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segunda-feira, 17 de julho de 2023

Um olho vagueia num bolso

Por Jarbas Capusso Filho


"Eu amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que seu trabalho é esse, amiga, mas tira"


Semana passada, a dublê de primeira-dama, Michelle (significado: aquela que fala em línguas e mata carpas) esteve no trending topics do Twitter. Por que apresentou um programa político para o país, pautas específicas para as áreas de educação, moradia, saúde, economia, etc.? Não. Mesmo porque, por ser uma bolsonarista raiz, não existe a menor possibilidade. Ela foi tão citada porque se valeu, mais uma vez, de pirotecnia, do bizarro e do sensacionalismo que é tão peculiar ao bolsonarismo, o mundo cão, aquela vibe bem notícias populares. 

Esta semana, num evento para mulheres do PL, (mulheres do PL, nunca deveria estar na mesma frase) Michelle Bolsonaro pediu à deputada federal Amália Barros (PL-MT) para tirar a sua prótese ocular no palco, na frente de todos, gerando um constrangimento calculado, impactante e muito desconforto. Afinal, para que tudo isso? Notícia! E não bastasse a deputada tirar a própria prótese ocular, a ex-primeira-dama a coloca no próprio bolso!

"Eu amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que seu trabalho é esse, amiga, mas tira", disse uma Michelle metendo um Jacinto Figueira Junior (o homem do sapato branco) de frente. Não via coisa assim desde o famigerado O Povo na TV.

Sorrindo o seu melhor sorriso amarelo e fazendo uma esforçada cara de azulejo, a exposta deputada balbuciou: "ela sempre faz isso, e eu ainda não aprendi a vir sem prótese". Ou seja, denunciou que o freak show de Michelle já é vaca fria. Lembram das centenas de imagens de um pretenso moribundo, Bolsonaro, no leito de um hospital? A fakeada? Sua última foto exibindo uma pança mal ajambrada, com suas cicatrizes de IML? Percebem que é o mesmo método? Causar. Causar de tal forma que a ausência do debate político, o debate de ideias e projetos, fique esquecido pela patuleia, como nas arenas romanas, excitadas com o sangue e o circo. Porém, um pão e circo piorado. Porque uma coisa que o bolsonarismo não entrega, é justamente o pão.

Michelle é infinitamente mais perigosa e perniciosa que o seu conje, Bolsonaro. Parece que tem mais capacidade sináptica que ele e, ainda, passa por uma evangélica fervorosa. Valdemar, já a vê como candidata. Eu? Eu não duvido de mais nada!