Por Fernando Castilho
Não tenhamos dúvidas que no ninho voariam asas pra todos os lados, já que Aécio, ao que parece, já está definido para o lado bolsonarista
Não
é um xadrez como nós o conhecemos. É um xadrez político.
Lula
se movimenta em direção a FHC, um possível bispo utilíssimo na cruzada que
enfrentamos para profligar o tirano. Vai pedir para tentar convencer uma ala do
PSDB a vir para o lado de Lula já no primeiro turno das eleições. O ex-presidente
tucano lhe deve uma pelo apoio à sua candidatura ao Senado em 1978.
Com
a desistência de Doria à candidatura presidencial, os tucanos com asas direitas
mais robustas se assanham pelo apoio ao infame, já que ostentam DNA de centrão,
revelando o apetite que seus bicos têm por orçamentos secretos que podem ser
colocados em seus ninhos no ano que vem.
Mas
o PSDB, o velho PSDB pré-Aécio, pré-Doria e pré-Eduardo Leite, ainda possui em
seu viveiro tucanos com asas de tamanhos iguais ou até mais avantajadas do lado
esquerdo.
E
antes que migrem para territórios tebeteanos da terceira via, é preciso que seu
antigo líder, a ave de rapina mais velha, tente aglutinar o grupo para a causa
maior que é a vitória de Lula em primeiro turno, o que tornaria o discurso de
fraude nas urnas eletrônicas, vazio devido à diferença acachapante de votos
entre ele e o néscio que ora está no poder.
Não
há como saber se o príncipe topará a empreitada, visto que costuma diariamente
se plantar diante de um espelho para tentar enxergar ainda alguma exuberância
em sua plumagem, vaidoso que é. Deve vir negociação por aí.
Para
o moribundo PSDB, uma participação no governo poderia ser a oportunidade para a
fênix tucana renascer das cinzas. Seria fundamental neste momento religar sua
imagem à defesa da democracia contra tentações golpistas, já que este
substantivo faz parte de sua sigla.
Não
tenhamos dúvidas que no ninho voariam asas pra todos os lados, já que Aécio, ao
que parece, já está definido para o lado bolsonarista e, em caso de vitória de
Lula, o favorito dos mineiros ao Senado já começaria a fazer oposição no dia seguinte,
como fez com Dilma Rousseff, movimentando-se para mais uma vez dar um golpe.
Para
o lado do PT, seria interessante envolver no governo um partido historicamente opositor,
uma vez que os primeiros anos de Lula serão extremamente difíceis, sendo fundamental
que as cobranças sejam divididas entre todos os participantes.
Parece
que estamos diante de mais uma jogada inteligente de Lula que provavelmente não
agradará a todos que compõem a aliança. Dirão que Lula tucanou porque não
conseguem enxergar um horizonte mais distante que seus narizes. Esse possível
apoio se apresenta como importante e necessário neste momento para que se possa,
já em 3 de outubro, iniciar o combate à fome, ao desemprego e restaurar a
dignidade de uma nação que foi subtraída em pouco mais de três anos.
O
foco é a derrota do títere autoritário.
É
para isso que Lula pede união.
Só
falta combinar com FHC.