Por Jarbas Capusso Filho
"Eu amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que seu trabalho é esse, amiga, mas tira"
Semana
passada, a dublê de primeira-dama, Michelle (significado: aquela que fala em línguas
e mata carpas) esteve no trending topics do Twitter. Por que apresentou um
programa político para o país, pautas específicas para as áreas de educação,
moradia, saúde, economia, etc.? Não. Mesmo porque, por ser uma bolsonarista
raiz, não existe a menor possibilidade. Ela foi tão citada porque se valeu,
mais uma vez, de pirotecnia, do bizarro e do sensacionalismo que é tão peculiar
ao bolsonarismo, o mundo cão, aquela vibe bem notícias populares.
Esta
semana, num evento para mulheres do PL, (mulheres do PL, nunca deveria estar na
mesma frase) Michelle Bolsonaro pediu à deputada federal Amália Barros (PL-MT)
para tirar a sua prótese ocular no palco, na frente de todos, gerando um
constrangimento calculado, impactante e muito desconforto. Afinal, para que
tudo isso? Notícia! E não bastasse a deputada tirar a própria prótese ocular, a
ex-primeira-dama a coloca no próprio bolso!
"Eu
amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que seu trabalho é esse, amiga, mas
tira", disse uma Michelle metendo um Jacinto Figueira Junior (o homem do
sapato branco) de frente. Não via coisa assim desde o famigerado O Povo na TV.
Sorrindo
o seu melhor sorriso amarelo e fazendo uma esforçada cara de azulejo, a exposta
deputada balbuciou: "ela sempre faz isso, e eu ainda não aprendi a vir sem
prótese". Ou seja, denunciou que o freak show de Michelle já é vaca fria.
Lembram das centenas de imagens de um pretenso moribundo, Bolsonaro, no leito
de um hospital? A fakeada? Sua última foto exibindo uma pança mal ajambrada,
com suas cicatrizes de IML? Percebem que é o mesmo método? Causar. Causar de
tal forma que a ausência do debate político, o debate de ideias e projetos,
fique esquecido pela patuleia, como nas arenas romanas, excitadas com o sangue
e o circo. Porém, um pão e circo piorado. Porque uma coisa que o bolsonarismo
não entrega, é justamente o pão.
Michelle
é infinitamente mais perigosa e perniciosa que o seu conje, Bolsonaro. Parece
que tem mais capacidade sináptica que ele e, ainda, passa por uma evangélica
fervorosa. Valdemar, já a vê como candidata. Eu? Eu não duvido de mais nada!