Por Fernando Castilho
Parece clara a estratégia por parte de Alexandre de Moraes de começar a comer a pizza pelas bordas até chegar ao meio.
A
cada novo dia novas notícias surgem sobre o andamento das investigações levadas
a efeito pela Polícia Federal.
Uma
hora é a soltura de Anderson Torres, outra diz respeito ao ex-faz-tudo de Bolsonaro,
coronel Mauro Cid ou da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Para
quem compartilha essas notícias o cardápio é rico e bastante variado. Já, para
quem prefere analisar os fatos e fazer reflexões, a vida tem sido dura
justamente porque o tempo todo surgem novos vazamentos das investigações e reviravoltas
que conduzem a mudanças nessas análises.
Vamos
tentar analisar brevemente o que se depreende das últimas informações.
O
ex-ministro Anderson Torres foi solto e deve estar em casa cumprindo prisão
domiciliar. Ao contrário do que seus advogados afirmavam, Torres aparentemente
não perdeu 15 quilos e nem pareceu abatido na foto que o mostrou sendo
conduzido para casa.
O
motivo do relaxamento da prisão deve ser o número de informações já extraídas
dele e de outras pessoas que estão sendo investigadas. O ministro do STF,
Alexandre de Moraes, provavelmente já conseguiu montar o quebra-cabeças que conduzirá
Torres para seu indiciamento e julgamento. A informação de que havia um plano
para sequestrar Moraes e, possivelmente, assassiná-lo não deve ter sido desconsiderada
pelo ministro.
Resta
saber se Anderson Torres respeitará as regras impostas para sua prisão domiciliar
lembrando que ele e principalmente seus aliados na tentativa de golpe de estado
precisam desesperadamente trocar informações e combinar seus relatos para que
não haja divergências ou contradições. Pode ser que Moraes esteja justamente contando
com o desrespeito às regras para justificar a volta de Torres para a prisão
preventiva.
Sobre
o coronel Mauro Cid já pesa um sem-número de provas de sua atuação, não só na
tentativa de golpe, mas também de peculato e lavagem de dinheiro.
Michelle
Bolsonaro agora inaugura uma nova fase. Até então, a ex-primeira-dama vinha
sendo tratada mais com uma laranja do que criminosa, mas agora já se sabe que
ela está envolvida nas falcatruas do uso do cartão corporativo, o que também se
traduz como crime de peculato. Não se descarta sua prisão preventiva nesta
semana que se inicia.
Agora
perguntamos: mas, e o chefe?
Parece
clara a estratégia por parte de Alexandre de Moraes de começar a comer a pizza
pelas bordas até chegar ao meio.
Moraes
está reunindo todas as informações e provas possíveis para que, ao chegar a
Jair Bolsonaro não haja contestações e sua prisão seja aceita por aliados e
apoiadores como desdobramento natural e necessário de todas as ações até agora
empreendidas.
Se
Moraes tivesse já no início prendido Bolsonaro poderia haver protestos e até
alguma convulsão por parte daqueles que ainda o têm como mito.
Aos
poucos, com as revelações que vazam propositalmente da Polícia Federal, já se
tem até como natural que em breve Jair seja detido preventivamente, o que pode
até ocorrer esta semana.
O
que ainda não vazou é uma prova inconteste da materialidade dos crimes
cometidos pelo ex-presidente, o que não significa que não exista e que já não
esteja nas mãos de Alexandre de Moraes.
Antes disso, porém, é possível que o ministro primeiro queira ouvir Braga Netto e Augusto Heleno, envolvidos até o pescoço na tentativa de golpe e que estão quietinhos fingindo-se de mortos. Esses dois detém muitas informações e seus depoimentos são imprescidíveis.
De qualquer forma, esta
semana promete.
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