quarta-feira, 30 de março de 2022

Bolsonaro não privatizará a Petrobras!

Por Fernando Castilho 




Se a companhia for privatizada, não há dúvidas de que, sem nenhum controle estatal, os preços ficarão totalmente livres para subir à vontade dos acionistas, mas isso não livrará o governo de sua responsabilização


É sempre muito difícil decifrar não só as falas, mas também os atos do presidente Jair Bolsonaro. Mas vamos a mais uma tentativa.

Descontente por ser cobrado quanto ao aumento dos combustíveis, o capitão trocou o comando da Petrobras em 28 de maio de 2021. Saiu Roberto Castello Branco para entrar o General Silva e Luna.

Pronto, os problemas seriam, enfim, resolvidos. A gasolina, o diesel e o gás não subiriam mais de preço e o presidente poderia voltar a praticar jetski e a fazer campanha eleitoral antecipada com dinheiro público à vontade.

Mas Luna e Silva foi mais do mesmo. Com um salário de 223 mil reais por mês, foi informado pelo pessoal de carreira que deixar de aplicar os reajustes fere o estatuto da companhia e alterá-lo daria muita dor de cabeça, por isso, tratou de repassar todos os aumentos internacionais do barril tipo Brent para o povo brasileiro e desfrutar da vida.

Foi mais de um ano assim. E pelos ótimos serviços prestados aos acionistas, muitos deles estrangeiros, ainda recebeu um bônus de 1,3 milhão de reais.

Novamente cobrado pela população, Bolsonaro agora volta a terceirizar o problema trocando de novo o comando da empresa.

Agora entra em campo Adriano Pires, diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que assessora empresas e associações do setor de energia. Percebe-se, pela sua função, que uma raposa foi colocada para tomar conta do galinheiro, pois ele vai poder repassar informações privilegiadas às empresas que assessora. Na prática, a política de preços continuará a mesma, mas o capitão poderá falar que não é culpa dele, como sempre.

O argumento de Bolsonaro para nomear o consultor que é figurinha carimbada que frequentemente aparece no Jornal Nacional, onde costuma emitir suas opiniões sobre a política de preços da Petrobras, é de que, caso seja reeleito, ficará com o novo presidente da companhia a tarefa de privatizá-la. Os olhos de Adriano devem ter se arregalado e só viram cifrões à frente.

Essa ideia só reforça a enorme incapacidade do governo de administrar a  alta dos preços dos combustíveis. Ora, se eu não consigo resolver o problema, embora seja a autoridade máxima do país e tenha poder para isso, como não tenho a competência necessária para o cargo, a solução mais fácil é me livrar dessa dor de cabeça. Simples assim.

Esse discurso privatista agrada a muita gente que quer abocanhar seu quinhão no assalto aos cofres públicos que acontece nesse fim de feira, mas, ao contrário do que afirmam seus adeptos, é responsabilidade do governo nacional controlar os preços de áreas estratégicas que interferem diretamente na condição de vida da população, como os de energia e combustíveis.

Fala-se muito em incompetência da companhia e a própria mídia nos últimos anos tem se empenhado em incutir no imaginário das pessoas a ideia de que a estatal é uma bagunça onde todo mundo rouba. Porém, pesquisa Datafolha feita em maio de 2018 revelou que somente 30% dos brasileiros são contrários à privatização! É por isso que, segundo o Uol, Bolsonaro teme revelar publicamente sua intenção até as eleições.

A Petrobras possui tecnologia única para a extração de petróleo, como a desenvolvida em águas super profundas, como o pré-sal. Ela gera centenas de milhares de empregos e é uma das maiores financiadoras de projetos culturais no país. Grande parte dos valores gerados por ela retornam à União, Estado e Municípios em forma de royalties. Com a privatização, esses royalties serão enviados para o grande capital internacional.

Mas, e o grande problema do qual Bolsonaro quer se desvencilhar, os repasses de preços?

Se a companhia for privatizada, não há dúvidas de que, sem nenhum controle estatal, os preços ficarão totalmente livres para subir de acordo com a vontade dos acionistas, mas isso não livrará o governo de sua responsabilização.

Muita gente ganhará dinheiro enquanto o povo brasileiro  continuará a arcar com os aumentos abusivos.

Em que porta os caminhoneiros, motoristas de aplicativos e empresas de entregas baterão?

Na porta do governo. Mas o capitão, com a maior cara lavada depois de tê-la queimado pelo ministro Milton Ribeiro, dirá que não é sua responsabilidade!

O país, numa eventual greve de caminhoneiros, parará e caberá ao governo tão e somente a repressão do movimento, pois não poderá resolver o problema!

Vejam a irresponsabilidade de um homem que não tem a menor ideia do que seja governar!

Não costumamos atentar ao fato de que o preço do barril de petróleo tem seus períodos de alta, mas também de queda, como observamos no gráfico ao lado, porém, nas bombas, ele nunca cai. Isso precisa ser administrado, mas infelizmente não temos governo.

É preciso que se registre a postura contemplativa dos grandes veículos de imprensa diante da notícia da troca do comando da Petrobras. Não há uma análise sequer das consequências da privatização da companhia. Ninguém analisa, ninguém é contrário. E todos devem ser acionistas.

Estamos nas mãos de uma mídia cúmplice do maior roubo a que este país está sendo submetido e que só aumentará caso Bolsonaro seja reeleito.

Precisamos lutar para que não seja!

 

 

 

segunda-feira, 28 de março de 2022

Quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro

Por Fernando Castilho


Foto: Reprodução | Twitter


Governos costumam não dar muita atenção aos jovens. E muitas vezes são eles que os derrubam.

Durante a ditadura militar, a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a UNES (União Nacional dos Estudantes Secundaristas) tiveram grande protagonismo na organização da luta dos jovens contra a ditadura.

O senador e ex-presidente Collor de Mello deve ter pesadelos até hoje com os chamados caras-pintadas, rapazes e moças que saíam às ruas para protestar contra seu governo e que tiveram importantíssimo papel em sua queda.

Bolsonaro tem sido “controlado” nos últimos meses pelo centrão do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira para falar menos e não se envolver em polêmicas, já que precisa reduzir sua grande diferença para Lula nas pesquisas eleitorais.

Não há dúvida de que, desde 2019, o primeiro ano de seu mandato, o capitão vem sendo muito menos um presidente e muito mais um fantoche nas mãos dos filhos olavistas, principalmente Carlos, de Paulo Guedes, dos generais, dos evangélicos e, mais recentemente, do centrão. Bolsonaro só é autêntico quando fala alguma bobagem. No mais, ele é bolinha de tênis, como ficou demonstrado no caso da propina dos pastores do ministro Milton Ribeiro.

Mas desta vez não foi um de seus costumeiros rompantes autoritários que fez com que ele se insurgisse contra o evento musical Lollapalluza após a artista Pabllo Vittar ter descido até a plateia com uma bandeira com a estampa de Lula. Foram os advogados de seu PL (Partido Liberal) que entraram com ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por crime eleitoral, rapidamente aceita em parte pelo ministro Raúl Araújo, ao que tudo indica, simpatizante dele. A decisão é inconstitucional porque fere o art. 5º, inciso IV da Carta Magna, que diz: "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Deve ser derrubada em plenário, mas como o evento já terminou, ficará valendo seu aspecto simbólico.

Bolsonaro se esqueceu que jovens unidos por uma característica em comum, como o Lollapalluza, costumam reagir coletivamente. Além disso, a rebeldia, a transgressão e a necessidade de se expressar livremente fazem parte dessa fase da vida.

