Por Fernando Castilho
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Estado |
Pergunta-se: aqueles que estiveram ao lado do ex-presidente em todas as suas falas em que defendeu a ruptura institucional constarão do relatório?
A
CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, caso não surja nenhum fato ou dado
novo, deverá finalizar seus trabalhos em 17 de outubro com o relatório da
senadora Eliziane Gama.
Espera-se
que sejam indiciados todos aqueles envolvidos diretamente na tentativa de golpe
como também os comandantes, os financiadores, os generais Braga Netto (este
envolvido em um escândalo de enormes proporções que só agora começa a vir à
tona) e Augusto Heleno, além do mentor principal da intentona, o ex-presidente
Jair Bolsonaro.
Eliziane
Gama deverá incluir outros militares golpistas que deverão ser presos, porém,
como não há como indiciar todo o exército, na opinião deste articulista, a
instituição deveria receber pelo menos uma moção de repúdio pela conivência e
omissão, uma vez que permitiu de forma inédita e escandalosa os acampamentos
golpistas em frente a seus quarteis.
Neste
ponto pergunta-se: e aqueles que estiveram ao lado do ex-presidente em todas as
suas falas em que defendeu a ruptura institucional? Serão também de alguma
forma responsabilizados?
Vemos
em todas as sessões da CPMI deputados e senadores bolsonaristas mentindo para
tentar convencer a opinião pública de que os cerca de 4 mil vândalos violentos
presentes na Praça dos Três Poderes naquele fatídico dia 8 eram velhinhas
inofensivas com Bíblias na mão. Talvez tenha sido uma dessas Bíblias que,
atirada em direção a Cabo Marcela da Polícia Militar do Distrito Federal,
amassou seu capacete resistente até a balas. Fake news ao vivo!
O
deputado Marco Feliciano chegou em uma das sessões a chamar o criminosos tenente-coronel
Mauro Cid, então preso preventivamente, de herói nacional.
Outros parlamentares bolsonaristas elogiaram o general Dutra, envolvido até o pescoço, ao passo que tentaram apresentar pedido de prisão para o general Gonçalves Dias.
A
tolerância com esses deputados e senadores tem que chegar ao fim. Já basta!
No
relatório tem que constar pedido para o presidente da comissão enviar os nomes
deles para a comissão de ética de suas respectivas casas legislativas. Eles
foram corresponsáveis pela tentativa de golpe, pois insuflaram a população em
suas redes sociais. Sabido e notório.
Parlamentares governistas que compõem a CPMI deveriam convocar o deputado federal André Fernandes para depor, já que está sendo investigado pela Polícia Federal por estar presente no dia da tentativa de golpe de 8 de janeiro, gravando vídeo e insuflando a tomada do poder por bolsonaristas. Outro que também deveria ser convocado é o senador Marcos do Val, também investigado pela PF por confessar ter tentado, dentro do enredo do golpe, grampear o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Além
disso, outros personagens têm que ser no mínimo citados.
O
empresário Luciano Hang e o ex-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, participaram
ativamente da tentativa de golpe. Não esquecer de Valdemar Costa Netto, que
chegou a colocar as urnas eletrônicas em dúvida e recebeu multa pesada por
isso.
Outro
que em suas redes sociais participou ativamente da desinformação enquanto
atacava as urnas eletrônicas e o ministro do TSE, Alexandre de Moraes, foi o
pastor Silas Malafaia.
Toda
essa turma estava presente no palanque de Bolsonaro em 7 de setembro de 2021
quando ele tentou realmente um golpe, mas não conseguiu.
Esse
relatório tem que ser duro para que fatos semelhantes nunca mais ocorram.
Que
não poupe ninguém!