Por Fernando Castilho
Diz a lenda que um dos maiores enxadristas de todos os tempos, o grande mestre americano Bob Fischer, conseguia prever até 70 lances futuros. Se o adversário fosse realmente forte, não teria como escapar das jogadas previstas por ele.
O xadrez se caracteriza, entre outras coisas, por ser um dos
poucos jogos em que, para vencer, é preciso prever alguns lances adiante.
Diz a lenda que um dos maiores enxadristas de todos os
tempos, o grande mestre americano Bob Fischer, conseguia prever até 70 lances futuros. Se o
adversário fosse realmente forte, não teria como escapar das jogadas previstas
por ele.
Guardem isso porque voltarei depois a esse tema.
Gente, a diferença nas intenções de voto para presidente,
entre Lula e Bolsonaro baixou. Dependendo da pesquisa, isso é mais ou menos
evidente.
Na verdade, a campanha pra valer ainda não começou, mas,
para quem deseja ver esse governo pelas costas e inaugurar um novo ciclo
civilizatório, um sinalzinho amarelo começou a piscar.
Alguns fatores podem ter influenciado essa redução da
diferença, como o efeito Auxílio Brasil e a visita de Bolsonaro, um pária
mundial, a Putin, não importa qual o assunto tratado.
O maior fator que conduz o Brasil a um atraso em seu
desenvolvimento, apesar de todas nossas riquezas é, sem dúvida, a terrivelmente
perversa má distribuição de renda, o que causa um abismo entre as classes mais
favorecidas e os excluídos.
Quer gostem ou não dele, foi com os dois governos Lula que
esse abismo foi reconhecidamente reduzido. Lula havia prometido durante sua
campanha em 2002 que o pobre iria comer três refeições por dia se ele foi
eleito. E ele cumpriu.
Foi com Lula que cerca de 35 milhões de pessoas saíram da
linha da miséria e da pobreza, podendo comer mais e melhor e, por isso, movimentando
a economia.
Foi também com ele e com Dilma que vários outros programas
sociais levaram aos mais vulneráveis um estado de bem-estar social com
empregos, renda, alimentação, ensino técnico, saúde e moradia, principalmente.
Hoje temos um país parcialmente destruído onde nada mais
funciona. Se Bolsonaro não tivesse parado o Minha Casa Minha Vida, por exemplo,
poderíamos ter mitigado as tragédias das inundações na Bahia, Minas Gerais, São
Paulo e, agora, Petrópolis no Rio de Janeiro.
Não é preciso aqui fazer uma lista dos maufeitos do Capitão
Morte, pois quem acompanhou esses três anos, sabe de cor e salteado.
Para encurtar, é fundamental que esse governo tenha fim este
ano e que o próximo presidente inicie um processo de recuperação do país e o
coloque de novo nos trilhos do desenvolvimento e do processo civilizatório,
levando bem-estar aos menos favorecidos.
No momento, o único capaz de conduzir o país a isso é Lula,
até porque já fez isso anteriormente. Não precisa ser testado.
Agora, voltando ao xadrez.
Ainda no final do ano, Lula surpreendeu a todos propondo
Geraldo Alckmin na vice-presidência. Uns compreenderam e outros torceram o
nariz.
Sabemos o que Alckmin fez no verão passado e não nos
esqueceremos. Mas o que se passou pela cabeça de Lula?
Ele sabe que a boa vantagem que ele ainda tem pode ser
ilusória porque Bolsonaro, apesar de tudo o que fez de mal ao país, mantém
cerca de 30% de um eleitorado fiel e, com a máquina do governo nas mãos, pode
ampliar esse índice.
Lula sabe desde o ano passado que não ganha as eleições se
compor uma chapa puro-sangue, só com a esquerda. É fundamental que amplie o
espectro político. E é aí que entra Alckmin.
Além disso, como grande mestre do xadrez político, Lula, ao
mesmo tempo que utiliza Alckmin para ganhar mais votos, o tira da disputa pelo
governo de São Paulo, em que é favorito.
Desta forma, Fernando Haddad tem grandes chances de se
eleger governador de São Paulo!
Mas, e os lances futuros? Lula previu?
Ele tem plena consciência de que não viverá para sempre.
Aliás, ele só está entrando nessa disputa por amor ao país porque, talvez, por sua
vontade, iria curtir o descanso acompanhado de sua esposa.
Lula aposta na capacidade de Haddad em fazer um excelente
governo em São Paulo para se cacifar em 2026 para sua sucessão na presidência. Aí,
talvez, com uma chapa completa de esquerda.
Então, gente, é imprescindível que todos da esquerda
esqueçam suas opiniões sobre Alckmin e ajudem Lula em seu árduo trabalho de
buscar composições aqui e ali para que vença já no primeiro turno sem dar tempo
para que o Capitão Morte obtenha apoiadores de última hora, como Doria, Eduardo
Leite ou Moro. Ciro, mais uma vez, dificilmente apoiaria Lula no segundo turno,
preferindo ir novamente para Paris.
As peças estão sobre o tabuleiro e o grande mestre Lula
raciocina para prever os lances futuros.
Não fiquemos só na torcida ou alimentando sonhos ingênuos.
Vamos ajudá-lo!