Se o capitão não tivesse tomado nenhuma atitude, o episódio da Pabllo poderia ter se configurado como uma manifestação isolada sem maiores consequências e esquecida no dia seguinte, mas seu perfil e de seu partido, marcados pelo autoritarismo os impede de raciocinarem friamente nessas horas e o resultado não poderia ser outro.

Grande parte dos artistas que se apresentaram se insurgiram contra a censura e puxaram o coro “Ei Bolsonaro, vai TNC!”

Como se não bastasse, Marcelo D2 do grupo Planet Hemp ainda puxou o clássico “Olê, olê, olê, olá, Lula”. E o povo correspondeu!

Qual o alcance dessa patuscada?

Milhares de jovens com idade entre 16 e 18 anos presentes, podem, enfim, ter se decidido a tirar o título de eleitor e votar em Lula, a antítese de Bolsonaro, seu novo inimigo. Além disso, temos que considerar os que já têm mais de 18 anos que também são inúmeros.

Não nos esqueçamos das famílias desses jovens e do alcance que os veículos de comunicação deram ao caso. O Brasil inteiro repercutiu.

Isso pode ser o início de uma reação do povo contra esse governo que já destruiu boa parte do país e de seu processo civilizatório.

Bolsonaro impôs sua marca, a da censura. 

E censura nunca é coisa boa, pois cala a boca já morreu, como disse Lulu Santos.

Censura é marca da ditadura.

Bolsonaro atiçou o formigueiro.

 

 

 


sábado, 26 de março de 2022

Torne o Nazismo Grande Novamente

Por Pepe Escobar




O alvo supremo é a mudança de regime na Rússia, a Ucrânia é apenas um peão no jogo – ou pior, uma mera bucha de canhão.

Todos os olhos estão postos em Mariupol. Na noite de quarta-feira (23), mais de 70% das áreas residenciais estavam sob controle das forças de Donetsk e da Rússia, enquanto os fuzileiros russos, o 107º batalhão de Donetsk e o checheno Spetsnaz, liderado pelo carismático Adam Delimkhanov, haviam entrado na instalação Azov-Stal – o QG do batalhão neonazista Azov.

Ao Azov foi enviado um ultimato: rendição até a meia-noite – ou então, um caminho sem prisioneiros ao inferno.

Isso implica uma grande mudança no campo de batalha ucraniano; Mariupol está finalmente prestes a ser completamente desnazificada – já que o contingente Azov esteve há muito tempo entrincheirado na cidade e usando civis como escudos humanos como sua força de combate mais endurecida.

Isto também significa que as 14 mil mortes em Donbass nos últimos 8 anos devem ser atribuídas diretamente aos Excepcionalistas. Quanto aos neo-nazis ucranianos de todas as linhagens, eles são tão dispensáveis como os “rebeldes moderados” na Síria, sejam eles da Al-Qaeda ou ligados ao Daesh. Aqueles que podem eventualmente sobreviver podem sempre se juntar a Neo-Nazi Inc., o remix espalhafatoso da Jihad Inc. dos anos 80 no Afeganistão. Eles serão devidamente “Kalibrados”.

Uma rápida recapitulação neonazista

Até agora, apenas os cérebros mortos em toda a OTAN – e há hordas deles – não estão cientes do Maidan em 2014. No entanto, poucos sabem que foi o então Ministro do Interior ucraniano Arsen Avakov, um ex-Prefeito de Kharkov, que deu luz verde para um grupo de 12 mil paramilitares se materializarem a partir dos hooligans de futebol da Sect 82 que apoiavam o Dínamo de Kiev. Esse foi o nascimento do batalhão Azov, em maio de 2014, liderado por Andriy Biletsky, conhecido como Führer Branco, e ex-líder da gangue neo-nazi Patriots da Ucrânia.

Junto com o agente ‘stay-behind’ da OTAN Dmitro Yarosh, Biletsky fundou o Pravy Sektor, financiado pelo padrinho da máfia ucraniana e bilionário judeu Ihor Kolomoysky (mais tarde o benfeitor da meta-conversão de Zelensky de comediante medíocre para presidente medíocre).

O Pravy Sektor foi, por acaso, raivosamente anti-UE – diga isso a Ursula von der Lugen – e politicamente obcecado em ligar a Europa Central e os Países Bálticos em um novo e  barulhento Intermarium. De modo crucial, o Pravy Sektor e outras quadrilhas nazistas foram devidamente treinadas por instrutores da OTAN.

Biletsky e Yarosh são, naturalmente, discípulos do notório colaborador nazista da Segunda Guerra Mundial, Stepan Bandera, para quem os ucranianos puros são proto-germânicos ou escandinavos, e os eslavos são uns ‘untermenschen’ (subumanos, em alemão).

O Azov acabou absorvendo quase todos os grupos neonazistas na Ucrânia e foram enviados para lutar contra Donbass – com seus acólitos ganhando mais dinheiro do que os soldados regulares. Biletsky e outro líder neonazista, Oleh Petrenko, foram eleitos para a Rada. O Führer Branco ficou sozinho. Petrenko decidiu apoiar o então presidente Poroshenko. Logo o batalhão Azov foi incorporado como Regimento Azov à Guarda Nacional Ucraniana.

Eles foram em um esforço de recrutamento de mercenários estrangeiros – com pessoas vindas da Europa Ocidental, Escandinávia e até mesmo da América do Sul.

Isso foi estritamente proibido pelos Acordos de Minsk garantidos pela França e pela Alemanha (e agora de fato extintos). O Azov montou campos de treinamento para adolescentes e logo chegou a 10 mil membros. Erik “Blackwater” Prince, em 2020, fez um acordo com os militares ucranianos que permitiria que seu grupo, renomeado para Academi, supervisionasse o Azov.

Foi nada mais nada menos que a sinistra distribuidora de biscoitos do Maidan Vicky “F**a a UE” Nuland que sugeriu a Zelensky – ambos, a propósito, judeus ucranianos – nomear o confesso nazista Yarosh como conselheiro do Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Ucranianas, Gen Valerii Zaluzhnyi. O alvo: organizar uma blitzkrieg sobre o Donbass e a Crimea – a mesma blitzkrieg que a SVR, a inteligência estrangeira russa, concluiu que seria lançada em 22 de fevereiro, impulsionando assim o lançamento da Operação Z.

Tudo isso, na verdade apenas uma rápida recapitulação, mostra que na Ucrânia não há nenhuma diferença entre os neonazistas brancos e os pardos da Al-Qaeda/ISIS/Daesh, tanto quanto os neonazistas são tão “cristãos” quanto os takfiri Salafi-jihadis são “muçulmanos”.

Quando Putin denunciou um “bando de neonazistas” no poder em Kiev, o comediante respondeu que isso era impossível porque ele era judeu. Bobagem. Zelensky e seu patrono Kolomoysky, para todos os efeitos práticos, são Sio-nazis.

Mesmo quando os ramos do governo dos Estados Unidos admitiram os neonazistas entrincheirados no aparelho de Kiev, a máquina excepcionalista fez desaparecer os bombardeios diários do Donbass durante 8 anos. Estas milhares de vítimas civis nunca existiram.

A grande mídia dos Estados Unidos chegou a aventurar-se na estranha peça ou reportagem sobre os neonazistas Azov e Aidar. Mas então uma narrativa neo-Orwelliana foi gravada em pedra: não há nazistas na Ucrânia. A CIA começou até a apagar registros sobre o treinamento de membros do Aidar. Recentemente uma rede de más notícias promoveu devidamente um vídeo de um comando do Azov treinado e armado pela OTAN – complementado com a iconografia nazista.

