quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Marta, a nova Marina da direita?

Por Fernando Castilho


Marta Suplicy detonou Dilma Rousseff em seu artigo publicado na Folha de São Paulo.

Entre muitos escritos que lí sobre o assunto, um chamou minha atenção: o comentário de ninguém menos que o pitbull da Veja, Reinaldo Azevedo.

O homem escreveu: ''Aguardem. Nesta terça, o PT procurará fazer picadinho de Marta nas redes sociais. Vai tachá-la de dondoca deslumbrada, de riquinha enjoada, de perua descompensada. As características que antes eram vendidas como virtudes serão vistas como vícios. Mais do que se juntar a antigos adversários, o PT sabe mesmo é enlamear a reputação dos dissidentes.''

Tá certo. É mais ou menos o que também farei aqui.

Lembro-me de uma assembleia no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (não me lembro o motivo), por volta de 1990, onde compareceram Eduardo Suplicy e sua então esposa Marta.

Lembro-me do afável, respeitoso e humilde Eduardo, que devia estar em campanha para o Senado (a memória me falha mais uma vez) e Marta, nariz empinado, aparentemente desconfortável diante da peãozada, que à época acho que estava participando de um programa de televisão como sexóloga.

A primeira impressão é a que fica, dizem.
E ficou.

Posteriormente Marta se elegeu deputada, e mais tarde, prefeita de São Paulo.
E foi boa prefeita. Trabalhou muito para a periferia, ficando conhecida pelos CEUS que implantou.

Mas uma capa da Veja deu o tom na época.
O panfleto da direita, Veja

Sim, Marta Suplicy nasceu, assim como seu ex-marido, Eduardo, na elite. E aí param as semelhanças.

Azevedo tem razão. Marta é dondoca deslumbrada, riquinha enjoada, perua descompensada.''

E deu amostras disso.

Porém, ao ler seu texto na Folha, percebe-se algo escapou às críticas que tem recebido do PT.

Marta cita a falta de água, o trânsito congestionado e os ônibus e metrôs entupidos. Tem razão.

O recado é claro para Alckmin e Haddad.

Marta, em sua crítica à Dilma, não está de toda errada como querem os petistas, dilmistas, lulistas, enfim. E, democraticamente, tem o direito de falar.

Realmente há que se criticar a presidenta com relação à composição de seu ministério e com as medidas adotadas assim que tomou posse. Há que se criticá-la também por certa falta de transparência. Até por seu centralismo. Afinal, o PT também está fazendo isso. Petistas nas redes sociais também a criticam. Blogueiros idem.

Porém, ao fazê-lo utilizando-se da grande mídia, Marta define o lado em que quer estar.

Colunistas da grande mídia, antes críticos seus desde os tempos de sexóloga, agora vêem nela sua nova Marina Silva.

Sim, agora Marta é a rainha da direita, aquela que se libertou dos grilhões que o PT e a esquerda lhe impuseram, e que está disposta a enxovalhar o governo. Muito útil.

Não há dúvidas de que Marta Suplicy sabe o que está fazendo. Aos 69 anos, é em 2017 ou nunca sua oportunidade de voltar a administrar São Paulo, ou em 2019, o Estado...

Porém, já percebeu que dentro do PT, dentro das disputas normais que ocorrerão dentro do partido, visando a indicação do candidato à prefeitura, suas chances não são muito grandes. Além disso, o antipetismo da cidade e do estado são muito fortes.

Quem sabe, abraçada calorosamente pela oposição, consiga seu intuito.
Haddad, se se candidatar, terá que fazer muito esforço para se reeleger e Alckmin não poderá disputar novamente. Haverá, portanto um importante nicho vazio a ser ocupado.

Por que não ela?

A mulher parece que aprendeu a enxergar longe, não?

Relaxa e goza, Marta.



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