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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

O relatório da CPMI poupará os parlamentares golpistas?

Por Fernando Castilho

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Estado


Pergunta-se: aqueles que estiveram ao lado do ex-presidente em todas as suas falas em que defendeu a ruptura institucional constarão do relatório?


A CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, caso não surja nenhum fato ou dado novo, deverá finalizar seus trabalhos em 17 de outubro com o relatório da senadora Eliziane Gama.

Espera-se que sejam indiciados todos aqueles envolvidos diretamente na tentativa de golpe como também os comandantes, os financiadores, os generais Braga Netto (este envolvido em um escândalo de enormes proporções que só agora começa a vir à tona) e Augusto Heleno, além do mentor principal da intentona, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Eliziane Gama deverá incluir outros militares golpistas que deverão ser presos, porém, como não há como indiciar todo o exército, na opinião deste articulista, a instituição deveria receber pelo menos uma moção de repúdio pela conivência e omissão, uma vez que permitiu de forma inédita e escandalosa os acampamentos golpistas em frente a seus quarteis.

Neste ponto pergunta-se: e aqueles que estiveram ao lado do ex-presidente em todas as suas falas em que defendeu a ruptura institucional? Serão também de alguma forma responsabilizados?

Vemos em todas as sessões da CPMI deputados e senadores bolsonaristas mentindo para tentar convencer a opinião pública de que os cerca de 4 mil vândalos violentos presentes na Praça dos Três Poderes naquele fatídico dia 8 eram velhinhas inofensivas com Bíblias na mão. Talvez tenha sido uma dessas Bíblias que, atirada em direção a Cabo Marcela da Polícia Militar do Distrito Federal, amassou seu capacete resistente até a balas. Fake news ao vivo!

O deputado Marco Feliciano chegou em uma das sessões a chamar o criminosos tenente-coronel Mauro Cid, então preso preventivamente, de herói nacional.

Outros parlamentares bolsonaristas elogiaram o general Dutra, envolvido até o pescoço, ao passo que tentaram apresentar pedido de prisão para o general Gonçalves Dias.

A tolerância com esses deputados e senadores tem que chegar ao fim. Já basta!

No relatório tem que constar pedido para o presidente da comissão enviar os nomes deles para a comissão de ética de suas respectivas casas legislativas. Eles foram corresponsáveis pela tentativa de golpe, pois insuflaram a população em suas redes sociais. Sabido e notório.

Parlamentares governistas que compõem a CPMI deveriam convocar o deputado federal André Fernandes para depor, já que está sendo investigado pela Polícia Federal por estar presente no dia da tentativa de golpe de 8 de janeiro, gravando vídeo e insuflando a tomada do poder por bolsonaristas. Outro que também deveria ser convocado é o senador Marcos do Val, também investigado pela PF por confessar ter tentado, dentro do enredo do golpe, grampear o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Além disso, outros personagens têm que ser no mínimo citados.

O empresário Luciano Hang e o ex-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, participaram ativamente da tentativa de golpe. Não esquecer de Valdemar Costa Netto, que chegou a colocar as urnas eletrônicas em dúvida e recebeu multa pesada por isso.

Outro que em suas redes sociais participou ativamente da desinformação enquanto atacava as urnas eletrônicas e o ministro do TSE, Alexandre de Moraes, foi o pastor Silas Malafaia.

Toda essa turma estava presente no palanque de Bolsonaro em 7 de setembro de 2021 quando ele tentou realmente um golpe, mas não conseguiu.

Esse relatório tem que ser duro para que fatos semelhantes nunca mais ocorram.

Que não poupe ninguém!


quinta-feira, 13 de julho de 2023

Após a CPMI, Mauro Cid ganhará mais uma medalha?

Por Fernando Castilho

Reprodução: redes sociais


Quando ouvia questões acerca da destruição de sua brilhante carreira no exército, havia um sutil esboço de sorriso em seus lábios. Cinismo?


Na última terça-feira, 11, o tenente-coronel Mauro Cid deveria depor na CPMI dos atos golpistas. Compareceu, mas não respondeu a nenhuma pergunta dos deputados e senadores, munido de um habeas-corpus da ministra do STF, Carmem Lúcia.

A deputada Jandira Feghali, à certa altura, decidiu testar Mauro Cid ao perguntar sua idade. Naturalmente, o habeas-corpus serviria apenas para que ele não respondesse a perguntas que pudessem incriminá-lo, mas esta certamente não o comprometeria em nada. Mesmo assim, ele se recusou a responder.

Ficou claro naquele momento que o militar estava ali apenas para fazer com que todos os parlamentares perdessem seu tempo. Mais, ficou flagrante o desrespeito com Carmem Lúcia, o STF e a própria CPMI.

Cid compareceu à sessão vestindo farda militar e ostentando diversas medalhas no peito, o que simbolizou para todos que o exército estaria reforçando seu apoio e apreço pelo depoente e demonstrando ser ele digno de ser chamado de herói. Afinal, militares conquistam medalhas por atos heroicos, não é mesmo?

Vale lembrar que o deputado Marco Feliciano chegou a chamar Mauro Cid, aquele que está sendo justamente investigado pela Polícia Federal por tramar o golpe de 8 de janeiro, de herói, vejam só.

Outro simbolismo que quem acompanhou com atenção o “depoimento” percebeu foram as expressões faciais utilizadas por Mauro Cid. Quando inquirido por parlamentares acerca das conversas telefônicas golpistas, o militar os encarava firmemente com olhos brilhantes e parecia até que pularia na garganta deles a qualquer momento. Tática militar? No entanto, quando ouvia questões acerca da destruição de sua brilhante carreira no exército, havia um sutil esboço de sorriso em seus lábios. Cinismo?

O pai de Mauro Cid é general com voz forte na caserna. Não ficará conformado em ver seu rebento, que estaria sendo preparado para um dia ser talvez comandante do exército, perder sua farda e suas medalhas.

O quase sorriso do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixa antever que ele não será punido pelo exército, talvez até pelo contrário.

Mauro Cid recebeu em apenas 19 dias, 71 visitas de militares e políticos. Um deles, o coronel Jean Lawand, investigado pela PF. Outros, pombos-correios de Bolsonaro, certamente, levaram a ele orientações dos advogados do ex-presidente.

Ouso, então, dizer que o tenente-coronel na verdade não se encontra preso num quartel do exército, mas sim, está hospedado como em um hotel, com direito a todas as regalias de quem não está sob o escrutínio da caserna.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes limitou as visitas, mas deveria enviar assessores ao quartel para verificar as condições da prisão de Mauro Cid.

Ouso, mais ainda, a dizer que o exército não abandonará o ex-ajudante de ordens e fará gestões junto a justiça para que ele seja inocentado (o que parece impossível) ou que pelo menos cumpra uma pena reduzida em prisão domiciliar.

Mauro Cid, após isso será reintegrado ao exército, receberá mais uma medalha da ala golpista e dará uma banana aos parlamentares que o inquiriram duramente na CPMI.