Por que a “desnazificação” faz sentido

A ideologia Banderanista remonta a quando esta parte da Ucrânia era de fato controlada pelo império austro-húngaro, o império russo e a Polônia. Stepan Bandera nasceu na Austro-Hungria em 1909, perto de Ivano-Frankovsk, no – então autônomo – Reino da Galiza.

A Primeira Guerra Mundial desmembrou os impérios europeus em pequenas entidades frequentemente não viáveis. Na Ucrânia ocidental – uma intersecção imperial – inevitavelmente levou à proliferação de ideologias extremamente intolerantes.

Os ideólogos banderanistas lucraram com a chegada dos nazistas em 1941 para tentar proclamar um território independente. Mas Berlim não apenas o bloqueou, mas os enviou para campos de concentração. Em 1944, embora os nazistas tenham mudado de tática: eles libertaram os banderanistas e os manipularam para o ódio anti-russo, criando assim uma força de desestabilização na URSS ucraniana.

Portanto, o nazismo não é exatamente o mesmo  dos fanáticos de Banderastão: eles são, de fato, ideologias concorrentes. O que aconteceu desde Maidan é que a CIA manteve um foco para incitar o ódio russo por quaisquer grupos marginais que ela pudesse instrumentalizar. Portanto, a Ucrânia não é um caso de “nacionalismo branco” – para dizer de forma branda – mas de nacionalismo ucraniano anti-russo, para todos os fins práticos manifestado através de saudações ao estilo nazista e símbolos do estilo nazista.

Assim, quando Putin e a liderança russa se referem ao nazismo ucraniano, isso pode não ser 100% correto, conceitualmente, mas soa um acorde em cada russo.

Os russos rejeitam visceralmente o nazismo – considerando que praticamente toda família russa tem pelo menos um antepassado morto durante a Grande Guerra Patriótica. Da perspectiva da psicologia da guerra, faz total sentido falar de “ukro-nazismo” ou, direto ao ponto, de uma campanha de “desnazificação”.

Como os anglos amavam os nazistas

O governo dos Estados Unidos liderando abertamente os neonazistas na Ucrânia dificilmente seria uma novidade, considerando como apoiou Hitler ao lado da Inglaterra em 1933 por razões de equilíbrio de poder.

Em 1933, Roosevelt emprestou a Hitler um bilhão de dólares de ouro, enquanto a Inglaterra lhe emprestou dois bilhões de dólares de ouro. Isso deve ser multiplicado 200 vezes para chegar aos valores atuais. Os anglo-americanos queriam construir a Alemanha como um baluarte contra a Rússia. Em 1941 Roosevelt escreveu a Hitler que se ele invadisse a Rússia, os EUA estariam do lado da Rússia, e escreveu a Stalin que se Stalin invadisse a Alemanha, os EUA apoiariam a Alemanha. Falemos sobre uma ilustração gráfica do equilíbrio de poder Mackindersiano.

Os britânicos tinham se preocupado muito com a ascensão do poder russo sob Stalin enquanto observavam que a Alemanha estava de joelhos com 50% de desemprego em 1933, se contarmos os alemães itinerantes não-registrados.

Até mesmo Lloyd George tinha dúvidas sobre o Tratado de Versalhes, enfraquecendo insuportavelmente a Alemanha após sua rendição na Primeira Guerra Mundial. O objetivo da Primeira Guerra Mundial, na visão de mundo de Lloyd George, era destruir juntos a Rússia e a Alemanha. A Alemanha estava ameaçando a Inglaterra com o Kaiser construindo uma frota para tomar conta dos oceanos, enquanto o Czar estava muito perto da Índia por conforto. Por um tempo a Britânia venceu – e continuou a governar as ondas.

Depois a construção da Alemanha para lutar contra a Rússia tornou-se a prioridade número um – completada com a reescrita da História. A união dos alemães austríacos e Alemães dos Sudetos com a Alemanha, por exemplo, foi totalmente aprovada pelos britânicos.

Mas depois veio o problema polonês. Quando a Alemanha invadiu a Polônia, a França e a Grã-Bretanha ficaram de lado. Isso colocou a Alemanha na fronteira da Rússia, e a Alemanha e a Rússia dividiram a Polônia. Era exatamente isso que a Grã-Bretanha e a França queriam. Os dois haviam prometido à Polônia que invadiriam a Alemanha do Ocidente enquanto a Polônia lutava contra a Alemanha do Oriente.

No final, os poloneses foram duplamente traídos. Churchill até elogiou a Rússia por invadir a Polônia. Hitler foi avisado pelo MI6 que a Inglaterra e a França não invadiriam a Polônia – como parte de seu plano para uma guerra germano-russa. Hitler tinha sido apoiado financeiramente desde os anos 20 pelo MI6 por suas palavras favoráveis sobre a Inglaterra no Mein Kampf. O MI6 de fato encorajou Hitler a invadir a Rússia.

Corte rápido para 2022, e aqui vamos nós de novo – como uma farsa, com os anglo-americanos “incentivando” a Alemanha sob o fraco Scholz a voltar a se unir militarmente, com 100 bilhões de euros (que os alemães não têm), e criando em tese uma força europeia renovada para mais tarde ir à guerra contra a Rússia.

Sugestões para a histeria russofóbica na mídia anglo-americana sobre a parceria estratégica Rússia-China. O medo anglo-americano mortal é Mackinder/Mahan/Spykman/Kissinger/Brzezinski, todos enrolados em um só: Rússia-China como gêmeos concorrentes assumem a massa terrestre eurasiática – a Iniciativa Cinturão e Rota encontra a Parceria da Grande Eurásia – e assim governam o planeta, com os EUA relegados ao status de ilha inconseqüente, tanto quanto a anterior “Rule Britannia”.

A Inglaterra, a França e mais tarde os americanos tinham impedido quando a Alemanha aspirava fazer o mesmo, controlando a Eurásia lado a lado com o Japão, desde o Canal da Mancha até o Pacífico. Agora é um jogo completamente diferente.

Portanto, a Ucrânia, com suas patéticas quadrilhas neonazistas, é apenas um peão – dispensável – no esforço desesperado para deter algo que está além do anátema, da perspectiva de Washington: uma Nova Rota da Seda totalmente pacífica entre alemães, russos e chineses.

A Russofobia, impressa maciçamente no DNA do Ocidente, nunca desapareceu realmente. Cultivada pelos britânicos desde Catarina, a Grande – e depois com o “The Great Game”. Pelos franceses desde Napoleão. Pelos alemães, porque o Exército Vermelho libertou Berlim. Pelos americanos porque Stalin forçou neles o traçado da Europa – e depois continuou e seguiu durante toda a Guerra Fria.

Estamos apenas nos estágios iniciais do impulso final do Império moribundo para tentar deter o fluxo da História. Eles estão sendo enganados, já estão sendo superados pelo poderio militar mais alto do mundo, e receberão o xeque-mate. Existencialmente, eles não estão equipados para matar o Urso – e isso dói. Cosmicamente.


Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 25 de março de 2022

Por que a Folha alertou Bolsonaro sobre possível crime eleitoral?

Por Fernando Castilho


Fotomontagem: Blog Sala de TV


O que se depreende da matéria da Folha é que o próprio jornal deve ter alertado a campanha sobre o crime eleitoral que estava prestes a acontecer no dia 27, mas esconde isso do leitor


Na manhã de quarta-feira, 23, a Folha de São Paulo publicou matéria em que relatou que os advogados do presidente Bolsonaro reformularam um evento grandioso de pré-candidatura, marcado para o próximo domingo, 27. Tudo estava sendo preparado e divulgado através de mensagens, sites e redes sociais.

