quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A difícil vida do bolsonarista-raiz

Por Fernando Castilho




Houve inúmeras ocasiões, em que o presidente, após atacar ferozmente alguém e prometer que “ACABOU!”, invariavelmente voltava atrás.


Todos assistimos no domingo, 23, o grotesco episódio em que o ex-deputado Roberto Jefferson recebeu a tiros de fuzil os policiais federais que foram cumprir mandado de prisão expedido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por desacato à sentença que o ministro Alexandre de Moraes lhe havia dado.

Durante as horas de resistência à prisão que se seguiram, vários populares seguidores do presidente da República compareceram às proximidades do local para dar apoio ao bandido, certos de que atendiam a um chamamento de seu mito. Não faltou uma covarde agressão ao cinegrafista da Inter TV, afiliada da Rede Globo, que foi levado imediatamente para a UTI de um hospital. O agressor, um assessor na câmara de Três Rios, foi exonerado da função e será investigado por lesão corporal.

O deputado federal Otoni de Paula chegou a gravar um vídeo em que afirmava que tinha informações de que o mito estaria acionando as Forças Armadas para intervir no caso.

O capitão, que costuma agir por impulso, algo próprio de pessoas autoritárias, acionou o ministro da justiça, Anderson Torres para comparecer ao local, mas a coordenação de sua campanha, percebendo que seria muito perigosa uma associação com o meliante, conseguiu demover o inominável de seu instinto.

O resultado é que, horas depois, ele declararia que quem atira em policial é bandido e que não defenderia Jefferson.

Imediatamente, as redes bolsonaristas que estavam defendendo o ex-deputado e atacando o Alexandre de Moraes, passaram a divulgar que Roberto Jefferson não tinha nada a ver com seu mito e que, na verdade, é homem ligado a Lula.

Um meme surgiu nas redes. Nele, um boi pergunta: “agora é pra defender ou pra atacar bandido?”

Mas esse não foi o único caso em que seguidores tiveram que dar cavalo de pau em suas opiniões. Houve inúmeras outras ocasiões em que o presidente, após atacar ferozmente alguém e prometer que “ACABOU!”, invariavelmente voltava atrás.

Um outro caso emblemático foi quando ele discursou nas comemorações do 7 de setembro de 2021. Na ocasião xingou Alexandre de Moraes de canalha e praticamente convocou seus seguidores para o golpe... que não veio porque não foram reunidas as condições ideais, como o apoio das Forças Armadas.

Mas os caminhoneiros e a população presente na Esplanada dos Ministérios e também em São Paulo, imaginaram que o golpe, enfim, aconteceria, que o exército implantaria a tão sonhada ditadura comandada por seu líder, que o STF seria fechado e que viveriam felizes para sempre.

À noitinha, apavorado com a possível prisão de seu filho Carluxo, que parecia prestes a acontecer, recorreu a Michel Temer para que este escrevesse uma cartinha a Moraes pedindo desculpas.

A reação a esse cavalo de pau covarde foi de incredulidade num primeiro momento, mas depois os seguidores conseguiram reunir todo tipo de desculpas para tentar justificar o recuo. Seria um recuo tático, disseram eles. Mas na próxima... a próxima, em 2022, não veio.

Lembram-se da ameaça que o presidente fez à Rede Globo?  Concessão não seria renovada! Embora estivessem acompanhando a novela Pantanal, bolsonaristas ficaram exultantes com o prometido fim da Globolixo, como eles chamam. Deu no quê? Mais uma vez o capitão recuou. Na verdade, a ameaça pareceu ser muito infantil, algo de menino da 5ª série que não mede consequências. Foi um blefe, mas os bolsonaristas acreditaram.

Imagino que, daqui a alguns anos, alguns poucos bolsonaristas colocarão a mão na consciência e conseguirão avaliar o erro que cometeram e lembrarão quantas e quantas vezes depositaram sua confiança em quem a traía invariavelmente logo no momento seguinte. Quanto tempo perderam com quem nada valia.

Outra parte dirá que não quer mais saber de política e fingirá que nunca apoiou seu mito. E todos nós sabemos quem são.

Mas, certamente o ovo da serpente foi chocado e o bolsonarismo, como uma espécie de corrente de extrema-direita, prosseguirá, mesmo sem o seu chefe.

Infelizmente, veio pra ficar.

 

 

 


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

O capitão não subiu, como quer o Datafolha. Ele caiu!

Por Fernando Castilho


 



O Capitão Morte talvez até teria ultrapassado Lula nas pesquisas, caso os escândalos não tivessem aparecido. Foram eles que o puxaram para baixo dando a ilusão de que temos um povo insensível.


O título parece pueril, mas explicarei por que não é.

Esperamos ansiosamente o Datafolha de quarta-feira (19) porque, nós, democratas que desejamos que o país volte a avançar, tínhamos a expectativa de que Lula, o candidato que representa essa esperança, aumentasse sua diferença em relação ao capitão que flerta com a morte, o canibalismo e a pedofilia, como foi amplamente demonstrado nos vídeos por ele divulgados sem cortes.

Infelizmente, a diferença diminuiu e agora temos um empate técnico.

Parece haver uma anomalia, uma discrepância nos dados, mas talvez não.

