Imagem do julgamento de Nuremberg |
Até
que a ponte para o futuro sombrio seja implodida, muita coisa ainda
poderá acontecer, mas há a grande possibilidade de que Dilma seja
reconduzida ao poder. A aventura golpista, terá então consequências
devastadoras na vida dos principais atores envolvidos nela.
Vinte longos dias de presidência interina de Michel Temer.
Não
vou perder tempo falando da qualidade deste governo porque todos já
sabemos que ela não existe.
O
fato, que se percebe pelos protestos nas ruas, é que o povo
brasileiro não aceita Temer, portanto, ele, sem querer, com sua
política que pune e sacrifica os pobres, acaba por se tornar a mola
motriz da resistência no país inteiro.
Das
medidas impopulares contra a população trabalhadora, Temer evoluiu
para a mesquinhez de tirar a alimentação e proibir as viagens por
avião da FAB da presidenta.
Tiro
no pé. O povo brasileiro ainda é muito solidário e não tolera
injustiças como essa.
Enquanto
isso, pelos lados do Senado, Anastasia, relator do processo de golpe,
não aceita a inclusão dos áudios vazados que comprovam que o
impeachment foi uma armação para derrubar Dilma e possibilitar que
um novo governo desse fim à Lava Jato. Além disso, quer apressar a
votação para que não haja tempo para os senadores indecisos se
decidirem pelo voto contrário.
O
advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo recorre ao ministro
Lewandowski para que este determine a inclusão dos áudios no
processo. Se este cumprir a lei, o golpe sofrerá um duro golpe.
De
qualquer forma, senadores como Cristovam Buarque, Romário e Acir
Gurgacz já estão balançando e poderão votar pela permanência de
Dilma. A corrida é contra o relógio mas há realmente agora a
grande possibilidade da recondução de Dilma ao poder.
O
fator povo é que pesa imensamente neste momento. A pressão popular
é algo sensível aos senadores, homens sempre dependentes de votos
que sabem que a maioria da população neste momento (cerca de 67%)
já é contra o golpe.
Mas
se Dilma voltar, qual será o novo cenário?
Dilma
terá sua legitimidade dobrada e sua idoneidade atestada. Isto é
muito forte.
O
banho de povo que a presidenta está tomando também há de lhe fazer
bem. Esperamos um governo mais à esquerda e mais voltado exatamente
para os pobres.
Temer,
que passará a ostentar na testa para todo o sempre a cicatriz
risonha e corrosiva onde se lê GOLPISTA deverá sofrer o castigo
amargo de sua aventura. Deverá renunciar.
Aécio
Neves, duplamente derrotado, sairá muito enfraquecido do episódio.
Pode ser até que tenha de deixar a presidência do PSDB, além da
possibilidade em aberto de seu processo no STF, onde não se descarta
a prisão.
José
Serra, empenhado em destruir todo o trabalho diplomático edificado
em anos anteriores de elevar a importância do Brasil no cenário
mundial, sofrerá a humilhação de ver tudo voltar à normalidade.
Seu sonho de vir a ser presidente vai virar um pesadelo.
Eduardo
Cunha, derrotado em seu projeto golpista e já sem função dentro do
consórcio constituido somente para tirar Dilma do poder, deverá
enfim ser preso.
O
senador Anastasia também é outro que deverá ser investigado pelo
STF.
A
mídia, principalmente a Globo, Estadão, Folha e Abril, por perderem
a oportunidade de se apresentarem como pluralistas e optarem por
insuflar o golpe, terão cada vez menos credibilidade e enfrentarão
cada vez mais a concorrência da internet.
O
STF, uma vez conquistado o reajuste salarial pretendido, poderá,
enfim agir em defesa da Constituição, prendendo muitos dos
políticos com foro privilegiado.
Lula
poderá ser a moeda de troca do STF. Destrói-se o golpe, reconduz-se
a presidenta ao poder, recupera-se a Democracia, mas em
contra-partida prende-se Lula para que ele não possa disputar as
eleições em 2018. Mas falta combinar com o povo.
Há
atores menores que também traçaram seu futuro na aventura golpista.
É
o caso de Janaína Paschoal que, de carro novo comprado com os 45 mil
do PSDB, enfrentará o desconforto de ser uma professora sem nenhuma
credibilidade junto aos seus alunos.
Miguel
Reale Jr. será até o fim de sua vida apontado como co-autor de um
parecer fraquíssimo, incapaz de servir de base ao impeachment de uma
presidenta.
Hélio
Bicudo, já no final da vida, queimou sua respeitável biografia. Não
será lembrado como o homem que enfrentou o esquadrão da morte, mas
sim como o jurista que agiu por sentimento de vingança e foi incapaz
de discernir entre o Direito e o rancor.
E
depois disso tudo, passamos à contagem regressiva para 2018, cujo
cenário é por demais nebuloso neste momento.
A preocupação maior, caso Dilma volte, é saber as condições de governabilidade que terá que enfrentar. Vai ser uma dura batalha !
ResponderExcluirExato, Cintya, há excesso de otimismo na análise acima. Nunca ouvi falar que bandidos desta laia tivessem vergonha. Ao contrário, penso que Dilma sofrerá mais e mais obstruções, começando pelo STF e PGR, os pivôs do golpe.
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