Como a legislação eleitoral não permite eventos de lançamento de pré-candidaturas abertos ao público antes de 16 de agosto, o encontro foi alterado para uma grande campanha de filiação ao PL, partido do presidente.

A Folha não diz o porquê dos advogados da campanha de Bolsonaro irem, apressados, até ela para prestar contas dessa mudança.

O que se depreende é que o próprio jornal deve ter alertado a campanha sobre o crime eleitoral que estava prestes a acontecer no dia 27, mas esconde isso do leitor.

Quando a Folha procura a campanha do capitão e diz, olha, vocês estão prestes a incorrer em crime eleitoral, está, na verdade, favorecendo um criminoso em potencial e não colocando todas as outras campanhas em condições de igualdade.

Em sua defesa a Folha poderia alegar que é seu dever alertar todo e qualquer candidato sobre possíveis extrapolações dos limites da legislação eleitoral, mas duvido que faria o mesmo com a campanha de Lula.

O evento, ao que tudo indica pela matéria, foi ideia do filho 01, senador Flávio Bolsonaro que, pelo cargo que ocupa, deveria estar a par das leis. Além disso, os advogados da campanha deveriam ter conhecimento do desrespeito à essas mesmas leis.

O fato é que temos notado de uns 2 meses para cá, por parte da grande imprensa em geral, uma mudança de postura em relação à candidatura de Jair Bolsonaro. Antes, estava atenta a qualquer movimentação inadequada dele, mas agora, quase tudo que se configura em possível irregularidade ou manifestação fora da ética, passa desapercebido. Estão passando pano.

Isso ficou bem claro com a repercussão do áudio vazado do ministro da educação, Milton Ribeiro, publicado pela própria Folha. O fato de que o ministro tenha citado o presidente como a autoridade que pediu para que as verbas fossem direcionadas aos pastores, apesar de gravíssimo, não incomodou muito a imprensa. Tanto é que provavelmente o ministro poderá até cair, mas Bolsonaro será totalmente poupado.

Percebam que o destemor sobre uma possível punição é tanto que o capitão em sua live de quinta-feira última até chegou a afirmar que põe a cara no fogo pelo ministro Milton Ribeiro.

Sobre a legislação eleitoral que não permite campanha antecipada, constatamos que o capitão, quase todos os dias, tem viajado para inaugurar obras em vários estados que muitas vezes sequer saíram do papel ainda. Ele vai, inaugura a pedra fundamental de uma escola, e aproveita para aglomerar pessoas em seu entorno, fazendo campanha eleitoral com dinheiro público e dando um drible no TSE.

A máquina pública tem sido muito usada para tentar reverter sua situação desfavorável em relação a Lula que está em primeiro lugar nas pesquisas. E já há resultados.

Tanto se fala em possibilidade de fraudes nas eleições e o que vemos é nossa grande imprensa começando a fraudar meses antes do pleito.

Isso está acontecendo porque a candidatura de Sergio Moro, o preferido pela grande mídia que sonhava com uma terceira via, não decola.

A mídia, que está concentrada nas mãos de algumas poucas famílias que encaram seus veículos apenas como negócios empresariais, vem faturando alto com Bolsonaro, até porque ele é fonte diária de notícias polêmicas.

Além disso, os patrocinadores dos telejornais fazem pressão para que reduzam as notícias negativas contra o capitão.

Mais pra frente, partirão para o ataque contra Lula.

Quem viver verá.

 

 

 

 


terça-feira, 22 de março de 2022

A rachadinha do ministério da educação

Por Fernando Castilho


Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo


Será que a Folha teve uma tremenda sorte em conseguir a gravação do único caso de corrupção do governo ocorrido nos últimos meses que não foi possível ocultar?


O impoluto ministro da educação, Mílton Ribeiro, tinha caprichado no bigode esta manhã. Pegou a tesourinha e aparou alguns milímetros dos poucos fios que insistiam em sair do molde preciso.

Estava orgulhoso porque vinha se tornando nos últimos tempos, dentre todos os ministros de Bolsonaro, aquele que mais propagandeava os feitos do governo na área da educação. “O capitão há de se orgulhar de mim”, pensou, dando uma piscadela diante do espelho.

À porta o motorista do carro oficial já o aguardava com uma expressão fechada. Ele estranhou.

Bom dia!

- Bom dia, doutor.

- Quais são as novas?

- Bem, doutor, deixa que eu ligo o rádio do carro.

O apresentador do jornal narrava a bomba que a Folha havia divulgado sobre o escândalo do conteúdo do áudio vazado.

O ministro esmurrou o banco da frente.

Querem me foder?

 

O áudio é de uma gravidade gravíssima.

Fosse num país em que o processo civilizatório avança para a frente, Mílton Ribeiro mandaria o motorista desviar do caminho para se dirigir ao Alvorada para imediatamente pedir sua exoneração.

Mas ele, que vive num país chamado Brasil, confia em que não vai dar em nada. Aliás, foi devido à essa confiança na impunidade, que mandou qualquer escrúpulo às favas para cumprir a ordem de Bolsonaro: “foi um pedido especial do presidente”, havia dito ele na gravação. 

Há vários crimes demonstrados no áudio: improbidade administrativa, corrupção ativa, quebra do princípio da moralidade, etc. E há uma incógnita quando aparece a palavra apoio numa frase em que há uma palavra inaudível. Soa como se Ribeiro (e o capitão) recebessem uma rachadinha do valor desviado.

A bancada evangélica se apressou em condenar o ministro pedindo sua demissão, afinal, por que diabos (cruz credo) a bufunfa vai só pra dois pastores sem grande relevância enquanto eles não recebiam nada? Ou será que recebem, mas a hora é de tirar o corpo fora? Temos eleições pela frente e nenhum deles quer perder a boquinha da Câmara.

Os partidos de oposição entraram com notícia-crime contra Bolsonaro e Ribeiro.

O PGR, Augusto Aras estava aparando cuidadosamente a barba pela manhã quando foi indagado sobre quais providências tomar. Disse que ainda não foi acionado.

O fato, minha gente, é que o máximo que pode acontecer é Ribeiro pedir demissão ou Bolsonaro demiti-lo com aquele discurso de que seu governo é incorruptível.

A gravação, por si só, pode ser contestada no STF, sob a alegação de ser uma prova ilícita.

A Bolsonaro nada acontecerá por que poderá alegar que a simples citação de seu nome não é suficiente para incriminá-lo. Não há provas. Pessoalmente aposto que Ribeiro vai livrar a cara do presidente, afinal, não se pode dar mole pra milícias.

Aras vai abrir investigação?

Claro que não. Já teve fato mais grave ignorado solenemente pelo PGR.

Pedido de impeachment?

Arthur Lira deve estar rindo neste momento.

Será que a Folha teve uma tremenda sorte em conseguir a gravação do único caso de corrupção do governo ocorrido nos últimos meses que não foi possível ocultar?

Ou a corrupção grassa em todos os ministérios e secretarias,  não aparecem?

O que se afigura, na verdade, é que estão enchendo as burras para dividir o butim antes que sejam defenestrados do governo no próximo ano.

Afinal, essa turma não vai querer sair de mãos abanando.


domingo, 20 de março de 2022

De quem será a responsabilidade sobre uma terceira guerra mundial?

Por Fernando Castilho


Foto: Sergei SUPINSKY / AFP


Está comprovado que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é mesmo um bom ator e deveria cobrar cachê a cada aparição virtual


O conflito entre Rússia e Ucrânia já dura quase quatro semanas e algumas coisas interessantes que a mídia ocidental insiste em tentar manter submersas, longe do campo de visão das pessoas contrárias às guerras, começam a emergir à superfície desse mar agitado.

