sábado, 11 de junho de 2016

Uma reflexão sobre o plebiscito proposto por Dilma

Por Fernando Castilho

Charge: Renato Aroeira


Muita gente da esquerda ficou eufórica com a ideia.
Mas será que ela é viável, ou foi só uma cartada de Dilma para desmoralizar de vez essa classe política abjeta de nossos dias?


Em entrevista a Luís Nassif na TV Brasil, Dilma Rousseff afirmou que pode, caso venha a ser reconduzida à presidência, propor um plebiscito para saber se o povo quer ou não novas eleições.

Muita gente de esquerda ficou eufórica com a ideia. Inicialmente fui frontalmente contrário uma vez que temos defendido com ardor a Democracia e a Constituição e isto pressupõe que ela exerça seu mandato até o fim.

Porém, ao refletir mais sobre o assunto, percebo que Dilma acaba de jogar uma cartada inteligente e que pode colocar toda a classe política numa sinuca de bico. Mas só isso.

Primeiramente, Fora Temer. Em seguida, vamos analisar a jogada e seus desdobramentos partindo do cenário em que a presidenta sairia vitoriosa da votação do impeachment no Senado, uma vez que de outra forma não seria possível a ela apresentar sua proposta.

Dilma sustenta que um plebiscito seria necessário para que se conserte o grave erro do desrespeito à Democracia, ou seja, um referendo popular legitimaria a eleição do novo presidente ao mesmo tempo em que um pacto para a governabilidade se estabeleça.

Há duas possibilidades. Ou Dilma propõe novas eleições para presidente, deputados federais, senadores e governadores ou somente para presidente.

No primeiro caso não vejo possibilidade de que seu projeto seja aprovado, uma vez que a classe política envolvida não vai querer ter seu mandato encurtado e, mais ainda, estará despreparada para a disputa de uma eleição tão próxima. Além disso, temos que lembrar que a Câmara dos Deputados,se pauta pelo que Cunha, preso ou não,  diz e manda. Inclusive o golpista interino, Temer.

Acho muito arriscado Dilma defender este plebiscito agora, justamente o momento em que ela precisa dos votos do senadores indecisos que devem ter urticária somente ao ouvir falar da proposta.

Mesmo que haja grande pressão popular, não acho que deputados e senadores apoiem a emenda.

Caso a proposta valha somente para escolha de um novo presidente, há que se saber se o mandato será tampão, já que há eleições em 2018.

De qualquer forma, se a proposta for aprovada, Lula poderá ser imediatamente ou mais para a frente preso pois, segundo a última pesquisa CNI, o ex-presidente está à frente dos demais com folga. A plutocracia não correrá o risco.

Dilma na verdade busca, além dos 54 milhões de votos que recebeu, obter de volta sua legitimidade.

A jogada de Dilma conta com o fator tempo.

Fiz um cálculo rápido e concluí que após todos os precedimentos para que o plebiscito e as eleições se realizem, restará apenas um ano de governo para o novo presidente eleito.

Fica a pergunta: qual o candidato que se contentaria em governar por um ano apenas?

Portanto, falta à Dilma combinar com os russos.



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