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segunda-feira, 5 de junho de 2023

Que Brasil teríamos hoje se não existissem Moro e Tony Garcia?

Por Fernando Castilho

Foto: Tony Garcia e Sergio Moro - Twitter/Lula Marques

Talvez Bolsonaro ainda estivesse na Câmara praticando suas rachadinhas, tivéssemos uma extrema-direita ainda contida, um povo sem fome e um país perfilado entre as maiores economias do mundo.


O empresário e ex-deputado estadual, Tony Garcia, deu uma entrevista à TV 247 em que desnudou por completo a operação Lava Jato, o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Força-Tarefa de Curitiba.

Se considerarmos que falou a verdade – e ele afirma que tem provas sobre isso – chegamos ao fundo poço de nosso sistema judiciário subterrâneo onde não faltam orgias envolvendo desembargadores em hotéis de luxo em que a cumplicidade é que decide os rumos das grandes questões legais no país.

Tony Garcia disse que uma festa da cueca, como ele mesmo chama a orgia entre magistrados, teria sido filmada e utilizada durante muitos anos como instrumento de chantagem por Sergio Moro.

Quando estamos vivendo o presente, temos pela frente inúmeros caminhos que nos conduzirão a um dos possíveis futuros que teremos pela frente. Um caminho errado comprometerá nossa vida nos anos vindouros. Um caminho correto poderá nos proporcionar a tão desejada felicidade.

É interessante refletir sobre como isso, entre incontáveis cenários possíveis à época das manipulações de Moro, pode ter conduzido o Brasil ao estado em que se encontrava até o final de 2022.

Tony Garcia, na entrevista, chegou a pedir desculpas à Dilma Rousseff por ter sido ele um dos responsáveis pelo golpe que a derrubou, o que determinou uma nova linha do tempo que desembocou na eleição de Bolsonaro, na ascensão da extrema-direita, na quase destruição do país e no golpe desferido em 8 de janeiro, contido habilmente por Lula.

Na verdade, a coisa começou bem mais atrás, há cerca de 20 anos! Com um juiz que já tinha delineado em sua mente um projeto de poder a longo prazo.

Mais tarde, a ele se agregou o Ministério Público na figura dos procuradores da Lava-Jato, entre eles, Deltan Dallagnol.

A dupla Moro-Deltan foi aos poucos construindo com grande atrevimento o caminho que os conduziria ao poder. Moro tinha duas possíveis ambições: se eleger presidente do Brasil ou, como plano B, ser indicado a ministro do Supremo Tribunal Federal. Dallagnol queria dinheiro, muito dinheiro.

Para isso, foi preciso montar todo um esquema de prisões preventivas irregulares, delações premiadas, extorsões e chantagens para chegar ao momento-chave, a condenação e prisão de Lula, então favorito na eleição de 2018.

A condenação foi decretada, mesmo que sem provas e ratificada em tempo recorde pelos ministros do TRF-4. A se confirmarem as alegações de Tony Garcia, esses magistrados teriam sido chantageados por Moro para que seu objetivo fosse alcançado.

O resto já sabemos: Lula foi preso e afastado da corrida presidencial, Bolsonaro foi eleito e, pasmem, Sergio Moro foi alçado a ministro da Justiça e Segurança Pública, o que lhe abriria as portas para a possível sucessão de Bolsonaro ou uma indicação ao STF.

Como sabemos, o ex-presidente tinha o hábito de afastar qualquer um que pudesse ser uma ameaça a seu projeto de continuar no poder. Foi assim com João Doria, Henrique Mandetta e outros.

Moro percebeu que jamais seria indicado como sucessor do capitão, mesmo que esperasse 8 anos para isso. Melhor encurtar o caminho, deixando o governo e começando a trabalhar pela sua candidatura. Além disso, Bolsonaro já havia dado provas de que não o indicaria ao STF.

O ex-juiz, assim como Deltan Dallagnol, é mitômano. Os dois acreditam ser muito mais do que são. Agora mesmo, Deltan, imaginando que tem grande apoio da população, não conseguiu reunir mais que 100 pessoas num ato em São Paulo contra sua cassação como deputado federal.

Moro confiava firmemente que, lançando-se candidato a presidência, diante da incompetência de Bolsonaro à frente do executivo, se elegeria facilmente. Não deu.

O prêmio de consolação seria um cargo no Senado por São Paulo. Também não deu. Teve que se contentar com o Paraná mesmo.

Agora, diante das acusações de Tony Garcia, poderá ser preso. Fim de carreira e de suas ambições políticas.

Hoje, voltando atrás no tempo, imaginamos como seria nosso presente caso Moro e Tony não existissem e caso Dilma não tivesse sofrido um golpe.

Bolsonaro ainda estaria na Câmara faturando com suas rachadinhas, teríamos uma extrema-direita ainda contida, um povo sem fome e um país perfilado entre as maiores economias do mundo. Era essa nossa vocação! Talvez Lula nem precisasse disputar a presidência se elegendo pela terceira vez, preferindo curtir sua aposentadoria.

Talvez fossemos mais felizes hoje.

Ou não. Quem sabe?