Está comprovado que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é mesmo um bom ator e deveria cobrar cachê a cada aparição virtual em reuniões da União Europeia, do parlamento alemão e em outros fóruns internacionais, onde todos os presentes se levantam e o aplaudem em pé. Só falta gritarem BRAVO! e pedirem bis. Aqui mesmo no Brasil, a senadora Eliziane Gama está em tratativas para lhe garantir um palco em nosso senado.

Mas se essa fosse a única característica do líder ucraniano, menos mal.

No domingo, 20 de março, Zelensky partiu para algumas ofensivas, no mínimo, preocupantes.

Nada menos que 11 partidos, a maioria de esquerda, que ele considera terem laços com a Rússia, tiveram suas atividades suspensas, numa atitude claramente ditatorial. Vale lembrar que partidos nazistas não foram incomodados.

Além disso, determinou que todas as emissoras de televisão se unifiquem numa única plataforma de comunicação estratégica que funcionará 24 horas por dia. Imaginem Globo, Record, SBT e Band tendo que abrir mão de suas programações normais para transmitir somente as notícias relativas ao front, numa hipotética guerra, interessantes a nosso presidente.

Claro que há, neste momento, uma lei marcial que impõe medidas duras neste período difícil, mas não há como esconder a personalidade autoritária do presidente, que se aproveita da comoção internacional que o conflito desperta, para ganhar notoriedade, se promover e tentar se tornar um dos principais atores mundiais.

Há ainda que se comentar a manifestação irresponsável de Zelensky ao afirmar que, se as negociações de paz com a Rússia falharem, há a possibilidade de uma terceira guerra mundial.

Ora, primeiro vamos considerar o que a Rússia exige para se retirar da Ucrânia.

Putin não deseja anexar o país ao seu, até porque, se isso for feito, a nova configuração do território vai colocar a Rússia mais próxima das vizinhanças dos países membros da OTAN.

A análise que alguns comentaristas fazem de que Putin quer reeditar a antiga União Soviética está mais para delírio do que possibilidade séria, pois a geopolítica e a atual configuração da Eurásia tornam a hipotética tarefa praticamente impossível, já que a maioria dos países que compunham o bloco já fazem parte da OTAN.

O que Moscou exige é que Zelensky assine um acordo de que não participará da aliança. Somado a isso, quer que ele reconheça a independência dos territórios separatistas de Donetsk e Luhansk, além de aceitar que a Criméia faz parte da Rússia.

Pelas recentes medidas, fica claro, porém, que ele insistirá em não assinar nenhum acordo, preferindo continuar a investir no armamento da população civil e dos mercenários, inclusive brasileiros, que para lá chegam todos os dias para enfrentar até a morte os preparados e super armados soldados russos. Agora nenhum homem com idade entre 18 e 65 anos pode sair do país, sendo obrigado a lutar como soldados. Vemos diariamente pela TV que os ucranianos já enfrentam terrível escassez de alimentos e muitos nem têm como fugir para outros países.

É preciso dizer que, ao contrário do que a imprensa ocidental vem dizendo todos os dias, não há como a Ucrânia vencer essa guerra diante do enorme poderio militar russo. Vimos o desempenho do famoso míssil hipersônico contra o qual não há defesa.

Portanto, é de se perguntar, se a estratégia de Zelensky é mesmo uma estratégia e se sua postura é de sensatez ou de crueldade contra seu próprio povo.

Para que um conflito de proporções mundiais ocorra, é necessário que a OTAN entre na guerra, mas, felizmente, apesar do empenho de Zelensky nesse sentido, a aliança vem dando demonstrações de que não vê a disposição de Putin como um blefe, preferindo distanciamento e cautela para não avançar o sinal.

A insistência para que Joe Biden envie caças à Ucrânia também parece não estar surtindo efeito, já que o presidente americano prefere que os outros batam cabeça enquanto seu país lucra com a venda de armas.

Biden tem se limitado a ofender Putin chamando-o de ditador sanguinário e criminoso de guerra. Moscou tem respondido com ameaças de ruptura, mas isso deve se limitar a apenas retórica.

Após tudo o que foi exposto, será que evitar a terceira guerra mundial está mais nas mãos de Zelensky ou nas de Putin?

 

 

 


sábado, 19 de março de 2022

O depoimento de Lucas Coelho sobre o transe geracional

Por Lucas Coelho




Sabe, sou de outra geração. Hoje com 40, em 2013, nos arrogantes 30, me peguei a querer entender política.

Geraçãozinha cu essa minha. Doutrinada pelo neoliberalismo paterno - no meu circulo - daqueles que fizeram dinheiro na ditadura.

Aí o choque: o empreendedorismo que me foi vendido não se sustentava como diziam. Muitos, eu entre eles, quebraram e se colocaram a culpar os que dissessem serem os culpados.

Nos achamos o máximo e marchamos de modo errático pelas ruas, gados hipsters, antes de ser modinha.

Um erro enorme. A educação que nos foi dada era enviezada, numa doutrinação que nada tinha de comunista.

Ficamos perdidos em meio ao mar de opiniões de nossa imatura imersão transitória pro universo digital das redes e opiniões inflamadas. Achávamos que tinha valor o que dizíamos. Daí as bolhas que nos fechamos.

Aos poucos, emergimos ou submergimos ao que nos era dito.

Por sorte, ou acaso, calhou de eu ser jornalista nesses tempos. Me envolvi com gente que minha mãe não gostava e achei que algo de errado não estava certo.

Tarde, é claro. Dos amigos de colégio, sofreguidão. Dos pares ideológicos, utopia que brilhava os olhos.

Dessa minha geração que hoje inunda as redes com opiniões irresponsáveis, salvam-se poucos ou nenhum.

Mas hoje somos o que chamamos de geração vigente, nos cargos relevantes para decisões relevantes pautadas em opiniões irrelevantes.

Eu, que sempre fui amigo do tempo, optei pelo caminho difícil: ouvir e pensar “mas e se?”.

Descobrimos um país paralelo que existe aqui ao lado, na rua, no boteco. Primeiro romantizamos e construímos longos textos compartilhados que nos inflou o ego.

Alguns, de tão inflados, foram alçados a comentaristas políticos.

Essa geração frágil, medrosa e infantilizada que é a minha, surgiu de boas intenções e nenhuma teoria.

Desembocou na próxima, que nem boas intenções promove como artigo de fé.

A gente fodeu o rolê. Fodeu bonito.

E serão poucos os que irão assumir responsabilidade por ter dado voz ao reflexo de nossa própria vaidade ignorante.

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente. Tentei chorar, mas ao contrário do Renato - hoje memeticamente ucraniano - consegui.

Resta pedir desculpas, ouvir a voz mais velhos e contar aos de menor idade.

Mas essa resignação também leva tempo.

 


A acertada decisão de Alexandre de Moraes

Por Fernando Castilho


Foto: Cristiano Mariz/Veja


Carlos Bolsonaro, o responsável pelo marketing de campanha do pai, apostava todas suas fichas em poder utilizar este ano milhares de robôs, chamados de bots, para disparar as mais constrangedoras e caluniosas notícias falsas contra Lula e, assim, reverter a desvantagem nas pesquisas de opinião.


Antes de tudo, segundo o dicionário Michaelis, censura é o exame de trabalhos artísticos ou de material de caráter informativo, a fim de filtrar e proibir o que é inconveniente, do ponto de vista ideológico ou moral.

Na quinta-feira, 17 de março, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, decidiu bloquear o aplicativo Telegram em todo o Brasil.

As reações do presidente Jair Bolsonaro, seus ministros e seus seguidores, foram imediatas. O capitão considerou a decisão como inadmissível.

