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terça-feira, 21 de outubro de 2025

No Kings

Por Fernando Castilho



No sábado, 18 de outubro, cerca de sete milhões de pessoas tomaram as ruas dos Estados Unidos em protesto contra o presidente Donald Trump. Sob o slogan “No Kings” (“Sem Reis”), mais de 2.600 atos se espalharam pelos 50 estados, em uma explosão de criatividade: fantasias, bandas marciais e um clima de festa, mas com um recado direto e contundente contra o autoritarismo.
A resposta de Trump veio no mesmo tom que o consagrou: infantil. Um vídeo gerado por inteligência artificial o mostrava fantasiado de rei, pilotando um avião e despejando fezes sobre os manifestantes. A escatologia e o humor de quinta série evocam o bolsonarismo, uma política performática, provocadora e avessa ao debate racional.
Mas enquanto o presidente brinca com IA, o país arde em questões reais.
Inflação em alta, escassez de mão de obra, dependência de produtos importados e, sobretudo, o avanço do autoritarismo têm levado até os mais apáticos às ruas. E não são só os cidadãos que se inquietam: os grandes conglomerados econômicos, que não toleram prejuízos, já demonstram impaciência com Trump. Seus lobbies começam a se mover, discretamente, mas com força.
Quem surfa essa onda é o Partido Democrata, que deve intensificar sua campanha contra o presidente, aproveitando o desgaste. Até mesmo alguns congressistas republicanos já sinalizam desconforto, percebendo o crescimento da oposição.
Por ora, Trump se limita a vídeos gerados por IA. Mas seu histórico é imprevisível. Se decidir dobrar a aposta, o país pode testemunhar repressão violenta, perseguições e prisões. E num país que já enfrentou uma guerra civil, não é impossível imaginar outra. Basta um estopim para o fogo se alastrar.
O fiel da balança pode ser o Congresso, hoje de maioria republicana. A depender da nova composição parlamentar nas eleições de novembro de 2026, um processo de impeachment pode deixar de ser apenas uma hipótese.
O que está em jogo não é apenas um mandato, é o modelo de democracia que os Estados Unidos pretendem sustentar sua significativa influência no mundo ocidental. E, como sempre, o tempo corre contra os que esperam demais.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Centrão: o grande camaleão da politica brasileira

Por Fernando Castilho



Nos últimos tempos, o Centrão, essa entidade política que sempre sabe onde fica a cozinha, esteve confortavelmente abraçado à extrema direita bolsonarista. A parceria, claro, não foi por afinidade ideológica, mas por conveniência. Prova disso foram os mimos trocados, como a PEC da Blindagem, uma tentativa quase poética de escapar das investigações sobre o destino das emendas parlamentares. Afinal, ninguém quer acabar atrás das grades por falta de zelo orçamentário.

Outro ponto de união foi a resistência à taxação dos super-ricos. Nada mais natural: muitos dos parlamentares do Centrão fazem parte desse seleto grupo e, como bons representantes (deles mesmos), defenderam com unhas e dentes seus próprios bolsos.

Mas eis que o roteiro saiu do controle. O povo, elemento imprevisível da democracia, resolveu sair às ruas contra os abusos. A mobilização popular pegou os parlamentares de surpresa. Com as eleições se aproximando, a má fama do Centrão começou a ameaçar a reeleição de seus membros, que até então acreditavam que bastava distribuir emendas e selfies para garantir votos.

A onda de protestos também deu um empurrãozinho nas pesquisas para o presidente. Lula foi beneficiado por episódios dignos de série. Eduardo Bolsonaro, ao agir contra os interesses nacionais, acabou presenteando Lula com o papel de defensor da soberania. É preciso lembrar que, uma vez iniciadas as campanhas eleitorais na TV, os vídeos em que Eduardo pede que os Estados Unidos imponham sanções ao Brasil, joguem uma bomba atômica ou enviem um porta-aviões para cá, serão enormemente explorados. Quem do Centrão, em juízo perfeito, vai querer ter seu nome ligado a alguém tão tóxico ao país?

