Por Fernando Castilho
Rezar se tornou atividade mais frequente que ouvir música, assistir filmes ou séries ou trabalhar à distância! Isso significa que as igrejas podem ter crescido mais que streamings como Netflix
O que você mais valoriza na vida?
Esta foi a pergunta da pesquisa Datafolha em parceria com a startup imobiliária, quinto Andar.
A pergunta poderia ser confundida com os sonhos que o brasileiro tem.
Diferentemente das pesquisas comuns, esta atribuiu notas aos resultados obtidos. Desta forma, ter uma casa própria e uma profissão receberam a nota 9,7.
Num país onde faltam moradias, não é de surpreender que o brasileiro queira um lugar próprio para morar. Mas, e a profissão?
Sabemos que grande parte das pessoas, senão a maioria, trabalha com aquilo que originariamente não escolheu, mas as circunstâncias as obrigaram. Os recém-formados nas faculdades sabem muito bem o que é isso. Portanto, deve haver muita frustração, por isso, a nota 9,7.
Em seguida veio: ter estabilidade financeira – 9,6. Quem não gostaria? Vejam quanta gente se submete a concursos públicos hoje em dia;
Ter uma família – 9,4. Interessante que esse item vem em 4º lugar, enquanto ter filhos aparece em 9º e casar, em 10º lugar;
Ter plano de saúde – 9,2. Acho surpreendente que tanta gente dê importância a planos de saúde depois do escândalo da Prevent Senior e do golpe que a Amil está aplicando a seus segurados.
Além disso, planos de saúde submetem seus associados a uma espera de meses para procedimentos. Durante a pandemia muita gente descobriu o SUS e passou a se tratar por ele porque em muitos casos acaba sendo mais ágil;
Ter uma religião – 9,0. Surpreendente! Vem bem antes de ter filhos.
Durante a pandemia a eterna disputa entre ciência e religião foi espetacularmente vencida pela primeira. Foi a ciência que descobriu e mapeou geneticamente o coronavírus e, em tempo muito curto, produziu as vacinas para combatê-lo. Além disso, nos mostrou como podemos evitar o contágio através de distanciamento social e uso de álcool em gel e máscaras.
Pode ser que neste momento de desemprego e fome, os brasileiros sem perspectivas estejam se refugiando na religião que exerce o papel de manter as esperanças;
Depois vem, pela ordem, ter um negócio próprio – 8,8, ter um carro – 8,5, ter filhos – 7,9 e casar – 6,9. Este último, o menos valorizado.
A pesquisa avança para esmiuçar qualitativamente, principalmente a questão da casa própria, mas é interessante destacar as atividades que o brasileiro passou a fazer com mais frequência em casa, durante a pandemia, em %. Neste casos é melhor reproduzir o gráfico do Datafolha.
Não há como saber se essa pesquisa refletiria mais ou menos o que ocorre no resto do mundo, mas, podemos dizer que o brasileiro é um povo que sempre surpreende e dá dor de cabeça a antropólogos e cientistas sociais que tentam estudá-lo.
Para acesso à pesquisa completa, clique em https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/02/brasileiro-valoriza-mais-casa-propria-do-que-filhos-religiao-e-estabilidade.shtml