Não poderia ser de outra forma, afinal, foi, principalmente, através das fake news divulgadas por compartilhamentos em massa pelo WhatsApp e demais redes sociais, que ele se elegeu presidente, além da condenação de Lula pelo ex-juiz Sergio Moro para afastá-lo das eleições.

Carlos Bolsonaro, o responsável pelo marketing de campanha do pai, apostava todas suas fichas em poder utilizar este ano milhares de robôs, chamados de bots, para disparar as mais constrangedoras e caluniosas notícias falsas contra Lula e, assim, reverter a desvantagem nas pesquisas de opinião.

É preciso lembrar que o Telegram, responsável por abrigar grupos de pedófilos, contrabandistas e todo aquele lixo que não encontraria guarida em outras redes, foi notificado a se comprometer em se enquadrar nas leis e normas eleitorais vigentes, mas não respondeu aos inúmeros e-mails enviados pelo TSE.

Como foi bloqueado e, de um dia para o outro perdeu milhões de usuários, o aplicativo apressou-se em pedir desculpas alegando que as notificações foram enviadas para endereço errado.

Mas, se a turma do Bolsonaro se revoltou contra o bloqueio, parte da esquerda não fez por menos.

Sob a alegação de que Alexandre de Moraes estaria promovendo a censura, muita gente fez coro com o capitão.

Como consta no primeiro parágrafo, não houve censura, mas bloqueio por desobediência às leis do país.

Outra alegação é que a liberdade de expressão, constante da Constituição, foi violada.

Liberdade de expressão é um conceito relativo. Ou acaso, divulgar mentiras para reeleger um presidente, ao mesmo tempo que se destrói uma reputação, é liberdade de expressão? 

Portanto, há muito equívoco sendo propagado nas redes sociais.

O que vai acontecer daqui pra frente?

O Telegram vai se adaptar às exigências do TSE, como as demais redes sociais, e voltará ao ar.

Desta forma, poderemos ter eleições mais limpas com a vitória de quem tiver melhores propostas para nosso sofrido povo e as expuser.

                                                                                                


quinta-feira, 17 de março de 2022

O mito da terceira via

Por Fernando Castilho




A última pesquisa Genial/Quaest mostrou Moro e Ciro, praticamente empatados em dois cenários, mas muito atrás de Bolsonaro, o segundo colocado. Parece que não decolarão mesmo.


Já muito se escreveu e se falou sobre a tal terceira via para as eleições presidenciais de 2022, mas gostaria de dar minha contribuição para esse debate.

Em primeiro lugar, sou taxativo: não existe a terceira via!

Por quê?

Vamos raciocinar. O termo surgiu porque nossa elite ficou desesperada por ter de escolher entre Bolsonaro e Lula. Acreditam que um está numa ponta e outro na outra. A isso a mídia deu o nome de polarização.

Mas será que ela existe de fato?

É certo e tranquilo que o capitão está realmente na ponta chamada de extrema-direita. Mas é um grande equívoco dizer que Lula está na outra ponta, ou seja, na extrema-esquerda.

Lula já governou o país por duas vezes e sua sucessora, Dilma Rousseff, por um mandato completo e outro interrompido pela metade devido ao golpe que sofreu. Em nenhum momento o ex-presidente assumiu posições que nos levaram ao socialismo e, muito menos, ao comunismo. Pelo contrário, enquanto, com seus programas sociais, tirava 35 milhões de pessoas da linha da miséria, conferia bem-estar à classe média e possibilidades de lucro à elite econômica do país. Ninguém saiu perdendo com Lula.

Então, o ex-presidente se situa no ponteiro da centro-esquerda.

Para reafirmar essa posição junto ao mercado, leva junto à tiracolo, o ex-governador e ex-tucano, Geraldo Alckmin, como seu vice.

Para se estabelecer a terceira via, ou seja, um meio-termo entre Bolsonaro e Lula, seria preciso um candidato não de centro, mas de direita!

Vamos analisar quais seriam os pretendentes a essa vaga.

Sergio Moro já demonstrou, por suas posições, principalmente em relação à segurança pública, como a excludente de ilicitude, entre outras posturas próximas ao fascismo, que se situa no mesmo lugar onde o ponteiro do espectro político aponta para Bolsonaro. Ele é um Bolsonaro com um pouco mais de verniz, embora fale também muita besteira. Além disso, já foi ministro do capitão por ter ideias parecidas.

Ciro Gomes se situa no mesmo lugar de Lula, a centro-esquerda, embora pessoalmente fale mais como direita. Poderia muito bem ser vice dele, mas a vaidade o impede.

Sobrou quem? João Doria? Este, durante a campanha de 2018 adotou o codinome de Bolsodoria, justamente por se confundir com o capitão.

Então fica demonstrado que não há terceira via.

A última pesquisa Genial/Quaest mostrou Moro e Ciro, praticamente empatados em dois cenários, mas muito atrás de Bolsonaro, o segundo colocado. Parece que não decolarão mesmo.

Se não decolarem, há possibilidade de desistência antes do primeiro turno?

Não há dúvida, pela personalidade, que Ciro não desiste de jeito nenhum, mas, na hipótese improvável de sua desistência, creio que, dos 7% que ostenta hoje, uns 5% poderiam ir para Lula, que ficaria com confortáveis 49%, podendo vencer já no primeiro turno.

Deputados do Podemos, partido de Moro, já deram um prazo para ele esboçar reação. Caso desista, poderá tentar uma vaga no Senado. Mas seus eleitores, para onde irão?

Essa é uma pergunta dificílima de responder, pois eles odeiam tanto Lula quanto Bolsonaro. Possivelmente, votariam em branco ou anulariam o voto, favorecendo Lula para vencer no primeiro turno devido à contagem dos votos válidos.

Agora que já se percebe que a terceira via não vai mesmo emplacar, aqueles que lançaram essa hipótese vão ter que se decidir por Lula ou por Bolsonaro.

Já há pelo menos um mês, o capitão se mantém mais quieto para evitar falar bobagens e a mídia parou de atacá-lo.

Isso sinaliza que a opção de nossa elite já é por Bolsonaro, embora haja dúvidas porque o capitão não conseguiu implementar a política neoliberal de Paulo Guedes na sua totalidade.

E é preciso por nesse tabuleiro a memória que ela tem dos tempos em que ganhava muito dinheiro durante os governos Lula.

Enquanto outubro não chega, vamos acompanhando o andar da carruagem, analisando os fatos novos que vão surgindo.

 


A culpa é da vítima?

Por Arialdo Pacello




Gosto muito de Filosofia, assim como, nas obras que tratam de Economia, aprecio as teorias que determinam a política econômica dos governos, com suas específicas regulamentações e ações supostamente planejadas e executadas com o propósito de viabilizar as atividades laborais e as transações mercantis, industriais e financeiras em seus países, na condição de nações politicamente organizadas, soberanas. Entretanto, analisando os fatos ocorridos conforme a nossa realidade, vejo que os que são considerados “pais” do capitalismo, Adam Smith, p.ex., e do neoliberalismo, tais como Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, da Escola Austríaca, e Milton Friedman, da Escola de Chicago, não passam de teóricos do imaginário.

Acredito que Adam Smith foi um sonhador honesto e bem-intencionado, mas errático. Quanto aos outros três, tudo indica que seus principais objetivos eram combater as teorias de Karl Marx e Engels; combater a formação de estados cujos sistemas econômicos estejam voltados à prática de justiça social, além de patrocinar empresários gananciosos e exploradores. No Brasil, atualmente, eles são representados pelo banqueiro Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro, e pelos demais banqueiros que dominam as principais instituições públicas brasileiras.

