Por Fernando Castilho
Essa fala mostra mais uma vez o quanto o Capitão Morte carrega de preconceitos contra a gente nordestina, além das mulheres, gays e negros
Jair Bolsonaro falou outra besteira nesta quinta-feira, durante sua live.
Ao falar sobre a revogação de decretos de luto oficial, errou o local de nascimento de Padre Cícero e, ao comentar com assessores, os chamou de “pau de arara”.
Essa fala mostra mais uma vez o quanto o Capitão Morte carrega de preconceitos contra a gente nordestina, além das mulheres, gays e negros.
Não acredito que ele tenha pensado em Lula durante a live porque ele fala muita coisa sem pensar. Aliás, pensar e ler não são seu forte.
Lula, assim como inúmeros nordestinos que desceram para as grandes cidades do sudeste e do sul, fugiram da seca e suas consequências, como a fome, a sede e a falta de perspectivas para melhorar de vida.
Mas ele não veio por iniciativa própria porque ainda era criança. Foram seus pais que migraram com toda a família para São Paulo.
Embora haja um número enorme de gente que conseguiu refazer sua vida e seu futuro, Lula foi o retirante mais bem sucedido da história do Brasil por que não só conseguiu se eleger presidente por dois mandatos, mas ainda por cima encerrou seu último governo com 83% de aprovação, um recorde que lhe confere o título de melhor presidente da história do Brasil desde que as pesquisas começaram a ser feitas.
O preconceito de Bolsonaro é enraizado, mas é lógico que ganha cores mais fortes depois que foi revelado que o Nordeste não vota nele de jeito nenhum. Aliás, ele também se referiu às mulheres como esquerdistas, movido pelo resultado das pesquisas que mostram que ele não tem eleitorado feminino.
Mas, voltando a Lula, ele profetizou, ainda quando estava sendo interrogado, que naquele momento o ex-juiz, ex-ministro e ex-consultor, Sergio Moro, o estava massacrando, mas que no futuro seria ele o massacrado. Não foram exatamente essas palavras, mas ele quis dizer que toda aquela perseguição contra ele, que seu advogado Cristiano Zanin, chamou de lawfare, um dia ia se voltar contra ele.
O que está acontecendo hoje com Moro não é perseguição, mas sim, a conta que lhe chega por atos determinados de ilegalidades cometidas e com provas suficientes para incriminá-lo. Mas, embora não se trate de perseguição, Lula estava certo.
Um procurador do TCU, Tribunal de Contas da União, percebeu sonegação de impostos quando Moro atuou como consultor da Alvarez & Marsal e vai propor investigação disso.
Logicamente, Moro, apressou-se em dizer que se trata de perseguição e abuso de poder contra ele por ser candidato a presidência.
Ora, não foi ele quem mandou prender Lula quando este estava em primeiro lugar nas pesquisas, baseado em absoluta falta de provas, destacando na sentença que a condenação se dava por atos indeterminados? Não seria isso abuso de poder?
Vejam que o procurador não mandou prender Moro para que depois fosse investigado como o ex-juiz propõem em seu projeto de excludente de ilicitude que permite que policiais militares atirem primeiro antes de perguntar.
É preciso que se lembre que Moro mandou a Polícia Federal conduzir Lula coercitivamente para inquérito sem que este jamais tivesse se recusado a fazê-lo.
O procurador não mandou colocar grampo ilegal na casa de Moro, como ele mandou fazer com Lula.
Desta vez até a Rede Globo, que vinha tentando aumentar os índices do ex-juiz, noticiaram a ação do procurador contra ele, sinal de que já está desembarcando desse projeto mal-sucedido de terceira via.
Quanto a Bolsonaro, continua e continuará fazendo a anticampanha que lhe garante 25% de eleitorado.