Por Fernando Castilho
Todos sabemos quem é Jair Bolsonaro desde antes das eleições. Ele avisou a todo mundo: sou homofóbico, misógino, racista, ultra-direita, anticiência, saudoso da ditadura militar e tudo o mais que seja contra o avanço da civilização.
Até aí tudo bem, acabou sendo eleito em parte porque foi sincero, em parte pela desinformação ou fé de quem nele votou.
Bolsonaro, após três anos de governo, acrescentou outras características à sua personalidade. Ele é também mentiroso contumaz, sem empatia, cruel, debochado e golpista.
Além de tudo isso, pode-se dizer que é também burro, muito burro. Ou então louco.
Se não, como explicar que um presidente em plena campanha eleitoral pela sua reeleição, com 20 pontos percentuais abaixo do candidato com mais intenções de votos, Lula, tire quase duas semanas de folga se esbaldando com dinheiro público de seu cartão corporativo enquanto mais de 600 mil pessoas enfrentam o caos com as enchentes da Bahia e de Minas Gerais?
Como explicar que em plena campanha um postulante a reeleição ordena seu ministro da saúde a protelar ao máximo a compra de vacinas da Covis-19 para crianças, quando as pesquisas apontam que 84% da população quer vacinar seus filhos o quanto antes?
Seu ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, já tentou inúmeras vezes mostrar ao presidente que ele segue uma estratégia errada, mas não adiantou.
Os deputados do centrão que já começam suas campanhas visando a reeleição ou o governo de seus estados de origem, por não quererem ver seus nomes associados a um presidente que sabota as vacinas causando a morte de centenas de milhares de brasileiros, também já esgotaram seus argumentos sem sucesso.
Mas e os filhos do presidente?
01, 02 e 03 apoiam seu pai incondicionalmente. Eles que são também políticos com alguma tarimba.
Como explicar que nenhum dos três filhos considere o rumo que Bolsonaro está tomando na campanha equivocado e nenhum deles tente mudar sua opinião? Será a educação extremamente rígida que receberam que não lhes dê coragem para um diálogo?
Ou há um outro plano que desconhecemos?
Uma renúncia mais pra frente? Não, sem mandato ele seria processado e preso.
Um golpe? Já tentou, mas não conseguiu reunir forças para isso. Neste momento seria ainda mais improvável.
Uma candidatura ao senado? Quem sabe? Seria uma saída estratégica, pois teria 8 anos para exercer sua vagabundagem com direito a mais 8 anos, caso fosse reeleito.
Ou está aguardando os frutos do Auxílio Brasil?
Seria muito interessante que os repórteres da grande imprensa tentassem ouvi-lo sobre suas pretensões. É sempre nessas ocasiões que ele se sente muito à vontade para abrir o bico e despejar seus desejos mais ocultos.