sábado, 17 de setembro de 2022

PRECISAREMOS DE UM JIPE, UM CABO E UM SOLDADO PARA TIRAR O CAPITÃO DO PALÁCIO?

Por Fernando Castilho

Imagem: Parte de Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino (invertida e em preto e branco)


Muita gente receia declinar seu voto em Lula, seja nas conversas no trabalho e nas escolas, seja entre parentes e amigos, seja também quando tem que responder a uma das pesquisas de opinião, afinal, os casos de violência por parte de bolsonaristas estão se multiplicando perigosamente.


Saiu a nova pesquisa Datafolha. Mais do mesmo, assim como as demais, Ipec, Quaest, etc.

Os votos em Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet estão cristalizados e, por isso, se não houver nenhum fato novo, o petista papará a eleição, quiçá no primeiro turno, o que acredito.

Há motivos.

Muita gente receia declinar seu voto em Lula, seja nas conversas no trabalho e nas escolas, seja entre parentes e amigos, seja também quando tem que responder a uma das pesquisas de opinião, afinal, os casos de violência por parte de bolsonaristas estão se multiplicando perigosamente.

É possível, portanto, que no dia 2 de outubro tenhamos a agradável surpresa de uma lavada do ex-presidente sobre o capitão. Espero, baseado no fato de que ainda há 4% que dizem que votarão em branco e 3% que não opinaram. Além disso, embora Ciro Gomes insista em levar sua candidatura até o fim, já há uma debandada de pedetistas em direção a Lula, já no primeiro turno.

Outro fato a destacar neste texto é a blindagem que Bolsonaro adquiriu de seus seguidores.

Há um ano escrevi que à medida que falcatruas fossem aparecendo, os cerca de 30% que o capitão tinha acabariam por derreter e só sobraria o núcleo duro do bolsonarismo, aqueles que, contra tudo e contra todos, continuam resolutos em seu apoio ao mito.

Ledo engano.

Nem as rachadinhas, nem a mansão do Flávio, nem os 107 imóveis, dos quais, 51 adquiridos com dinheiro vivo, abalaram a fé desse povo.

Nem o comício custeado com dinheiro público no 7 de setembro, nem o termo “imbrochável” pronunciado num evento cívico no qual se esperava um mínimo de compostura do presidente, chocaram essas pessoas que se dizem patriotas.

Nem as mais de 680 mortes por Covid-19, cuja incompetência ficou escancarada e em que não faltaram as imitações grotescas de pessoas morrendo asfixiadas por falta de oxigênio, produziram alguma indignação nesse grupo.

As ameaças de golpe, pelo contrário, soaram bem-vindas a 30% da população que opta pelo fim da democracia, desde que seu mito continue no poder.

Por incrível que pareça, nem os preços altíssimos dos alimentos e a volta da fome arranharam a imagem do capitão.

Imagine se a corrupção no MEC acontecesse nos governos Lula ou Dilma. Mas como foi no governo do capitão, seus seguidores não deram bola.

E agora, a cereja do bolo. Nem a redução de 60% dos medicamentos de distribuição gratuita teve o poder de revoltar principalmente os idosos que vivem à custa de remédios.

Segundo o Datafolha, 33% dos eleitores votam em Bolsonaro. Ele não cresce nem diminui. Chegará assim ao dia 2 de outubro.

Resta saber se aguardará os próximos dias conformado com seu destino. Se aprontará alguma coisa ou fugirá do país.

O choro já começou numa entrevista em que afirmou que se recolheria, caso fosse derrotado. Mas também já acabou.

Bolsonaro, embora afirmasse que passaria a faixa presidencial a Lula, jamais o faria, pois não é homem preparado para agir de maneira educada e civilizada. Há até a possibilidade de alguma grosseria, isso sim.

Também não acredito que respeitará o resultado das urnas em caso de derrota em primeiro turno. O problema é que, se alegar fraude, todos seus aliados que estariam eleitos a cargos menores terão, forçosamente, que ver suas candidaturas serem também contestadas.

O máximo que ele pode fazer é, como Trump, se recusar a levantar da cadeira.

Mas aí, é só chamar um jipe, um cabo e um soldado para tirá-lo de lá à força.


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