Vou na contramão das análises que afirmam que os eleitores do ser que ainda ocupa o cargo mais importante da nação, de repente se mostram insensíveis às últimas e horripilantes revelações. Minhas últimas análises, inclusive, consideravam isso.

Na realidade, é possível (e até provável) que as pessoas mais pobres que vêm se sentindo um pouco mais aliviadas com o Auxílio Brasil estejam gratas ao capitão e, muito mais, esperam que ele cumpra a promessa de manter o benefício em 2023. Nosso povo é assim.

Além disso, o orçamento secreto tem sido usado eleitoralmente Brasil afora pelos aliados do inominável, como sabemos.

Não falta também o uso desmesurado da máquina pública sem nenhum pudor, como nunca vimos antes.

Alie-se a isso a incrível máquina de fake news tocada pelo filho 02 e seu gabinete do ódio, verdadeira locomotiva queimando carvão dia e noite.

Por tudo isso, minha tese atual é de que o Capitão Morte talvez até teria ultrapassado Lula nas pesquisas, caso os escândalos não tivessem aparecido.

Foram esses novos fatos, canibalismo e pedofilia, além do desrespeito à padroeira do Brasil ocorrido em Aparecida, que frearam o crescimento e puxaram o maior mentiroso do país para baixo, colocando-o em empate técnico com Lula. Os vídeos são impressionantemente asquerosos e, com certeza, causaram repugnância em nosso povo.

É preciso lembrar que o Datafolha ainda não mediu a repercussão do esplendoroso sucesso da entrevista de Lula ao Flowpodcast que conta, no momento em que escrevo, com incríveis 8,4 milhões de visualizações, praticamente, 4% da população brasileira.

E para não desanimar aos que anseiam por um bom futuro para o país, Lula está se preparando para o debate da Globo, o último e mais importante antes das eleições.

Se conseguir bater o Capitão Morte, venceremos no dia 30.

Enquanto o debate não chega, o TSE acaba de decidir por uma grande ofensiva nas redes, impedindo a propagação das mentiras.

Para isso, precisamos de esperança, garra e mobilização, seja nas redes, seja nas ruas.


domingo, 16 de outubro de 2022

O risco do fascismo no Brasil

Por Fernando Castilho




A última pesquisa Datafolha de 14/10 deu 53% para Lula e 47% para Bolsonaro nos votos válidos. E é surpreendente.

Apostaria com qualquer um que:

Após a reportagem da Folha dando conta que a família Bolsonaro adquiriu ao longo dos anos 107 imóveis, 51 dos quais, com dinheiro vivo;

Após o escândalo do orçamento secreto que pode ser, como afirmou Simone Tebet, o maior esquema de corrupção da história do país, envolvendo um inédito montante de dinheiro que deveria ser aplicado na melhoria das condições do povo, mas que, devido a seu caráter sigiloso, com certeza está sendo desviado para outros fins, como a última operação de PF demonstrou;

Após a divulgação do vídeo em que o presidente afirma, sem nenhuma manipulação ou corte, que comeria carne humana, o que, em tempos normais, por si só acabaria com seu sonho de se reeleger;

Depois que foram mostrados nas redes sociais os atos de vandalismo e desrespeito na Basílica de Aparecida;

Após o corte dos remédios da Farmácia Popular, dos quais dependem parcela significativa da população;

Depois do capitão dar entrevistas mentindo em escala nunca vista, afirmando, por exemplo, que nenhuma criança morreu por Covid-19, enquanto todos os dados, inclusive de seu governo, apontam um grande número de mortes,

as pesquisas de opinião mostrariam uma queda, ainda que pequena, dele.

Mas não foi o que vimos.

Bolsonaro continua firme e forte mantendo a temeridade de encostar em Lula ou até virar no dia da eleição. Difícil, mas não descartável, afinal, ninguém esperava que subisse tanto no dia do primeiro turno e chegasse hoje com esse montante de votos.

Para quem assistiu ao documentário O Dilema da Redes (Netflix), fica mais fácil compreender esse fenômeno.

As redes sociais estão sendo muito bem aproveitadas pela campanha bolsonarista. Os algoritmos estão sendo muito bem utilizados para, em vez de aumentar nas pessoas a rejeição ao presidente, reduzi-la, como bem demonstra o Datafolha ao mostrar a oscilação de um ponto para cima na rejeição de Lula (de 47% para 48%) enquanto a de Bolsonaro permanece estável (51%).

Deduz-se que qualquer denúncia grave que se faça contra o capitão não lhe causará a perda de um voto sequer, enquanto a pecha de ladrão imputada a Lula, mesmo que ele tenha recuperado seu status de inocente de acordo com a Constituição, é grandemente amplificada a ponto de não lhe render a segurança de vitória.

Por que isso acontece?

Porque Bolsonaro está blindado pela população que o apoia. Ele e seus aliados já emitem sinais de que, uma vez reeleito, aproveitará os próximos quatro anos para impor uma autocracia (leia-se ditadura) ao país.

O capitão deteria ampla maioria na Câmara, o que lhe garantiria segurança para aprovar qualquer projeto.

Um deles seria o de aumentar o número de ministros do STF. Ele indicaria os nomes certos para sempre lhe dar maioria. Assim, a corte deixaria de ser um problema e não contestaria nenhuma de suas ações.

