Por Fernando Castilho
Já conseguimos recuar no tempo para quando o Universo era apenas um bebê recém-nascido, mas o calor extremo daqueles tempos iniciais nos impede de prosseguir na observação.
O super telescópio
espacial James Webb foi lançado no início do ano e já começa a mostrar serviço
através das maravilhosas fotos, principalmente do espaço profundo. Deposito
muita esperança em que ele possa ser nosso olho no Universo pronto, a enxergar
estrelas se formando ou morrendo, buracos negros e exoplanetas que possam
abrigar vida.
A formação
do Universo se iniciou com matéria extremamente concentrada num único ponto que
se expandiu em gigantesca velocidade há cerca de 13,8 bilhões de anos, num
fenômeno que a Ciência, de maneira tímida e hesitante, chama de Teoria do Big
Bang.
Por que a
timidez?
Cientistas
são extremamente cuidadosos para não cravar essa teoria como verdade antes que
se esgotem todas as outras possibilidades que possam vir a surgir para tentar
explicar o nascimento do Universo, afinal, há muito ciúme envolvido na
comunidade científica, mas, amparado pela Segunda Lei da Termodinâmica e a Entropia,
e, claro, estudos e cursos que minha curiosidade me obrigou a fazer, principalmente
os cursos online Do Big Bang à Energia Escura, (Universidade de Tóquio e
Astronomia e Astronáutica da Universidade Federal de Santa Catarina, posso
afirmar que o Big Bang é realmente a única explicação possível.
Isso não
quer dizer que sejam invalidadas teorias sobre o que existia antes do fenômeno
(embora, se o próprio tempo iniciou com o Big Bang, ele não poderia existir antes
com sinal negativo) ou se há outros universos paralelos coexistindo, nascendo
ou morrendo neste exato momento. Mas isso são coisas que talvez nunca venhamos
a saber.
Já
conseguimos recuar no tempo para quando o Universo era apenas um bebê recém-nascido,
mas o calor extremo daqueles tempos iniciais nos impede de prosseguir na
observação. Porém, a radiação cósmica de fundo em micro-ondas, resultante da época em que o Universo era extremamente quente e denso,
apenas 380 mil anos após o Big Bang, nos indica a certeza da
correção da teoria.
Embora já saibamos de muita coisa,
há algo que me inquieta demais por não encontrar respostas convincentes e,
muito menos, preocupação dos cientistas em explicar.
Edwin Hubble, o cientista que deu
nome ao histórico telescópio espacial anterior ao James Webb, observando as
estrelas, concluiu que o Universo está em expansão e, mais que isso, está em
expansão acelerada.
Essa conclusão veio da utilização
genial do Efeito Doppler. Quando uma estrela se afasta, seus comprimentos de
onda sofrem um desvio na direção espectral para o vermelho, fenômeno chamado
de redshift. Em contrapartida, quando uma estrela se aproxima, esse desvio
ocorre para o azul, o blueshift.
Ora, computando o número de estrelas que se afastam e o
número de estrelas que se aproximam, verifica-se facilmente que o primeiro caso
é muito maior que o segundo.
Hubble foi além, calculando essa velocidade de afastamento
das estrelas, chegando a 73,04
quilômetros por segundo por megaparsec e
concluiu que esse movimento é acelerado, ou seja, o Universo está se expandindo
de maneira acelerada.
Bem, já que o Universo se expande, para onde ele se expande,
se fora dele não há nada, nem espaço?
O que ele está forçando para aumentar seu volume?
O exemplo que costumo dar em minhas aulas para a expansão do
Universo e o consequente afastamento das estrelas e das galáxias é o clássico
exemplo do balão ou bexiga de ar.
Vamos colar algumas pequenas figuras numa bexiga vazia e
soprar. Quanto mais sopramos, mais a bexiga se enche e as figuras se afastam umas
das outras.
Porém, esse exemplo não explica totalmente essa inquietação,
já que quando a bexiga se enche, pressiona o ar em volta dela.
No caso do Universo não há ar nem nada a ser pressionado,
afinal, fora dele não pode existir nada.
Se o Universo é infinito, é lógico que ele estaria se
expandindo, até porque, em analogia com a Matemática, os números inteiros são
infinitos porque sempre podemos somar mais um ao último. Ou seja, sempre será
possível aumentar o Universo.
Sobre a teoria do Big Crunch que imagina que ele um dia cesse
sua expansão e comece a diminuir de tamanho até voltar ao ponto inicial,
pode-se dizer que contraria a Segunda Lei da Termodinâmica e a Entropia. Seria
como voltar ao passado, coisa que essa lei impede porque não se pode voltar do
caos à ordem. Seria o mesmo que fazer com que uma xícara que acabou de se
esfacelar no chão pudesse voltar à sua forma original.
Bem, são inquietações científicas e filosóficas que muito
provavelmente não verei serem respondidas neste curto período de vida.
E olha que nem falei da Energia e da Matéria Escuras.
Fica pra próxima.