Além do tiro no pé que Eduardo deu, Donald Trump, num giro inesperado, buscou diálogo com Lula para tentar consertar os estragos do tarifaço. Sim, até Trump percebeu que talvez seja melhor conversar com quem manda de verdade e não com dois patetas.

Outro dado importante é o destino de Jair Bolsonaro. Preso, ele iniciará uma nova trajetória rumo ao... ostracismo. Rei morto, rei posto. Adeus.

Enquanto o cenário se inverte, dois ministros de Lula, mesmo sob ameaças de expulsão partidária, ignoraram os caciques e permaneceram no governo. Um gesto raro de convicção política, ou talvez apenas de cálculo mais refinado.

Diante desse novo cenário, o Centrão, sempre com o dedo no vento, começa a recalibrar sua bússola. Alguns membros já se aproximam do governo, conscientes de que dividir o palanque com Lula, favorito em todos os cenários eleitorais, e não com um possível Tarcísio ou Ratinho Jr., pode render bons frutos. Afinal, quem quer ficar do lado que só oferece desgaste e memes ruins?

A debandada tem uma consequência direta: o isolamento dos bolsonaristas, agora desmascarados por seu apoio explícito aos bilionários, às casas de apostas e aos bancos. Nada como defender esse povo... rico. E há vídeos mais que suficientes de Sóstenes e outros, que serão explorados durante a campanha.

A aproximação do Centrão com Lula pode redesenhar completamente o jogo político. Governadores e prefeitos ligados ao grupo já ensaiam passos rumo ao governo federal, em busca de apoio, recursos e, claro, emendas. A dança das cadeiras começou, e os palanques bolsonaristas em estados-chave correm o risco de ficarem vazios ou, pior, com plateia hostil.

No Nordeste, onde Lula nada de braçada, a migração partidária deve ser ainda mais intensa. Não será surpresa se deputados e senadores trocarem de sigla como quem troca de gravata, buscando abrigo em partidos mais alinhados ao governo, como PSB, MDB ou até o próprio PT. Afinal, a coerência para eles é ditada pelo momento.

Essa disputa por espaço no campo governista pode gerar tensões internas. Partidos que sempre estiveram com Lula vão exigir contrapartidas: mais ministérios, mais apoio, mais tudo. E o bolsonarismo? Deve se restringir aos núcleos ideológicos mais radicais, com menos capilaridade eleitoral e orçamento digno de vaquinha online.

Com o Centrão recalculando sua rota, a dinâmica legislativa também muda. Lula pode conquistar uma base mais ampla e estável, suficiente para aprovar projetos estratégicos, especialmente nas áreas de economia, justiça tributária e reformas sociais e ambientais. O isolamento dos bolsonaristas, por sua vez, tende a reduzir a obstrução nas votações. O plenário, palco de gritaria e memes, pode finalmente virar espaço de debate (ou pelo menos de silêncio constrangedor). A negociação com o Centrão, embora pragmática e baseada em cargos e verbas, pode garantir avanços em pautas populares. Afinal, até o fisiologismo tem seu lado útil.

O Centrão, como sempre, não decepciona. Atento à direção dos ventos, recalculou sua rota com a precisão de um GPS político. A combinação entre pressão popular, desgaste bolsonarista e ascensão de Lula criou um novo campo gravitacional no Congresso. E como bons satélites da sobrevivência eleitoral, os parlamentares estão sendo atraídos para o lado do governo.

Se isso vai redefinir os rumos do país? Provavelmente. Se vai ser por convicção? Pouco provável. Mas no Brasil, até a conveniência pode ser revolucionária, desde que venha com cargo, verba e uma boa foto no palanque.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Lula, o Dom Juan da política brasileira

Por Fernando Castilho



Depois que ouvi Lula falar na então Rádio Bandeirantes, no programa O Trabuco do saudoso Vicente Leporace, acho que ainda nos anos 70, senti uma inquietação: quem era esse líder metalúrgico que ousava desafiar a ditadura em nome dos direitos de sua categoria? A curiosidade me levou à histórica assembleia no Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo. E ali, no meio da massa operária, comecei a entender que aquele homem não era só barulho, mas também pura estratégia.

