Sim, eu lí ''Inferno'' de Dan Brown.
No
livro, Robert Langdon, o mesmo personagem de ''O Código da Vinci'',
tenta evitar uma catástrofe que envolverá toda a humanidade,
desvendando obras relacionadas ao épico poema de Dante Alighieri, a
"Divina Comédia".
O
que mais chama atenção no livro é a obsessão de um dos
personagens, Bertrand Zobrist em mostrar que a população da Terra
está em um número acima de sua capacidade em fornecer recursos.
Para esse personagem, a situação da Terra seria como uma população
de algas num lago se reproduzindo sem um predador. A população
aumentaria exponencialmente até que faltariam nutrientes e oxigênio,
causando a extinção em massa das algas.
Embora
haja uma significativa diferença entre seres humanos e algas, uma
vez que estas não produzem seu próprio alimento, há que se levar
Zobrist em consideração, principalmente quando ele fala no
crescimento exponencial da população já alertado no fim do século
XVIII por Thomas Malthus no livro
''Ensaio
sobre o princípio da população''.
Malthus
criou um modelo matemático, conhecido como Lei de Malthus, que tinha
como objetivo calcular o crescimento demográfico no curto prazo (10
a 20 anos). De acordo com ele, este modelo seria muito importante
para os países poderem fazer previsões de curto prazo sobre o
crescimento populacional, podendo tomar medidas para evitar problemas
de ordem demográfica.
A
teoria malthusiana recebeu várias críticas de economistas,
sociólogos e geógrafos nos anos seguintes à sua publicação.
Estes críticos consideravam esta teoria muito pessimista e desumana.
Pessimista, pois ela apontava para um cenário social mundial
negativo, caso não fossem tomadas medidas de controle de natalidade.
Desumana, pois defendia a redução da natalidade, principalmente
entre os mais pobres.
Segundo
Wesley Santos, biólogo e mestrando em Doenças Tropicais pela Unesp,
em seu blog ''Do nano ao macro'', ''é nítido que, quando
vemos o gráfico do crescimento humano, a população parece estar no
ritmo de mais nascimentos do que mortes. Tanto, que só nos Estados
Unidos, nasce uma pessoa a cada 8 segundos, quanto uma pessoa morre a
cada 12 segundos.''
Bertrand,
o personagem vilão de ''Inferno'', conversando com a diretora da
OMS, Organização Mundial da Saúde, diz: ''Pense no seguinte: a
população da Terra levou milhares de anos, desde a aurora da
humanidade até o início do século XIX para atingir um bilhão de
pessoas. Então, de forma estarrecedora, precisou apenas de uns cem
anos para duplicar e chegar a dois bilhões, na década de 1920.
Depois disso, em meros cinquenta anos, a população tornou a
duplicar para quatro bilhões na década de 1970. Como a senhora pode
imaginar, muito em breve chegaremos aos oito bilhões.''
Bertrand
Zobrist diz que as ações de planejamento familiar não dão certo
(tanto que o mundo não para de ter gente). Mas Wesley Santos
acredita que o grande problema seja o descaso público com a educação
(que aflige principalmente países e áreas pobres). Regiões do
globo onde o nível de educação entre a população é mais
elevada, como na Europa, a taxa de fecundidade está abaixo do
chamado ''nível de reposição'', que é de dois filhos por mulher,
ficando por volta de 1,57 filho por mulher. Em alguns países,
principalmente os Escandinavos, o governo fornece ajuda financeira
para casais que tiverem mais de um filho.
Além
disso, é sabido que algumas populações controlam a taxa de
fecundidade frente a limitações e pressões do meio. Dados da
fertilidade norte-americana ilustram bem esse controle. Antes da 2ª
Guerra Mundial, a taxa de fecundidade era, em média, 2,2 filhos por
mulher (entre os períodos de 1930-1944). A taxa, para a época, é
relativamente baixa. Isso pode ser explicado pela grande crise
americana (e mundial) que ocorreu com a famosa Queda da bolsa de 29
(um ano antes desses dados). Entretanto, após a 2ª Guerra, a taxa
de fecundidade subiu para 3,35 filhos por mulher (período de
1944-1964). As expectativas de novas oportunidades e a realização
do ''sonho americano'' embalaram o pessoal para a explosão
demográfica. Sim, você conhece essa época como baby boom. Graças
a esse aumento de fecundidade por mulher não só nos EUA, mas no
mundo, a Terra viu, desde a 2ª Guerra até hoje, receber mais de 4
bilhões de pessoas.
É
necessário considerar também que, além do problema do crescimento
exponencial da população acompanhado por um aumento da produção
de alimentos apenas em progressão aritmética, há outras três
questões por enquanto e talvez definitivamente insolúveis: a
destinação de resíduos (lixo), a ''produção'' de energia e as
alterações climáticas.
James
Ephraim Lovelock, renomado cientista e pesquisador independente e
ambientalista, que nos anos 70 sugeriu a Hipótese de Gaia (a idéia
de que nosso planeta é um superorganismo que, de certa maneira, está
"vivo" ) com base nos estudos de Lynn Margulis, para
explicar o comportamento sistêmico do planeta Terra, afirma que o
aquecimento global é irreversível, e que mais de 6 bilhões de
pessoas vão morrer neste século.
Leia a matéria completa aqui
Na
visão de Lovelock, até 2020, secas e outros extremos climáticos
serão lugar-comum. Até 2040, o Saara vai invadir a Europa, e Berlim
será tão quente quanto Bagdá. Atlanta acabará se transformando em
uma selva de trepadeiras kudzu. Phoenix se tornará um lugar
inabitável, assim como partes de Beijing (deserto), Miami (elevação
do nível do mar) e Londres (enchentes). A falta de alimentos fará
com que milhões de pessoas se dirijam para o norte, elevando as
tensões políticas.
