Por Fernando Castilho
Foto: reprodução
A CPMI do 8 de janeiro perdeu uma grande oportunidade de indiciar os deputados golpistas, talvez por receio de cortar na própria carne. Agora eles continuam a tentar o golpe.
Ficamos
chocados com os deputados bolsonaristas que deram as costas para a bandeira do
Brasil no plenário da Câmara durante a cerimônia de promulgação da emenda
constitucional que reforma o sistema tributário do país? Por quê?
Era
totalmente esperado que Lula seria vaiado pela extrema-direita, afinal, ele
coroa a finalização de um ano de recuperação com um projeto que impactará
economicamente a médio e a longo prazo a vida dos brasileiros. Vale ressaltar
que a grande imprensa noticiou que o presidente recebeu aplausos e vaias, como
se essas duas manifestações fossem geradas pelo mesmo número de pessoas, o que
é totalmente falso, até porque foi a maioria dos parlamentares que votou a
favor do projeto.
Já
estava tardando uma reação mais violenta às provocações dos bolsonaristas e
esta aconteceu pela palma da mão do deputado Washington Quaquá (PT-RJ) que foi
parar no rosto do extremista de direita Messias Donato (Republicanos-ES).
Não,
não se trata aqui de apoiar ou justificar a atitude de Quaquá, mas lembrar que
Donato o provocou. E sabe-se lá o que foi falado.
No
ensino fundamental II é muito comum um aluno de repente bater em outro,
aparentemente sem motivo algum, mas quase sempre se trata de uma reação a uma
grave ofensa. A diferença é que deputados não são pré-adolescentes, mas sim,
pessoas eleitas para representar o povo no Congresso Nacional. Por isso, a
atitude de Quaquá deve ser criticada.
Donato,
mais tarde, foi chorando ao plenário fazer aquele discursinho de que é homem de
bem, cristão de família. Aproveitou bem o incidente para se fazer de vítima ao
dizer que agora sente muito medo.
No
Instagram, Quaquá postou vídeo de Donato chorando e chamou o colega de
"fascista chorão". "Adora xingar e agredir os outros, mas não
aguenta uma porrada", afirmou.
Se
não aprendermos com quem estamos lidando, não saberemos combatê-los. E essa
gente só aprenderá debaixo da vara da Justiça.
Às
vezes parece que esquecemos que deputados e senadores bolsonaristas foram
influenciadores da tentativa de golpe de 8 de janeiro e que ainda estão
tentando aglutinar forças para novas investidas.
A
CPMI perdeu uma grande oportunidade de indiciar esse pessoal, talvez por receio
de cortar na própria carne. Se fossem indiciados, talvez a esta altura se
comportassem melhor.
Infelizmente,
apesar de Lula ter durante este ano demonstrado a diferença entre os dois
governos, Jair Bolsonaro, inacreditavelmente, ainda possui um grande número de
apoiadores.
O
fato é que os bolsonaristas estão perdidos em seus discursos que não contém
propostas para o Brasil nem argumentos para contrapor as medidas que o governo
Lula tem tomado. A todo momento só sabem falar de aborto, dama do tráfico e ida
de Flávio Dino ao Complexo da Maré.
Nesta
semana chegaram à ousadia de tentar encaminhar um processo de impeachment da
ministra da saúde, Nísia Trindade por ela ter faltado a uma convocação na
comissão de saúde da Câmara, plenamente justificada pela reunião ministerial do
presidente Lula. Lembrando que ela já atendeu a inúmeras convocações para falar
sobre aborto, drogas e consequências malignas da vacina da Covid. Jamais a
questionam sobre a eficiência do SUS, da farmácia popular ou de outras
políticas. E ela sempre repete as mesmas coisas. O objetivo é claro: fazer com
que os ministros percam seu precioso tempo para boicotar o governo.
Foram
contrários a reforma tributária, mas não disseram o que colocariam nela ou dela
tirariam porque não têm, repito, propostas.
Esperemos
que o novo Procurador Geral da República, Paulo Gonet, comece a aceitar
denúncias contra os nomes mais ligados ao fundamentalismo, às fake-news e ao
golpismo para que possamos em curto espaço de tempo ver essa gente ser cassada
e pagar pelos seus crimes na Papuda, Bangu 8 ou Colmeia.
Parece
que agora vai.