Por Fernando Castilho
Pintura de Stasys Eidrigevicius |
Se não há motivos para alarde, pelo menos um sinalzinho amarelo deve estar soando no comando da campanha de Lula. Acredito que ela não deva ser negligente.
Fernando
Brito, a quem tenho muito respeito como jornalista, escreveu em seu blog, Tijolaço, um artigo com o título, MUITA CALMA COM
OS ALARMISTAS DA ELEIÇÃO.
Poderia
concordar com ele, já que não devemos ficar desesperados com a, até agora,
pequenina melhora de Bolsonaro nas pesquisas. Porém, não acho que o fato deva
ser negligenciado pela campanha de Lula. Vejam que ele não pediu calma, que
pode ter como sinônimo cautela, mas MUITA calma, o que é um exagero.
Brito
chega a citar alguns fatores que contribuíram para esse respiro do Capitão,
como a queda do preço da gasolina e, principalmente, a grana distribuída aos
mais pobres de maneira inconsequente e ilegal às vésperas da eleição.
Mas
são esses justamente os fatores que podem alavancar mais ainda a campanha do
homem que desdenha da morte e que ocupa temporiamente a cadeira presidencial.
Podemos
juntar a isso a ofensiva que a primeira-dama, Michelle tem feito para tentar
recuperar a imagem de seu marido junto às mulheres, aqueles seres que ele desde
sempre os dois consideram inferiores. E vem conseguindo, vamos combinar.
Além
disso, a campanha do inominável avança muito entre os evangélicos. Essa
população com tendências fundamentalistas é sua aliada ideal numa absurda
guerra entre o bem, do qual ele diz ser o representante, e o mal.
Se
não há motivos para alarde, pelo menos um sinalzinho amarelo deve estar soando
no comando da campanha de Lula. Acredito que ela não deva ser negligente.
Faltam
longuíssimos 50 dias até o pleito e os efeitos da ousadia do ser que ocupa a
cadeira têm muito tempo para serem sentidos.
Essa
postura de não se deixar se alarmar e de tratar tudo com MUITA calma, de certa
forma, custou o impeachment de Dilma Rousseff, até porque ela própria confiou
nas instituições, já que não havia cometido crime algum.
Quase
que exatamente um ano antes da prisão de Lula, obtive a informação de que ele
seria condenado e detido. A fonte, hoje membro do grupo Prerrogativas, que
pediu à época para que não mencionasse seu nome, me garantiu que isso seria
líquido e certo. Cheguei a duvidar, até porque não havia nenhuma prova de crime
cometido pelo ex-presidente. Mesmo assim, a fonte me garantiu que a prisão
ocorreria e mais, que a segunda instância também estava comprometida com o
então juiz, Sérgio Moro.
Publiquei
isso em meu blog e fui atacado por muita gente, simplesmente porque ninguém
aceitava o “absurdo” da prisão de um ex-presidente inocente. E aconteceu.
Outra
coisa que Brito escreveu diz respeito à crítica que André Janones fez aos
termos técnicos e complicados de economês que a campanha de Lula utiliza e que
o povo mais simples não consegue compreender. O articulista tem razão ao
afirmar que o ex-presidente sabe como ninguém se comunicar com as pessoas, mas
a coordenação precisa realmente se comunicar melhor. Quem anda fazendo isso é
justamente o Capitão Morte.
Estamos
em uma guerra entre a civilização e a barbárie e precisamos vencer.
Artigos
que contribuem para que baixemos a guarda de nada nos servem agora.
Lula
sabe disso e até colocou Alckmin de vice e vem construindo alianças por todo o
país.
Ele
sabe que não é permitido cochilar até a vitória.
É
preciso pressão total e contínua até 2 de outubro e para isso, é necessário que
se organizem cada vez mais atos, não só pela defesa da democracia, mas por
aquele em que depositamos nossa confiança para recuperar a terra arrasada em
que o Brasil se transformou.
Nada
de MUITA calma.
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