O deputado Ricardo Barros já tem projeto para criminalizar os institutos de pesquisa em caso de erro de prognósticos. Com a Câmara na mão, o capitão não só puniria os institutos, mas também criaria leis para cercear a liberdade de imprensa para que ela não publicasse notícias desfavoráveis a ele.

A Lei da Transparência seria extinguida ou, pelo menos, alterada para legalizar o sigilo de 100 anos para todos os atos do presidente e de seus filhos.

A Polícia Federal e o Ministério Público seriam totalmente direcionados para cumprirem todos os desejos do capitão, poupando-o de qualquer investigação e perseguindo a quem lhe fizer oposição.

É claro que, se ninguém deixa o presidente governar, seria preciso que lhe dessem a devida autonomia para agir como quisesse. E apenas quatro anos seria pouco para ele transformar o Brasil como deseja. Seria preciso mais, mas como a Constituição não permite uma segunda reeleição, seria preciso mudá-la.

Esse é o risco que corremos, que tem o aval de boa parte da população e que representa seu desejo de implantar o fascismo no país. É isso que o Datafolha, o Ipec e o Ipespe mostram nas entrelinhas.

Observem que uma das características do fascismo é justamente fazer com que a opinião prevaleça sobre a Ciência, os dados científicos e de informação.

Por isso Bolsonaro mente. Sua opinião, para seus apoiadores fascistas, é mais relevante que qualquer dado ou estatística. Foi assim quando receitou a cloroquina contra a Covid-19 e muita gente o seguiu, inclusive muitos médicos e o Conselho Federal de Medicina que não se opôs.

Quando, por mais que mostremos a enorme corrupção desse governo e os atos totalmente incivilizados do capitão, as pessoas, em vez de defendê-lo, passam a chamar Lula de ladrão, é porque têm o fascismo como projeto para o Brasil.

Esse é o risco que o país corre.

Mais do que nunca, é preciso somar forças para impedir esse projeto de poder.


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Peixinhos dourados num aquário lindamente decorado

Por Fernando Castilho




Sim, o risco de uma ruptura institucional, caso Bolsonaro seja reeleito, é muito grande e muitas pessoas, principalmente os gratiluz, não estão percebendo, confortáveis em seu mundo particular criado exatamente como uma redoma que lhes traz segurança.


Inicio reproduzindo um trecho de uma postagem que o amigo Jarbas Capusso compartilhou no Facebook. Depois explico.

“Esse ser é constituído de: 10% tofú, 10% de beringela orgânica e 80 de Ky. Ou seja, o gratiluz é um vaselina existencial. Não quer saber de conflito, muito menos embate, então vive de fazer vínculo do jacaré com a lontra. Esta foi minha versão lúdica. Ok. Vou meter o Datena: o gratiluz quer azeitar o convívio da barbárie com o civilizatório. Da bala com o discurso. Estivesse na Alemanha nazista, transitaria, fácil, fácil, entre Auschwitz e o quartel da SS.”

Vamos à explicação.

Capusso vai direto ao ponto, sem meias palavras, para falar de pessoas, às vezes chamadas de nem nem. Para elas, a quem ele chama de seres gratiluz, não há no país nenhuma disputa entre a civilização e a barbárie. Não há nenhum embate entre a verdade e a mentira ou a tolerância e o preconceito para com o outro. Parecem transitar ao largo dos graves acontecimentos que afligem o país.

Serei menos incisivo e usarei mais eufemismo para falar da mesma coisa.

Algumas, de acordo com sua religião (e não há aqui nenhuma intenção de criticar a crença de ninguém), acreditam que é normal passarmos por tempos atribulados para mais tarde experimentarmos a bonança. É sério.

Conversei há algum tempo com uma dessas pessoas. Perguntei sobre os horrores da Segunda Guerra e ela me respondeu que foi necessária, pois em seguida, com o fim dos conflitos, a humanidade pode desfrutar de um longo período de bem-estar.

Esse tipo de visão nos remete ao pensamento aristotélico.

Aristóteles imaginava o Universo, a que ele chamava de Cosmos, como algo perfeito e ordenado.

Cada coisa e cada um de nós temos um lugar determinado dentro dele. Somos peças que o compõem.

Desta forma, tudo o que acontece já está determinado, sejam as grandes catástrofes, sejam os períodos de felicidade.

Não há como o ser humano intervir criar sua própria história ou mudar o estado das coisas.

Consequentemente, não existe também o livre arbítrio. Tudo está escrito nas estrelas.

Mas isso foi escrito há mais de 1400 anos!

A Ciência, já há cerca de 500 anos, sabe que o Universo não é ordenado, pelo contrário, é caótico, não só pelas observações, mas também pela Segunda Lei da Termodinâmica que traz em seu bojo o conceito de entropia. Graças a Boyle, Hooke e Carnot!

À título de ilustração, neste exato momento em que escrevo, bem acomodado em uma cadeira, um asteroide pode se dirigir à Terra ou um terremoto de grandes proporções pode dar fim a esse conforto. É a imprevisibilidade. É a tendência ao caos.

Em minha vida passei por pelo menos três grandes momentos históricos de definição do futuro de nosso país: o movimento das Diretas Já em 1983, a eleição de Lula em 2002 e agora, o segundo turno do mais importante pleito nacional que definirá se voltaremos a retomar o processo civilizatório e a democracia ou iniciaremos um longo período de ditadura.