Até
o final do século, segundo o cientista, o aquecimento global fará
com que zonas de temperatura como a América do Norte e a Europa se
aqueçam quase 8 graus Celsius - quase o dobro das previsões mais
prováveis do relatório mais recente do Painel Intergovernamental
sobre a Mudança Climática, a organização sancionada pela ONU que
inclui os principais cientistas do mundo. "Nosso futuro",
Lovelock escreveu, "é como o dos passageiros em um barquinho de
passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem
saber que os motores em breve sofrerão pane".
Para
Lovelock, reduções modestas de emissões de gases que contribuem
para o efeito estufa não vão nos ajudar - já é tarde demais para
deter o aquecimento global trocando jipões a diesel por carrinhos
híbridos. E a idéia de capturar a poluição de dióxido de carbono
criada pelas usinas a carvão e bombear para o subsolo? "Não há
como enterrar quantidade suficiente para fazer diferença."
Biocombustíveis? "Uma idéia monumentalmente idiota."
Renováveis? "Bacana, mas não vão nem fazer cócegas."
Para Lovelock, a idéia toda do desenvolvimento sustentável é
equivocada: "Deveríamos estar pensando em retirada
sustentável".
James Lovelock |
Ainda,
para Lovelock, a ideia de reciclagem de lixo é boa, porém, apenas
retarda um pouco o caos que virá. É como retirar com as palmas das
mãos a água que está enchendo continuamente a canoa furada.
Em
que pese todo o horror, a peste negra que se espalhou pela Europa
durante a Idade Média, e que dizimou um terço da população, cerca
de 25 a 75 milhões de pessoas, acabou por retirar o continente do
período da idade das trevas e adentrar na Renascença, a época mais
fértil para o florescimento das artes.
Embora
se possa achar que os autores aqui citados sejam pessimistas ou
alarmistas demais, é por demais importante considerar seu
pensamento.
Porém,
qual a proposta? Reduzir drasticamente a população, como quer
Bertrand? Ou se proceder a um controle de Estado sobre a natalidade?
Ou ainda deixar as coisas acontecerem, já que não há o que fazer,
segundo Lovelock?
A
segunda opção é bem difícil de se por em prática porque envolve
os mais diversos governos autônomos do planeta. Há países,
inclusive, como o Japão, que vêm tentando estimular o nascimento de
mais crianças a fim de resolver seu grave problema de previdência
social, uma vez que o número de velhos é muito grande.
Já
a primeira opção pode estar sendo posta em prática bem diante de
nossos olhos, sem que percebamos.
Trata-se
para muitos, de teoria da conspiração, e pode ser apenas só isso
mesmo, mas é preciso lembrar que há muitas dúvidas com relação
ao aparecimento de novos vírus que vêm dizimando grande número de
pessoas desde a década de 1980, como a AIDS, o ebola ou o novo
chikungunya. De onde els vieram, alguém os criou?
Ainda,
dentro do terreno da teoria da conspiração, a Fema, Agência
Federal de Gerenciamento de Emergências dos Estados Unidos, preparou
um lote de 1.000.000 caixões de plástico rígido e os estocou no
estado da Georgia, perto de Atlanta. Estima-se que sua encomenda à
empresa POLYGUARD chegue a 25 milhões de caixões.
caixões da Fema |
Por
que isso? O que os americanos estão esperando ou preparando?
Esquecendo
um pouco as teorias da conspiração e voltando à realidade palpável
dos acontecimentos, como o próprio Lovelock diz, não há lideranças
na Terra que possam comandar uma resposta às questões colocadas.
E
é verdade. As duas maiores lideranças do planeta, hoje, Barack
Obama e Xi Jinping, presidente da China, não estão preocupados com
o meio ambiente. Obama se preocupa com guerras e com o poder
econômico que está perdendo para o rival chinês. E este se
preocupa em tornar a China o país mais rico do mundo, não poupando
a degradação ambiental para isso.
É
certo que ainda há na Terra, alimento, recursos e área disponível
para abrigar talvez, 3 a 4 vezes a população de nosso planeta,
basta apenas fazer alguns cálculos aritméticos primários para se
constatar isso, mas a distribuição disso tudo passa
obrigatoriamente pela mudança do sistema capitalista para o
socialista, a nível global, mas é claro que nenhum governo, nenhuma
corporação vai querer isso. Mais, as elites que mandam no mundo
jamais admitiriam repartir seu pão com os mais pobres. Além disso,
3 a 4 vezes a população atual do planeta pode ser atingido nos
próximos 30 a 40 anos. E depois disso?
Para
Lovelock, o futuro será implacável demais para com a humanidade.
Ele conta a história de um acidente de avião, anos atrás, no
aeroporto de Manchester: "Um tanque de combustível pegou fogo
durante a decolagem", recorda. "Havia tempo de sobra para
todo mundo sair, mas alguns passageiros simplesmente ficaram
paralisados, sentados nas poltronas, como tinham lhes dito para
fazer, e as pessoas que escaparam tiveram que passar por cima deles
para sair. Era perfeitamente óbvio o que era necessário fazer para
sair, mas eles não se mexiam. Morreram carbonizados ou asfixiados
pela fumaça. E muita gente, fico triste em dizer, é assim. E é
isso que vai acontecer desta vez, só que em escala muito maior."
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