Os blogueiros progressistas vêm durante anos denunciando, através de seus textos, a parcialidade com que a mídia trata qualquer assunto que envolva o governo, o partido da presidenta Dilma e a oposição.
Este
blogueiro não foge à regra. Já publiquei vários textos sobre a
maneira sórdida com que os órgãos de imprensa manipulam o
indivíduo comum.
Responsável
direta por fatos que ocorreram na História nas últimas décadas,
como o suicídio de Getúlio Vargas, e o golpe militar que colocou o
país nas trevas durante 21 anos, só para citar dois exemplos dos
mais graves, a mídia parece não se importar com o destino do país
e de seu povo. E não se importa mesmo.
Seus
objetivos são inconfessáveis e prioritários em relação a todo o
resto.
Fala-se
muito que os órgãos de imprensa estão caminhando para um fim
próximo devido ao fenômeno internet. É verdade, mas não é a
única.
Pesquisa
recente apontou que apenas 13,2% da população sempre acredita no
que a mídia publica. Quase o dobro disso, 21,2%, nunca confia no que
é dito pelos jornais.
É
um dado alarmante e prova definitivamente que o grande motivo pelo
qual a mídia se encontra em má situação financeira é sua falta
de credibilidade. Afinal, por que alguém compraria ou assinaria um
jornal ou revista que falta com a verdade?
Em
2003, no início do primeiro governo Lula, Globo, Folha, Estadão e
Abril solicitaram audiência com o presidente. Expuseram a difícil
situação em que já se encontravam e pediram ajuda do BNDES. Lula
analisou a questão, mas respondeu que o banco não se prestava a
socorrer empresas como aconteceu no passado, quando FHC criou o
Proer, injetando dinheiro do contribuinte nos bancos privados que se
diziam em má situação financeira.
Foi
a senha para que a mídia passasse a fazer oposição ferrenha ao
governo. Ainda mais depois que, em encontro com FHC, este prometeu
que se os tucanos voltassem ao poder, a ajuda estaria garantida.
Nunca
me esqueço do divisor de águas da época. A Veja havia feito uma
matéria em que criticava o fato do presidente viajar utilizando o
avião presidencial da época, o sucatão.
Após
uma viagem a China em que Lula fora acompanhado por empresários e
governadores interessados em fechar negócios com aquele país, Veja
entrevistou o governador Geraldo Alckmin que afirmou que o sucatão
voava como um pássaro, até batia asas.
Era
mais que urgente que o governo brasileiro aposentasse o sucatão!
Apenas
algumas semanas depois, Lula anunciou que o governo compraria uma
nova aeronave.
Pois
não é que em uma edição que marcaria seu novo estilo dalí para
frente, a revista atacou fortemente a decisão do presidente? Foi a
partir dalí que apareceu o colunista Diogo Mainardi, contratado
especialmente para malhar o presidente em todas as edições futuras.
Como
ter credibilidade em uma revista assim?
A maior bandidagem de Veja foi cometida às vésperas das eleições presidenciais quando uma matéria de capa afirmava com todas as letras que Dilma e Lula sabiam do esquema da Petrobras, sem que nenhum dado ou fonte fosse apresentado no conteúdo interno. A tábua de salvação seria Aécio. Mas não deu. E agora, com o depoimento de Alberto Youssef, a Veja acaba de ser pega na mentira.
É
certo que uma porcentagem expressiva de leitores continua fiel. São
aqueles que foram sendo formados pelas opiniões da revista ao longo
dos anos, ou que são claramente de direita. Certamente, todos os que
saíram às ruas em 16 de março pedindo o impeachment de Dilma e a
volta da ditadura, são leitores de Veja.
Veja
tem dois genéricos: Época, da Globo e IstoÉ. As três estão indo
para o mesmo caminho, o buraco.
Um
leitor de meu blog perguntou uma vez se eu queria a falência da
Veja. Claro que não, respondí. Quero que a revista adote uma
posição isenta, imparcial, diante dos fatos. Se não for assim, que
assuma em editorial que se trata de uma publicação de direita
destinada a combater o governo do PT. Só isso.