Sim, o risco de uma ruptura institucional, caso Bolsonaro seja reeleito, é muito grande e muitas pessoas, principalmente os gratiluz, não estão percebendo, confortáveis em seu mundo particular criado exatamente como uma redoma que lhes traz segurança. Pelo menos é o que eles imaginam.

O peixinho dourado dentro do aquário nada pra lá e pra cá observando a paisagem de plantas e pedras dentro do aquário, alimentando-se de vez em quando, tomando um pouquinho do Sol que entra pela janela da sala, alheio ao mundo conturbado lá fora.

Nada o tira do sossego de seu mundo particular.

 

 

 

 

 

 

 


sábado, 8 de outubro de 2022

É democracia ou ditadura: O que você quer para os seus filhos e netos?

Por Renato Rovai





É hora de olhar para o seu filho e seu neto e dizer, eu não vou deixar você viver numa ditadura. E depois do dia 30 poder se orgulhar de contar essa história para ele, que você fez de tudo naquela eleição que tirou o Brasil das mãos de um déspota. E venceu.


A grande batalha da nossa geração é aqui e agora. Isso acontece a cada 50 anos, às vezes 100 num país.

Há pessoas que vivem sem ter contato com um momento histórico tão delicado, grave e angustiante. E que às vezes no fim se torna exultante.

No Brasil, quem viveu o golpe de 64 sabe do que estou falando. Quem era vivo na 2ª guerra mundial, ainda restam alguns, também.

É aquele período onde parece que estamos decidindo um século.

Imaginem por exemplo o que seria do mundo se a Alemanha tivesse vencido aquela guerra. Seríamos um mundo dominado pelo nazismo por quanto tempo? Estaríamos nós filhos e netos daquela geração ainda sob os domínios do Reich?

Pode parecer exagerado o que vou dizer, mas o Brasil está do ponto de vista da sua história vivendo um momento semelhante, que não parece ter potencial para afetar a vida de muitos outros países, mas afetará com certeza umas décadas da nossa história enquanto país. Mudará o destino de ao menos uma geração.

Se Lula vencer a eleição, muito provavelmente ele só fará um mandato de quatro anos, cumprirá a Constituição, terá um governo de centro na economia e mais à esquerda nas questões sociais. Seu destino é sair da política em 2026 e ir para casa curtir a vida com a sua atual companheira Janja.

Nas eleições de 2026 teremos algumas candidaturas que apoiaram seu governo e provavelmente um Bolsonaro ou um bolsonarista disputando pela extrema-direita com menos força porque não contará com o aparelho do Estado para usá-lo eleitoralmente.

E se Bolsonaro ganhar, o que teremos? Um governo despótico que mudará a Constituição tirando todas as suas conquistas em áreas ambientais, da infância, dos direitos humanos, das liberdades individuais, entre outros pontos. Uma mudança na conformação do STF que passará a ter 15 ministros e que será uma extensão do executivo. Muito provavelmente também teremos a cassação de ministros como Alexandre de Moraes e a mudança da legislação eleitoral voltando à urna com cédulas que permitem mais fraudes e a reeleição por tempo indeterminado. Sim, Bolsonaro, se reeleito, não se contentará em ficar apenas até 2026. Seu projeto é de se tornar um ditador que vai conquistando pelo voto, com fraudes, mandatos indefinidos. Temos exemplos disso no mundo, tanto de governos mais à esquerda, mas principalmente à direita. Viktor Orbán é sua referência. Pesquisem sobre o que acontece na Hungria para terem uma visão mais concreta do risco que estamos correndo.

Mas o que fazer quando se está diante de um cenário desses? Resmungar no Instagram, Facebook ou grupos de WhatsApp? Ficar xingando aquele familiar que fica repetindo que o Lula é ladrão? Se encolher e dizer que você já achava que Bolsonaro podia vencer as eleições?

Não, amigas e amigos. Não podemos cair nessa armadilha. É hora de arregaçar as mangas e enfrentar o desafio colocado para a nossa geração com todas as forças. É hora de cada sindicato, ONG, Centro Acadêmico, movimento social, organização de bairro se transformar numa daquelas igrejas evangélicas onde o pastor faz jejum com seus fiéis e fica orando na noite da eleição. É hora de tirar férias do trabalho, de tirar da agenda outros compromissos sociais, de deixar aquela viagem pra depois do dia 30 e ir pra rua e para as redes trabalhar de forma incansável.

É hora de organizar nossa tropa e parar de chororô porque o Datafolha deu 6% de frente para o Lula. Sim, para o Lula. Imaginem se fosse ao contrário. Além de a Quaest ter dado 8% e o Ipec 10%.

O favoritismo ainda está do lado da democracia e faltam 22 dias para este pesadelo acabar. Vamos ganhar bem no Nordeste e podemos empatar ou virar em São Paulo e Rio de Janeiro. O Datafolha de ontem, por exemplo, deu 46% a 44% para Bolsonaro em São Paulo. É um resultado espetacular. Haddad está perdendo de 50% a 40%, mas tem capacidade para demolir Tarcísio nos debates. Será que isso não pode melhorar seus índices? Será que não dá tempo de criar uma onda?

