Por Fernando Castilho
Foto: Reprodução Youtube |
Ciro Gomes talvez deseje derrotar Lula porque gostaria muito de ser Lula, mas nunca poderia sê-lo. Está numa cruzada pessoal na qual luta sozinho porque o ex-presidente o ignora
Quando Ciro Gomes convidou Gregório
Duvivier para um debate em seu canal, qualquer um que acompanha minimamente o
destemperado candidato já poderia prever o que iria acontecer.
Ciro é oriundo do PDS, a antiga
Arena, o partido que deu sustentação à ditadura militar, utilizado apenas para
dar aos olhos do mundo e de brasileiros incautos, a ilusão de democracia comandada
por um regime cruel e sangrento.
Ao ter a ideia do debate Ciro deve
ter pensado que Duvivier seria mais um a ser jantado.
A expressão vem sendo usada por
admiradores sempre que ele utiliza de seu estilo autoritário para tentar anular
ou desqualificar o outro, numa evidente faceta fascistóide que carrega desde
sempre.
Mas o coronel não costuma jantar quem
o bajula, como é o caso do ator Pedro Cardoso que, no mesmo canal, Ciro Games,
só lhe teceu elogios, merecendo o tempo que quisesse para se expressar.
Duvivier o tempo todo se queixava de
que Ciro não o deixava falar, ao que espertamente o cearense, que não nasceu no
Ceará,prometia que lhe daria voz. E não dava.
O coronel tinha fome de janta, já
tinha até colocado seu babador, mas de repente imaginou que o debate também serviria bem para
dar um up em sua campanha estacionada nos 8 ou 9%, afinal, seria visto
por muitos milhares de espectadores (ao escrever este texto, o canal já tinha
750 mil visualizações!), entre eles, muitos petistas e muitos “nem nem”,
admiradores de Duvivier.
Por isso, passou a desfilar um rosário
de ataques a Lula, a maioria eivados de injúrias, calúnias e difamações.
Lula até agora tem se mantido com
foco de sua candidatura, com proposições para restaurar o que foi subtraído do
país em termos de civilização e economia, mas também não se furtando às
críticas contra Bolsonaro, o verdadeiro inimigo da democracia e do povo
brasileiro, aquele de fato precisa ser combatido. É improvável que acione o
tagarela na justiça.
Talvez Lula ainda alimente uma
esperança, ainda que tênue, de poder contar com Ciro no segundo turno, já que
parece impossível um apoio no primeiro.
Mas o que é de fato muito estranho é
um candidato que está em terceiro lugar nas pesquisas, lutando para se
classificar para a segunda volta, atacar o candidato mais bem colocado. Seu
foco deveria ser o capitão, até porque seria mais fácil. Ele deseja (exige?) um
debate com o ex-presidente, e não com o capitão, a quem seria muito mais fácil
vencer, caso este comparecesse.
Incompreensível também, se
considerarmos o coronel um candidato de esquerda, não se unir a Lula neste
momento para juntos, derrotarem a extrema-direita.
A conclusão é que Ciro Gomes, na
realidade, pretende duas coisas:
1 - derrotar Lula porque gostaria
muito de ser Lula, mas nunca poderia sê-lo. Está numa cruzada pessoal na qual
luta sozinho porque o ex-presidente o ignora;
2 – não está nem aí para o Brasil,
sua democracia e seu povo desempregado e faminto.
Para Ciro, derrotar Bolsonaro e seu
autoritarismo não está no horizonte porque ele próprio é autoritário e só está
num partido tido como de esquerda por conveniência, a mesma conveniência que o
fez membro de várias agremiações ao longo de 40 anos de vida pública, a começar
pelo velho PDS.
Na verdade, Ciro saiu do PDS, mas o
PDS nunca saiu dele.
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