A
Folha de São Paulo é outro exemplo de hipocrisia. Afirma que é
plural, isenta, neutra. Porém, é só verificar suas manchetes para
se perceber claramente que ela é singular.
O
Estadão está há anos à venda, sem que apareça um comprador.
Talvez este nunca apareça pois o trabalho de reconstrução da
imagem do jornal para atrair mais leitores seria muito custoso,
demandaria muito tempo e não valeria a pena.
Entre
os grandes, resta a Globo. Após comandar corações e mentes durante
tanto tempo, o grupo percebeu, e reconheceu em editorial, que ao se
derrubar Dilma Roussef da presidência, sem que haja sequer uma
acusação contra ela, estaria aceso o estopim de uma grande
convulsão social que levaria o país à uma crise política e
econômica sem precedentes. E isto afetaria tremendamente sua já tão
delicada situação. Só por isso. Nada de preocupação com o povo.
Os
jornais já anunciaram inúmeras vezes a queda da presidenta, a
prisão de Lula e os crimes dos petistas. Nada disso ocorreu, a não
ser a prisão de Vaccari e de Dirceu (este novamente sem nenhuma
prova).
Mas
la crème de la crème dos métodos persuasivos com que a mídia
''trabalha'' a mente de seus leitores, tele-espectadores e ouvintes
são as manchetes.
Via
de regra as manchetes não condizem com os textos ou vídeos. Podem
verificar.
Ontem
mesmo o Uol publicou um vídeo da CPI da Petrobras no Senado cujo
título dizia que o delator Alberto Youssef afirmava que Dilma e Lula
tinham conhecimento da corrupção na Petrobras. Ao abrir o vídeo,
Youssef dizia simplesmente que ele não sabia de nada. Que talvez
outro delator pudesse saber.
Em
março deste ano, a agência Reuters publicou uma entrevista com FHC.
Nela, a agência publicara que o ex-gerente de Serviços da
Petrobras Pedro Barusco, disse ter começado a receber propinas em
1997, ainda sob o governo FHC. Entre o sexto e o sétimo parágrafos,
logo após a citação de Barusco, aparecia entre parênteses a
observação “Podemos tirar, se achar melhor”. Foi um ato falho
da redação que esqueceu de retirar a frase, mas que expôs
claramente como a mídia se comporta para poupar os tucanos.
E
ontem ocorreu um fato gravíssimo no noticiário do Uol, do grupo
Folha.
O
portal publicou às 19:37 a manchete: ''Youssef e Costa confirmam
repasse de propina a Aécio e Sérgio Guerra''.
Menos
de uma hora mais tarde, às 20:24, a manchete já havia mudado:
''Delatores Youssef e Costa mencionam repasse de propina a tucanos''.
Alguém
dirá: ''ah, mas a mudança é pequena. Estão falando de tucanos, o
que dá na mesma.''
Não
dá. A citação do nome é forte e fiel aos fatos. O termo
''Tucanos'' é muito genérico.
Provavelmente
o próprio senador telefonou para a Folha e exigiu a retirada da
manchete e talvez até da matéria, mas o portal considerou que não
poderia simplesmente sumir com a notícia. Resolveu então omitir o
nome de Aécio. Como a maioria das pessoas lê somente as manchetes,
o caso estaria resolvido.
Porém
os prints das manchetes antes e depois viralizaram na internet, a
mesma internet que hoje é algoz da grande imprensa e não perdoa.
A
Folha ainda desconhece esse poder.
O
que também não se entende é o por quê do governo insistir em
pagar publicidade institucional caríssima para uma mídia que
insiste em manipular fatos, omitir e mentir. Excesso de
republicanismo.
Talvez
não seja preciso criar uma lei de meios para a nossa mídia. Do
jeito como as coisas vão caminhando, vai bastar que uma feche para
que todas as outras também caiam em efeito dominó.
A
única dó é com relação aos jornalistas que ficarão
desempregados. Mas enfim, se eles se prestam ao papel de publicar
somente aquilo que seus patrões exigem, de que eles servem?, afinal?
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