Por Fernando Castilho
Se o massacre que se avizinha se concretizar, apesar de alguns esforços da ONU empreendidos para evitá-lo, será o passo decisivo para a solução final, algo que os judeus conhecem muito bem.
O
governo de Israel deu 24 horas para os palestinos do norte, em número de
aproximadamente 1,1 milhão de pessoas, se deslocarem para o sul para que o
exército possa fazer uma grande ofensiva no território desocupado. Enquanto
escrevo, já se passaram 12 horas.
Prever
o futuro é sempre temerário, pois muita coisa pode acontecer nesse intervalo,
mas as probabilidades apontam para um genocídio já que não há espaço para 1,1 milhão de pessoas ocuparem nem tempo suficiente para isso, ainda mais com falta de transporte e combustível. Esse ultimato é claramente uma hipocrisia.
O
ataque que o Hamas desferiu contra alvos civis israelenses motivando o
contra-ataque que agora Netanyahu promove contra todo o povo palestino que não
representa o grupo terrorista, deveria ter sido percebido pela inteligência das
forças de segurança, conhecida mundialmente pela sua tecnologia e eficiência,
afinal, quem nunca ouviu falar das proezas do Mossad, o serviço secreto de
Israel?
Mas,
estranhamente, o país foi pego de surpresa. Será que foi mesmo?
A
hipótese que não gostaria, mas é preciso trazer aqui por força das evidências
gritantes, é de que a inteligência tinha conhecimento das intenções do Hamas. Não
há como discordar disso.
É
totalmente repugnante imaginar que Netanyahu tenha sacrificado ao menos 260
pessoas que participavam de uma rave para justificar a contraofensiva que agora
está em curso e que pode se transformar num dos maiores massacres de pessoas
comuns e pobres do mundo. Mas, infelizmente, é o que parece.
O
primeiro-ministro, Netanyahu, já havia exposto na ONU um mapa em que
simplesmente a Cisjordânia e a Faixa de Gaza não aparecem e isso é muito
ilustrativo do que pode estar em curso neste momento.
Israel,
blindada pela opinião pública majoritária que confunde o povo palestino com o
Hamas, pelo preconceito contra um povo muito pobre e tido como desapegado pelo
amor à própria vida devido aos ataques promovidos por homens-bomba, o que fere
os valores cristãos, pelo apoio dos Estados Unidos, da Europa e da grande
imprensa mundial, enxerga a grande oportunidade de se livrar de vez do pouco
que sobrou do território palestino após 75 anos de uma política de violência, colonialismo
e de apartheid. Parece ser conveniente para o mundo que esse problema, enfim,
tenha uma solução.
Se
esse massacre se concretizar, apesar de alguns esforços da ONU empreendidos
para evitá-lo, será o passo decisivo para a solução final, algo que os judeus
conhecem muito bem.
Para
não se cometer injustiça com o povo judeu, há que se ressaltar que a maioria
não concorda com Netanyahu, preferindo uma solução pacífica para um conflito
que se originou por motivos religiosos e que evoluiu para a sandice que agora
está sendo praticada.
Esperamos
que, ao final das 24 horas, nada do que se prevê aconteça, que se crie um
ambiente para que a paz e a convivência sejam construídas e que este texto se
torne sem sentido.