Por Fernando Castilho
Restou ao capitão fazer uma derradeira live para cometer mais um crime enquanto mandatário da nação. Declarou que as manifestações em frente aos quartéis são legítimas. Não são, pois constituem crime e ele é cúmplice e prevaricador.
Desde
o dia 30 de outubro bolsonaristas inconformados com a derrota de seu mito
genocida, preconceituoso, misógino e vagabundo, acampam em frente a quartéis
aguardando sinais para concretizar um golpe de estado.
Como
os sinais não vieram, passaram a tentar interpretar o silêncio de Bolsonaro
como uma senha para que não desistissem e prosseguissem, de forma que, a cada
72 horas de ultimato ao STF, seguiriam mais 72 horas e assim por diante.
Enquanto
isso, o capitão tentava desesperadamente convencer os comandantes das Forças
Armadas a romper com a democracia, mas estes julgaram a ação muito difícil,
trabalhosa e perigosa, afinal, estariam se contrapondo à vontade da maioria da
população que depositou seu voto em Lula. Jair se viu sozinho e sem forças.
Quando
os caminhões de mudanças começaram a retirar as tralhas do Palácio da Alvorada,
essa deveria ter sido a senha para que os bolsonaristas tomassem juízo e
voltassem para suas casas, mas os mais radicais não se atentaram a isso, se
impacientaram e incendiaram carros e prepararam bombas para explodirem e
matarem muita gente.
A
segunda senha foi o anúncio da viagem aos Estados Unidos. Se houvesse mesmo a
possibilidade de golpe, o ainda presidente ficaria no Brasil para comandar a
aventura. Mas nem isso souberam interpretar direito.
Restou
ao capitão fazer uma derradeira live para cometer mais um crime enquanto
mandatário da nação. Declarou que as manifestações em frente aos quartéis são
legítimas. Não são, pois constituem crime e ele é cúmplice e prevaricador.
Condenou
atos terroristas, talvez porque o bolsonarista preso por colocar uma bomba
junto a um caminhão de combustível declarou que agiu por influência dele, o que
pode implicá-lo como mentor.
Por
fim, como não poderia deixar de fazer, mentiu sobre o que Lula pretende fazer
com o PIX, aproveitando ainda para criticar a escolha dos novos ministros.
Segundo ele, o critério adotado por Lula foi o de empossar ministros com perfil
político, enquanto os seus eram técnicos, o que é outra mentira.
É
preciso lembrar que, ao embarcar para os Estados Unidos num avião da FAB, sem
agenda internacional, o capitão pode estar prevaricando por desvio de
finalidade. A ver.
Bolsonaro
tentou deixar o governo de maneira a deixar acesa a chama do não conformismo
com o resultado das eleições, mantendo seu cercadinho unido em torno dele, mas
o que conseguiu na realidade foi sair fechando uma porta que o impedirá de
voltar de cabeça erguida um dia.
Foi
incapaz de reconhecer a derrota, exibiu uma fraqueza que sempre escondeu sob o
disfarce de inbroxável, revelou-se mau perdedor e assumiu uma pequenez ainda
maior do que a que sempre o caracterizou, ao não passar a faixa a Lula.
Para
muitos acampados que perderam empregos e cônjuges por causa dele Bolsonaro não
passará de um traidor.
Para
outros ainda será preciso cair a ficha, mas a fuga para os Estados Unidos
revela um ser totalmente incapaz de liderar uma extrema-direita que acabou de emergir.
Enquanto
isso, Tarcísio de Freitas, o futuro governador do mais importante estado da
federação, começará a ocupar o vácuo deixado pelo seu criador podendo cultivar
a ambição de se cacifar para a presidência nas próximas eleições.
Lula
precisa fazer o melhor governo possível, sob pena de passarmos mais uma vez por
uma disputa extremamente difícil em 2026.
Um
feliz 2023 para todos que acreditaram na vitória da democracia e que acreditam
que o melhor que pode ser feito no próximo ano será feito.