Charge: Renato Aroeira |
Muita
gente da esquerda ficou eufórica com a ideia.
Mas
será que ela é viável, ou foi só uma cartada de Dilma para
desmoralizar de vez essa classe política abjeta de nossos dias?
Em
entrevista a Luís Nassif na TV Brasil, Dilma Rousseff afirmou que
pode, caso venha a ser reconduzida à presidência, propor um
plebiscito para saber se o povo quer ou não novas eleições.
Muita
gente de esquerda ficou eufórica com a ideia. Inicialmente fui
frontalmente contrário uma vez que temos defendido com ardor a
Democracia e a Constituição e isto pressupõe que ela exerça seu
mandato até o fim.
Porém,
ao refletir mais sobre o assunto, percebo que Dilma acaba de jogar
uma cartada inteligente e que pode colocar toda a classe política
numa sinuca de bico. Mas só isso.
Primeiramente,
Fora Temer. Em seguida, vamos analisar a jogada e seus desdobramentos
partindo do cenário em que a presidenta sairia vitoriosa da votação
do impeachment no Senado, uma vez que de outra forma não seria
possível a ela apresentar sua proposta.
Dilma
sustenta que um plebiscito seria necessário para que se conserte o
grave erro do desrespeito à Democracia, ou seja, um referendo
popular legitimaria a eleição do novo presidente ao mesmo tempo em
que um pacto para a governabilidade se estabeleça.
Há
duas possibilidades. Ou Dilma propõe novas eleições para
presidente, deputados federais, senadores e governadores ou somente
para presidente.
No
primeiro caso não vejo possibilidade de que seu projeto seja
aprovado, uma vez que a classe política envolvida não vai querer
ter seu mandato encurtado e, mais ainda, estará despreparada para a
disputa de uma eleição tão próxima. Além disso, temos que lembrar que a Câmara dos Deputados,se pauta pelo que Cunha, preso ou não, diz e manda. Inclusive o golpista interino, Temer.
Acho muito arriscado Dilma defender este plebiscito agora, justamente
o momento em que ela precisa dos votos do senadores indecisos que
devem ter urticária somente ao ouvir falar da proposta.
Mesmo
que haja grande pressão popular, não acho que deputados e senadores
apoiem a emenda.
Caso
a proposta valha somente para escolha de um novo presidente, há que
se saber se o mandato será tampão, já que há eleições em 2018.
De
qualquer forma, se a proposta for aprovada, Lula poderá ser
imediatamente ou mais para a frente preso pois, segundo a última
pesquisa CNI, o ex-presidente está à frente dos demais com folga. A
plutocracia não correrá o risco.
Dilma
na verdade busca, além dos 54 milhões de votos que recebeu, obter
de volta sua legitimidade.
A
jogada de Dilma conta com o fator tempo.
Fiz
um cálculo rápido e concluí que após todos os precedimentos para
que o plebiscito e as eleições se realizem, restará apenas um ano
de governo para o novo presidente eleito.
Fica
a pergunta: qual o candidato que se contentaria em governar por um
ano apenas?
Portanto,
falta à Dilma combinar com os russos.
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