sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

So this is Christmas and what have you done?

Por Fernando Castilho

Foto: Yasser Qudih / AFP

O que importa é que enquanto comemos peru e chester com os nossos e vemos os caminhões da Coca-Cola passarem nas ruas, milhares defamílias destroçadas não têm o que comemorar na Palestina.

O dia 25 de dezembro, segundo a tradição cristã, comemora a vinda ao mundo do espírito que se fez homem para vir nos salvar, porém, grande parte dos cristãos evangélicos considera a data como sendo pagã porque é nela que ocorre o solstício de verão cultuado pelos antigos que adoravam o deus Sol.

Mesmo assim, países cuja maioria da população não é cristã, como o Japão, desde novembro começam a enfeitar as ruas das grandes cidades com motivos natalinos onde não faltam árvores de Natal e papais-noéis. E embora não haja o espírito cristão, é nesse dia que as pessoas se presenteiam.

No Ocidente, Brasil no meio, o Natal é o dia em que se reúnem as famílias, os parentes e os amigos para trocarem presentes, participarem da tradicional ceia e, principalmente, refletirem sobre a vida, a fraternidade e a harmonia. É o sentido de ser humano aflorando desde nossos corações. Pelo menos deveria ser assim.

Ocorre que é também nesse momento que não lembramos dos nossos irmãos que estão sendo dizimados aos milhares na Palestina.

Mas como alguém, neste momento tão lindo, tão cristão, tão humano que estamos começando a viver, vem agora tirar nossos corações deste conforto tão mágico, tão gostoso?

Não importa se há poucos cristãos na Palestina. O que importa é que enquanto comemos peru e chester com os nossos, milhares de famílias destroçadas não têm o que comemorar na Palestina. Há maridos sem esposas, esposas sem maridos, filhos sem pai nem mãe, maridos e esposas sem filhos, ou seja, famílias sem teto, amputadas de seus membros tão queridos por causa de uma guerra cuja causa há 70 anos nos vem sendo vendida como religiosa, motivada por uma entidade que teria escolhido o povo judeu como seu preferido, e concedido direito às terras ocupadas há milênios pelos palestinos. Justamente Deus, o pai de Jesus, teria dado início ao genocídio que se pratica na Palestina em nome dele?

Então é Natal. E o que você tem feito?

Hora de dar as costas ao massacre porque não é momento de pensarmos nisso, afinal, estamos com nossos familiares, parentes e amigos, nos congraçando, falando de amor e harmonia, trocando presentes, nos empanturrando de peru e chester e expressando o que temos de melhor como seres humanos. Não é hora de pensarmos nisso. Porque somos cristãos e tudo que precisamos agora é pensar em Jesus.

War is over
If you want it

 

Créditos da música Happy Xmas (War Is Over):

John Lennon/Yoko Ono


O tapa que Quaquá deu em Donato

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução

A CPMI do 8 de janeiro perdeu uma grande oportunidade de indiciar os deputados golpistas, talvez por receio de cortar na própria carne. Agora eles continuam a tentar o golpe.


Ficamos chocados com os deputados bolsonaristas que deram as costas para a bandeira do Brasil no plenário da Câmara durante a cerimônia de promulgação da emenda constitucional que reforma o sistema tributário do país? Por quê?

Era totalmente esperado que Lula seria vaiado pela extrema-direita, afinal, ele coroa a finalização de um ano de recuperação com um projeto que impactará economicamente a médio e a longo prazo a vida dos brasileiros. Vale ressaltar que a grande imprensa noticiou que o presidente recebeu aplausos e vaias, como se essas duas manifestações fossem geradas pelo mesmo número de pessoas, o que é totalmente falso, até porque foi a maioria dos parlamentares que votou a favor do projeto.

Já estava tardando uma reação mais violenta às provocações dos bolsonaristas e esta aconteceu pela palma da mão do deputado Washington Quaquá (PT-RJ) que foi parar no rosto do extremista de direita Messias Donato (Republicanos-ES).

Não, não se trata aqui de apoiar ou justificar a atitude de Quaquá, mas lembrar que Donato o provocou. E sabe-se lá o que foi falado.

No ensino fundamental II é muito comum um aluno de repente bater em outro, aparentemente sem motivo algum, mas quase sempre se trata de uma reação a uma grave ofensa. A diferença é que deputados não são pré-adolescentes, mas sim, pessoas eleitas para representar o povo no Congresso Nacional. Por isso, a atitude de Quaquá deve ser criticada.

Donato, mais tarde, foi chorando ao plenário fazer aquele discursinho de que é homem de bem, cristão de família. Aproveitou bem o incidente para se fazer de vítima ao dizer que agora sente muito medo.

No Instagram, Quaquá postou vídeo de Donato chorando e chamou o colega de "fascista chorão". "Adora xingar e agredir os outros, mas não aguenta uma porrada", afirmou.

Se não aprendermos com quem estamos lidando, não saberemos combatê-los. E essa gente só aprenderá debaixo da vara da Justiça.

Às vezes parece que esquecemos que deputados e senadores bolsonaristas foram influenciadores da tentativa de golpe de 8 de janeiro e que ainda estão tentando aglutinar forças para novas investidas.

A CPMI perdeu uma grande oportunidade de indiciar esse pessoal, talvez por receio de cortar na própria carne. Se fossem indiciados, talvez a esta altura se comportassem melhor.

Infelizmente, apesar de Lula ter durante este ano demonstrado a diferença entre os dois governos, Jair Bolsonaro, inacreditavelmente, ainda possui um grande número de apoiadores.

O fato é que os bolsonaristas estão perdidos em seus discursos que não contém propostas para o Brasil nem argumentos para contrapor as medidas que o governo Lula tem tomado. A todo momento só sabem falar de aborto, dama do tráfico e ida de Flávio Dino ao Complexo da Maré.

Nesta semana chegaram à ousadia de tentar encaminhar um processo de impeachment da ministra da saúde, Nísia Trindade por ela ter faltado a uma convocação na comissão de saúde da Câmara, plenamente justificada pela reunião ministerial do presidente Lula. Lembrando que ela já atendeu a inúmeras convocações para falar sobre aborto, drogas e consequências malignas da vacina da Covid. Jamais a questionam sobre a eficiência do SUS, da farmácia popular ou de outras políticas. E ela sempre repete as mesmas coisas. O objetivo é claro: fazer com que os ministros percam seu precioso tempo para boicotar o governo.

Foram contrários a reforma tributária, mas não disseram o que colocariam nela ou dela tirariam porque não têm, repito, propostas.

Esperemos que o novo Procurador Geral da República, Paulo Gonet, comece a aceitar denúncias contra os nomes mais ligados ao fundamentalismo, às fake-news e ao golpismo para que possamos em curto espaço de tempo ver essa gente ser cassada e pagar pelos seus crimes na Papuda, Bangu 8 ou Colmeia.

Parece que agora vai.