Evidente que é razoável estar preocupado com o cenário de demolição que a vitória de Bolsonaro enseja. Mas a preocupação não pode virar nem medo nem pessimismo. Ela precisa nos tirar da zona de conforto. Dos nossos papos de bares com os mesmos amigos de sempre. Precisa nos fazer entrar em coletivos de campanha e ir disputar votos em todos os cantos das redes e das ruas que tiver ao nosso alcance.

Vamos combinar uma coisa também, não reclame da campanha até dia 30. Faça campanha. Depois teremos novembros, dezembros, janeiros e muito tempo pra fazer avaliações. Tem coisa errada, claro que tem. Mas Lula teve 48,5% dos votos no dia 2 de outubro e ainda está na frente. Deixem o desespero para o lado de lá. É hora de lutar por nós e pelos que precisam de nós. É hora de olhar para o seu filho e seu neto e dizer, eu não vou deixar você viver numa ditadura. E depois do dia 30 poder se orgulhar de contar essa história para ele, que você fez de tudo naquela eleição que tirou o Brasil das mãos de um déspota. E venceu.

 


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Afinal, o que significa o bordão "Deus, Pátria, Família e Liberdade"?

Por Fernando Castilho


 



Nunca, em momento algum, prestariam homenagem a um torturador, até porque Cristo foi barbaramente torturado antes de morrer na cruz. 


O atual ocupante da cadeira presidencial que nunca se senta nela tem por hábito finalizar seus discursos com a frase título deste texto.

Mas, para ele, qual seria o significado dessas palavras?

Vamos tentar compreender.

 

1 – DEUS

Pessoas que verdadeiramente adoram a Deus e Cristo jamais pregariam o armamento da população porque isso contraria o ensinamento cristão de oferecer a outra face.

Jamais fariam troça com a dor alheia, imitando pessoas sendo sufocadas e mortas por falta de oxigênio, como aconteceu em Manaus.

Jamais diriam que uma mulher não merece ser estuprada porque é feia.

Nunca, em momento algum, prestariam homenagem a um torturador, até porque Cristo foi barbaramente torturado antes de morrer na cruz.

Impensável também afirmar que comeria carne humana sem problema algum.

Não dá pra imaginar um cristão mentir descaradamente o tempo todo como ele faz.

Deus também está presente em seitas secretas como a maçonaria com seus símbolos pagãos?

 

2 – PÁTRIA

Primeiramente, amor à Pátria significa amor ao povo e à cultura de um país. Inconcebível, pois, um patriota chamar o povo nordestino de analfabeto.

Um verdadeiro patriota jamais bateria continência à bandeira norte-americana como ele já fez em duas oportunidades.

Um patriota de verdade, assim que fosse declarada uma pandemia, não trocaria um ministro médico da saúde por um general que nada sabe de medicina e trataria de adquirir em tempo recorde as vacinas já disponíveis, jamais permitindo que subordinados seus tentassem cobrar propina das empresas produtoras.

O verdadeiro patriota não contribuiria para o desmatamento da Amazônia e o assassinato de indígenas, pois esses são o povo originário do país.

 

3 – FAMÍLIA

Como explicar que alguém que defende a família tradicional brasileira tenha se casado por três vezes?

Como explicar que engravidou a terceira esposa enquanto ainda estava casado com a segunda?

Seria aceitável alguém que se diz contra o aborto tentar convencer a esposa de que seria melhor interromper a gravidez, naquele momento, indesejada?

Foi mesmo de bom tom, durante as comemorações do 7 de setembro, discursar dizendo que é imbrochável, na frente de crianças?

Defender a família significa defender todas as famílias do Brasil, ou somente a sua, enredada por denúncias de corrupção por rachadinhas e emprego de funcionários fantasmas?

É admissível um defensor da família tradicional admitir que já fez sexo com animais? Isso é perdoável?

 

4 – LIBERDADE

Será que existe coerência entre ameaçar dar um golpe que extingue as liberdades democráticas enquanto defende a liberdade?

É possível combinar liberdade com sigilos de 100 anos sobre possíveis denúncias de corrupção?

A liberdade, afinal, vale pra todos, ou somente para aqueles que o apoiam?

Esses devem mesmo ter liberdade para ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal de morte?

A imprensa deve ter liberdade para noticiar casos de corrupção de qualquer político, mas não para denunciar a compra de 107 imóveis, 51 dos quais com dinheiro vivo, por parte dele e de seus filhos?

 

Por tudo isso, e muito mais (o texto ficaria muito longo), se deduz obviamente, que tudo aquilo que ele fala é somente para ganhar votos de gente ingênua que se deixa enganar por frases pomposas que nada mais são do que reprodução dos lemas fascistas, nazistas e integralistas, responsáveis por gigantescos crimes contra a humanidade que tentamos esquecer.

Afinal, o que significa para um mentiroso contumaz a frase “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”?


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

A definição adiada

Por Fernando Castilho


Foto: Lucas Gomes


Parece que o povo se deliciou ao ver na TV as imagens da Amazônia em chamas, do garimpo ilegal e do assassinato de indígenas.


Assim como toda a esquerda brasileira que deseja que o Brasil se recupere do estrago empreendido pelo governo de feições fascistas de Jair Bolsonaro, sonhava com a vitória de Lula já no primeiro turno.

Sonhava, é verdade, mas com o devido pé atrás.

