Por Fernando Castilho
Esta semana ocorreu na Câmara dos Deputados em Brasília um episódio que evidencia de uma vez por todas como certos homens estão na realidade se sentindo inferiorizados, nem sempre pela maior capacidade das mulheres, mas muitas vezes por terem sua própria capacidade colocada em xeque.
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Imagem: internet |
Dos
tempos da juventude, guardo várias lembranças.
Eram
os anos de chumbo, mas também a época do paz e amor, dos Beatles e
dos Rolling Stones.
Ficava
difícil para um jovem, participante em certo grau do Movimento
Estudantil, ver tanta gente sendo presa e torturada e ao mesmo tempo
ouvir frases como ''faça amor, não faça a guerra'' ou ''all you
need is love''.
A
mim parecia que o Brasil estava na periferia do mundo, onde tudo
acontecia ao contrário.
Mas
se a ditadura nos impedia de pensar livremente, fazendo-nos crer que
tudo ia às mil maravilhas, vivíamos o milagre econômico, o Brasil
fora tri-campeão mundial, ''Brasil, Ame-o ou deixe-o'', etc., também
nós, o povo brasileiro acabávamos por nos tornar de certa forma,
cúmplices do regime, ao nos acomodarmos e nos conformarmos numa
situação.
Explico.
Na
TV eram inúmeras as piadas com gays, negros, mulheres, pobres e
portugueses, japoneses, etc..
Todo
mundo brincava com gays porque eles eram praticamente invisíveis
numa sociedade extremamente machista. Onde eles estavam? Escondidos,
confinados nos salões de cabeleireiros, nas oficinas de corte e
costura e nos balés. Ah, e nos quadros humorísticos dos programas
de TV, como por exemplo, Haroldo o hétero, personagem homossexual de
Chico Anísio, que tentava se tornar hétero, mas sempre dava suas
recaídas. Bastante conveniente.