Mais tarde, estive por duas vezes em reuniões na casa emprestada pelo advogado Roberto Teixeira a Lula, no bairro de Ferrazópolis. Ainda estudante, me vi hipnotizado ao ouvi-lo falar sobre economia com uma lógica tão simples e intuitiva que faria muito doutor engasgar com a própria tese.

O tempo passou, e Lula foi colecionando aliados como quem coleciona figurinhas raras. Seu poder de sedução política é digno de estudo, ou de uma tese de doutorado com direito a banca rendida.

Por mais improvável que parecesse, lá estava ele como presidente, trocando confidências com George W. Bush e recebendo elogios rasgados de Barack Obama, que não economizou: “Esse é o cara!” Pois é. O cara.

Com Emmanuel Macron, presidente da França e da ala direita, não foi diferente. Foram filmados de mãos dadas na Floresta Amazônica, em Belém, como dois adolescentes em passeio escolar. Faltou só o piquenique e a trilha sonora.

O senador Ciro Nogueira, bolsonarista de carteirinha, chegou a declarar: “Ele é capaz de me seduzir em 15 minutos. É macio e jeitoso.” Um elogio que até hoje causa urticária na ala mais radical do Congresso.

Em 2022, Lula fez o impossível parecer trivial. Bastaram algumas conversas para transformar Geraldo Alckmin, aquele mesmo, seu adversário em outras épocas, em seu vice. A conciliação, afinal, é uma das marcas registradas do Barba. E ele assina com estilo.

E quem não lembra da prisão em Curitiba? Lula, enclausurado na sede da Polícia Federal, acabou conquistando justamente o carcereiro. Horas e horas de conversa e, no fim, mais um fã. Se tivesse mais tempo, talvez saíssem de lá com um podcast.

A mais recente conquista do Dom Juan da política parece ser ninguém menos que o presidente norte-americano Donald Trump. Em uma conversa telefônica de 30 minutos, Trump saiu encantado: “Gostei da ligação. Nossos países vão se sair muito bem juntos!” Prometeu mais encontros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Se isso não é charme, o que é então?

Nas entrevistas, seja com a imprensa progressista ou com os grandes veículos da mídia corporativa, o resultado é sempre o mesmo: entrevistadores saem satisfeitos, convencidos, quase convertidos. Lembro bem da entrevista com Reinaldo Azevedo durante a campanha de 2022. Justamente o cara que cunhou a expressão “petralha”. Tio Rei saiu de lá praticamente com uma estrela no peito.

Mas afinal, qual é o segredo desse poder de agregar?

Digo que é a verdade. A sinceridade no olhar. E uma biografia marcada pela coerência ou, no mínimo, pela habilidade de parecer coerente em qualquer cenário.

O poder do diálogo com Lula é tão surpreendente que os bolsonaristas evitam qualquer conversa com ele. E fazem bem. Porque se conversarem... é capaz que se apaixonem.

Pode ser até que Trump o traia. Afinal, isso não se descarta em nenhuma relação. Mas, por enquanto, parece que a coisa vai às mil maravilhas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Teria o Partido Democrata contratado um pistoleiro?

Por Fernando Castilho

Imagem: (REUTERS/Brendan McDermid

Se o plano de assassinar Trump realmente existiu, a pergunta a ser feita a seguir é: afinal, quem teria interesse em afastar o ex-presidente da corrida?


Donald Trump levou mesmo um tiro na orelha, ou foi tudo uma armação para que ele, a exemplo de Jair Bolsonaro, subisse nas pesquisas devido à comoção do povo estadunidense?

Essa foi a pergunta que mita gente fez, inclusive grande parte da esquerda brasileira que vê em Kamala Harris como um contraponto ao crescente fascismo no mundo.

O expert em geopolítica mundial, Pepe Escobar revelou que as investigações estão concluindo (embora isso ainda não seja oficial e nem sabemos se vai ser) que havia mais de um atirador naquele dia, já que balas diferentes teriam sido encontradas no local.

Então, se essa informação for verdadeira (e Pepe costuma ter fontes no mundo inteiro), podemos afastar a possibilidade de simulação do atentado. E isso é muito mais preocupante.

Se o plano de assassinar Trump realmente existiu, a pergunta a ser feita a seguir é: afinal, quem teria interesse em afastar o ex-presidente da corrida?