Não tenho a menor dúvida sobre o fato de que o Brasil vem sendo governado pelas elites bilionárias. São latifundiários e grileiros tais como Ronaldo Caiado e Tereza Cristina. Existem também os mais abonados empresários membros da FIESP/CNI, de Paulo Skaf. Os que exercem maior influência nas decisões governamentais sobre a Economia são, provavelmente, os banqueiros da FEBRABAN, que cobram os juros e taxas mais criminosos do planeta e arruínam a vida de milhões de pequenos empresários e dezenas de milhões de famílias. O lado "espiritual" do governo brasileiro fica sob a responsabilidade de falsos bispos neopentecostais, elementos como Edir Macedo, Silas Malafaia, Valdemiro Santiago, entre outros que se enriqueceram à custa de enganar fiéis, gente ingênua, muitos até bem-intencionados; outros nem tanto, estes são, em muitos casos, pessoas exploradas tentando aprender como se tornar explorador do seu semelhante.

Parte dos militares agaloados, muito especialmente aqueles que estão faturando um extra nos gabinetes do governo, mancomunados com Jair Bolsonaro, demonstra satisfação pela atual situação político-econômica vigente no Brasil, em que o povo trabalhador, no momento uma massa de desempregados, sente-se aviltado, desonrado. Essa gente poderosa que está mamando nas tetas estatais é muito ignorante ou tão mal-intencionada quanto parte dos congressistas. Não quero generalizar, pois não sei o que pensam os militares que estão fora do governo, mas o “bloco” governamental está mais "preocupado" em acabar com uma suposta "ameaça comunista” (o que certamente não ocorre no Brasil) do que combater sonegadores, corruptos e grileiros.

Quando perdem nas urnas promovem golpes, como aconteceu em 1964 (contra Jango) e em 2016 (contra Dilma e contra Lula). Em 2016, o Congresso era liderado por Eduardo Cunha (falso evangélico), possivelmente o mais corrupto parlamentar da história brasileira. E tudo foi forjado para eleger o pior presidente do Brasil em todos os tempos – Jair Bolsonaro – o mais ignorante, o mais despótico, o mais desastrado!

O Parlamento Brasileiro conta com significativa participação de representantes de latifundiários, de grileiros, de banqueiros criminosos, gente detentora de fortunas que, em muitos casos, resultam de falcatruas engendradas em conluio com gente do governo, portanto, em geral, são obtidas de forma ilícita e depositadas em paraísos fiscais, a fim de sonegar impostos, como os próprios falsos patriotas às vezes são obrigados a confessar. Bem representados também estão os pseudo-evangélicos.

Muitas “autoridades” brasileiras (não se sabe ao certo quantas), algumas na condição de membros do gabinete do atual governo central, mantêm fortunas depositadas em paraísos fiscais. O atual ministro da Economia, Paulo Guedes (banqueiro privado) e o atual Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles (banqueiro privado, ex-diretor do Bank of Boston) – são (maus) exemplos de como o Brasil está envolvido com a sonegação de impostos.

Não é mera coincidência o Brasil ter um Parlamento com a força de uma Bancada Ruralista (na verdade, deveria chamar-se Bancada dos Latifundiários e Grileiros); não é mera coincidência o Brasil ter uma bem fortalecida Bancada Evangélica (na verdade, deveria chamar-se Bancada dos Falsos Pastores Milionários e Sonegadores).

O mundo inteiro sabe que o Brasil está entre os cinco países mais injustos, desiguais e perversos do Planeta. As causas são óbvias: injustiça tributária, sonegação de impostos, cujas alíquotas são altas para quem ganha pouco e baixas para quem ganha muito. Aqui se pratica isenções de imposto injustificáveis e tantos outros privilégios aos ricos, que gozam da mais escancarada impunidade.

O art. 153 da Constituição do Brasil de 1988 prevê, entre outros tributos da competência da União, o Imposto sobre Grandes Fortunas. Ora, 34 anos são passados, e até agora tal imposto não foi regulamentado. Sequer entra na pauta dos projetos a serem discutidos.

Vários países já colocaram em prática tal imposto: Alemanha, Dinamarca, Áustria, Noruega, Islândia, Suécia, Suíça, Holanda, Argentina, Uruguai e Colômbia. Na França, o governo Emmanuel Macron revogou esse imposto em 2017 (aqui no Brasil não poderá ser revogado, simplesmente porque o que ocorre aqui é taxa mais alta para assalariados e mais baixas para os detentores de grande fortunas). Mas a França cobra altas alíquotas sobre heranças, ganhos de capital e renda. O que não acontece no Brasil e nunca acontecerá com o país sob a gestão de governos vira-latas. Sobre as fortunas dessa gente privilegiada deveria incidir uma alíquota que signifique reforço aos cofres públicos para investir em educação, saúde e segurança públicas.

A alegação dos países que não cobram tal imposto é o receio da “fuga de capitais” para outros países, em especial para os paraísos fiscais. Esse é um dos graves problemas do capitalismo neoliberal, que não só tolera como apoia os mecanismos institucionalizados de sonegação. Ou seja, o mundo atual, do neoliberalismo, está baseado na ganância, no lucro, na sonegação. Adam Smith, se voltasse hoje, iria envergonhar-se de suas teses que tentam fundamentar o capitalismo como o conhecemos. A maior parte delas são verdadeiros fracassos. O capitalismo está baseado no egoísmo e na ganância, que leva à injustiça e à desigualdade.

Não me preocupo tanto com a taxação das grandes fortunas, apesar de ser totalmente favorável a que ela seja instituída em nosso País. Porém, minha maior preocupação nesse sentido é com a imensa diferença entre o Brasil e as demais nações desenvolvidas, em se tratando de imposto sobre herança, imposto sobre ganhos de capital (dividendos) e o imposto sobre a renda de pessoas físicas, com as cobranças relativamente pequenas (ínfimas) para os que dispõem de grande fortunas e muito alta para os níveis salariais de trabalhadores brasileiros.

É certo que o Brasil é um dos países que mais cobram impostos. Só que o Brasil cobra dos pobres e da classe média, através de altíssimos impostos indiretos sobre o consumo. Os ricos, os milionários, os banqueiros, os latifundiários, os falsos pastores neopentecostais, ou não, pagam impostos sob alíquotas ridículas, eles são praticamente isentos; por isso mesmo, conseguem acumular e aumentar suas fortunas pessoais constantemente – e não são molestados.

Vejamos, em primeiro lugar, o insignificante imposto brasileiro sobre herança, que nos envergonha como Nação e deveria envergonhar o nosso Parlamento, em que se aboletam meros representantes das elites dominantes.

Imposto Sobre Herança: No Reino Unido, a alíquota é de 40,00%, na França 32,50%, nos Estados Unidos, 29,00%, na Alemanha, 28,50%, na Suíça 25,00%, no Japão, 24,00%, já no Brasil o tributo é de apenas 3,86%.

A respeito do imposto sobre herança, há um fato interessante ocorrido na Inglaterra, que ironicamente é o berço do capitalismo: “Em 31 de agosto de 1997, há mais de 20 anos, Diana, a Princesa de Gales, faleceu em trágico acidente de trânsito. Além de inúmeros admiradores, deixou também seus dois filhos ainda adolescentes, os príncipes William e Harry, que se tornaram os herdeiros diretos de sua grande fortuna. Na época, a revista Time colocava a princesa na lista de mulheres mais ricas do Reino Unido. De acordo com a publicação, ela teria obtido grande parte desse dinheiro por consequência do acordo de divórcio com Charles e uma possível herança de seu pai. O valor era de quase 13 milhões de libras. No entanto, ele foi reduzido após a cobrança de impostos e chegou aos 8,5 milhões de libras, que valem, hoje, quase 56 milhões de reais.” Ou seja, a Inglaterra cobrou 4,5 milhões de libras em imposto, cerca de R$ 30 milhões. Acontece que a alíquota máxima do imposto sobre herança é de 40% na Inglaterra, enquanto no Brasil cobra-se, em média, apenas 4%. Não sou favorável que se cobre imposto sobre heranças de patrimônios, digamos até R$ 1 milhão. A alíquota, nesses casos, poderia ser dos atuais 3% ou 4%. Mas, a partir disso, deveria haver um imposto progressivo, até atingir 40%, como na Inglaterra!

