segunda-feira, 14 de março de 2022

Paulo Guedes e os iPhones dos brasileiros

Por Fernando Castilho


UNICEF/BRZ/Ratão Diniz


"Tem mais iPhones no Brasil do que população”, declarou o ministro neoliberal de Pinochet.


Temos um mandatário que praticamente não trabalha, como constatamos diariamente na agenda presidencial, que não conhece nem faz questão de conhecer as leis brasileiras, que não tem a mínima ideia do que significa governar e que vive numa realidade paralela, distante daquela vivida pela maior parte da sofrida população brasileira.

Para poder continuar a se fazer de presidente, Bolsonaro terceiriza o governo. Hoje, quem realmente fala alto e decide para onde vai o orçamento da União, é o centrão do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Antes deles, o capitão havia terceirizado a economia para Paulo Guedes. Este engambelou por três anos o empresariado mais ignorante e retrógrado do país, como afirmou Ricardo Semler, num arguto artigo na Folha de São Paulo de domingo, 13 de março.

Assusta que industriais da mais alta casta do setor vejam sua produção cair, ano após ano, percam muito dinheiro e tenham que demitir funcionários acreditando que nossa economia tenha grandes perspectivas de crescimento a curto prazo, como Guedes afirma desde 2019.

Se o presidente vive numa realidade paralela, guiando-se pelos elogios que partem de seu cercadinho, Paulo Guedes não fica atrás.

Em fevereiro de 2020, quando o dólar fechou em 4,35 reais, o ministro afirmou que, com a moeda numa cotação mais baixa, até mesmo “empregada doméstica” estava viajando para a Disney, nos Estados Unidos.

Se com essa declaração as mulheres pobres do Brasil que enfrentam mais de uma condução para irem trabalhar em casas de famílias mais endinheiradas, recebendo parcos salários e, muitas vezes sem carteira assinada, teriam motivo para se indignar com a fala do ministro, devem ter sentido muita raiva quando ele falou sobre o iPhone na sexta-feira, 12.

"Tem mais iPhones no Brasil do que população”, declarou o ministro neoliberal de Pinochet.

De acordo com ele, tem brasileiro que possui 2 ou 3 iPhones.

Talvez ele tenha até mais que 3, mas quantas pessoas no Brasil podem desembolsar mais de 14 mil reais pelo aparelho?

Anteriormente ele já tinha proferido outras bobagens tipo “os ricos capitalizam seus recursos, os pobres consomem tudo".

São frases inaceitáveis pela insensibilidade e crueldade com que são proferidas.

Seu chefe também é mestre em declarações desse tipo.

Recentemente, ao visitar as áreas atingidas pelas chuvas em São Paulo, afirmou que faltou “visão do futuro” por parte de “quem construiu” residências nas áreas de risco.

É essa gente que tenta agora permanecer mais 4 anos no poder e que possui, apesar de tudo, espantosos 28% de intenção de votos.

Enquanto isso, Lula, o homem que prometeu (e cumpriu) que em seu primeiro mandato, todo brasileiro teria direito a 3 refeições por dia e que tirou cerca de 35 milhões de pessoas da linha da miséria, lidera com 43%, uma diferença de 15% e que, ao que tudo indica, vem diminuindo.

Esses números não refletem a real diferença de qualidade entre os currículos dos dois candidatos, não é mesmo?

Todo presidente deveria ter como preocupação maior o bem-estar dos governados e isso deveria ser encarado como marca de governo, a exemplo de Lula.

Uma obra monumental que Bolsonaro e Paulo Guedes são incapazes de construir.


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