A resposta mais imediata é: o Partido Democrata. E não vai aqui nenhuma afirmação, mas sim, uma constatação do que parece mais lógico.

Joe Biden estava indo mal nas pesquisas e, além disso, após o debate com Trump em junho, em que demonstrou problemas de cognição, a tendência era perder ainda mais pontos para seu adversário.

Com Trump fora da disputa, os democratas poderiam ter caminho livre para a reeleição de Biden. Mas o atentado falhou. Por pouco.

Após isso, todo mundo sabe, Biden foi afastado da corrida e Kamala assumiu em seu lugar.

Não se sabe se as investigações prosseguirão e se chegarão a uma conclusão, já que, à esta altura, um escândalo com tal envergadura explodiria a campanha de Kamala, esteja ela envolvida ou não.

Se o FBI parar de investigar, podemos ter a impressão de que a administração Biden deu um basta, o que é difícil de acontecer nos EUA porque o órgão é independente.

Restaria aos republicanos realizarem eles próprios uma investigação. Lembremos que Trump tem ainda bastante influencia em setores das instituições americanas.

De qualquer forma, caso haja a assinatura dos democratas nesse possível atentado, mesmo que o caso seja abafado, transparecerá ao mundo todo a decadência moral que o império sofre. E que tende cada vez mais a crescer.

Trump é pior que Kamala, sabemos disso. Porém, vamos deixar de incensá-la como se ela fosse muito melhor que ele. Nenhum dos dois presta.





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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Lula afirmou que a democracia é um conceito relativo. E agora?

Por Fernando Castilho

Reuters News Brasil

Afinal, Lula acertou ou errou ao afirmar que a democracia é um conceito relativo?
Seriam os Estados Unidos um país absolutamente democrático?


A pergunta que se faz é: a democracia é relativa ou absoluta?

Lula continua a causar frisson, não só na grande imprensa, mas também em algumas mídias progressistas. A declaração desta vez foi que a democracia é um conceito relativo. Por isso, é oportuno verificar se ele acertou ou falou bobagem como querem certos jornalistas.

Democracia é uma forma de governo criada na Grécia Antiga em que os cidadãos, e somente os cidadãos, podiam se reunir na Ágora, uma espécie de praça pública, para discutir seus problemas e deliberar sobre decisões que impactavam a vida de todos.

Para ser considerado cidadão apto a votar na Ágora, era preciso que a pessoa não fosse escrava (a maioria dos gregos era constituída de escravos), não fosse estrangeira, mulher ou criança. Por isso, somente cerca de 10% da população de Atenas podia votar pelo destino dos demais.

A isso se chamava democracia direta, ou seja, todo e qualquer problema da comunidade era discutido e votado diretamente sem representantes eleitos do povo.

Seria essa uma democracia absoluta ou relativa?

Voltando para nosso tempo, não vou afirmar que a forma de democracia praticada na Venezuela é absoluta porque seria leviano dizer qualquer coisa sobre um país que vem sendo há anos sufocado por um embargo econômico e que obriga seu governante a tomar decisões fortes para manter sua soberania. Prefiro analisar se os Estados Unidos, considerados a maior democracia do mundo, são mesmo um país absolutamente democrático. 

Primeiro, para ser democrático, um país deve atender a alguns requisitos básicos que seriam os princípios básicos da democracia:

1 - Soberania popular: O poder emana do povo, e as decisões políticas são tomadas em seu nome e para o seu benefício.

As eleições norte-americanas, em que a contagem dos votos segue um sistema complexo e de difícil compreensão, podem ser realmente consideradas justas e representativas da vontade popular? Por que alguns estados têm mais peso que outros?

2 - Igualdade: Todos os cidadãos têm direitos e oportunidades iguais para participar e influenciar as decisões políticas.

Os EUA ostentam hoje o título de um dos países mais desiguais do planeta, justamente por seu sistema capitalista. É notório e visível o número de moradores de rua sem direito à saúde, educação, alimentação e habitação.

3 - Liberdade de expressão: As pessoas têm o direito de expressar suas opiniões e ideias livremente, sem medo de retaliação, desde que não desrespeite outras leis.