Sobre a fortuna da princesa Diana (13 milhões de libras = R$ 87 milhões), tal valor nominal seria pequeno, se comparado ao que poderia acontecer com as fortunas dos mega milionários brasileiros. Só para citar um exemplo: a avaliação mais baixa da fortuna do bispo Macedo é de R$ 2 bilhões, 300 milhões de libras esterlinas! Ou seja, mais de 20 vezes a fortuna da princesa Diana! A revista Forbes, por sua vez, diz que o bispo tem patrimônio de R$ 5 bilhões!

Qual será a fortuna, por exemplo, do presidente do Banco Itaú? A CVM – Comissão de Valores Mobiliários informa que ele ganha R$ 50 milhões por ano (R$ 4,16 milhões por mês). Isso, oficialmente. Sabe-se lá qual é a sua renda real! Procurem saber quanto esse cidadão paga de impostos. Com absoluta certeza, muito menos, proporcionalmente, do que um professor universitário, cujo salário varia de R$ 4.000,00 a R$ 7.000,00 por mês. Dizem que a média é de R$ 4.900,00. (800 vezes menos que a renda do presidente do Itaú!). Isso significa que um professor universitário precisaria trabalhar 70 anos para conseguir o que o presidente do Banco Itaú ganha num só mês! Um verdadeiro absurdo! Um opróbrio. Uma ignomínia. Esse é neoliberalismo!)

Já nem vou falar da fortuna dos outros bilionários brasileiros relacionados pela Forbes!

Comparativo de alíquotas de imposto sobre dividendos (pessoa física) e imposto sobre a renda (pessoa física) do Brasil com outros países:

Imposto sobre ganhos de capital (dividendos), pessoas físicas: no Brasil esse imposto é 0,0%. Isto mesmo: zero por cento. Na Dinamarca é de 42,00%, na França de 38,50%, no Canadá é de 31,70%, na Alemanha é de 26,40%, na Bélgica é de 25,0%, nos Estados Unidos, é de 21,20%. No Brasil esse imposto tem alíquota “0”, isso mesmo, ZERO! Era de 15% até 1995, mas foi zerada no governo de Fernando Henrique Cardoso, o FHC, a partir daquele ano. O Brasil é o ÚNICO país, em todo o mundo, que não cobra esse imposto.

Imposto sobre a renda, alíquotas máximas (pessoas físicas): Áustria, 50%; Bélgica, 53,70%; Chile, 40%; EUA, 40%; Dinamarca, 55,60%; Finlândia, 51,50%; Holanda, 52%; Itália, 47,90; Reino Unido, 45%; Israel, 50% Suécia, 56,90; Brasil, 27%.

CONCLUSÃO: O Brasil precisa fazer uma urgente e verdadeira reforma tributária. Chega de mentiras e de engodo. Entretanto, isso só será possível com um Parlamento honesto, digno, forte, soberano, que realmente represente o povo, e não apenas as classes dominantes. Portanto, precisamos ter muito cuidado nas eleições, pois creio que as forças de Belzebu tentarão novamente enganar os eleitores menos esclarecidos, com suas estratégias diabólicas e muito dinheiro público para comprar consciências na política e na mídia encarregada de maquiar as más intenções deste governo, fazendo a população acreditar que a culpa das desgraças que assolam o nosso País é dela própria, ou, pior: isentando o ápice da pirâmide social, e botando a culpa nas classes mais chegadas à base da pirâmide, ou seja, a culpa é da vítima.


Arialdo Pacello é advogado e servidor público aposentado do Banco do Brasil.

 


quarta-feira, 16 de março de 2022

Nossa inércia diante dos preços dos combustíveis

Por Fernando Castilho




Por que os entrevistados pelos grandes grupos de mídia são sempre contrários à interferência na política de preços da Petrobras?


Agora virou moda. Todos os colunistas e economistas entrevistados vão comentar sobre a alta dos combustíveis, mas sempre defendendo a política de preços atualmente praticada pela Petrobras que os reajusta automaticamente assim que eles sobem lá fora.

Eu havia perguntado nas redes sociais, se essas pessoas abastecem seus carros de graça ou se são acionistas da empresa.

Ontem, no Uol, o ex-presidente do Banco Central nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, Gustavo Loyola, numa entrevista, firmou sua posição contra subsídios para a gasolina e condenou a interferência na política de preços da Petrobras.

Muito bem, concordo com ele na questão dos subsídios.

Realmente, subsidiar a gasolina com dinheiro público significa, na prática, injetar recursos advindos dos impostos que todos pagam, principalmente os mais pobres. Desta forma, serão, na maioria, os mais necessitados, aqueles que utilizam transporte público, que ajudaram os proprietários de carro a encher seu tanque. E isso não seria justo.

Agora, por que ele defende a não interferência na política de preços?

Antes de mais nada, vamos lembrar que Dilma Rousseff praticou essa interferência, segurando os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha e isso foi absolutamente necessário durante o período em que os preços internacionais não paravam de subir. Afinal, para que serve uma empresa como a Petrobras, que detém, 28,7% do capital da empresa, se não pode cumprir também sua função social?

Gustavo Loyola afirma que, se segurarmos os preços dos combustíveis, uma hora teremos que liberá-los de uma só vez com um impacto enorme.

É verdade, mas uma meia verdade.

Os preços internacionais dos barris Brent não sobem ad eternum. Na realidade, eles também baixam, como neste momento. É justamente durante os períodos de baixa que o governo pode compensar as perdas da companhia que foram acumuladas durante os períodos de alta.

Mas por que, na verdade, Loyola se posiciona dessa forma? Será porque é um patriota que se preocupa com a economia de seu país?

Loyola é hoje presidente da Tendências Consultoria e, como tal,  oferece, segundo seu site, análises e projeções confiáveis, baseadas na neutralidade, independência e rigor técnico, que ajudam a compreender as questões econômicas e as especificidades dos setores, permitindo identificar oportunidades de negócios e investimentos. 

A Tendência Consultoria possui uma carteira de clientes, muitos dos quais, são acionistas da Petrobras. E não duvido que Gustavo Loyola também seja.

Portanto, as opiniões de economistas como ele, com o perdão do trocadilho, serão sempre tendenciosas.

Mas por que os entrevistados pelos grandes grupos de mídia são sempre contrários à interferência na política de preços da Petrobras?

Todo grande veículo possui grandes patrocinadores e eles são poderosíssimos e influenciam diretamente nas opiniões dos donos dos jornais. Principalmente os maiores acionistas que são Itaú/Unibanco, Santander e Bradesco.

É óbvio que eles estão ganhando muito dinheiro e não querem ver essa fonte secar.

Enquanto isso, motoristas de aplicativos, taxistas, motoboys e caminhoneiros continuam a comprar com dificuldade seus combustíveis. E os pobres começam a parcelar a compra do gás.

Num governo democrático, todos eles já estariam fazendo manifestações nas ruas, mas neste, autoritário como o de Bolsonaro, o máximo que fazem é perguntar: “fazer o quê, né?”