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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Acredite: nossas instituições trabalham para manter o bolsonarismo vivo

Por Fernando Castilho


Imagem: A Queda dos Condenados - Peter Paul Rubens

Bolsonaro está inelegível por 8 anos, por isso, nossas instituições buscam alternativas capazes de substituí-lo para tentar vencer Lula em 2026

Quando Pablo Marçal começou a participar dos debates sem que seu partido, o PRTB tivesse pelo menos um membro eleito, estranhamos, pois o PCO também não tem e não pode participar.

Marçal, em todos esses encontros, agiu, não só como menino da 5ª série, como querem aqueles que procuram minimizar o fascismo, mas também como verdadeiro bandido chantagista. Nem por isso deixou de ser convidado e quase foi para o segundo turno. A grande mídia que estava testando Pablo como uma de suas possíveis escolhas para enfrentar a esquerda, acabou percebendo que a dose seria forte demais quando o coach apresentou um documento falsificado para atingir Boulos. Porém, o senador Ciro Nogueira, em entrevista, disse que o mais importante para ele é o Brasil, e que, por isso, vê com bons olhos Marçal candidato em 2026.

Há que se lembrar também das inúmeras oportunidades em que a Justiça Eleitoral teve para cassar Marçal e não o fez, preferindo torcer para que ele não se elegesse. Assim, transfere o problema para 2026.

O PGR Paulo Gonet decidiu aguardar o final das eleições para anunciar o indiciamento de Jair Bolsonaro para que a justiça não fosse acusada de interferência no pleito. Mas essa decisão possibilitou que o capitão colocasse seu peso para eleger Abílio Brunini em Cuiabá, o 5ª série da Câmara e reeleger Sebastião Melo, o maior responsável pela tragédia que abateu o Rio Grande do Sul. Com certeza, o povo dessas duas capitais viveria muito melhor sem eles. Então, daqui a quatro anos, ponham o insucesso dessas duas prefeituras na conta de Paulo Gonet. Nossa grande imprensa jamais criticou Gonet por essa decisão.

Em Fortaleza, André Fernandes, candidato de Bolsonaro cujos únicos feitos que guardamos na memória foram o de gravar um vídeo ensinando a depilar o ânus e sua participação efetiva na tentativa de golpe em 2022, foi para o 2º turno sem apresentar sequer uma proposta para a cidade. Sua pregação é essencialmente ideológica, mas o mantém como favorito. Caso Bolsonaro tivesse sido indiciado, a situação poderia ser outra.

Em São Paulo Ricardo Nunes poderia não ir para o 2º turno, já que havia uma espécie de empate técnico triplo entre ele, Marçal e Guilherme Boulos, com ligeira vantagem deste último. Mas Bolsonaro, na última hora resolveu fazer uma live jogando seu apoio em Nunes que agora está no 2º turno com Boulos.

Em menos de uma hora a chuva que caiu na sexta-feira (11) sobre São Paulo causou o caos, principalmente na rede de energia elétrica. Até ontem, ainda havia mais de 400 mil famílias sem energia. A concessionária Enel é a responsável pela manutenção da rede elétrica, mas a prefeitura responde pela poda e monitoramento das árvores que caíram sobre os fios. Porém, nossa grande imprensa decidiu poupar o prefeito Nunes criticando somente a Enel.

Ontem houve o primeiro debate do 2º turno na Band. Boulos partiu para cima de Nunes cobrando sua responsabilidade no caos de São Paulo. Hoje pela manhã colunistas dos principais jornais consideraram que Boulos foi agressivo demais e que isso aumentará sua rejeição.

Portanto, vejam, minhas amigas e meus amigos: nestas eleições municipais o desempenho da esquerda não foi dos melhores, não apenas por incompetência própria, mas muito mais porque as instituições e a grande mídia trabalharam para que a extrema direita conseguisse vitórias importantes pelo Brasil afora.

Isso fica muito evidente, não só pelos exemplos citados acima, mas por muitos outros que tornariam este texto longo demais.

Bolsonaro está inelegível por 8 anos, por isso, nossas instituições buscam alternativas capazes de substituí-lo para tentar vencer Lula em 2026. Mesmo que isso jogue o Brasil no mesmo triste futuro do qual escapou no final de 2022.


terça-feira, 1 de outubro de 2024

Marçal disparará sua bala de prata no debate da Globo?

Por Fernando Castilho

Imagem: Leco Viana, Leandro Chemelle e Gabriel Silva/Estadão Conteúdo


Quinta-feira próxima ocorrerá na Rede Globo o último debate dos candidatos à prefeitura de São Paulo.

Record, Band, SBT, Rede TV! Folha e Flow já promoveram seus debates, mas todos somados, não atingem a audiência do debate da Globo.

Por ser o derradeiro antes das eleições de domingo, aquilo que for falado por último, sem tempo para réplica ou tréplica, é o que ficará guardado na memória, principalmente, de quem ainda não se decidiu por um candidato ou não assistiu aos debates anteriores.

E é aí que mora o perigo.

Já vimos por várias vezes do que Pablo Marçal é capaz. E ele não vai passar em branco nesse debate.

Um áudio de Fabio Wajngarten já foi vazado. Nele, o ex-advogado de Bolsonaro dá uma singela dica a Marçal para atacar Ricardo Nunes na Globo: que ele pergunte ao atual prefeito se ele bate na mulher de mão aberta ou fechada.

Mas acho que no finalzinho do debate é mais possível que Marçal ataque Guilherme Boulos.

Sem tempo para mais nada e sem temer nenhuma punição possível, Marçal pode sacar uma folha de papel e afirmar que ali está a prova de Boulos ficou internado no Hospital do Servidor por conta de uma overdose de cocaína.