Portanto, apesar da decepção, o impacto não foi tão grande, pelo menos no embate Lula x Bolsonaro.

O impacto foi violento quando vi a inversão de números entre Haddad e Tarcísio.

Quando pensava que o susto fora superado, percebi que o astronauta estava vencendo Márcio França com folga.

A partir daí foi um show de horrores.

Aqueles ministros que durante quase 4 anos se empenharam em fazer exatamente o contrário da competência de suas pastas, se elegeram. E com muitos votos.

Pazuello, o ministro da saúde que, além de permitir corrupção dentro do ministério, obedeceu à risca as ordens de seu chefe que não queria vacinar a população contra a Covid-19, mas sim prescrever a cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz, se elegeu deputado federal.

O resultado foram as mais de 680 mil mortes, fora os óbitos em Manaus por asfixia, dos quais o próprio presidente debochou.

A impressão que dá é que quem votou nele não teve nenhum parente ou amigo morto pela pandemia. Se teve, ou esqueceu ou a ideologia falou mais alto.

Ricardo Salles, ex-ministro do meio-ambiente, se elegeu com muitos votos, 4 vezes os de Marina Silva!

Outra vez, parece que o povo se deliciou ao ver na TV as imagens da Amazônia em chamas, do garimpo ilegal e do assassinato de indígenas.

No show da reunião ministerial, o deleite deve ter sido grande ao ver o ministro dizer que era preciso passar a boiada.

Como a corrupção a ser combatida é só a do PT, ninguém se importou com o fato de Salles ser pego com a mão na botija tentando vender madeira ilegal para os Estados Unidos.

Mário Frias, aquele que tanto se empenhou em seu ministério para destruir a cultura no país, também foi eleito deputado federal.

Damares Alves, a ministra que viu Jesus na goiabeira, a grande espalhadora de fake news que vê símbolos fálicos em tudo e que, além de ser cúmplice no massacre de indígenas enviou seus capangas para tentar forçar uma menina de 10 anos a dar à luz um bebê, fruto de estupro no Espírito Santo, foi eleita senadora pelo Distrito Federal.

O astronauta Marcos Pontes, o ministro que praticamente acabou com a pesquisa científica no Brasil, obrigando muitas mentes brilhantes a procurar emprego no exterior, se elegeu senador por São Paulo, com folga.

Praticamente quase todos os malfeitores do time de Bolsonaro se deram bem. São milicianos como ele.

Teve até o Zé Trovão, processado por ameaçar a democracia em 7 de setembro de 2021. Foi eleito deputado federal por Santa Catarina e talvez seja diplomado usando tornozeleira.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, mesmo tendo 5 secretários denunciados por corrupção, se elegeu em primeiro turno!

O que aconteceu para que houvesse essa enxurrada de votos malucos e amantes da corrupção?

O fato de Bolsonaro conseguir ir para o segundo turno com tantos votos, contrariando todas as pesquisas eleitorais se deve, acreditem, ao seu lema fascista, Deus, Pátria, Família e Liberdade. Os pobres preferiram esquecer sua fome e desemprego para se sentirem seguros contra o inimigo imaginário, o comunismo que quer tirar deles aquilo que eles não têm.

O caso Haddad x Tarcísio é um pouco mais difícil de explicar, mas talvez o paulista ache que a dobradinha Tarcísio/Bolsonaro seja boa para São Paulo.

Já a eleição dos senadores e deputados estaduais e federais, tão inimigos do povo brasileiro, só Freud talvez explicasse.

Talvez.

De qualquer forma, a campanha de Lula, que já tinha uma estratégia preparada para caso ele fosse para o segundo turno, agora deve sacudir a poeira e dar a volta por cima.

Para isso, deverá buscar apoio de Simone Tebet e Soraya Tronicke.

Embora não seja muito fácil, Bolsonaro está dando uma ajudazinha. Pela manhã, no cercadinho, chamou Tebet de “estepe” e Tronicke de “trambique”. Será que só isso bastaria?

O comportamento da grande imprensa precisa agora mudar para apoiar Lula em tempo integral. Para isso, o líder de Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros, também está dando uma ajudazinha. Pela manhã, declarou que ainda nesta segunda (03), entrará com projeto criminalizando os institutos de pesquisa, caso, após as eleições a margem de erro não se concretize. A pena não exclui a prisão dos diretores dos institutos. A Folha, dona do Datafolha, tem que estar mordida.

Essa é uma pequena amostra do que está por vir, em caso de vitória do capitão.

Espera-se mais: a destituição de certos ministros do Supremo também está na pauta.

Bolsonaro, se reeleito, instaurará, desde o começo de seu governo, a censura aos órgãos de imprensa, o estado teocrático e, após mais 4 anos, se negará a sair.

Podemos acabar com esse pesadelo no próximo dia 30.

É preciso.

 


Lula x Bolsonaro - Um país fraturado

Por Michelle Meneses


Foto: Fernando Rabelo.  A bandeira em farrapos. Pernambuco, Brasil, 2017.


O discurso Fascista e radical encontrou solo fértil em uma sociedade Escravocrata, Cruel, Preconceituosa, Elitista e Conservadora.


A Onda Reacionária que inundou o Brasil mostrou toda sua força nas Eleições 2022.

