Por Fernando Castilho
Foto: Fernando Bizerra (EFE) |
Os
termos “bolsonarismo” e “bolsonarista’ têm sido muito utilizados pela grande
imprensa, talvez à falta de um nome melhor ou pela preguiça em se aprofundar
mais em algo que é encarado como mera questão de semântica.
Na
Argentina, mesmo com a já distante morte do presidente Juan Domingo Perón em 1974,
o temo “peronismo” persiste até hoje como uma tendência inaugurada por ele, denominação
dada genericamente ao "Movimento Nacional Justicialista".
Ao utilizarmos
a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um
ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser
o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com
grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem. Pior, não inaugurou
nenhuma tendência ou corrente de pensamento político.
Não
é possível um paralelo com “fascismo”, “integralismo”, “socialismo”, “comunismo”
ou “nazismo”, que persistem até hoje. As falas e ações de Bolsonaro não
carregam nenhuma teoria e não possuem nenhuma tese que as embase e que permitam
ser ele o mito que conduzirá milhões de pessoas daqui pra frente atravessando
décadas.
Essas
pessoas, na verdade, são extremistas de direita e sempre existiram, porém, com
o adjetivo mais suave de “direita”.
São
elas que no passado ficaram inconformadas com o fim da ditadura militar e
passaram a votar em figuras da direita como Paulo Maluf em São Paulo e Antônio
Carlos Magalhães na Bahia, por exemplo.
Foram
elas também que elegeram Fernando Collor contra Lula em 1989. Porém, àquela
época, não eram ainda extremistas, apenas reacionárias.
Com a
eleição de Lula em 2002 e seus dois exitosos mandatos, melhoraram de vida e se
retiraram para o armário por não terem muito do que reclamar.
No
final do primeiro governo Dilma, começaram a sair aos poucos do limbo para
apoiar Aécio Neves, o candidato mais à direita que encontraram.
Com
o surgimento do extremista radical de direita, Jair Bolsonaro, saíram de vez e conquistaram
mais adeptos até chegarmos ao impressionante número de cerca de 58 milhões de
pessoas aferido na última eleição.
Claro
que muitos vão rever suas posições já a partir de 2023 e poderão se inclinar à
direita ou até ao centro, na medida em que Lula comece a apresentar melhora na
economia do país.
Bolsonaro
prometeu liderar a oposição a Lula, mas não acredito que tenha força para isso,
pois não é habituado ao trabalho. Além disso, grande parte de seus aliados já o
abandonou e Tarcísio de Freitas surge como o nome preferido da extrema-direita
para 2026.
Bolsonaro
preferirá tratar de sua defesa nos processos que lhe cairão sobre a cabeça e
continuar a praticar jet-ski. Isso, se não tentar fugir do país.
Desta
forma, o tal do “bolsonarismo” será apenas algo que nunca foi e será
paulatinamente esquecido.
Mas
a extrema-direita, este sim, o termo correto para essa reunião de reacionários
de todo tipo, persistirá no Brasil.
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