para negociar com a PF uma redução de pena oferecendo em troca a cabeça de seu chefe como o mandante do crime. E a hora tem que ser agora.


O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, está preso já há quase 4 meses. Seus advogados relatam que o quadro geral de saúde física e psíquica é ruim, embora uma avaliação feita demonstre o contrário.

Torres sabe que mesmo que sua prisão preventiva seja relaxada, ao fim do devido processo legal, o que lhe restará será uma pena de 4 a 12 anos acrescida de outras como associação criminosa, por exemplo.

O ex-ministro está tendo uma amostra do que virá pela frente e, se já não consegue suportar 4 meses, o que dirá de muitos anos?

Para ele só há uma alternativa.

Os celulares de Jair Bolsonaro e de seu ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram apreendidos e neste momento a Polícia Federal está procedendo à leitura e análise de mensagens trocadas pelos dois.

Anderson Torres optou por declarar que esqueceu a senha de seu aparelho, mas isso apenas dificulta a ação da PF e logo mais ela terá acesso às conversas com seu chefe.

Caso haja mensagens reveladoras da urdidura da tentativa de golpe de estado do dia 8 de janeiro, Torres, Bolsonaro e Cid serão indiciados e se tornarão réus. E a prisão virá com certeza.

Depois disso não fará muito sentido uma delação premiada do ex-ministro. O timing tem que ser agora.

Torres tem uma pequena janela de tempo para negociar com a PF uma redução de pena oferecendo em troca a cabeça de seu chefe como o mandante do crime. E a hora tem que ser agora.

Não é sensato imaginar que Anderson Torres, pressionado por um suposto estado depressivo que o faz chorar o tempo todo, suporte tudo sozinho sem optar por uma tentativa de redução de pena.

Se não delatar é porque Bolsonaro realmente exerce um poder de influência muito grande, talvez apoiado em gente perigosa.

 


quarta-feira, 3 de maio de 2023

A agora, Valdemar?

Por Fernando Castilho



Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.


Valdemar Costa Neto é um caso a ser estudado.

Foi preso durante o processo do mensalão, sumindo por uns tempos após pagar a pena. Voltou com toda força durante a campanha para reeleição de Jair Bolsonaro, talvez animado pelas promessas do capitão de que este seria reconduzido ao cargo, seja através da vitória na eleição, garantida pelo uso frenético da máquina estatal, das operações da Polícia Rodoviária Federal que impediria eleitores de Lula de comparecer aos locais de votação, do ralo de dinheiro público em que se transformou o Auxílio Emergencial e as emendas do orçamento secreto concedidas a correligionários, ou seja através de um golpe com apoio dos militares, caso não reunisse os votos necessários. Não havia como não dar certo.

Valdemar confiou em Bolsonaro, mesmo se humilhando perante o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, quando este aplicou uma multa milionária a seu partido por ter usado de má-fé ao questionar as urnas eletrônicas.

Mesmo após a derrota nas eleições, Costa Neto não titubeou ao oferecer uma luxuosa casa para o capitão e sua esposa Michelle em bairro nobre de Brasília, além de um polpudo salário para o casal, fruto do Fundo Partidário, dinheiro que nós, brasileiros, pagamos através de nossos impostos.

Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.

O PL havia elegido a maior bancada da Câmara e precisaria da liderança de um homem acima de qualquer suspeita, honesto, patriota.

Assim foi o sonho de Valdemar.

Mas as denúncias começaram a surgir de vários lugares. A mentoria da tentativa de golpe de 8 de janeiro, o caso das joias desviadas e, agora, a falsificação do cartão de vacina.

Valdemar ainda tenta afirmar à imprensa que tudo vai ser esclarecido porque seu mito é um homem correto, mas nem ele crê mais nisso.

A verdade é que a Polícia Federal começa a comer a pizza pelas bordas. O caso da falsificação do cartão de vacina não tem nem de longe a mesma gravidade da sabotagem à vacinação dos brasileiros que resultou em centenas de milhares de mortes daqueles que seguiram o que seu presidente falava na televisão e nas redes sociais, mas, como os casos estão interligados, com certeza, haverá, mais cedo ou mais tarde, responsabilização do ex-mandatário, o que ainda não aconteceu devido à omissão criminosa do Procurador Geral da República, Augusto Aras.

A operação deflagrada hoje, 3 de maio, pode ter sido uma espécie de estratégia para que a PF pudesse ter acesso ao celular de Bolsonaro, afinal, é nos aplicativos de mensagens que se escondem as conversas que possam ter resultado na trama dos atos golpistas de 8 de janeiro. É por ele que saberemos de quem foi a autoria da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres. É por ele, também, que saberemos do real envolvimento dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, além de outras conversas nada republicanas.

A prisão de Jair Bolsonaro pode estar mais próxima do que pensamos e é por isso que Valdemar Costa Neto está agora apavorado.

Não seria adequado ao PL manter alguém indiciado em vários crimes se o partido pretende continuar a ser o maior do país. Ainda mais um político com direitos cassados por 8 anos. De que serviria?

À esta altura, Valdemar, que pode ser um pouco burro, mas também muito esperto, já deve estar pensando em rever sua escolha para a liderança de oposição contra o governo.

Como escrevi logo após a vitória de Lula, o líder da extrema-direita para 2026 não será Bolsonaro.

Isso já está se desenhando, não é, Valdemar?