O PL partido de Bolsonaro fez a maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal; em muitos estados também fez a maioria das bancadas no Legislativo.

Como explicar a Força do Bolsonarismo?

Com fortes pautas ideológicas de costumes, com muita desinformação e fake news, o Bolsonarismo construiu uma realidade paralela, levando muito MEDO ao povo brasileiro com informações distorcidas e muitas mentiras.

Essa combinação perigosa de medo, desinformação, eleitores sem compromisso com o voto e também com um forte apelo antipetista e religioso, mostrou toda a força do Bolsonarismo, num país claramente dividido entre Reacionários e Progressistas.

Como entender e explicar que 686.000 brasileiros perderam suas VIDAS para a Covid19 no Governo Bolsonaro, com a pior gestão na mais grave Crise Sanitária do país e o ex Ministro da Saúde General Pazuello foi o 2° Deputado Federal mais VOTADO do Rio de Janeiro!

Isso é incrivelmente absurdo !!

Será que o Eleitor não entendeu o que aconteceu no Brasil?

Será que o Eleitor vota sem responsabilidade e compromisso?

Será que o Eleitor perdeu o senso de solidariedade?

Em São Paulo, o ex Ministro Ricardo Salles, Inimigo do Meio Ambiente teve MAIS que o DOBRO da Votação de Marina Silva, defensora incansável das causas Ambientais, sendo reconhecida internacionalmente por sua luta em defesa da Amazônia e dos demais biomas brasileiros!

Ambos foram eleitos Deputados Federais.

Como isso pode acontecer num país que se diz ” Defensor do Meio Ambiente “?

São muitas contradições nessas Eleições.

A Falta de Consciência política do Eleitorado é muito visível e preocupante.

A extrema-direita se firmou no Brasil, isso é um fato inexorável!

“Deus, Pátria, Família e Liberdade”

O discurso Fascista e radical encontrou solo fértil em uma sociedade Escravocrata, Cruel, Preconceituosa, Elitista e Conservadora.

“Um fascista é alguém com profunda identificação com um determinado grupo ou nação em cujo nome se predispõe a falar, que não dá a mínima para os Direitos de outros e está disposto a usar os meios que forem necessários- inclusive a violência- para atingir suas metas.”
( Trecho do Livro ” Fascismo – Um Alerta”)

A economia pífia, a precarização do trabalho, a violência, a fome, a miséria, a educação e saúde destruídas foram temas que pouco tiveram peso na Escolha do Eleitor em seus Representantes políticos.

Precisamos fazer uma profunda e séria reflexão sobre ” Qual Brasil, Qual Povo” emerge da Tsunami Reacionária que varreu o país.

Um país Fraturado, Dividido e Perdido é o local perfeito para a instalação de uma Ditadura.

Tempos Difíceis e Sombrios!



Michelle Meneses é advogada, cientista política e colunista da Tribuna da Imprensa Livre

 


O rebaixamento da inteligência coletiva brasileira


Por Domenico De Masi


Foto: Ricardo Stuckert


Neste momento, vocês estão nas mãos de um ditador.

 

Esta ditadura reduz a inteligência coletiva do Brasil. Durante esta pandemia, Bolsonaro se comportou como uma criança, de um jeito maluco. Ou seja, o ditador conseguiu impor um comportamento idiota em um país muito inteligente. Porque é isso que fazem as ditaduras. 

Este me parece um fato tão óbvio que às vezes nos passa despercebido. Quando o país é comandado por pessoas tão tacanhas, a tendência é o rebaixamento geral do nível cognitivo da sua população. 

É fácil entender por quê. Sob Bolsonaro, Damares, Araújo, Pazuello, Salles, Guedes & Cia, vemo-nos obrigados a retomar debates passados, alguns situados na Idade Média, ou no século 19, como se fossem novidades. 

Terraplanismo, resistência à vacinação e a medidas básicas de segurança sanitária, pautas morais entendidas como questões de Estado, descaso com o meio ambiente, tudo isso remete a um passado que considerávamos longínquo. 

Quando entramos nesse tipo de debate entre nós, ou com as “autoridades”, é como se voltássemos da pós-graduação às primeiras letras do curso elementar. Somos forçados a recapitular consensos estabelecidos há décadas, como se nada tivéssemos aprendido. 

É como forçar cientistas a provar de novo a esfericidade da Terra ou a demonstrar eficácia da vacinação. Ou defender, outra vez, a necessária separação entre Igreja e Estado, mais de 230 anos depois da Revolução Francesa. 

É muita regressão e ela nos atinge. De repente, nos surpreendemos discutindo o óbvio, gastando tempo com temas batidos e desperdiçando energia arrombando portas abertas séculos atrás na história da humanidade.

À parte a necessária luta política para nos livrarmos o quanto antes dessa gente, entendo que existe uma luta particular e que depende de cada um de nós: a luta para não emburrecer.

Manter a lucidez e a inteligência através da leitura de bons autores e da escrita. Manter viva a sensibilidade pela conversa com pessoas normais e pela boa música. Assistir a bons filmes para contrabalançar a barbárie proposta pela vida diária e pelas redes sociais.

Enfim, mantermo-nos íntegros e fortes para a reconstrução futura do país. Não podemos ser como eles. Não devemos imitá-los em sua violência cega. Não podemos nos deixar contaminar por sua estupidez. Eles passarão. E estaremos aqui, para recomeçar.

