terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Macri, Aécio e o trator neoliberal

Por Fernando Castilho





Mauricio Macri assumiu o governo da Argentina com a faca neoliberal entre os dentes.
Vai passando o trator em tudo que os Kircher fizeram ao longo de anos de governo, fazendo o país voltar aos tempos em que era dominado por uma elite retrógrada.
No Brasil, caso Aécio Neves vencesse, estaríamos numa crise muito pior, mas estejam certos de que a mídia nos faria acreditar que tudo estaria muito bem, obrigado.


Em 2014 Dilma Rousseff foi reeleita presidenta com 54,5 milhões de votos. O candidato derrotado, Aécio Neves, obteve 51 milhões. A diferença, embora seja considerada pequena, equivale à população inteira do Uruguai.

Há muito tempo que o PT, partido de Dilma, não é de esquerda, na pura definição da palavra, porém, são notáveis os avanços nas políticas sociais dos últimos 13 anos.

Mas há obrigatoriamente que se considerar que ao iniciar o novo governo em 2015, houve uma clara guinada à direita com a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda, nome que se encaixaria perfeitamente num governo neoliberal de Aécio.

Não se sabe se Levy entrou para apaziguar os ânimos de uma direita que desde o anúncio da vitória de Dilma já pedia seu impeachment sem nenhum motivo, ou se a presidenta realmente achava que naquele momento ele era necessário.

Pois bem, Levy já pegou seu boné e o governo Dilma, agora mais tranquilo com o impeachment se distanciando no horizonte, dá ares de que tenderá um pouco mais à esquerda.

Mas se Aécio perdeu no Brasil, seu ''alter-ego'', Mauricio Macri, venceu Cristina Kirchner na Argentina.

Podemos muito bem olhar para a Argentina e ver o que Aécio Neves faria no Brasil caso tivesse sido eleito.

Após 13 anos de PT no Palácio da Alvorada, a direita representada pelos partidos de oposição, entre eles PSDB e DEM e a grande mídia estão com a faca entre os dentes.

Esforçaram-se para que grande parte da população grite ''FORA PT'', fazendo com que, aos olhos dela, que não percebe a jogada midiática, cada petista aparente ostentar um carimbo ''CORRUPTO'' na testa.

Nisto, o colunista Reinaldo Azevedo se esmerou cunhando o termo ''petralha''.

Quem consegue se libertar desses grilhões e se informa em outras fontes sabe que dentre os políticos corruptos envolvidos na Lava Jato, os petistas são minoria. Fora os tucanos que são blindados e nunca são presos.

Caso Aécio Neves vencesse no Brasil, a mídia faria uma grande festa assim como aconteceu na Argentina com a vitória de Macri.

Ao mesmo tempo, Aécio respaldado por essa mídia daria vazão a todas as taras neoliberais reprimidas em 13 anos.

Macri assumiu o governo e já tratou de nomear juízes que lhe garantirão apoio no Supremo por decreto, algo que se Dilma fizesse, seria crucificada. Mas a imprensa de lá e também a de cá não abriram o bico.

Macri também desvalorizou o peso em 40%, o que já está causando grande aumento dos preços dos produtos e acabará por gerar inflação. Quem pagará o pato será o povo. O que diria a Fiesp por aqui?

Macri acabou com o órgão responsável pela regulação da Lei de Meios, desalojando com força policial seu presidente. Afirma que por enquanto a Lei continua, mas certamente ela já está com seus dias contados. Porque o acordo com a grande mídia já foi feito antes das eleições.

Além disso tudo, Macri acabou com a Senado TV, um importante canal para que as pessoas se informassem sobre o desempenho de seus senadores, violando o convênio com o Parlatino (Parlamento Latino-Americano), organização regional de Parlamentos, que possui o canal Parlatino Web TV.

Ou seja, Macri está indo com tudo, assim como Aécio também faria.

O povo na Argentina já começa a perceber em que pau amarrou sua égua e os protestos já começam a pipocar, sendo repreendidos pela polícia.

Enquanto isso, as mídias argentinas e brasileiras não se cansam de euforicamente destacar os grandes feitos do novo presidente, escondendo os fatos negativos.

Dilma e o PT não são nenhuma maravilha, mas certamente com a oposição no poder as coisas certamente seriam piores.

Logicamente não se deseja uma perpetuação do PT no poder, mas sim o prosseguimento de uma política direcionada preferencialmente aos pobres.

O desejável seria até que uma nova força política genuinamente de esquerda se formasse, mas enquanto isso não acontece, o PT é o que temos para hoje.


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