Há pelo menos dois exemplos gritantes de desrespeito à liberdade de expressão. Um deles é Edward Snowden, acusado de espionagem por vazar informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar em detalhes alguns dos programas de vigilância que o país usa para espionar a população americana. Snowden denunciou um crime do governo contra o próprio povo de seu país. O outro é Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, que ganhou atenção internacional em 2010 quando publicou uma série de documentos sigilosos do governo norte-americano, revelando como eram tramadas as guerras mundo afora.

4 - Estado de Direito: O governo é limitado pelas leis e todos, incluindo os governantes, estão sujeitos às mesmas leis.

Donald Trump, assim como Jair Bolsonaro, desrespeitou uma série de leis, incitou um golpe de estado e continua livre. Além disso, há um grande número de pessoas, com culpa formada ou não, confinadas numa prisão do governo norte-americano em Guantânamo sem direito a advogados, defesa e a um processo legal.

5 - Eleições livres e justas: Os cidadãos têm o direito de escolher seus representantes em eleições regulares, transparentes e sem coerção.

6 - Respeito às minorias: A democracia protege os direitos das minorias e evita que a maioria oprima os grupos das minorias.

Frequentemente surgem notícias de prisões arbitrárias e assassinatos de negros por parte de forças policiais.

Pode ser considerado um país absolutamente democrático aquele que impede que o povo mais pobre tenha acesso à saúde gratuita?

7 - Responsabilidade e prestação de contas: Os governantes são responsáveis ​​perante o povo e devem prestar contas de suas ações.

São notórias as atividades secretas da CIA, da NSA e do FBI sem que nem mesmo o Congresso norte-americano tenha acesso a elas.

Portanto, a democracia dos EUA pode ser considerada absoluta?

A questão de a democracia ser relativa ou absoluta não deveria ser criticada pelos grandes jornais, uma vez que não há consenso, sendo objeto de debate entre teóricos, políticos e filósofos. A resposta não é simples como jornalistas querem fazer crer, pois envolve diferentes perspectivas e abordagens.

Alguns, como Lula, argumentam que a democracia é relativa, ou seja, seu conceito e prática podem variar de acordo com as culturas, tradições e contextos específicos de cada sociedade. O que pode ser considerado democrático em um país pode não ser visto da mesma forma em outro. A China, por exemplo, se considera um país democrático. Além disso, os sistemas democráticos podem evoluir e se adaptar às mudanças sociais e políticas ao longo do tempo.

Por outro lado, há quem defenda que a democracia é absoluta, ou seja, existe uma forma ideal e universal de democracia que deve ser seguida por todas as nações. Nessa visão, os princípios democráticos básicos, como a proteção dos direitos humanos, a participação popular e a governança transparente, são garantidos a todos os lugares, independentemente de suas particularidades culturais. Como vimos, os EUA não se incluem entre os que praticam a democracia absoluta.

É preciso, porém, lembrar que, do ponto de vista filosófico, sociológico e científico, absolutamente nada pode ser considerado absoluto. Tudo é relativo.

Uma abordagem sugere que, embora existam princípios fundamentais que são essenciais para a democracia, como a proteção dos direitos individuais e a soberania popular, a maneira como esses princípios são implementados pode variar de acordo com a cultura e a história de cada país. Isso significa que há uma base de valores e normas que são comuns a todas as democracias, mas a forma concreta de aplicação desses valores pode ser adaptada para atender às necessidades e características específicas de cada sociedade.

Em meio à dificuldade que a grande imprensa tem de pontuar favoravelmente os feitos de um governo que só tem seis meses, como a retomada de importantes programas sociais, a aprovação do arcabouço fiscal, a queda da inflação, a projeção do aumento do PIB, a ascensão da bolsa, a queda do dólar, o aumento da nota do Brasil pela S&P e a recuperação da imagem do país lá fora com a consequente retomada de investimentos externos, jornalistas colocam o tempo todo uma lupa sobre as falas de Lula para tentar detectar uma mínima falha, mesmo que ele esteja fazendo uma afirmação correta.

São míopes, pois enxergam muito bem de perto, mas não conseguem visualizar o horizonte.


E você, leitor, o que acha? Lula acertou ou errou?