Provavelmente, o que leva a esse rebaixamento é o ódio e o ressentimento por levar as pessoas a se sentirem, no fundo, perdedoras (é o caso de todos os bolsonaristas que conheci mais de perto) e ter de encontrar bodes expiatórios para culpá-los. A cultura competitiva, que estabelece, com critérios perniciosos, o que é ter sucesso, faz com que quem entra nesse jogo perverso, sinta-se, no final das contas, sempre um perdedor.


sábado, 1 de outubro de 2022

Lula, o maior planeta da política brasileira

Por Fernando Castilho


Imagens: James Webb, NASA


Um pouco de astronomia.

Júpiter, o maior planeta do sistema solar, é tão grande que, devido à sua enorme atração gravitacional, atrai para si a maior parte dos asteroides e astros menores que se dirigem para a Terra.

Assim é Lula. Nesta reta final, rumo à vitória no primeiro turno, vem atraindo artistas, influencers, formadores de opinião, esportistas e jornalistas que até outro dia não se manifestavam publicamente sobre seus votos.

Ele é muito maior que Júpiter.

Não permitirá que um asteroide destrua o Brasil.


Em 2 de outubro, a mais linda e esperada primavera

Por Fernando Castilho


Foto: NELSON ANTOINE - AGÊNCIA ESTADO


Veja a expressão no rosto desse homem. Diga se não é a mais pura imagem da esperança para este Brasil tão sofrido!


A apenas um dia das eleições mais importantes depois da queda da ditadura, há alguns temas a serem discutidos.

1 – Lula deverá vencer em primeiro turno dificultando que o derrotado, Jair Bolsonaro questione as urnas eletrônicas, já que vários aliados seus se elegerão ou se reelegerão através delas.

2 - Os sinais já são claríssimos de que as próximas e últimas pesquisas de opinião, principalmente o Datafolha, revelarão uma grande subida de Lula e uma estagnação do capitão. Essa tendência já foi demonstrada nas últimas pesquisas e deverá se intensificar nos próximos dias devido ao desembarque de eleitores das candidaturas Ciro Gomes e de Simone Tebet. Além disso, a mídia tem mostrado o grande número de artistas e famosos, formadores de opinião, que estão se unindo contra mais quatro anos de trevas, carregando consigo milhões de seguidores. Infelizmente, os números de Bolsonaro não baixam, o que revela que ele possui um núcleo duro bastante significativo que tolera toda a corrupção que ele e seus filhos têm praticado ao longo dos anos.

3 – Bolsonaro insiste na sua linha de desacreditar as pesquisas, preferindo crer no tal datapovo. Antes eu imaginava que era apenas uma estratégia, mas depois que aliados muito próximos dele revelaram que ele vive numa bolha e que acredita realmente que pode vencer em primeiro turno, acho que, além de método, há também muita loucura.

4 – O que pretende o capitão, tão logo perceba que foi derrotado em primeiro turno? Como escrevi no item 1, será muito difícil para ele se insurgir contra as urnas eletrônicas. A estratégia que parece estar se delineando é utilizar alguns seguidores mais fiéis e violentos, Brasil afora, como massa de manobra para intimidar as pessoas que tencionam votar em Lula através de agressões e até assassinatos. Bolsonaro gosta de trabalhar com o medo, a violência e o confronto. É possível que haja certo número de abstenções no dia 2, por medo de sair às ruas, o que poderá favorecê-lo.

5 – De maneira alguma poderemos afastar a preocupação com o risco de se reproduzir aqui a invasão do Capitólio durante as eleições norte-americanas, porém sem um ataque direto ao Congresso, que hoje está dominado pelos deputados do centrão, aliados de Bolsonaro. O ataque, se houver, deverá ser contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que já tomaram medidas para reforçar sua segurança. Essas instituições devem se preocupar com alguns integrantes das Forças Armadas que podem, sem o aval de seus comandos que já afirmaram que quem ganhar leva, causar algum distúrbio, mas não a ponto de inviabilizarem as eleições e seus resultados.

6 – O presidente tem, ao longo de mais de três anos, se preparado para sua derrota nas urnas porque, no íntimo, tem consciência de sua mediocridade e de sua incapacidade de governar. Por isso, construiu o mito de que, se não vencer, é porque houve fraude. Os bolsonaristas que compõem seu núcleo duro de apoiadores poderão causar distúrbios. Aí veremos de que lado as forças de segurança estão.

7 – Haja ou não perturbações da ordem institucional, graças às demonstrações de força que, principalmente o TSE tem dado e, graças também ao recente engajamento da mídia na união pelo fortalecimento da democracia, parece certo que, ao final, o resultado das urnas será respeitado e Bolsonaro será obrigado a aceitá-lo, preparando-se para encarar, a partir do próximo ano, seu triste destino, o que lhe renderá vários processos, sem a proteção de Arthur Lira e de Augusto Aras e sem o foro privilegiado.

8 – De qualquer forma, parece certo que, já no domingo, 2 de outubro, as nuvens negras cederão seu lugar à luz do Sol e ao céu mais azul que jamais vimos, refletido nas flores que saudarão a mais linda e esperada primavera.


Tire o oxigênio de Bolsonaro

Por Cristina Serra