Embora processos possam se abertos contra o coach, ele já terá feito estrago e pode até ir para o segundo turno após esse golpe.

Sempre achamos que um candidato jamais chagaria a esse baixo nível, mas já vimos anteriormente do que ele é capaz.

É bom que as assessorias de Boulos e de Nunes já comecem a se precaver contra essa bala de prata.


domingo, 1 de setembro de 2024

7 de setembro terá encontro de escorpiões no carro de som.

Por Fernando Castilho



Havia dois escorpiões num galhinho que flutuava num rio.

O tempo passava e nada do galhinho aportar nas margens.

De repente, os dois escorpiões sentiram ferroadas ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo também, perguntaram um ao outro: por que me deste uma ferroada? Os dois, como num jogral, responderam: porque é da minha natureza.

Dia 7 de setembro haverá manifestação convocada por Silas Malafaia pelo impeachment e pela prisão de Alexandre de Moraes. Bolsonaro afirmou que ia; depois cancelou a ida; em seguida, cancelou o cancelamento.

Durante a semana, Malafaia e Pablo Marçal protagonizaram verdadeira batalha nas redes sociais. Um falou verdades para o outro. O outro falou verdades para o um. A sujeira é muito grande dos dois lados.

Ao ser indagado por Marçal se poderia comparecer, Bolsonaro disse que não via problema algum porque o evento seria suprapartidário. Portanto, Marçal vai.

Valdemar Costa Neto, o dono do PL de Bolsonaro, ficou uma fera porque seu candidato e, teoricamente, o do capitão à prefeitura de São Paulo, é Ricardo Nunes. Valdemar também já não vê sentido em pagar 60 mil reais de salário para o bozo, já que este não consegue emprestar prestígio aos candidatos do PL Brasil afora.

No carro de som, portanto, deverão estar Bolsonaro, Nunes, Marçal e Malafaia.

Já sabemos que, muito provavelmente, Bolsonaro ficará calado para não ser preso, afinal, pedir impeachment e prisão para ministro do STF é crime de obstrução de justiça.

A presença de Marçal no carro de som deverá levar milhares de pessoas pela pura curiosidade em saber qual será a polêmica que ele levantará. Ou qual será a mentira. E será a grande chance do coach para derrubar Nunes e fazer com que Bolsonaro traia Valdemar e passe para seu lado.

Aquele espaço no carro de som é o galhinho flutuando pelo rio. Só que nesse galhinho não há somente dois escorpiões.

7 de setembro será um dia de fortes emoções.


quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Pablo Marçal e a Geração Z

Por Fernando Castilho




A Geração Z é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles e vota em qualquer desqualificado que lacre nas redes sociais.


Ok, vamos falar um pouco sobre Pablo Marçal. Mas por outro prisma.

Marçal surge do desencanto e do desalento da chamada Geração Z, aquela que nasceu, com algumas variáveis, entre 1997 e 2012.

Quem nasceu em 1997, hoje está com 27 anos e quem nasceu em 2012, hoje está com 12 anos. Na média, portanto, 19 anos.

Ora, quem hoje está com 19 anos, com que idade estava ao fim do exitoso segundo governo Lula? Exatamente! 5 anos!

Com que idade estava ao fim do exitoso primeiro mandato de Dilma? Parabéns! 9 anos, apenas.

Mais tarde veio o segundo governo Dilma e as chamadas jornadas de junho de 2013, quando o pesadelo do golpe começou. Com que idade? Acertou novamente! 12 anos.

O golpe aconteceu em 2016 quando a média da geração Z estava com 15 anos apenas! Depois veio Temer e Bolsonaro, dois exemplos de desgoverno.

Portanto, essa é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles.

Mas, o que é a Geração Z?

É aquela que não acredita que estudando e se preparando para o mercado de trabalho, alcançará objetivos. São jovens desencantados e desalentados. Seus exemplos não são seus pais que se formaram e trabalham ganhando alguns milhares de reais por mês, mas sim, os famosos que fizeram muito dinheiro fácil sendo MCs ou influencers das redes sociais, por exemplo.

Captou? Por que Pablo Marçal subiu tanto nas pesquisas, quando nós, de outras gerações, achávamos que ele cairia após suas performances bizarras nos debates? Ora, porque os tais jovens desalentados que não conheceram governos sérios, preocupados em dar solução aos problemas da população em geral, não acham que um prefeito sério vai mudar alguma coisa em suas vidas. Vejam que Marçal não quis responder às perguntas de Tábata Amaral no último debate. Não precisava: seu público não está interessado em propostas de governo. Esses jovens se identificam com Marçal.

Mas calma. Eles são numerosos, mas não são a maioria. É possível que o coach da montanha tenha chegado a seu limite.

E se chegou ao seu limite, cometeu um erro gravíssimo, típico de paraquedistas na política: se queimou com Bolsonaro a quem poderia pedir apoio num possível segundo turno com Boulos. Mas isso somente na hipótese de que esteja realmente querendo se eleger.

A hipótese que formulo é a de que ele não quer se eleger prefeito. Não quer e não pode porque teria que trabalhar, enfrentar aquela chatice de receber e resolver demandas, algo muito diferente do que ser coach e lacrar nas redes sociais.

Talvez esteja disputando a prefeitura para aumentar o número de seus seguidores, pois, afinal, tudo se resume a ganhar dinheiro. Mas não só isso. Se sua votação for espantosa, mesmo não vencendo, pode roubar o capital político de Bolsonaro para 2026. Aí tudo se resumirá a ganhar dinheiro e poder, pois esse é o objetivo de todo megalomaníaco à la Elon Musk.

Lembrem-se: Pablo Marçal não está inelegível como o capitão. E é tão ou mais perigo quanto.